Dança não ficou fora das polêmicas que marcaram 2017


As acusações de pedofilia no solo de Wagner Schwartz, 'La Bête', no MAM, mostram que 2018 não será menos turbulento

Por Fernanda Perniciotti

A dança não é exceção, em um 2017 marcado por turbulências políticas. Uma das mais graves foi a condenação pública no tribunal das redes sociais, seguida da instauração de um inquérito policial e o envolvimento de um artista em uma CPI. Wagner Schwartz foi acusado de pedofilia pela apresentação, no MAM de São Paulo, do seu solo La Bête, que existe desde 2006. O que, até então, seria impensável, aconteceu e instalou a arte em uma zona de risco. 

'Gira':ponto alto da produção do Grupo Corpo em 2017 Foto: José Luís Pederneiras/Grupo Corpo

No mesmo campo de regresso à violência institucionalizada, a então recém-empossada Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo lançou um edital de Fomento à Dança que ignorava os avanços realizados nas políticas públicas para a arte, que haviam requalificado os entendimentos sobre a contrapartida social e a divisão em categorias fixas, por exemplo. Parte dos artistas da cidade, mobilizados contra as ações desta gestão, organizou um abaixo-assinado no Avaaz.org, pedindo a demissão da assessora municipal de dança, Lara Pinheiro. A ação, no entanto, não alcançou o objetivo esperado. 

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Apesar desse panorama, bons ares também sopraram em 2017. Sintonizadas com as urgências do ‘aqui e agora’, as discussões sobre racismo se expandiram e se fortaleceram. Eventos como o II Encontro de Mulheres Negras na Dança, que aconteceu no Centro de Referência da Dança, em julho, confirmaram o quanto são indispensáveis. Tratar da questão do racismo em um país com a história do nosso é uma obrigação política de todas as manifestações artísticas, e na dança começa a tomar a proporção devida.

Em novembro, o Festival Contemporâneo de Dança (FCD), vivendo o momento econômico mais crítico de sua história, conseguiu uma proeza: construir uma programação coerente quase sem recursos. A consistência da sua curadoria dilui a crença de que excesso produz qualidade e leva a repensar as programações inchadas, com pouca possibilidade de estimular a reflexão. Vale citar, em sua programação, como metáfora da impotência dos nossos tempos, A Emparedada da Rua Nova, de Eliana de Santana, uma mistura sutil de violência e negligência.

Dentre os trabalhos artísticos, destacaram-se o Gira, do Grupo Corpo, uma mistura de tradições capaz de deslocar os sentidos; Corredeira, de Kanzelumuka, que compõe um fluxo de movimento que redimensiona o antes e o depois, fora de linearidades; Riso, da Key e Zetta Cia de Dança, que faz com que o riso, em variações que contagiam e constrangem, seja a crítica ao próprio ato de rir; ARA MAINO'ī, de Daniel Fagundes, que, em um tropicalismo degradado, propõe uma inversão: o espaço público ocupa o trabalho artístico, ao invés do recorrente contrário; #É na batida, com direção de Rodrigo Vieira, que coloca o Passinho no âmbito das danças urbanas em dois princípios de compartilhamento: a negritude e a violência dos contextos em que essas danças são/foram produzidas; e por fim, Libélulas de Vidro, de Luís Ferron, um ritual profano que mostra, diante de todas as restrições, que os corpos são capazes de um suspiro de liberdade, produzindo, assim, o oxigênio necessário à vida.

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Vale relembrar o precoce falecimento do B-Boy e militante do movimento Hip-Hop, Banks Back Spin, Ericson Carlos Silva (1974 - 2017). Banks era membro da Back Spin Crew, grupo que, em seus mais de 30 anos de existência, atua nas periferias da cidade, principalmente junto à juventude. A dança perdeu um artista e a cultura, uma liderança política.

A dança celebrou Ruth Rachou, uma das pioneiras da dança moderna no Brasil, com o projeto Ruth Rachou 90 anos; relembrou os 40 anos de Kuarup ou a questão do índio, obra que marcou o percurso do Ballet Stagium, que completou 46 anos; e também os 40 anos de crítica de dança de Helena Katz, em uma trajetória que inaugurou um fazer crítico comprometido, sobretudo, com a educação através da expansão da informação. Na medida em que esses profissionais cruzam os limites do tempo e abrem caminhos, relembram que a história segue sendo escrita, felizmente, e a memória é o marco da gratidão indispensável para a continuidade.

