Obra da escritora Maura Lopes Cançado ganha solo de Maria Padilha


'Diários do Abismo' relata rotina de internação da escritora diagnosticada com esquizofrenia que manteve coluna no Correio da Manhã e Jornal do Brasil

Por Leandro Nunes

“Hospícios são as flores frias que se colam em nossas cabeças perdidas em escadarias de mármore antigo, subitamente futuro – como o que não se pode ainda compreender.” A autoficção da escritora Maura Lopes Cançado e seu tom confessional despertaram a atenção da atriz Maria Padilha para a poesia da escritora brasileira considerada, entre tantas mulheres, como louca, pelo sistema psiquiátrico da época.

Estreia nesta sexta, 15, Diários do Abismo, inspirado em O Hospício é Deus (1965), da mineira diagnosticada com esquizofrenia. A obra, redescoberta nos últimos anos, foi importante testemunha dos casos de maus tratos sofridos por pacientes em manicômios. Maura ainda deixou o livro de contos O Sofredor do Ver (1968).

Loucura.Atriz reconta vida de Maura Lopes Cançado Foto: CLAUDIA RIBEIRO
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Hospício é Deus foi escrito em forma de um diárioe reúne memórias da paciente, nos diversos anos em que esteve internada. Na obra, Maura adentra o campo poético e autoficcional construindo narrativas “bastante teatrais”, diz a atriz. “Há muitas conversas relatadas”, conta Maria. “Ela descreve o ambiente, seja num quarto ou enfermaria, e os diálogos que teve com médicos, enfermeiras e outros pacientes.”

O sonho de ser escritora levou a jovem a sair de São Gonçalo do Abaeté (MG) em busca de oportunidades. A infância considerada cheia de angústias pela escritora, já aponta para uma vida adulta com a saúde fragilizada. “Ela tinha convulsões e sua família parecia negligenciar o problema e ela não foi tratada nessa época”, diz Maria. 

Aos 15 anos teve o único filho, com um jovem de 18. Logo decidiu se separar e na maioridade internou-se voluntariamente em uma clínica em Belo Horizonte. “Maura já enfrentava vários estigmas na juventude. Mãe, separada e esquizofrênica eram coisas demais. O machismo só fazia as pessoas se afastarem.”

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Um brilho de esperança surge quando Maura, aos 22 anos, chega ao Rio e tem sua escrita celebrada por jornalistas e poetas como Ferreira Gullar, Assis Brasil e Carlos Heitor Cony. Seus textos passaram a ser publicados no Jornal do Brasil e no Correio da Manhã.

Para o diretor, Sergio Módena, a consciência que Maura tinha sobre a própria saúde faz da sua obra um relato fiel, íntimo e muitas vezes, irônico sobre a história dos manicômios no Brasil. Em certo momento ela elogia o trabalho da psiquiatra Nise da Silveira, que lutou contra práticas agressivas e pela humanização no tratamento dos pacientes. “Maura também relata casos de abuso sexual por parte dos empregados mas não podia denunciá-los porque tinha medo” conta Módena. “Sua obra é importante por levantar um debate, mergulhado em poesia, sobre os desmandos nesse sistema”

No palco, Maria ocupa um ambiente com muitos colchões que reinventa as memórias de Maura e vai em busca por descrevê-las além das palavras. “Na peça, o hospício é como um microcosmo, onde o poder envolvido confunde-se entre quem é são e quem é doente.”  Para o diretor, a peça reconstrói a saudade que Maura tinha de Minas, os sonhos de viver como escritora e as dores de uma vida solitária, acompanhada apenas de suas palavras. “Sua voz de mulher transgressora tornou-se inadequada para a época. É por isso que precisamos delas.”

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DIÁRIOS DO ABISMO. Sesc 24 de Maio. Rua 24 de Maio, 109. Tel.: 3350-6300. 5ª, 6ª, sáb., 21h, dom., 18h. R$ 40 / R$ 20. Estreia hoje, 15. Até 7/4 

“Hospícios são as flores frias que se colam em nossas cabeças perdidas em escadarias de mármore antigo, subitamente futuro – como o que não se pode ainda compreender.” A autoficção da escritora Maura Lopes Cançado e seu tom confessional despertaram a atenção da atriz Maria Padilha para a poesia da escritora brasileira considerada, entre tantas mulheres, como louca, pelo sistema psiquiátrico da época.

Estreia nesta sexta, 15, Diários do Abismo, inspirado em O Hospício é Deus (1965), da mineira diagnosticada com esquizofrenia. A obra, redescoberta nos últimos anos, foi importante testemunha dos casos de maus tratos sofridos por pacientes em manicômios. Maura ainda deixou o livro de contos O Sofredor do Ver (1968).

Loucura.Atriz reconta vida de Maura Lopes Cançado Foto: CLAUDIA RIBEIRO

Hospício é Deus foi escrito em forma de um diárioe reúne memórias da paciente, nos diversos anos em que esteve internada. Na obra, Maura adentra o campo poético e autoficcional construindo narrativas “bastante teatrais”, diz a atriz. “Há muitas conversas relatadas”, conta Maria. “Ela descreve o ambiente, seja num quarto ou enfermaria, e os diálogos que teve com médicos, enfermeiras e outros pacientes.”

