Ex-presidente do BC e sócio da A.C. Pastore e Associados

Opinião|O Fed e o crescimento dos emergentes


Políticas restritivas dos Estados Unidos afetam todos os países, incluindo os economicamente mais frágeis, que são os emergentes

Por Affonso Celso Pastore

Na China, uma nova onda de contágio da pandemia levou ao lockdown em Shenzen e Xangai, e a dependência da Europa com relação ao gás importado da Rússia aumenta os riscos, os custos de produção e a inflação. Essas são duas razões para que, no último World Economic Outlook, o FMI tenha cortado 0,8 ponto porcentual na taxa de crescimento mundial em 2022. A isso se soma a desaceleração na maioria dos países emergentes, que se acentua com a política monetária restritiva nos EUA. 

Na reação à pandemia, em 2020, o Fed colocou a taxa dos fed funds entre zero e 0,25% e passou a aumentar seu balanço com a compra de US$ 125 bilhões por mês de treasuries e agency debt. A consequência foi o enfraquecimento do dólar, cuja contrapartida é a valorização das moedas da grande maioria dos demais países, reduzindo suas inflações. Ou seja, além de evitar uma recessão mais profunda nos EUA, o Fed teve a “gentileza” de contribuir para reduzir as recessões nos demais países, que devido à queda da inflação puderam reduzir ainda mais as suas taxas de juros.

Fundo Monetário Internacional Foto: Yuri Gripas/Reuters
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Porém, a enorme soma de estímulos monetários e fiscais nos EUA elevou sua inflação, que está longe de ser causada, apenas, por choques transitórios de oferta. Ela tem uma clara componente de demanda, e uma forma de deixar claro esse ponto é observando as estatísticas do mercado de trabalho.

Em 2014, já na recuperação da recessão de 2008, havia 0,4 vaga aberta por trabalhador desempregado, mas essa relação foi se elevando com o crescimento econômico e, antes da pandemia, já havia chegado a 1,8 vaga por trabalhador desempregado. A recessão de 2020 derrubou essa relação para 0,2, mas com a recuperação ela voltou a crescer e está, atualmente, em 2 vagas abertas por trabalhador desempregado. Com isso, disparam os salários, como mostram os dados do Atlanta Fed. 

A decisão do Fomc, na quarta-feira, confirmou o que disse James Bullard, um de seus membros votantes: “Pensar que o Fed pode trazer a inflação para baixo sem elevar a taxa de juros a um nível que restrinja a atividade econômica é fantasia”. Os juros nos EUA vão subir bem mais, e o dólar deve continuar se fortalecendo, o que acentua a depreciação das demais moedas, atuando na direção contrária ao ocorrido quando da reação à covid. 

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Política monetária restritiva nos Estados Unidos leva a políticas monetárias restritivas nos demais países, e os mais afetados são os economicamente mais frágeis, que são os emergentes.

*EX-PRESIDENTE DO BC E SÓCIO DA A.C. PASTORE E ASSOCIADOS

Na China, uma nova onda de contágio da pandemia levou ao lockdown em Shenzen e Xangai, e a dependência da Europa com relação ao gás importado da Rússia aumenta os riscos, os custos de produção e a inflação. Essas são duas razões para que, no último World Economic Outlook, o FMI tenha cortado 0,8 ponto porcentual na taxa de crescimento mundial em 2022. A isso se soma a desaceleração na maioria dos países emergentes, que se acentua com a política monetária restritiva nos EUA. 

Na reação à pandemia, em 2020, o Fed colocou a taxa dos fed funds entre zero e 0,25% e passou a aumentar seu balanço com a compra de US$ 125 bilhões por mês de treasuries e agency debt. A consequência foi o enfraquecimento do dólar, cuja contrapartida é a valorização das moedas da grande maioria dos demais países, reduzindo suas inflações. Ou seja, além de evitar uma recessão mais profunda nos EUA, o Fed teve a “gentileza” de contribuir para reduzir as recessões nos demais países, que devido à queda da inflação puderam reduzir ainda mais as suas taxas de juros.

Fundo Monetário Internacional Foto: Yuri Gripas/Reuters

Porém, a enorme soma de estímulos monetários e fiscais nos EUA elevou sua inflação, que está longe de ser causada, apenas, por choques transitórios de oferta. Ela tem uma clara componente de demanda, e uma forma de deixar claro esse ponto é observando as estatísticas do mercado de trabalho.

Em 2014, já na recuperação da recessão de 2008, havia 0,4 vaga aberta por trabalhador desempregado, mas essa relação foi se elevando com o crescimento econômico e, antes da pandemia, já havia chegado a 1,8 vaga por trabalhador desempregado. A recessão de 2020 derrubou essa relação para 0,2, mas com a recuperação ela voltou a crescer e está, atualmente, em 2 vagas abertas por trabalhador desempregado. Com isso, disparam os salários, como mostram os dados do Atlanta Fed. 

A decisão do Fomc, na quarta-feira, confirmou o que disse James Bullard, um de seus membros votantes: “Pensar que o Fed pode trazer a inflação para baixo sem elevar a taxa de juros a um nível que restrinja a atividade econômica é fantasia”. Os juros nos EUA vão subir bem mais, e o dólar deve continuar se fortalecendo, o que acentua a depreciação das demais moedas, atuando na direção contrária ao ocorrido quando da reação à covid. 