Diante da crise econômica, do avanço dos discursos conservadores e das ameaçadoras mudanças nas políticas culturais, 2018 se enuncia como um ano de dificuldades para a dança, e os desafios aparentemente serão mais duros dos que os já vividos em um passado recente. 

A dança não é exceção, em um 2017 marcado por turbulências políticas. Uma das mais graves foi a condenação pública no tribunal das redes sociais, seguida da instauração de um inquérito policial e o envolvimento de um artista em uma CPI. Wagner Schwartz foi acusado de pedofilia pela apresentação, no MAM de São Paulo, do seu solo La Bête, que existe desde 2006. O que, até então, seria impensável, aconteceu e instalou a arte em uma zona de risco. 

'Gira':ponto alto da produção do Grupo Corpo em 2017 Foto: José Luís Pederneiras/Grupo Corpo

No mesmo campo de regresso à violência institucionalizada, a então recém-empossada Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo lançou um edital de Fomento à Dança que ignorava os avanços realizados nas políticas públicas para a arte, que haviam requalificado os entendimentos sobre a contrapartida social e a divisão em categorias fixas, por exemplo. Parte dos artistas da cidade, mobilizados contra as ações desta gestão, organizou um abaixo-assinado no Avaaz.org, pedindo a demissão da assessora municipal de dança, Lara Pinheiro. A ação, no entanto, não alcançou o objetivo esperado. 

Apesar desse panorama, bons ares também sopraram em 2017. Sintonizadas com as urgências do ‘aqui e agora’, as discussões sobre racismo se expandiram e se fortaleceram. Eventos como o II Encontro de Mulheres Negras na Dança, que aconteceu no Centro de Referência da Dança, em julho, confirmaram o quanto são indispensáveis. Tratar da questão do racismo em um país com a história do nosso é uma obrigação política de todas as manifestações artísticas, e na dança começa a tomar a proporção devida.

Em novembro, o Festival Contemporâneo de Dança (FCD), vivendo o momento econômico mais crítico de sua história, conseguiu uma proeza: construir uma programação coerente quase sem recursos. A consistência da sua curadoria dilui a crença de que excesso produz qualidade e leva a repensar as programações inchadas, com pouca possibilidade de estimular a reflexão. Vale citar, em sua programação, como metáfora da impotência dos nossos tempos, A Emparedada da Rua Nova, de Eliana de Santana, uma mistura sutil de violência e negligência.

Dentre os trabalhos artísticos, destacaram-se o Gira, do Grupo Corpo, uma mistura de tradições capaz de deslocar os sentidos; Corredeira, de Kanzelumuka, que compõe um fluxo de movimento que redimensiona o antes e o depois, fora de linearidades; Riso, da Key e Zetta Cia de Dança, que faz com que o riso, em variações que contagiam e constrangem, seja a crítica ao próprio ato de rir; ARA MAINO'ī, de Daniel Fagundes, que, em um tropicalismo degradado, propõe uma inversão: o espaço público ocupa o trabalho artístico, ao invés do recorrente contrário; #É na batida, com direção de Rodrigo Vieira, que coloca o Passinho no âmbito das danças urbanas em dois princípios de compartilhamento: a negritude e a violência dos contextos em que essas danças são/foram produzidas; e por fim, Libélulas de Vidro, de Luís Ferron, um ritual profano que mostra, diante de todas as restrições, que os corpos são capazes de um suspiro de liberdade, produzindo, assim, o oxigênio necessário à vida.

Vale relembrar o precoce falecimento do B-Boy e militante do movimento Hip-Hop, Banks Back Spin, Ericson Carlos Silva (1974 - 2017). Banks era membro da Back Spin Crew, grupo que, em seus mais de 30 anos de existência, atua nas periferias da cidade, principalmente junto à juventude. A dança perdeu um artista e a cultura, uma liderança política.

A dança celebrou Ruth Rachou, uma das pioneiras da dança moderna no Brasil, com o projeto Ruth Rachou 90 anos; relembrou os 40 anos de Kuarup ou a questão do índio, obra que marcou o percurso do Ballet Stagium, que completou 46 anos; e também os 40 anos de crítica de dança de Helena Katz, em uma trajetória que inaugurou um fazer crítico comprometido, sobretudo, com a educação através da expansão da informação. Na medida em que esses profissionais cruzam os limites do tempo e abrem caminhos, relembram que a história segue sendo escrita, felizmente, e a memória é o marco da gratidão indispensável para a continuidade.

Diante da crise econômica, do avanço dos discursos conservadores e das ameaçadoras mudanças nas políticas culturais, 2018 se enuncia como um ano de dificuldades para a dança, e os desafios aparentemente serão mais duros dos que os já vividos em um passado recente. 

