O professor Leopoldo Waizbort, do Departamento de Sociologia da USP, abre hoje, às 19h30 na Sala São Paulo, a temporada do projeto Música na Cabeça, parceria da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo com o Grupo Estado. Ele fará palestra sobre a relação da obra do compositor Villa-Lobos com o conceito de identidade nacional. A ideia da série é propor debates a partir das obras e compositores abordados pela Osesp em sua temporada. O caso de Villa-Lobos é emblemático. A partir de amanhã, a orquestra interpreta a sua Sinfonia n.º 10 - Ameríndia, sob regência de Isaac Karabtchevsky, que está realizando com a Osesp a gravação da integral sinfônica do autor.
A palestra de Waizbort terá como base o texto publicado por ele na Revista Osesp de março. Nele, ele escreve que "não é à nação brasileira que a música de Villa-Lobos dá corpo em forma de som, mas o contrário: sua música imaginou uma nação e a sonorizou - inclusive imaginando-a contraditória e complexa".
O tema - os mecanismos da relação da obra de Villa com a ideia de nação - tem sido tônica dos mais importantes estudos recentes sobre o compositor. "Não é o Brasil que modela e cria essa música, e sim essa música que modela e cria um Brasil", escreve Waizbort. "Há uma dimensão ideológica e prática central na música de Villa-Lobos: um movimento complexo, pois o estado-nação pede uma cultura homogênea que o figure culturalmente e, assim, retroalimente sua existência política. E por mais que a música de Villa-Lobos misture e apresente tudo muito misturado, ela aparece como síntese de uma variedade, simbolizando musicalmente a unidade possível (para o bem e para o mal) de uma nação multifacetada e desigual", complementa.A palestra é gratuita, mas é necessário preencher uma ficha de inscrição, disponível no site da Osesp.
Palestra com Leopoldo WaizbortSala São Paulo. Pça. Julio Prestes, 16. Hoje, 19h30. Grátis.