Quilombola revela segredos da palha e da madeira


Aos 58 anos, João do Santo Rosa, da comunidade de Sapatu, divide seu tempo entre os trabalhos de artesanato e o serviço na roça

Por Agencia Estado

João do Santo Rosa, 58 anos, não vê mais problemas na idade. Depois de sofrer "da barriga" por dois meses seguidos em 98, curou-se e diz ter recuperado a mocidade. Tratou-se com a mistura do caldo do jataí (jatobá) com o pitoco de alambique (cachaça) e voltou a trabalhar na terra e no artesanato. Hoje ele é um dos poucos homens da comunidade de Sapatu que ainda dominam a técnica de extração das folhas, camadas e palhas de madeira. Durante o evento folclórico Revelando São Paulo, também demonstrava como trabalha as cestas e balaios, sua especialidade ao lado da arte da extração das folhas. "Isso não é coisa fácil. Faço cesta há mais de 20 anos", contava. Surpreso com o frio, Rosa fez questão de manter ao lado a "meia quarta" (garrafa de dois litros) de pitoco que comprou no estande da cidade de Canela, que pagou a módica quantia de 3 "contos" (R$ 3). Quem puxasse conversa era convidado a dividir um copo para se esquentar. Enquanto trançava mais uma de suas cestas, Rosa contava um pouco de sua vida ao lado da mulher em Sapatu, Esperança Ramos Rosa, com quem é casado há 22 anos. Com ela criou cinco filhos, que já lhe deram 14 netos e dois bisnetos. "Minha senhora tem uma alma muito boa. Trabalha na Pastoral da Criança, e sabe fazer curativo", dizia orgulhoso. "Não veio comigo porque está cuidando da tia dela que está lá em casa, que tem 103 anos". Na cesta em que trabalhava, Rosa parava por um instante para distinguir as fibras diferentes que usa no mesmo trabalho. Na peça em questão, ele colocava cipó imbé, tibopeva e uma camada de bananeira. A camada que usava era uma mais fibrosa, com aparência de rede e bem fina, que fica cerca de duas camadas abaixo da casca da bananeira. "O mais difícil é cortar a planta, que não pode tirar tudo de uma vez, para não matar a madeira toda", explicava. "A madeira aprendi a cortar com meu pai, seu José Dirceu Rosa, faz mais de 30 anos", lembrava Rosa. Ele disse que o pai era criança quando seu avô ainda era escravo de uma fazenda próxima de Eldorado, município vizinho a essas comunidades quilombolas. Mas nunca ouviu muitas histórias sobre a época. "Só sei que tinha muita luta por terra, né? Ninguém respeitava o preto". Hoje, a comunidade de Sapatu ainda luta pelas terras que ocupa há quase 200 anos, só que legalmente. Espera-se o reconhecimento dessas terras até o final de setembro. Roça - Apesar de dizer que o artesanato tem rendido algum dinheiro de dois anos para cá - quando começaram a se organizar comercialmente - Rosa admite que sua principal subsistência ainda vem da roça. "Lá eu planto arroz, milho, feijão e verdura", dizia. "Não tem salário não. Só quando trabalha para fora, as vezes a troco de bóia", o que tem feito muito ultimamente, já que tem sido difícil encontrar lugar para fazer a roça. "Tive que deixar a terra descansar, pois a lavoura dá para um ano. Quando acabou, esperei vir uma ordem para poder plantar, mas chegou muito atrasada. Fiquei muito tempo sem plantar por isso". Mas Rosa não tem se entristecido por isso. Conseguindo algum trabalho para fora, tem se mantido sem "injara" (passar fome) e feliz. Quanto à venda de seu artesanato, o velho artesão mostra ainda mais alegria, uma vez que quase tudo que preparou para o Revelando São Paulo teve saída. Levantando a aba do chapéu e olhando discretamente para o céu, Rosa agradecia: "Graças a Deus, meu filho... Graças a Deus!"

