Arte, aqui e agora

De Paris ao vivo e em HD


Em meio ao trânsito totalmente paralisado, apareceram caminhões do exército, carros de polícia, bombeiros e ambulâncias. Enquanto alguns militares de uniforme bloqueavam as ruas e entravam nos cafés, outros avançavam com armas, e os policiais vestiam os seus coletes antibalas.

Por Sheila Leirner

 

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As janelas da minha sala dão para uma praça bastante movimentada que distribui o tráfego, simetricamente, entre seis ruas. Como o vidro delas é duplo - exceto quando há casamentos étnicos na prefeitura, nas horas de pico ou quando um carro ou ônibus empaca e as buzinas irrompem - pode-se dizer que o ambiente fica quase silencioso.

Hoje, não era hora de rush, não havia música e ululações de emoção coletiva, veículo com problema, nem buzina. Apenas o ruído ensurdecedor de sirenes. Corri à janela. Em meio ao trânsito totalmente paralisado, apareceram caminhões do exército, carros de polícia, bombeiros e ambulâncias. Enquanto alguns militares de uniforme bloqueavam as ruas e entravam nos cafés, outros avançavam com armas, e os policiais vestiam os seus coletes antibalas. Em seguida, todos ficaram imóveis em pontos estratégicos. Os motoristas, dentro de seus veículos, provavelmente nem ousavam respirar.

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Na praça, ninguém piscava!

Pensei estar presenciando uma operação bélica, entrei em pânico e o único instinto que tive foi o de ir ao quarto me enfiar debaixo do cobertor. Porém, como não havia tanques nem helicópteros, me acalmei e continuei a observar. Vi que um dos homens armados tirou de seu caminhão um estranho aparelho de rodinhas, uma espécie de veículo terrestre não tripulado. Colocou-o no chão, deu uns tapinhas no seu traseiro e este começou a rolar. Na praça, ninguém piscava!

Seguindo a trajetória que o robô começava a fazer - em linha reta, um pouco mais longe - finalmente descobri a razão de tamanha inquietação! Encostada no lixo da calçada, bem em frente ao McDonald's, encontrava-se abandonada uma maleta rígida preta bastante grande com os bordos de metal prateado. Foi isso! Suspeita de atentado na lanchonete imperialista, cheia de gente.

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Assim que o engenho teleguiado emitiu o veredicto de que nada de atroz havia dentro, o senhor caça minas aproximou-se tão despreocupado e saltitante que pegou a mala pela alça, sem olhar, como se fosse dele. No total, a operação levou 40 minutos, o objeto que não explodiu foi colocado no porta-bagagem de um dos carros de polícia, todos partiram, o trânsito voltou ao normal e eu fui tomar um café. Se tivesse explodido, os meus vidros duplos e a minha estúpida curiosidade de janela certamente teriam estourado com ele. Nada disso é ficção e comprova duas coisas:

1 - O terrorismo não destruirá a República francesa. 2 - A melhor ideia é sempre o cobertor.

Até a próxima, que agora é hoje e como dizia um célebre artista do noroeste da América do Sul, "quando a arte entra em casa, a violência vai embora"!

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As janelas da minha sala dão para uma praça bastante movimentada que distribui o tráfego, simetricamente, entre seis ruas. Como o vidro delas é duplo - exceto quando há casamentos étnicos na prefeitura, nas horas de pico ou quando um carro ou ônibus empaca e as buzinas irrompem - pode-se dizer que o ambiente fica quase silencioso.

Hoje, não era hora de rush, não havia música e ululações de emoção coletiva, veículo com problema, nem buzina. Apenas o ruído ensurdecedor de sirenes. Corri à janela. Em meio ao trânsito totalmente paralisado, apareceram caminhões do exército, carros de polícia, bombeiros e ambulâncias. Enquanto alguns militares de uniforme bloqueavam as ruas e entravam nos cafés, outros avançavam com armas, e os policiais vestiam os seus coletes antibalas. Em seguida, todos ficaram imóveis em pontos estratégicos. Os motoristas, dentro de seus veículos, provavelmente nem ousavam respirar.

Na praça, ninguém piscava!

Pensei estar presenciando uma operação bélica, entrei em pânico e o único instinto que tive foi o de ir ao quarto me enfiar debaixo do cobertor. Porém, como não havia tanques nem helicópteros, me acalmei e continuei a observar. Vi que um dos homens armados tirou de seu caminhão um estranho aparelho de rodinhas, uma espécie de veículo terrestre não tripulado. Colocou-o no chão, deu uns tapinhas no seu traseiro e este começou a rolar. Na praça, ninguém piscava!

Seguindo a trajetória que o robô começava a fazer - em linha reta, um pouco mais longe - finalmente descobri a razão de tamanha inquietação! Encostada no lixo da calçada, bem em frente ao McDonald's, encontrava-se abandonada uma maleta rígida preta bastante grande com os bordos de metal prateado. Foi isso! Suspeita de atentado na lanchonete imperialista, cheia de gente.

Assim que o engenho teleguiado emitiu o veredicto de que nada de atroz havia dentro, o senhor caça minas aproximou-se tão despreocupado e saltitante que pegou a mala pela alça, sem olhar, como se fosse dele. No total, a operação levou 40 minutos, o objeto que não explodiu foi colocado no porta-bagagem de um dos carros de polícia, todos partiram, o trânsito voltou ao normal e eu fui tomar um café. Se tivesse explodido, os meus vidros duplos e a minha estúpida curiosidade de janela certamente teriam estourado com ele. Nada disso é ficção e comprova duas coisas:

1 - O terrorismo não destruirá a República francesa. 2 - A melhor ideia é sempre o cobertor.