A dança não é exceção, em um 2017 marcado por turbulências políticas. Uma das mais graves foi a condenação pública no tribunal das redes sociais, seguida da instauração de um inquérito policial e o envolvimento de um artista em uma CPI. Wagner Schwartz foi acusado de pedofilia pela apresentação, no MAM de São Paulo, do seu solo La Bête, que existe desde 2006. O que, até então, seria impensável, aconteceu e instalou a arte em uma zona de risco. 

'Gira':ponto alto da produção do Grupo Corpo em 2017 Foto: José Luís Pederneiras/Grupo Corpo

No mesmo campo de regresso à violência institucionalizada, a então recém-empossada Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo lançou um edital de Fomento à Dança que ignorava os avanços realizados nas políticas públicas para a arte, que haviam requalificado os entendimentos sobre a contrapartida social e a divisão em categorias fixas, por exemplo. Parte dos artistas da cidade, mobilizados contra as ações desta gestão, organizou um abaixo-assinado no Avaaz.org, pedindo a demissão da assessora municipal de dança, Lara Pinheiro. A ação, no entanto, não alcançou o objetivo esperado. 

Apesar desse panorama, bons ares também sopraram em 2017. Sintonizadas com as urgências do ‘aqui e agora’, as discussões sobre racismo se expandiram e se fortaleceram. Eventos como o II Encontro de Mulheres Negras na Dança, que aconteceu no Centro de Referência da Dança, em julho, confirmaram o quanto são indispensáveis. Tratar da questão do racismo em um país com a história do nosso é uma obrigação política de todas as manifestações artísticas, e na dança começa a tomar a proporção devida.

Em novembro, o Festival Contemporâneo de Dança (FCD), vivendo o momento econômico mais crítico de sua história, conseguiu uma proeza: construir uma programação coerente quase sem recursos. A consistência da sua curadoria dilui a crença de que excesso produz qualidade e leva a repensar as programações inchadas, com pouca possibilidade de estimular a reflexão. Vale citar, em sua programação, como metáfora da impotência dos nossos tempos, A Emparedada da Rua Nova, de Eliana de Santana, uma mistura sutil de violência e negligência.

Dentre os trabalhos artísticos, destacaram-se o Gira, do Grupo Corpo, uma mistura de tradições capaz de deslocar os sentidos; Corredeira, de Kanzelumuka, que compõe um fluxo de movimento que redimensiona o antes e o depois, fora de linearidades; Riso, da Key e Zetta Cia de Dança, que faz com que o riso, em variações que contagiam e constrangem, seja a crítica ao próprio ato de rir; ARA MAINO'ī, de Daniel Fagundes, que, em um tropicalismo degradado, propõe uma inversão: o espaço público ocupa o trabalho artístico, ao invés do recorrente contrário; #É na batida, com direção de Rodrigo Vieira, que coloca o Passinho no âmbito das danças urbanas em dois princípios de compartilhamento: a negritude e a violência dos contextos em que essas danças são/foram produzidas; e por fim, Libélulas de Vidro, de Luís Ferron, um ritual profano que mostra, diante de todas as restrições, que os corpos são capazes de um suspiro de liberdade, produzindo, assim, o oxigênio necessário à vida.

Vale relembrar o precoce falecimento do B-Boy e militante do movimento Hip-Hop, Banks Back Spin, Ericson Carlos Silva (1974 - 2017). Banks era membro da Back Spin Crew, grupo que, em seus mais de 30 anos de existência, atua nas periferias da cidade, principalmente junto à juventude. A dança perdeu um artista e a cultura, uma liderança política.

A dança celebrou Ruth Rachou, uma das pioneiras da dança moderna no Brasil, com o projeto Ruth Rachou 90 anos; relembrou os 40 anos de Kuarup ou a questão do índio, obra que marcou o percurso do Ballet Stagium, que completou 46 anos; e também os 40 anos de crítica de dança de Helena Katz, em uma trajetória que inaugurou um fazer crítico comprometido, sobretudo, com a educação através da expansão da informação. Na medida em que esses profissionais cruzam os limites do tempo e abrem caminhos, relembram que a história segue sendo escrita, felizmente, e a memória é o marco da gratidão indispensável para a continuidade.

Diante da crise econômica, do avanço dos discursos conservadores e das ameaçadoras mudanças nas políticas culturais, 2018 se enuncia como um ano de dificuldades para a dança, e os desafios aparentemente serão mais duros dos que os já vividos em um passado recente. 