O sonho de ser escritora levou a jovem a sair de São Gonçalo do Abaeté (MG) em busca de oportunidades. A infância considerada cheia de angústias pela escritora, já aponta para uma vida adulta com a saúde fragilizada. “Ela tinha convulsões e sua família parecia negligenciar o problema e ela não foi tratada nessa época”, diz Maria. 

Aos 15 anos teve o único filho, com um jovem de 18. Logo decidiu se separar e na maioridade internou-se voluntariamente em uma clínica em Belo Horizonte. “Maura já enfrentava vários estigmas na juventude. Mãe, separada e esquizofrênica eram coisas demais. O machismo só fazia as pessoas se afastarem.”

Um brilho de esperança surge quando Maura, aos 22 anos, chega ao Rio e tem sua escrita celebrada por jornalistas e poetas como Ferreira Gullar, Assis Brasil e Carlos Heitor Cony. Seus textos passaram a ser publicados no Jornal do Brasil e no Correio da Manhã.

Para o diretor, Sergio Módena, a consciência que Maura tinha sobre a própria saúde faz da sua obra um relato fiel, íntimo e muitas vezes, irônico sobre a história dos manicômios no Brasil. Em certo momento ela elogia o trabalho da psiquiatra Nise da Silveira, que lutou contra práticas agressivas e pela humanização no tratamento dos pacientes. “Maura também relata casos de abuso sexual por parte dos empregados mas não podia denunciá-los porque tinha medo” conta Módena. “Sua obra é importante por levantar um debate, mergulhado em poesia, sobre os desmandos nesse sistema”

No palco, Maria ocupa um ambiente com muitos colchões que reinventa as memórias de Maura e vai em busca por descrevê-las além das palavras. “Na peça, o hospício é como um microcosmo, onde o poder envolvido confunde-se entre quem é são e quem é doente.”  Para o diretor, a peça reconstrói a saudade que Maura tinha de Minas, os sonhos de viver como escritora e as dores de uma vida solitária, acompanhada apenas de suas palavras. “Sua voz de mulher transgressora tornou-se inadequada para a época. É por isso que precisamos delas.”

DIÁRIOS DO ABISMO. Sesc 24 de Maio. Rua 24 de Maio, 109. Tel.: 3350-6300. 5ª, 6ª, sáb., 21h, dom., 18h. R$ 40 / R$ 20. Estreia hoje, 15. Até 7/4 

“Hospícios são as flores frias que se colam em nossas cabeças perdidas em escadarias de mármore antigo, subitamente futuro – como o que não se pode ainda compreender.” A autoficção da escritora Maura Lopes Cançado e seu tom confessional despertaram a atenção da atriz Maria Padilha para a poesia da escritora brasileira considerada, entre tantas mulheres, como louca, pelo sistema psiquiátrico da época.

Estreia nesta sexta, 15, Diários do Abismo, inspirado em O Hospício é Deus (1965), da mineira diagnosticada com esquizofrenia. A obra, redescoberta nos últimos anos, foi importante testemunha dos casos de maus tratos sofridos por pacientes em manicômios. Maura ainda deixou o livro de contos O Sofredor do Ver (1968).

Loucura.Atriz reconta vida de Maura Lopes Cançado Foto: CLAUDIA RIBEIRO

Hospício é Deus foi escrito em forma de um diárioe reúne memórias da paciente, nos diversos anos em que esteve internada. Na obra, Maura adentra o campo poético e autoficcional construindo narrativas “bastante teatrais”, diz a atriz. “Há muitas conversas relatadas”, conta Maria. “Ela descreve o ambiente, seja num quarto ou enfermaria, e os diálogos que teve com médicos, enfermeiras e outros pacientes.”

O sonho de ser escritora levou a jovem a sair de São Gonçalo do Abaeté (MG) em busca de oportunidades. A infância considerada cheia de angústias pela escritora, já aponta para uma vida adulta com a saúde fragilizada. “Ela tinha convulsões e sua família parecia negligenciar o problema e ela não foi tratada nessa época”, diz Maria. 

Aos 15 anos teve o único filho, com um jovem de 18. Logo decidiu se separar e na maioridade internou-se voluntariamente em uma clínica em Belo Horizonte. “Maura já enfrentava vários estigmas na juventude. Mãe, separada e esquizofrênica eram coisas demais. O machismo só fazia as pessoas se afastarem.”

Um brilho de esperança surge quando Maura, aos 22 anos, chega ao Rio e tem sua escrita celebrada por jornalistas e poetas como Ferreira Gullar, Assis Brasil e Carlos Heitor Cony. Seus textos passaram a ser publicados no Jornal do Brasil e no Correio da Manhã.

