Ao primar pela simplicidade, 'Macunaíma' lançou nova estética


A montagem de Antunes Filho foi uma revolução no teatro brasileiro de todos os tempos

Por Maria Eugenia de Menezes

A estreia de Macunaíma, em 1978, foi uma revolução: na carreira de Antunes Filho e no teatro brasileiro de todos os tempos. O diretor deixava a pecha de simples encenador competente para assumir seu lugar como grande desbravador; a arte brasileira devorava as transformações que ecoavam pelo mundo, deglutia essa geleia-geral, e entregava uma expressão com identidade própria. Não se tratava apenas da montagem de um texto do nosso modernismo, mas da materialização do propósito máximo do movimento: a antropofagia. 

Na época, anunciava-se certa distensão no Estado autoritário do regime militar, Antunes aproveitava a ocasião para colocar seu projeto em movimento. Durante um ano inteiro de ensaios, misturou artistas experientes a jovens que nunca haviam pisado no palco, propôs improvisações sem fim a partir do romance de Mário de Andrade. O trabalho era duro – mais de 12 horas diárias –, a verba era escassa, e os atores que não suportavam o esquema rígido iam saindo. 

Poucos dias antes da estreia, o espetáculo contava mais de sete horas de duração. Foi preciso cortar muita coisa e afinar bem o discurso para se chegar a um formato de pouco mais de quatro horas. Era um turbilhão de ideias. Arte conceitual, Bob Wilson, Antonin Artaud, manifestações populares, tai chi chuan, o cinema de Fellini: tudo se tornava grão para o moinho de Antunes. 

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Desde a estreia de O Rei da Vela, que José Celso Martinez Corrêa montara 11 anos antes, os críticos não tinham visto nada com aquela magnitude. Ali, era possível conciliar as questões linguísticas propostas por Mário de Andrade com uma encenação que transcendia a literatura. Praticamente sem cenário, apenas com panos brancos que atravessavam o palco, mundos inteiros iam sendo construídos: florestas, aldeias, cidades. Eliminava-se qualquer adereço que parecesse supérfluo. Restava apenas o essencial. “Em cena, tudo parecia de uma simplicidade tão comovente, mas que estava longe de ser simples”, analisou Sebastião Milaré, estudioso do método de Antunes Filho. 

Além da cenografia e figurinos de Naum Alves de Souza e da adaptação dramatúrgica do francês Jacques Thiériot, o espetáculo apostava, sobretudo, no talento de seu elenco. Para encarnar o “herói sem nenhum caráter”, Antunes desafiou um novato, vindo de Belém do Pará, a fazer um teste. Descobriu Cacá Carvalho. O mérito de Macunaíma, portanto, não cabia só ao diretor. Estendia-se à equipe que ele conseguiu reunir ao redor de si. Surgia, então, o embrião do CPT – o Centro de Pesquisa Teatral, e de um novo modo de se criar no teatro: rigoroso, coletivo, extraordinário. 

A estreia de Macunaíma, em 1978, foi uma revolução: na carreira de Antunes Filho e no teatro brasileiro de todos os tempos. O diretor deixava a pecha de simples encenador competente para assumir seu lugar como grande desbravador; a arte brasileira devorava as transformações que ecoavam pelo mundo, deglutia essa geleia-geral, e entregava uma expressão com identidade própria. Não se tratava apenas da montagem de um texto do nosso modernismo, mas da materialização do propósito máximo do movimento: a antropofagia. 

Na época, anunciava-se certa distensão no Estado autoritário do regime militar, Antunes aproveitava a ocasião para colocar seu projeto em movimento. Durante um ano inteiro de ensaios, misturou artistas experientes a jovens que nunca haviam pisado no palco, propôs improvisações sem fim a partir do romance de Mário de Andrade. O trabalho era duro – mais de 12 horas diárias –, a verba era escassa, e os atores que não suportavam o esquema rígido iam saindo. 

Poucos dias antes da estreia, o espetáculo contava mais de sete horas de duração. Foi preciso cortar muita coisa e afinar bem o discurso para se chegar a um formato de pouco mais de quatro horas. Era um turbilhão de ideias. Arte conceitual, Bob Wilson, Antonin Artaud, manifestações populares, tai chi chuan, o cinema de Fellini: tudo se tornava grão para o moinho de Antunes. 

Desde a estreia de O Rei da Vela, que José Celso Martinez Corrêa montara 11 anos antes, os críticos não tinham visto nada com aquela magnitude. Ali, era possível conciliar as questões linguísticas propostas por Mário de Andrade com uma encenação que transcendia a literatura. Praticamente sem cenário, apenas com panos brancos que atravessavam o palco, mundos inteiros iam sendo construídos: florestas, aldeias, cidades. Eliminava-se qualquer adereço que parecesse supérfluo. Restava apenas o essencial. “Em cena, tudo parecia de uma simplicidade tão comovente, mas que estava longe de ser simples”, analisou Sebastião Milaré, estudioso do método de Antunes Filho. 

Além da cenografia e figurinos de Naum Alves de Souza e da adaptação dramatúrgica do francês Jacques Thiériot, o espetáculo apostava, sobretudo, no talento de seu elenco. Para encarnar o “herói sem nenhum caráter”, Antunes desafiou um novato, vindo de Belém do Pará, a fazer um teste. Descobriu Cacá Carvalho. O mérito de Macunaíma, portanto, não cabia só ao diretor. Estendia-se à equipe que ele conseguiu reunir ao redor de si. Surgia, então, o embrião do CPT – o Centro de Pesquisa Teatral, e de um novo modo de se criar no teatro: rigoroso, coletivo, extraordinário. 

