Ex-presidente do BC e sócio da A.C. Pastore e Associados

Opinião|Há limites para a queda da Selic, e esses limites são estreitos; BC tem de prestar atenção a eles


Taxa real de juros de equilíbrio mais alta nos EUA obriga o Brasil a encerrar o ciclo de corte da Selic com taxa de juros também mais alta

Por Affonso Celso Pastore

Nos últimos dias assistimos a mais um episódio de “ajuste dos mercados” à realidade da inflação e da política monetária nos EUA. Dados indicando um mercado de trabalho ainda aquecido afetaram as estimativas sobre a intensidade da restrição monetária praticada pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), provocando a elevação para 4,8% ao ano da taxa das treasuries de dez anos, a mais alta em 17 anos.

Aos poucos, o mercado financeiro vem incorporando a informação de que a política fiscal expansionista do governo Biden, que ao que tudo indica não deverá se alterar, elevou a taxa real de juros de equilíbrio – a chamada “taxa neutra” de juros. Ainda que o Fed não produza novas elevações da taxa dos fed funds, terá que mantê-la alta por mais tempo.

Aos poucos, o mercado financeiro vem incorporando a informação de que a política fiscal expansionista do governo Biden, que ao que tudo indica não deverá se alterar, elevou a taxa real de juros de equilíbrio. Foto: Joshua Roberts/Reuters
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A reação ocorrida nos EUA gerou efeitos instantâneos no Brasil, quer deslocando para cima toda a curva de juros nominais, quer depreciando o real acima de R$ 5,20/US$. Embora não haja uma ligação mecânica entre as taxas neutras de juros no Brasil e nos EUA, como a estabilização do real em relação ao dólar depende do diferencial de taxas de juros entre os dois países, uma taxa real de juros de equilíbrio mais alta nos EUA obriga o Brasil a encerrar o ciclo de queda da Selic em uma taxa de juros também mais alta.

O fator predominante na depreciação recente do real é o fortalecimento do dólar, que tende a continuar, o que ao lado de nossa taxa neutra mais elevada, devido à expansão fiscal, limita a intensidade da queda da Selic. Movimentos fortes por parte do Fed têm reflexos no Brasil.

Quando em 2020, em reação à pandemia, o Fed derrubou a taxa dos fed funds e comprou US$ 4,5 trilhões de treasuries, também derrubou as taxas das treasuries de 2 a 30 anos, provocando um enfraquecimento do dólar, o que levou à valorização da maioria das moedas de países avançados e emergentes.

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Mas nem todas as moedas tiveram esse comportamento. O peso argentino e a lira turca se depreciaram vigorosamente, junto com as moedas da Rússia, Ucrânia e África do Sul. A outra moeda que se depreciou foi o real. Diferentemente de Rússia e Ucrânia, o Brasil não enfrenta uma guerra, e diferentemente de Argentina, Turquia, e em menor intensidade a África do Sul, não vive uma crise política.

A única razão para a forte depreciação do real, em torno de 40%, quando à exceção daqueles cinco países todas as demais moedas se valorizaram, foi o erro do Banco Central em derrubar a taxa Selic a 2% ao ano, com a taxa real de juros ex-ante de um ano permanecendo mais de meio ano em território negativo. Há limites para a queda da Selic, e esses limites são muito estreitos. O BC deveria prestar a devida atenção a eles.

Nos últimos dias assistimos a mais um episódio de “ajuste dos mercados” à realidade da inflação e da política monetária nos EUA. Dados indicando um mercado de trabalho ainda aquecido afetaram as estimativas sobre a intensidade da restrição monetária praticada pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), provocando a elevação para 4,8% ao ano da taxa das treasuries de dez anos, a mais alta em 17 anos.

Aos poucos, o mercado financeiro vem incorporando a informação de que a política fiscal expansionista do governo Biden, que ao que tudo indica não deverá se alterar, elevou a taxa real de juros de equilíbrio – a chamada “taxa neutra” de juros. Ainda que o Fed não produza novas elevações da taxa dos fed funds, terá que mantê-la alta por mais tempo.