Para o diretor, Sergio Módena, a consciência que Maura tinha sobre a própria saúde faz da sua obra um relato fiel, íntimo e muitas vezes, irônico sobre a história dos manicômios no Brasil. Em certo momento ela elogia o trabalho da psiquiatra Nise da Silveira, que lutou contra práticas agressivas e pela humanização no tratamento dos pacientes. “Maura também relata casos de abuso sexual por parte dos empregados mas não podia denunciá-los porque tinha medo” conta Módena. “Sua obra é importante por levantar um debate, mergulhado em poesia, sobre os desmandos nesse sistema”

No palco, Maria ocupa um ambiente com muitos colchões que reinventa as memórias de Maura e vai em busca por descrevê-las além das palavras. “Na peça, o hospício é como um microcosmo, onde o poder envolvido confunde-se entre quem é são e quem é doente.”  Para o diretor, a peça reconstrói a saudade que Maura tinha de Minas, os sonhos de viver como escritora e as dores de uma vida solitária, acompanhada apenas de suas palavras. “Sua voz de mulher transgressora tornou-se inadequada para a época. É por isso que precisamos delas.”

DIÁRIOS DO ABISMO. Sesc 24 de Maio. Rua 24 de Maio, 109. Tel.: 3350-6300. 5ª, 6ª, sáb., 21h, dom., 18h. R$ 40 / R$ 20. Estreia hoje, 15. Até 7/4 

“Hospícios são as flores frias que se colam em nossas cabeças perdidas em escadarias de mármore antigo, subitamente futuro – como o que não se pode ainda compreender.” A autoficção da escritora Maura Lopes Cançado e seu tom confessional despertaram a atenção da atriz Maria Padilha para a poesia da escritora brasileira considerada, entre tantas mulheres, como louca, pelo sistema psiquiátrico da época.

Estreia nesta sexta, 15, Diários do Abismo, inspirado em O Hospício é Deus (1965), da mineira diagnosticada com esquizofrenia. A obra, redescoberta nos últimos anos, foi importante testemunha dos casos de maus tratos sofridos por pacientes em manicômios. Maura ainda deixou o livro de contos O Sofredor do Ver (1968).

Loucura.Atriz reconta vida de Maura Lopes Cançado Foto: CLAUDIA RIBEIRO

Hospício é Deus foi escrito em forma de um diárioe reúne memórias da paciente, nos diversos anos em que esteve internada. Na obra, Maura adentra o campo poético e autoficcional construindo narrativas “bastante teatrais”, diz a atriz. “Há muitas conversas relatadas”, conta Maria. “Ela descreve o ambiente, seja num quarto ou enfermaria, e os diálogos que teve com médicos, enfermeiras e outros pacientes.”

O sonho de ser escritora levou a jovem a sair de São Gonçalo do Abaeté (MG) em busca de oportunidades. A infância considerada cheia de angústias pela escritora, já aponta para uma vida adulta com a saúde fragilizada. “Ela tinha convulsões e sua família parecia negligenciar o problema e ela não foi tratada nessa época”, diz Maria. 

Aos 15 anos teve o único filho, com um jovem de 18. Logo decidiu se separar e na maioridade internou-se voluntariamente em uma clínica em Belo Horizonte. “Maura já enfrentava vários estigmas na juventude. Mãe, separada e esquizofrênica eram coisas demais. O machismo só fazia as pessoas se afastarem.”

Um brilho de esperança surge quando Maura, aos 22 anos, chega ao Rio e tem sua escrita celebrada por jornalistas e poetas como Ferreira Gullar, Assis Brasil e Carlos Heitor Cony. Seus textos passaram a ser publicados no Jornal do Brasil e no Correio da Manhã.

Para o diretor, Sergio Módena, a consciência que Maura tinha sobre a própria saúde faz da sua obra um relato fiel, íntimo e muitas vezes, irônico sobre a história dos manicômios no Brasil. Em certo momento ela elogia o trabalho da psiquiatra Nise da Silveira, que lutou contra práticas agressivas e pela humanização no tratamento dos pacientes. “Maura também relata casos de abuso sexual por parte dos empregados mas não podia denunciá-los porque tinha medo” conta Módena. “Sua obra é importante por levantar um debate, mergulhado em poesia, sobre os desmandos nesse sistema”

No palco, Maria ocupa um ambiente com muitos colchões que reinventa as memórias de Maura e vai em busca por descrevê-las além das palavras. “Na peça, o hospício é como um microcosmo, onde o poder envolvido confunde-se entre quem é são e quem é doente.”  Para o diretor, a peça reconstrói a saudade que Maura tinha de Minas, os sonhos de viver como escritora e as dores de uma vida solitária, acompanhada apenas de suas palavras. “Sua voz de mulher transgressora tornou-se inadequada para a época. É por isso que precisamos delas.”

DIÁRIOS DO ABISMO. Sesc 24 de Maio. Rua 24 de Maio, 109. Tel.: 3350-6300. 5ª, 6ª, sáb., 21h, dom., 18h. R$ 40 / R$ 20. Estreia hoje, 15. Até 7/4 

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