A estreia de Macunaíma, em 1978, foi uma revolução: na carreira de Antunes Filho e no teatro brasileiro de todos os tempos. O diretor deixava a pecha de simples encenador competente para assumir seu lugar como grande desbravador; a arte brasileira devorava as transformações que ecoavam pelo mundo, deglutia essa geleia-geral, e entregava uma expressão com identidade própria. Não se tratava apenas da montagem de um texto do nosso modernismo, mas da materialização do propósito máximo do movimento: a antropofagia. 

Na época, anunciava-se certa distensão no Estado autoritário do regime militar, Antunes aproveitava a ocasião para colocar seu projeto em movimento. Durante um ano inteiro de ensaios, misturou artistas experientes a jovens que nunca haviam pisado no palco, propôs improvisações sem fim a partir do romance de Mário de Andrade. O trabalho era duro – mais de 12 horas diárias –, a verba era escassa, e os atores que não suportavam o esquema rígido iam saindo. 

Poucos dias antes da estreia, o espetáculo contava mais de sete horas de duração. Foi preciso cortar muita coisa e afinar bem o discurso para se chegar a um formato de pouco mais de quatro horas. Era um turbilhão de ideias. Arte conceitual, Bob Wilson, Antonin Artaud, manifestações populares, tai chi chuan, o cinema de Fellini: tudo se tornava grão para o moinho de Antunes. 

Desde a estreia de O Rei da Vela, que José Celso Martinez Corrêa montara 11 anos antes, os críticos não tinham visto nada com aquela magnitude. Ali, era possível conciliar as questões linguísticas propostas por Mário de Andrade com uma encenação que transcendia a literatura. Praticamente sem cenário, apenas com panos brancos que atravessavam o palco, mundos inteiros iam sendo construídos: florestas, aldeias, cidades. Eliminava-se qualquer adereço que parecesse supérfluo. Restava apenas o essencial. “Em cena, tudo parecia de uma simplicidade tão comovente, mas que estava longe de ser simples”, analisou Sebastião Milaré, estudioso do método de Antunes Filho. 

Além da cenografia e figurinos de Naum Alves de Souza e da adaptação dramatúrgica do francês Jacques Thiériot, o espetáculo apostava, sobretudo, no talento de seu elenco. Para encarnar o “herói sem nenhum caráter”, Antunes desafiou um novato, vindo de Belém do Pará, a fazer um teste. Descobriu Cacá Carvalho. O mérito de Macunaíma, portanto, não cabia só ao diretor. Estendia-se à equipe que ele conseguiu reunir ao redor de si. Surgia, então, o embrião do CPT – o Centro de Pesquisa Teatral, e de um novo modo de se criar no teatro: rigoroso, coletivo, extraordinário. 

A estreia de Macunaíma, em 1978, foi uma revolução: na carreira de Antunes Filho e no teatro brasileiro de todos os tempos. O diretor deixava a pecha de simples encenador competente para assumir seu lugar como grande desbravador; a arte brasileira devorava as transformações que ecoavam pelo mundo, deglutia essa geleia-geral, e entregava uma expressão com identidade própria. Não se tratava apenas da montagem de um texto do nosso modernismo, mas da materialização do propósito máximo do movimento: a antropofagia. 

Na época, anunciava-se certa distensão no Estado autoritário do regime militar, Antunes aproveitava a ocasião para colocar seu projeto em movimento. Durante um ano inteiro de ensaios, misturou artistas experientes a jovens que nunca haviam pisado no palco, propôs improvisações sem fim a partir do romance de Mário de Andrade. O trabalho era duro – mais de 12 horas diárias –, a verba era escassa, e os atores que não suportavam o esquema rígido iam saindo. 

Poucos dias antes da estreia, o espetáculo contava mais de sete horas de duração. Foi preciso cortar muita coisa e afinar bem o discurso para se chegar a um formato de pouco mais de quatro horas. Era um turbilhão de ideias. Arte conceitual, Bob Wilson, Antonin Artaud, manifestações populares, tai chi chuan, o cinema de Fellini: tudo se tornava grão para o moinho de Antunes. 

Desde a estreia de O Rei da Vela, que José Celso Martinez Corrêa montara 11 anos antes, os críticos não tinham visto nada com aquela magnitude. Ali, era possível conciliar as questões linguísticas propostas por Mário de Andrade com uma encenação que transcendia a literatura. Praticamente sem cenário, apenas com panos brancos que atravessavam o palco, mundos inteiros iam sendo construídos: florestas, aldeias, cidades. Eliminava-se qualquer adereço que parecesse supérfluo. Restava apenas o essencial. “Em cena, tudo parecia de uma simplicidade tão comovente, mas que estava longe de ser simples”, analisou Sebastião Milaré, estudioso do método de Antunes Filho. 

Além da cenografia e figurinos de Naum Alves de Souza e da adaptação dramatúrgica do francês Jacques Thiériot, o espetáculo apostava, sobretudo, no talento de seu elenco. Para encarnar o “herói sem nenhum caráter”, Antunes desafiou um novato, vindo de Belém do Pará, a fazer um teste. Descobriu Cacá Carvalho. O mérito de Macunaíma, portanto, não cabia só ao diretor. Estendia-se à equipe que ele conseguiu reunir ao redor de si. Surgia, então, o embrião do CPT – o Centro de Pesquisa Teatral, e de um novo modo de se criar no teatro: rigoroso, coletivo, extraordinário. 

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