Aos poucos, o mercado financeiro vem incorporando a informação de que a política fiscal expansionista do governo Biden, que ao que tudo indica não deverá se alterar, elevou a taxa real de juros de equilíbrio. Foto: Joshua Roberts/Reuters

A reação ocorrida nos EUA gerou efeitos instantâneos no Brasil, quer deslocando para cima toda a curva de juros nominais, quer depreciando o real acima de R$ 5,20/US$. Embora não haja uma ligação mecânica entre as taxas neutras de juros no Brasil e nos EUA, como a estabilização do real em relação ao dólar depende do diferencial de taxas de juros entre os dois países, uma taxa real de juros de equilíbrio mais alta nos EUA obriga o Brasil a encerrar o ciclo de queda da Selic em uma taxa de juros também mais alta.

O fator predominante na depreciação recente do real é o fortalecimento do dólar, que tende a continuar, o que ao lado de nossa taxa neutra mais elevada, devido à expansão fiscal, limita a intensidade da queda da Selic. Movimentos fortes por parte do Fed têm reflexos no Brasil.

Quando em 2020, em reação à pandemia, o Fed derrubou a taxa dos fed funds e comprou US$ 4,5 trilhões de treasuries, também derrubou as taxas das treasuries de 2 a 30 anos, provocando um enfraquecimento do dólar, o que levou à valorização da maioria das moedas de países avançados e emergentes.

Mas nem todas as moedas tiveram esse comportamento. O peso argentino e a lira turca se depreciaram vigorosamente, junto com as moedas da Rússia, Ucrânia e África do Sul. A outra moeda que se depreciou foi o real. Diferentemente de Rússia e Ucrânia, o Brasil não enfrenta uma guerra, e diferentemente de Argentina, Turquia, e em menor intensidade a África do Sul, não vive uma crise política.

A única razão para a forte depreciação do real, em torno de 40%, quando à exceção daqueles cinco países todas as demais moedas se valorizaram, foi o erro do Banco Central em derrubar a taxa Selic a 2% ao ano, com a taxa real de juros ex-ante de um ano permanecendo mais de meio ano em território negativo. Há limites para a queda da Selic, e esses limites são muito estreitos. O BC deveria prestar a devida atenção a eles.

Nos últimos dias assistimos a mais um episódio de “ajuste dos mercados” à realidade da inflação e da política monetária nos EUA. Dados indicando um mercado de trabalho ainda aquecido afetaram as estimativas sobre a intensidade da restrição monetária praticada pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), provocando a elevação para 4,8% ao ano da taxa das treasuries de dez anos, a mais alta em 17 anos.

Aos poucos, o mercado financeiro vem incorporando a informação de que a política fiscal expansionista do governo Biden, que ao que tudo indica não deverá se alterar, elevou a taxa real de juros de equilíbrio – a chamada “taxa neutra” de juros. Ainda que o Fed não produza novas elevações da taxa dos fed funds, terá que mantê-la alta por mais tempo.

Aos poucos, o mercado financeiro vem incorporando a informação de que a política fiscal expansionista do governo Biden, que ao que tudo indica não deverá se alterar, elevou a taxa real de juros de equilíbrio. Foto: Joshua Roberts/Reuters

A reação ocorrida nos EUA gerou efeitos instantâneos no Brasil, quer deslocando para cima toda a curva de juros nominais, quer depreciando o real acima de R$ 5,20/US$. Embora não haja uma ligação mecânica entre as taxas neutras de juros no Brasil e nos EUA, como a estabilização do real em relação ao dólar depende do diferencial de taxas de juros entre os dois países, uma taxa real de juros de equilíbrio mais alta nos EUA obriga o Brasil a encerrar o ciclo de queda da Selic em uma taxa de juros também mais alta.

O fator predominante na depreciação recente do real é o fortalecimento do dólar, que tende a continuar, o que ao lado de nossa taxa neutra mais elevada, devido à expansão fiscal, limita a intensidade da queda da Selic. Movimentos fortes por parte do Fed têm reflexos no Brasil.

