Série 'Altered Carbon' dá novo fôlego a elementos do cyberpunk


Baseada nos livros de Richard K. Morgan, produção da Netflix resgata temáticas exploradas pela ficção científica desde os anos 1960

Por André Cáceres
Atualização:

Se os autores de cyberpunk definissem um mote para suas criações, seria algo como “tecnologia de ponta, vida precária”. Esse subgênero da ficção científica que trata de distopias tecnocráticas ganha novo fôlego com a estreia de Altered Carbon na Netflix. Inspirada na trilogia de livros de Richard K. Morgan, a série trata de um futuro em que é possível transferir a mente de uma pessoa para outro corpo e, assim, continunar vivendo. É claro que essa pretensa imortalidade é reservada ao seleto grupo que pode pagar por ela. Essa premissa tem paralelos interessantes com a literatura e o cinema. 

Cena da série 'Altered Carbon', produção da Netflix baseada nos livros de Richard K. Morgan. Foto: Netflix

O primeiro, quanto à troca de corpo, remete a Seconds (1963), escrito por David Ely e adaptado por John Frankenheimer em O Segundo Rosto (1966). Uma empresa propõe a troca de identidade a um sujeito deprimido. Por meio de procedimentos cirúrgicos, ganha um corpo mais jovem (no filme, o do galã Rock Hudson) mas se descobre infeliz com a nova vida e impossibilitado de retornar à antiga. 

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Outro diálogo da série é com O Preço do Amanhã (2011). Em ambos, a tecnologia reforça as injustiças sociais de modo que os ricos perpetuem suas existências. No filme de Andrew Niccol – assim como no conto “Repent, Harlequin!” Said the Ticktockman (1965), de Harlam Ellison; no curta The Price of Life (1987), de Stephen Tolkin e Michel Monteaux; e no conto Time is Money (1975), de Lee Falk – isso ocorre por meio de um sistema monetário baseado no tempo.

O mais óbvio ponto de contato se dá em Blade Runner (tanto o original de Ridley Scott, de 1982, quanto a sequência de Denis Villeneuve, do ano passado), não só pelo visual futurista e decadente, pela cidade repleta de luzes de néon e carros voadores ou pela temática, mas principalmente porque ambas as obras se inspiram em livros que tomam emprestados elementos de film noir.

Não por acaso Blade Runner vem de Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, justamente de Philip K. Dick. Na literatura, o cyberpunk surgiu com o esgotamento das óperas espaciais, grandes épicos interplanetários, durante a chamada “new wave” da ficção científica, capitaneada pela escrita lisérgica de J. G. Ballard (Crash; Concrete Island) e Philip Jose Farmer (Riverworld; To Your Scattered Bodies Go), além, é claro, do próprio Dick. O gênero foi influenciado também por autores da geração Beat, como William S. Burroughs. Seu roteiro baseado em um livro de Alan E. Nourse, The Bladerunner (1974), diz tudo.

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O ápice do cyberpunk, porém, se deu nos anos 1980, especialmente pelas obras de William Gibson (a trilogia Sprawl, formada por Neuromancer, Count Zero e Monalisa Overdrive, é só um dos exemplos) e Bruce Sterling (Islands on the Net). A Gibson é atribuída a presciência da internet, ou pelo menos de uma sociedade conectada em rede, e a visão catastrófica de um futuro em que a alta tecnologia não salva a humanidade de suas próprias barbáries. 

Se os autores de cyberpunk definissem um mote para suas criações, seria algo como “tecnologia de ponta, vida precária”. Esse subgênero da ficção científica que trata de distopias tecnocráticas ganha novo fôlego com a estreia de Altered Carbon na Netflix. Inspirada na trilogia de livros de Richard K. Morgan, a série trata de um futuro em que é possível transferir a mente de uma pessoa para outro corpo e, assim, continunar vivendo. É claro que essa pretensa imortalidade é reservada ao seleto grupo que pode pagar por ela. Essa premissa tem paralelos interessantes com a literatura e o cinema. 

Cena da série 'Altered Carbon', produção da Netflix baseada nos livros de Richard K. Morgan. Foto: Netflix

O primeiro, quanto à troca de corpo, remete a Seconds (1963), escrito por David Ely e adaptado por John Frankenheimer em O Segundo Rosto (1966). Uma empresa propõe a troca de identidade a um sujeito deprimido. Por meio de procedimentos cirúrgicos, ganha um corpo mais jovem (no filme, o do galã Rock Hudson) mas se descobre infeliz com a nova vida e impossibilitado de retornar à antiga. 