Até a próxima, que agora é hoje e como dizia um célebre artista do noroeste da América do Sul, "quando a arte entra em casa, a violência vai embora"!

 

 

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As janelas da minha sala dão para uma praça bastante movimentada que distribui o tráfego, simetricamente, entre seis ruas. Como o vidro delas é duplo - exceto quando há casamentos étnicos na prefeitura, nas horas de pico ou quando um carro ou ônibus empaca e as buzinas irrompem - pode-se dizer que o ambiente fica quase silencioso.

Hoje, não era hora de rush, não havia música e ululações de emoção coletiva, veículo com problema, nem buzina. Apenas o ruído ensurdecedor de sirenes. Corri à janela. Em meio ao trânsito totalmente paralisado, apareceram caminhões do exército, carros de polícia, bombeiros e ambulâncias. Enquanto alguns militares de uniforme bloqueavam as ruas e entravam nos cafés, outros avançavam com armas, e os policiais vestiam os seus coletes antibalas. Em seguida, todos ficaram imóveis em pontos estratégicos. Os motoristas, dentro de seus veículos, provavelmente nem ousavam respirar.

Na praça, ninguém piscava!

Pensei estar presenciando uma operação bélica, entrei em pânico e o único instinto que tive foi o de ir ao quarto me enfiar debaixo do cobertor. Porém, como não havia tanques nem helicópteros, me acalmei e continuei a observar. Vi que um dos homens armados tirou de seu caminhão um estranho aparelho de rodinhas, uma espécie de veículo terrestre não tripulado. Colocou-o no chão, deu uns tapinhas no seu traseiro e este começou a rolar. Na praça, ninguém piscava!

Seguindo a trajetória que o robô começava a fazer - em linha reta, um pouco mais longe - finalmente descobri a razão de tamanha inquietação! Encostada no lixo da calçada, bem em frente ao McDonald's, encontrava-se abandonada uma maleta rígida preta bastante grande com os bordos de metal prateado. Foi isso! Suspeita de atentado na lanchonete imperialista, cheia de gente.

Assim que o engenho teleguiado emitiu o veredicto de que nada de atroz havia dentro, o senhor caça minas aproximou-se tão despreocupado e saltitante que pegou a mala pela alça, sem olhar, como se fosse dele. No total, a operação levou 40 minutos, o objeto que não explodiu foi colocado no porta-bagagem de um dos carros de polícia, todos partiram, o trânsito voltou ao normal e eu fui tomar um café. Se tivesse explodido, os meus vidros duplos e a minha estúpida curiosidade de janela certamente teriam estourado com ele. Nada disso é ficção e comprova duas coisas:

1 - O terrorismo não destruirá a República francesa. 2 - A melhor ideia é sempre o cobertor.

Até a próxima, que agora é hoje e como dizia um célebre artista do noroeste da América do Sul, "quando a arte entra em casa, a violência vai embora"!

 

 

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As janelas da minha sala dão para uma praça bastante movimentada que distribui o tráfego, simetricamente, entre seis ruas. Como o vidro delas é duplo - exceto quando há casamentos étnicos na prefeitura, nas horas de pico ou quando um carro ou ônibus empaca e as buzinas irrompem - pode-se dizer que o ambiente fica quase silencioso.

Hoje, não era hora de rush, não havia música e ululações de emoção coletiva, veículo com problema, nem buzina. Apenas o ruído ensurdecedor de sirenes. Corri à janela. Em meio ao trânsito totalmente paralisado, apareceram caminhões do exército, carros de polícia, bombeiros e ambulâncias. Enquanto alguns militares de uniforme bloqueavam as ruas e entravam nos cafés, outros avançavam com armas, e os policiais vestiam os seus coletes antibalas. Em seguida, todos ficaram imóveis em pontos estratégicos. Os motoristas, dentro de seus veículos, provavelmente nem ousavam respirar.

Na praça, ninguém piscava!

Pensei estar presenciando uma operação bélica, entrei em pânico e o único instinto que tive foi o de ir ao quarto me enfiar debaixo do cobertor. Porém, como não havia tanques nem helicópteros, me acalmei e continuei a observar. Vi que um dos homens armados tirou de seu caminhão um estranho aparelho de rodinhas, uma espécie de veículo terrestre não tripulado. Colocou-o no chão, deu uns tapinhas no seu traseiro e este começou a rolar. Na praça, ninguém piscava!

Seguindo a trajetória que o robô começava a fazer - em linha reta, um pouco mais longe - finalmente descobri a razão de tamanha inquietação! Encostada no lixo da calçada, bem em frente ao McDonald's, encontrava-se abandonada uma maleta rígida preta bastante grande com os bordos de metal prateado. Foi isso! Suspeita de atentado na lanchonete imperialista, cheia de gente.

Assim que o engenho teleguiado emitiu o veredicto de que nada de atroz havia dentro, o senhor caça minas aproximou-se tão despreocupado e saltitante que pegou a mala pela alça, sem olhar, como se fosse dele. No total, a operação levou 40 minutos, o objeto que não explodiu foi colocado no porta-bagagem de um dos carros de polícia, todos partiram, o trânsito voltou ao normal e eu fui tomar um café. Se tivesse explodido, os meus vidros duplos e a minha estúpida curiosidade de janela certamente teriam estourado com ele. Nada disso é ficção e comprova duas coisas:

1 - O terrorismo não destruirá a República francesa. 2 - A melhor ideia é sempre o cobertor.

Até a próxima, que agora é hoje e como dizia um célebre artista do noroeste da América do Sul, "quando a arte entra em casa, a violência vai embora"!

 

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