Se é para jogar holofotes sobre o que transforma a TV de 1992 para cá, o jornalismo merece um capítulo só seu.
Até 20 anos atrás, o modelo Cid Moreira era regra. O apresentador atuava, em frente às câmeras, quase como um locutor de rádio, ostentando uma rigidez que criou escola por todas as emissoras. Mas o SBT já impunha um novo estilo para o gênero desde 1988, com Boris Casoy à frente de seu principal noticiário e plena liberdade para mandar uma "banana" para as câmeras ou proferir seu bordão, "É uma vergonha!".
Na Globo, foi só em 1996 que Cid Moreira deixou a bancada, mas nem por isso seus apresentadores passaram a opinar sobre a notícia. Numa decisão histórica para o telejornal de maior alcance do País. Cid e Sérgio Chapelin foram substituídos por William Bonner e então Lillian Witte Fibe.
Na extremidade oposta ao modelo Cid está Tiago Leifert, o garoto prodígio do jornalismo da Globo hoje. Moço capaz de mandar o teleprompter para o espaço, assume suas gafes ao vivo e faz delas mais um componente de humor em cena. Restrito à praça paulista até o ano passado, ganhou fama nacional ao comandar o Central da Copa, aliando piada e credibilidade. Não é para qualquer um.
Por falar em Copa, Fátima Bernardes acumula quatro mundiais no currículo, mas foi nos últimos anos que suas entradas no Jornal Nacional ficaram, digamos, mais descontraídas. A jornalista chegou a mandar recado no ar, via Bonner, seu marido e parceiro de bancada, para "as crianças". Era só um chamariz para a campanha de vacinação do dia seguinte, mas era algo impensável nos idos de Cid e Chapelin. Hoje, Bonner é um dos darlings do Twitter, onde interage com humor com o público e até pede ajuda para escolher suas gravatas.
Debate eleitoral. Se os telejornais ganharam informalidade, o contrário se deu nos debates eleitorais, cada vez mais engessados por regras e estratégias impostas pelos marqueteiros dos candidatos. Há coisa de 11 anos, vimos Marta Suplicy perder a paciência com Paulo Maluf em um debate da Band em disputa pela prefeitura de São Paulo.
Hoje, orientados pelo marketing, não há candidato que arrisque gestos agressivos em debate eleitoral.