João do Santo Rosa, 58 anos, não vê mais problemas na idade. Depois de sofrer "da barriga" por dois meses seguidos em 98, curou-se e diz ter recuperado a mocidade. Tratou-se com a mistura do caldo do jataí (jatobá) com o pitoco de alambique (cachaça) e voltou a trabalhar na terra e no artesanato. Hoje ele é um dos poucos homens da comunidade de Sapatu que ainda dominam a técnica de extração das folhas, camadas e palhas de madeira. Durante o evento folclórico Revelando São Paulo, também demonstrava como trabalha as cestas e balaios, sua especialidade ao lado da arte da extração das folhas. "Isso não é coisa fácil. Faço cesta há mais de 20 anos", contava. Surpreso com o frio, Rosa fez questão de manter ao lado a "meia quarta" (garrafa de dois litros) de pitoco que comprou no estande da cidade de Canela, que pagou a módica quantia de 3 "contos" (R$ 3). Quem puxasse conversa era convidado a dividir um copo para se esquentar. Enquanto trançava mais uma de suas cestas, Rosa contava um pouco de sua vida ao lado da mulher em Sapatu, Esperança Ramos Rosa, com quem é casado há 22 anos. Com ela criou cinco filhos, que já lhe deram 14 netos e dois bisnetos. "Minha senhora tem uma alma muito boa. Trabalha na Pastoral da Criança, e sabe fazer curativo", dizia orgulhoso. "Não veio comigo porque está cuidando da tia dela que está lá em casa, que tem 103 anos". Na cesta em que trabalhava, Rosa parava por um instante para distinguir as fibras diferentes que usa no mesmo trabalho. Na peça em questão, ele colocava cipó imbé, tibopeva e uma camada de bananeira. A camada que usava era uma mais fibrosa, com aparência de rede e bem fina, que fica cerca de duas camadas abaixo da casca da bananeira. "O mais difícil é cortar a planta, que não pode tirar tudo de uma vez, para não matar a madeira toda", explicava. "A madeira aprendi a cortar com meu pai, seu José Dirceu Rosa, faz mais de 30 anos", lembrava Rosa. Ele disse que o pai era criança quando seu avô ainda era escravo de uma fazenda próxima de Eldorado, município vizinho a essas comunidades quilombolas. Mas nunca ouviu muitas histórias sobre a época. "Só sei que tinha muita luta por terra, né? Ninguém respeitava o preto". Hoje, a comunidade de Sapatu ainda luta pelas terras que ocupa há quase 200 anos, só que legalmente. Espera-se o reconhecimento dessas terras até o final de setembro. Roça - Apesar de dizer que o artesanato tem rendido algum dinheiro de dois anos para cá - quando começaram a se organizar comercialmente - Rosa admite que sua principal subsistência ainda vem da roça. "Lá eu planto arroz, milho, feijão e verdura", dizia. "Não tem salário não. Só quando trabalha para fora, as vezes a troco de bóia", o que tem feito muito ultimamente, já que tem sido difícil encontrar lugar para fazer a roça. "Tive que deixar a terra descansar, pois a lavoura dá para um ano. Quando acabou, esperei vir uma ordem para poder plantar, mas chegou muito atrasada. Fiquei muito tempo sem plantar por isso". Mas Rosa não tem se entristecido por isso. Conseguindo algum trabalho para fora, tem se mantido sem "injara" (passar fome) e feliz. Quanto à venda de seu artesanato, o velho artesão mostra ainda mais alegria, uma vez que quase tudo que preparou para o Revelando São Paulo teve saída. Levantando a aba do chapéu e olhando discretamente para o céu, Rosa agradecia: "Graças a Deus, meu filho... Graças a Deus!"

João do Santo Rosa, 58 anos, não vê mais problemas na idade. Depois de sofrer "da barriga" por dois meses seguidos em 98, curou-se e diz ter recuperado a mocidade. Tratou-se com a mistura do caldo do jataí (jatobá) com o pitoco de alambique (cachaça) e voltou a trabalhar na terra e no artesanato. Hoje ele é um dos poucos homens da comunidade de Sapatu que ainda dominam a técnica de extração das folhas, camadas e palhas de madeira. Durante o evento folclórico Revelando São Paulo, também demonstrava como trabalha as cestas e balaios, sua especialidade ao lado da arte da extração das folhas. "Isso não é coisa fácil. Faço cesta há mais de 20 anos", contava. Surpreso com o frio, Rosa fez questão de manter ao lado a "meia quarta" (garrafa de dois litros) de pitoco que comprou no estande da cidade de Canela, que pagou a módica quantia de 3 "contos" (R$ 3). Quem puxasse conversa era convidado a dividir um copo para se esquentar. Enquanto trançava mais uma de suas cestas, Rosa contava um pouco de sua vida ao lado da mulher em Sapatu, Esperança Ramos Rosa, com quem é casado há 22 anos. Com ela criou cinco filhos, que já lhe deram 14 netos e dois bisnetos. "Minha senhora tem uma alma muito boa. Trabalha na Pastoral da Criança, e sabe fazer curativo", dizia orgulhoso. "Não veio comigo porque está cuidando da tia dela que está lá em casa, que tem 103 anos". Na cesta em que trabalhava, Rosa parava por um instante para distinguir as fibras diferentes que usa no mesmo trabalho. Na peça em questão, ele colocava cipó imbé, tibopeva e uma camada de bananeira. A camada que usava era uma mais fibrosa, com aparência de rede e bem fina, que fica cerca de duas camadas abaixo da casca da bananeira. "O mais difícil é cortar a planta, que não pode tirar tudo de uma vez, para não matar a madeira toda", explicava. "A madeira aprendi a cortar com meu pai, seu José Dirceu Rosa, faz mais de 30 anos", lembrava Rosa. Ele disse que o pai era criança quando seu avô ainda era escravo de uma fazenda próxima de Eldorado, município vizinho a essas comunidades quilombolas. Mas nunca ouviu muitas histórias sobre a época. "Só sei que tinha muita luta por terra, né? Ninguém respeitava o preto". Hoje, a comunidade de Sapatu ainda luta pelas terras que ocupa há quase 200 anos, só que legalmente. Espera-se o reconhecimento dessas terras até o final de setembro. Roça - Apesar de dizer que o artesanato tem rendido algum dinheiro de dois anos para cá - quando começaram a se organizar comercialmente - Rosa admite que sua principal subsistência ainda vem da roça. "Lá eu planto arroz, milho, feijão e verdura", dizia. "Não tem salário não. Só quando trabalha para fora, as vezes a troco de bóia", o que tem feito muito ultimamente, já que tem sido difícil encontrar lugar para fazer a roça. "Tive que deixar a terra descansar, pois a lavoura dá para um ano. Quando acabou, esperei vir uma ordem para poder plantar, mas chegou muito atrasada. Fiquei muito tempo sem plantar por isso". Mas Rosa não tem se entristecido por isso. Conseguindo algum trabalho para fora, tem se mantido sem "injara" (passar fome) e feliz. Quanto à venda de seu artesanato, o velho artesão mostra ainda mais alegria, uma vez que quase tudo que preparou para o Revelando São Paulo teve saída. Levantando a aba do chapéu e olhando discretamente para o céu, Rosa agradecia: "Graças a Deus, meu filho... Graças a Deus!"