A dança não é exceção, em um 2017 marcado por turbulências políticas. Uma das mais graves foi a condenação pública no tribunal das redes sociais, seguida da instauração de um inquérito policial e o envolvimento de um artista em uma CPI. Wagner Schwartz foi acusado de pedofilia pela apresentação, no MAM de São Paulo, do seu solo La Bête, que existe desde 2006. O que, até então, seria impensável, aconteceu e instalou a arte em uma zona de risco. 

'Gira':ponto alto da produção do Grupo Corpo em 2017 Foto: José Luís Pederneiras/Grupo Corpo

No mesmo campo de regresso à violência institucionalizada, a então recém-empossada Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo lançou um edital de Fomento à Dança que ignorava os avanços realizados nas políticas públicas para a arte, que haviam requalificado os entendimentos sobre a contrapartida social e a divisão em categorias fixas, por exemplo. Parte dos artistas da cidade, mobilizados contra as ações desta gestão, organizou um abaixo-assinado no Avaaz.org, pedindo a demissão da assessora municipal de dança, Lara Pinheiro. A ação, no entanto, não alcançou o objetivo esperado. 

Apesar desse panorama, bons ares também sopraram em 2017. Sintonizadas com as urgências do ‘aqui e agora’, as discussões sobre racismo se expandiram e se fortaleceram. Eventos como o II Encontro de Mulheres Negras na Dança, que aconteceu no Centro de Referência da Dança, em julho, confirmaram o quanto são indispensáveis. Tratar da questão do racismo em um país com a história do nosso é uma obrigação política de todas as manifestações artísticas, e na dança começa a tomar a proporção devida.

Em novembro, o Festival Contemporâneo de Dança (FCD), vivendo o momento econômico mais crítico de sua história, conseguiu uma proeza: construir uma programação coerente quase sem recursos. A consistência da sua curadoria dilui a crença de que excesso produz qualidade e leva a repensar as programações inchadas, com pouca possibilidade de estimular a reflexão. Vale citar, em sua programação, como metáfora da impotência dos nossos tempos, A Emparedada da Rua Nova, de Eliana de Santana, uma mistura sutil de violência e negligência.

Dentre os trabalhos artísticos, destacaram-se o Gira, do Grupo Corpo, uma mistura de tradições capaz de deslocar os sentidos; Corredeira, de Kanzelumuka, que compõe um fluxo de movimento que redimensiona o antes e o depois, fora de linearidades; Riso, da Key e Zetta Cia de Dança, que faz com que o riso, em variações que contagiam e constrangem, seja a crítica ao próprio ato de rir; ARA MAINO'ī, de Daniel Fagundes, que, em um tropicalismo degradado, propõe uma inversão: o espaço público ocupa o trabalho artístico, ao invés do recorrente contrário; #É na batida, com direção de Rodrigo Vieira, que coloca o Passinho no âmbito das danças urbanas em dois princípios de compartilhamento: a negritude e a violência dos contextos em que essas danças são/foram produzidas; e por fim, Libélulas de Vidro, de Luís Ferron, um ritual profano que mostra, diante de todas as restrições, que os corpos são capazes de um suspiro de liberdade, produzindo, assim, o oxigênio necessário à vida.

Vale relembrar o precoce falecimento do B-Boy e militante do movimento Hip-Hop, Banks Back Spin, Ericson Carlos Silva (1974 - 2017). Banks era membro da Back Spin Crew, grupo que, em seus mais de 30 anos de existência, atua nas periferias da cidade, principalmente junto à juventude. A dança perdeu um artista e a cultura, uma liderança política.

A dança celebrou Ruth Rachou, uma das pioneiras da dança moderna no Brasil, com o projeto Ruth Rachou 90 anos; relembrou os 40 anos de Kuarup ou a questão do índio, obra que marcou o percurso do Ballet Stagium, que completou 46 anos; e também os 40 anos de crítica de dança de Helena Katz, em uma trajetória que inaugurou um fazer crítico comprometido, sobretudo, com a educação através da expansão da informação. Na medida em que esses profissionais cruzam os limites do tempo e abrem caminhos, relembram que a história segue sendo escrita, felizmente, e a memória é o marco da gratidão indispensável para a continuidade.

Diante da crise econômica, do avanço dos discursos conservadores e das ameaçadoras mudanças nas políticas culturais, 2018 se enuncia como um ano de dificuldades para a dança, e os desafios aparentemente serão mais duros dos que os já vividos em um passado recente. 

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