Outro diálogo da série é com O Preço do Amanhã (2011). Em ambos, a tecnologia reforça as injustiças sociais de modo que os ricos perpetuem suas existências. No filme de Andrew Niccol – assim como no conto “Repent, Harlequin!” Said the Ticktockman (1965), de Harlam Ellison; no curta The Price of Life (1987), de Stephen Tolkin e Michel Monteaux; e no conto Time is Money (1975), de Lee Falk – isso ocorre por meio de um sistema monetário baseado no tempo.

O mais óbvio ponto de contato se dá em Blade Runner (tanto o original de Ridley Scott, de 1982, quanto a sequência de Denis Villeneuve, do ano passado), não só pelo visual futurista e decadente, pela cidade repleta de luzes de néon e carros voadores ou pela temática, mas principalmente porque ambas as obras se inspiram em livros que tomam emprestados elementos de film noir.

Não por acaso Blade Runner vem de Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, justamente de Philip K. Dick. Na literatura, o cyberpunk surgiu com o esgotamento das óperas espaciais, grandes épicos interplanetários, durante a chamada “new wave” da ficção científica, capitaneada pela escrita lisérgica de J. G. Ballard (Crash; Concrete Island) e Philip Jose Farmer (Riverworld; To Your Scattered Bodies Go), além, é claro, do próprio Dick. O gênero foi influenciado também por autores da geração Beat, como William S. Burroughs. Seu roteiro baseado em um livro de Alan E. Nourse, The Bladerunner (1974), diz tudo.

O ápice do cyberpunk, porém, se deu nos anos 1980, especialmente pelas obras de William Gibson (a trilogia Sprawl, formada por Neuromancer, Count Zero e Monalisa Overdrive, é só um dos exemplos) e Bruce Sterling (Islands on the Net). A Gibson é atribuída a presciência da internet, ou pelo menos de uma sociedade conectada em rede, e a visão catastrófica de um futuro em que a alta tecnologia não salva a humanidade de suas próprias barbáries. 

Se os autores de cyberpunk definissem um mote para suas criações, seria algo como “tecnologia de ponta, vida precária”. Esse subgênero da ficção científica que trata de distopias tecnocráticas ganha novo fôlego com a estreia de Altered Carbon na Netflix. Inspirada na trilogia de livros de Richard K. Morgan, a série trata de um futuro em que é possível transferir a mente de uma pessoa para outro corpo e, assim, continunar vivendo. É claro que essa pretensa imortalidade é reservada ao seleto grupo que pode pagar por ela. Essa premissa tem paralelos interessantes com a literatura e o cinema. 

Cena da série 'Altered Carbon', produção da Netflix baseada nos livros de Richard K. Morgan. Foto: Netflix

O primeiro, quanto à troca de corpo, remete a Seconds (1963), escrito por David Ely e adaptado por John Frankenheimer em O Segundo Rosto (1966). Uma empresa propõe a troca de identidade a um sujeito deprimido. Por meio de procedimentos cirúrgicos, ganha um corpo mais jovem (no filme, o do galã Rock Hudson) mas se descobre infeliz com a nova vida e impossibilitado de retornar à antiga. 

Outro diálogo da série é com O Preço do Amanhã (2011). Em ambos, a tecnologia reforça as injustiças sociais de modo que os ricos perpetuem suas existências. No filme de Andrew Niccol – assim como no conto “Repent, Harlequin!” Said the Ticktockman (1965), de Harlam Ellison; no curta The Price of Life (1987), de Stephen Tolkin e Michel Monteaux; e no conto Time is Money (1975), de Lee Falk – isso ocorre por meio de um sistema monetário baseado no tempo.

O mais óbvio ponto de contato se dá em Blade Runner (tanto o original de Ridley Scott, de 1982, quanto a sequência de Denis Villeneuve, do ano passado), não só pelo visual futurista e decadente, pela cidade repleta de luzes de néon e carros voadores ou pela temática, mas principalmente porque ambas as obras se inspiram em livros que tomam emprestados elementos de film noir.