João do Santo Rosa, 58 anos, não vê mais problemas na idade. Depois de sofrer "da barriga" por dois meses seguidos em 98, curou-se e diz ter recuperado a mocidade. Tratou-se com a mistura do caldo do jataí (jatobá) com o pitoco de alambique (cachaça) e voltou a trabalhar na terra e no artesanato. Hoje ele é um dos poucos homens da comunidade de Sapatu que ainda dominam a técnica de extração das folhas, camadas e palhas de madeira. Durante o evento folclórico Revelando São Paulo, também demonstrava como trabalha as cestas e balaios, sua especialidade ao lado da arte da extração das folhas. "Isso não é coisa fácil. Faço cesta há mais de 20 anos", contava. Surpreso com o frio, Rosa fez questão de manter ao lado a "meia quarta" (garrafa de dois litros) de pitoco que comprou no estande da cidade de Canela, que pagou a módica quantia de 3 "contos" (R$ 3). Quem puxasse conversa era convidado a dividir um copo para se esquentar. Enquanto trançava mais uma de suas cestas, Rosa contava um pouco de sua vida ao lado da mulher em Sapatu, Esperança Ramos Rosa, com quem é casado há 22 anos. Com ela criou cinco filhos, que já lhe deram 14 netos e dois bisnetos. "Minha senhora tem uma alma muito boa. Trabalha na Pastoral da Criança, e sabe fazer curativo", dizia orgulhoso. "Não veio comigo porque está cuidando da tia dela que está lá em casa, que tem 103 anos". Na cesta em que trabalhava, Rosa parava por um instante para distinguir as fibras diferentes que usa no mesmo trabalho. Na peça em questão, ele colocava cipó imbé, tibopeva e uma camada de bananeira. A camada que usava era uma mais fibrosa, com aparência de rede e bem fina, que fica cerca de duas camadas abaixo da casca da bananeira. "O mais difícil é cortar a planta, que não pode tirar tudo de uma vez, para não matar a madeira toda", explicava. "A madeira aprendi a cortar com meu pai, seu José Dirceu Rosa, faz mais de 30 anos", lembrava Rosa. Ele disse que o pai era criança quando seu avô ainda era escravo de uma fazenda próxima de Eldorado, município vizinho a essas comunidades quilombolas. Mas nunca ouviu muitas histórias sobre a época. "Só sei que tinha muita luta por terra, né? Ninguém respeitava o preto". Hoje, a comunidade de Sapatu ainda luta pelas terras que ocupa há quase 200 anos, só que legalmente. Espera-se o reconhecimento dessas terras até o final de setembro. Roça - Apesar de dizer que o artesanato tem rendido algum dinheiro de dois anos para cá - quando começaram a se organizar comercialmente - Rosa admite que sua principal subsistência ainda vem da roça. "Lá eu planto arroz, milho, feijão e verdura", dizia. "Não tem salário não. Só quando trabalha para fora, as vezes a troco de bóia", o que tem feito muito ultimamente, já que tem sido difícil encontrar lugar para fazer a roça. "Tive que deixar a terra descansar, pois a lavoura dá para um ano. Quando acabou, esperei vir uma ordem para poder plantar, mas chegou muito atrasada. Fiquei muito tempo sem plantar por isso". Mas Rosa não tem se entristecido por isso. Conseguindo algum trabalho para fora, tem se mantido sem "injara" (passar fome) e feliz. Quanto à venda de seu artesanato, o velho artesão mostra ainda mais alegria, uma vez que quase tudo que preparou para o Revelando São Paulo teve saída. Levantando a aba do chapéu e olhando discretamente para o céu, Rosa agradecia: "Graças a Deus, meu filho... Graças a Deus!"

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