Quando em 2020, em reação à pandemia, o Fed derrubou a taxa dos fed funds e comprou US$ 4,5 trilhões de treasuries, também derrubou as taxas das treasuries de 2 a 30 anos, provocando um enfraquecimento do dólar, o que levou à valorização da maioria das moedas de países avançados e emergentes.

Mas nem todas as moedas tiveram esse comportamento. O peso argentino e a lira turca se depreciaram vigorosamente, junto com as moedas da Rússia, Ucrânia e África do Sul. A outra moeda que se depreciou foi o real. Diferentemente de Rússia e Ucrânia, o Brasil não enfrenta uma guerra, e diferentemente de Argentina, Turquia, e em menor intensidade a África do Sul, não vive uma crise política.

A única razão para a forte depreciação do real, em torno de 40%, quando à exceção daqueles cinco países todas as demais moedas se valorizaram, foi o erro do Banco Central em derrubar a taxa Selic a 2% ao ano, com a taxa real de juros ex-ante de um ano permanecendo mais de meio ano em território negativo. Há limites para a queda da Selic, e esses limites são muito estreitos. O BC deveria prestar a devida atenção a eles.

Nos últimos dias assistimos a mais um episódio de “ajuste dos mercados” à realidade da inflação e da política monetária nos EUA. Dados indicando um mercado de trabalho ainda aquecido afetaram as estimativas sobre a intensidade da restrição monetária praticada pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), provocando a elevação para 4,8% ao ano da taxa das treasuries de dez anos, a mais alta em 17 anos.

Aos poucos, o mercado financeiro vem incorporando a informação de que a política fiscal expansionista do governo Biden, que ao que tudo indica não deverá se alterar, elevou a taxa real de juros de equilíbrio – a chamada “taxa neutra” de juros. Ainda que o Fed não produza novas elevações da taxa dos fed funds, terá que mantê-la alta por mais tempo.

Aos poucos, o mercado financeiro vem incorporando a informação de que a política fiscal expansionista do governo Biden, que ao que tudo indica não deverá se alterar, elevou a taxa real de juros de equilíbrio. Foto: Joshua Roberts/Reuters

A reação ocorrida nos EUA gerou efeitos instantâneos no Brasil, quer deslocando para cima toda a curva de juros nominais, quer depreciando o real acima de R$ 5,20/US$. Embora não haja uma ligação mecânica entre as taxas neutras de juros no Brasil e nos EUA, como a estabilização do real em relação ao dólar depende do diferencial de taxas de juros entre os dois países, uma taxa real de juros de equilíbrio mais alta nos EUA obriga o Brasil a encerrar o ciclo de queda da Selic em uma taxa de juros também mais alta.

O fator predominante na depreciação recente do real é o fortalecimento do dólar, que tende a continuar, o que ao lado de nossa taxa neutra mais elevada, devido à expansão fiscal, limita a intensidade da queda da Selic. Movimentos fortes por parte do Fed têm reflexos no Brasil.

Quando em 2020, em reação à pandemia, o Fed derrubou a taxa dos fed funds e comprou US$ 4,5 trilhões de treasuries, também derrubou as taxas das treasuries de 2 a 30 anos, provocando um enfraquecimento do dólar, o que levou à valorização da maioria das moedas de países avançados e emergentes.

Mas nem todas as moedas tiveram esse comportamento. O peso argentino e a lira turca se depreciaram vigorosamente, junto com as moedas da Rússia, Ucrânia e África do Sul. A outra moeda que se depreciou foi o real. Diferentemente de Rússia e Ucrânia, o Brasil não enfrenta uma guerra, e diferentemente de Argentina, Turquia, e em menor intensidade a África do Sul, não vive uma crise política.

A única razão para a forte depreciação do real, em torno de 40%, quando à exceção daqueles cinco países todas as demais moedas se valorizaram, foi o erro do Banco Central em derrubar a taxa Selic a 2% ao ano, com a taxa real de juros ex-ante de um ano permanecendo mais de meio ano em território negativo. Há limites para a queda da Selic, e esses limites são muito estreitos. O BC deveria prestar a devida atenção a eles.

Opinião por Affonso Celso Pastore

Ex-presidente do Banco Central e sócio da A.C. Pastore e Associados

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