Não por acaso Blade Runner vem de Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, justamente de Philip K. Dick. Na literatura, o cyberpunk surgiu com o esgotamento das óperas espaciais, grandes épicos interplanetários, durante a chamada “new wave” da ficção científica, capitaneada pela escrita lisérgica de J. G. Ballard (Crash; Concrete Island) e Philip Jose Farmer (Riverworld; To Your Scattered Bodies Go), além, é claro, do próprio Dick. O gênero foi influenciado também por autores da geração Beat, como William S. Burroughs. Seu roteiro baseado em um livro de Alan E. Nourse, The Bladerunner (1974), diz tudo.

O ápice do cyberpunk, porém, se deu nos anos 1980, especialmente pelas obras de William Gibson (a trilogia Sprawl, formada por Neuromancer, Count Zero e Monalisa Overdrive, é só um dos exemplos) e Bruce Sterling (Islands on the Net). A Gibson é atribuída a presciência da internet, ou pelo menos de uma sociedade conectada em rede, e a visão catastrófica de um futuro em que a alta tecnologia não salva a humanidade de suas próprias barbáries. 

Se os autores de cyberpunk definissem um mote para suas criações, seria algo como “tecnologia de ponta, vida precária”. Esse subgênero da ficção científica que trata de distopias tecnocráticas ganha novo fôlego com a estreia de Altered Carbon na Netflix. Inspirada na trilogia de livros de Richard K. Morgan, a série trata de um futuro em que é possível transferir a mente de uma pessoa para outro corpo e, assim, continunar vivendo. É claro que essa pretensa imortalidade é reservada ao seleto grupo que pode pagar por ela. Essa premissa tem paralelos interessantes com a literatura e o cinema. 

Cena da série 'Altered Carbon', produção da Netflix baseada nos livros de Richard K. Morgan. Foto: Netflix

O primeiro, quanto à troca de corpo, remete a Seconds (1963), escrito por David Ely e adaptado por John Frankenheimer em O Segundo Rosto (1966). Uma empresa propõe a troca de identidade a um sujeito deprimido. Por meio de procedimentos cirúrgicos, ganha um corpo mais jovem (no filme, o do galã Rock Hudson) mas se descobre infeliz com a nova vida e impossibilitado de retornar à antiga. 

Outro diálogo da série é com O Preço do Amanhã (2011). Em ambos, a tecnologia reforça as injustiças sociais de modo que os ricos perpetuem suas existências. No filme de Andrew Niccol – assim como no conto “Repent, Harlequin!” Said the Ticktockman (1965), de Harlam Ellison; no curta The Price of Life (1987), de Stephen Tolkin e Michel Monteaux; e no conto Time is Money (1975), de Lee Falk – isso ocorre por meio de um sistema monetário baseado no tempo.

O mais óbvio ponto de contato se dá em Blade Runner (tanto o original de Ridley Scott, de 1982, quanto a sequência de Denis Villeneuve, do ano passado), não só pelo visual futurista e decadente, pela cidade repleta de luzes de néon e carros voadores ou pela temática, mas principalmente porque ambas as obras se inspiram em livros que tomam emprestados elementos de film noir.

Não por acaso Blade Runner vem de Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, justamente de Philip K. Dick. Na literatura, o cyberpunk surgiu com o esgotamento das óperas espaciais, grandes épicos interplanetários, durante a chamada “new wave” da ficção científica, capitaneada pela escrita lisérgica de J. G. Ballard (Crash; Concrete Island) e Philip Jose Farmer (Riverworld; To Your Scattered Bodies Go), além, é claro, do próprio Dick. O gênero foi influenciado também por autores da geração Beat, como William S. Burroughs. Seu roteiro baseado em um livro de Alan E. Nourse, The Bladerunner (1974), diz tudo.

O ápice do cyberpunk, porém, se deu nos anos 1980, especialmente pelas obras de William Gibson (a trilogia Sprawl, formada por Neuromancer, Count Zero e Monalisa Overdrive, é só um dos exemplos) e Bruce Sterling (Islands on the Net). A Gibson é atribuída a presciência da internet, ou pelo menos de uma sociedade conectada em rede, e a visão catastrófica de um futuro em que a alta tecnologia não salva a humanidade de suas próprias barbáries. 

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