Política monetária restritiva nos Estados Unidos leva a políticas monetárias restritivas nos demais países, e os mais afetados são os economicamente mais frágeis, que são os emergentes.

*EX-PRESIDENTE DO BC E SÓCIO DA A.C. PASTORE E ASSOCIADOS

Na China, uma nova onda de contágio da pandemia levou ao lockdown em Shenzen e Xangai, e a dependência da Europa com relação ao gás importado da Rússia aumenta os riscos, os custos de produção e a inflação. Essas são duas razões para que, no último World Economic Outlook, o FMI tenha cortado 0,8 ponto porcentual na taxa de crescimento mundial em 2022. A isso se soma a desaceleração na maioria dos países emergentes, que se acentua com a política monetária restritiva nos EUA. 

Na reação à pandemia, em 2020, o Fed colocou a taxa dos fed funds entre zero e 0,25% e passou a aumentar seu balanço com a compra de US$ 125 bilhões por mês de treasuries e agency debt. A consequência foi o enfraquecimento do dólar, cuja contrapartida é a valorização das moedas da grande maioria dos demais países, reduzindo suas inflações. Ou seja, além de evitar uma recessão mais profunda nos EUA, o Fed teve a “gentileza” de contribuir para reduzir as recessões nos demais países, que devido à queda da inflação puderam reduzir ainda mais as suas taxas de juros.

Fundo Monetário Internacional Foto: Yuri Gripas/Reuters

Porém, a enorme soma de estímulos monetários e fiscais nos EUA elevou sua inflação, que está longe de ser causada, apenas, por choques transitórios de oferta. Ela tem uma clara componente de demanda, e uma forma de deixar claro esse ponto é observando as estatísticas do mercado de trabalho.

Em 2014, já na recuperação da recessão de 2008, havia 0,4 vaga aberta por trabalhador desempregado, mas essa relação foi se elevando com o crescimento econômico e, antes da pandemia, já havia chegado a 1,8 vaga por trabalhador desempregado. A recessão de 2020 derrubou essa relação para 0,2, mas com a recuperação ela voltou a crescer e está, atualmente, em 2 vagas abertas por trabalhador desempregado. Com isso, disparam os salários, como mostram os dados do Atlanta Fed. 

A decisão do Fomc, na quarta-feira, confirmou o que disse James Bullard, um de seus membros votantes: “Pensar que o Fed pode trazer a inflação para baixo sem elevar a taxa de juros a um nível que restrinja a atividade econômica é fantasia”. Os juros nos EUA vão subir bem mais, e o dólar deve continuar se fortalecendo, o que acentua a depreciação das demais moedas, atuando na direção contrária ao ocorrido quando da reação à covid. 

Política monetária restritiva nos Estados Unidos leva a políticas monetárias restritivas nos demais países, e os mais afetados são os economicamente mais frágeis, que são os emergentes.

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Na China, uma nova onda de contágio da pandemia levou ao lockdown em Shenzen e Xangai, e a dependência da Europa com relação ao gás importado da Rússia aumenta os riscos, os custos de produção e a inflação. Essas são duas razões para que, no último World Economic Outlook, o FMI tenha cortado 0,8 ponto porcentual na taxa de crescimento mundial em 2022. A isso se soma a desaceleração na maioria dos países emergentes, que se acentua com a política monetária restritiva nos EUA. 

Na reação à pandemia, em 2020, o Fed colocou a taxa dos fed funds entre zero e 0,25% e passou a aumentar seu balanço com a compra de US$ 125 bilhões por mês de treasuries e agency debt. A consequência foi o enfraquecimento do dólar, cuja contrapartida é a valorização das moedas da grande maioria dos demais países, reduzindo suas inflações. Ou seja, além de evitar uma recessão mais profunda nos EUA, o Fed teve a “gentileza” de contribuir para reduzir as recessões nos demais países, que devido à queda da inflação puderam reduzir ainda mais as suas taxas de juros.

Fundo Monetário Internacional Foto: Yuri Gripas/Reuters

Porém, a enorme soma de estímulos monetários e fiscais nos EUA elevou sua inflação, que está longe de ser causada, apenas, por choques transitórios de oferta. Ela tem uma clara componente de demanda, e uma forma de deixar claro esse ponto é observando as estatísticas do mercado de trabalho.

Em 2014, já na recuperação da recessão de 2008, havia 0,4 vaga aberta por trabalhador desempregado, mas essa relação foi se elevando com o crescimento econômico e, antes da pandemia, já havia chegado a 1,8 vaga por trabalhador desempregado. A recessão de 2020 derrubou essa relação para 0,2, mas com a recuperação ela voltou a crescer e está, atualmente, em 2 vagas abertas por trabalhador desempregado. Com isso, disparam os salários, como mostram os dados do Atlanta Fed. 

A decisão do Fomc, na quarta-feira, confirmou o que disse James Bullard, um de seus membros votantes: “Pensar que o Fed pode trazer a inflação para baixo sem elevar a taxa de juros a um nível que restrinja a atividade econômica é fantasia”. Os juros nos EUA vão subir bem mais, e o dólar deve continuar se fortalecendo, o que acentua a depreciação das demais moedas, atuando na direção contrária ao ocorrido quando da reação à covid. 

Política monetária restritiva nos Estados Unidos leva a políticas monetárias restritivas nos demais países, e os mais afetados são os economicamente mais frágeis, que são os emergentes.

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