Cientista político e economista

Opinião|Domingo de Páscoa


Raramente um domingo de Páscoa foi tão desalentador. A governança está em risco

Por Albert Fishlow

O presidente Donald Trump finalmente encontrou o secretário de Justiça do seu agrado. O resumo feito por William Barr do Relatório Mueller – com mais de 400 páginas – foi simples e direto: nenhum conluio, nenhuma obstrução. Adicionalmente, ele pretende inspecionar evidências de atividades inadequadas por parte das agências de inteligência e o FBI quando da sua busca de evidências contra Trump.

Trump e sua família leal não irão procurar ovos escondidos espalhados pelo gramado da Casa Branca para celebrar a ocasião. Eles estão em Mar-al-Lago passando os quatro dias de feriado na Flórida. Lá eles se divertirão, esquecendo os casos judiciais adicionais pendentes em Nova York.

Os que desejam ler o Relatório encontrarão um documento bastante diferente do indicado por Barr. Muita coisa chegou a conta-gotas nos dois últimos anos. É menos a novidade da informação, muitas delas já fornecidas por fontes de “fake news”, do que a sua totalidade. Comissões dentro da Câmara dos Deputados terão muita coisa com que se ocupar nas próximas semanas.

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Um impeachment do presidente é improvável, embora muitos democratas o defendam. É o que seria melhor. Democracias funcionam bem quando a dependência do Poder Executivo é limitada, evitando a ocorrência de casos extremos. O ressurgimento de autocratas em todo o mundo é inquietante.

Trump entrará para a história como um líder narcisista, ineficiente, com pouca competência tanto no campo interno como no internacional e incapacidade de aceitar conselhos dos assessores. Ocorreram tantas substituições de chefes de gabinete que o “interino” se tornou virtualmente permanente.

A grande economia pela qual ele reivindica todo o crédito corre o risco de registrar um crescimento menor no final do ano. E é certo que contabilizamos um déficit financeiro ameaçador. Como sempre, alguém é responsabilizado pela má notícia. Desta vez é o presidente do conselho do Federal Reserve, Jerome Powell, criticado por não reduzir os juros. Apesar de os juros atuais estarem ainda baixos e devem continuar estáveis o restante do ano, não é suficiente.

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Trump agora deseja nomear dois diretores executivos para o Fed, Stephen Young e Herman Cain, ambos sem evidências de competência profissional, com o primeiro com pagamentos de impostos atrasados e o segundo acusado de assédio sexual. Felizmente parece que há um limite até onde o Senado pode chegar para satisfazer o presidente. Mas seu controle político, agora muito reforçado, pode surpreender novamente.

No plano internacional Trump continua em busca de grandes acordos permitindo a ele ostentar poderes econômicos mercantilistas e sucessos políticos. A Coreia do Norte está de volta novamente para outro encontro de líderes, mas desta vez sem o secretário de Estado Mike Pompeo. A China também retornou ao topo da agenda. Com sua taxa de crescimento anunciada recentemente, os chineses provavelmente desejam continuar suas negociações pelo máximo de tempo possível, desta vez exibindo maiores importações dos Estados Unidos. Por outro lado, as relações políticas continuam um tanto tensas, com a China ainda sentindo o peso do caso Huawei.

No hemisfério, a Venezuela continua uma tragédia em busca de uma solução. A inflação está totalmente fora de controle. A escassez de medicamentos é violenta. As exportações de petróleo para os Estados Unidos agora são limitadas; outras restrições foram impostas. Mas o governo de Maduro segue com apoio de Rússia e China. A emigração aumentou drasticamente. Há também uma revisão das políticas anteriores com relação a Cuba, permitindo reivindicações legais de riquezas expropriadas na época da revolução cubana. A influência de John Bolton é evidente.

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Quando ao México, a imigração ainda é a questão central. Sem mais ajuda financeira dos EUA para países da região, não existe nenhuma possibilidade de condições internas melhores e de uma redução da violência dentro do país. A fronteira, por outro lado, tornou-se um assunto político: Trump ameaça interromper o comércio com o México por causa do aumento dos pedidos de refúgio familiar vindos da América Central.

E há o Brasil, país com governo que parece muito uma cópia do que vem ocorrendo nos EUA. Depois da sua vista ao país de Trump, há um mês, Bolsonaro parece seguir o mesmo roteiro. Mais ênfase nas armas e menos capacidade de exercer o poder executivo de forma construtiva.

A Reforma da Previdência é a questão econômica central, mas o déficit financeiro e o crescimento econômico reduzido estão progressivamente se tornando assuntos mais importantes. As decisões políticas mostram pouca coordenação; a hesitação para investir prevalece. Raramente um domingo de Páscoa foi tão desalentador. A governança está em risco em quase todos os lugares./TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

O presidente Donald Trump finalmente encontrou o secretário de Justiça do seu agrado. O resumo feito por William Barr do Relatório Mueller – com mais de 400 páginas – foi simples e direto: nenhum conluio, nenhuma obstrução. Adicionalmente, ele pretende inspecionar evidências de atividades inadequadas por parte das agências de inteligência e o FBI quando da sua busca de evidências contra Trump.

Trump e sua família leal não irão procurar ovos escondidos espalhados pelo gramado da Casa Branca para celebrar a ocasião. Eles estão em Mar-al-Lago passando os quatro dias de feriado na Flórida. Lá eles se divertirão, esquecendo os casos judiciais adicionais pendentes em Nova York.

Os que desejam ler o Relatório encontrarão um documento bastante diferente do indicado por Barr. Muita coisa chegou a conta-gotas nos dois últimos anos. É menos a novidade da informação, muitas delas já fornecidas por fontes de “fake news”, do que a sua totalidade. Comissões dentro da Câmara dos Deputados terão muita coisa com que se ocupar nas próximas semanas.

Um impeachment do presidente é improvável, embora muitos democratas o defendam. É o que seria melhor. Democracias funcionam bem quando a dependência do Poder Executivo é limitada, evitando a ocorrência de casos extremos. O ressurgimento de autocratas em todo o mundo é inquietante.

Trump entrará para a história como um líder narcisista, ineficiente, com pouca competência tanto no campo interno como no internacional e incapacidade de aceitar conselhos dos assessores. Ocorreram tantas substituições de chefes de gabinete que o “interino” se tornou virtualmente permanente.

A grande economia pela qual ele reivindica todo o crédito corre o risco de registrar um crescimento menor no final do ano. E é certo que contabilizamos um déficit financeiro ameaçador. Como sempre, alguém é responsabilizado pela má notícia. Desta vez é o presidente do conselho do Federal Reserve, Jerome Powell, criticado por não reduzir os juros. Apesar de os juros atuais estarem ainda baixos e devem continuar estáveis o restante do ano, não é suficiente.

Trump agora deseja nomear dois diretores executivos para o Fed, Stephen Young e Herman Cain, ambos sem evidências de competência profissional, com o primeiro com pagamentos de impostos atrasados e o segundo acusado de assédio sexual. Felizmente parece que há um limite até onde o Senado pode chegar para satisfazer o presidente. Mas seu controle político, agora muito reforçado, pode surpreender novamente.

No plano internacional Trump continua em busca de grandes acordos permitindo a ele ostentar poderes econômicos mercantilistas e sucessos políticos. A Coreia do Norte está de volta novamente para outro encontro de líderes, mas desta vez sem o secretário de Estado Mike Pompeo. A China também retornou ao topo da agenda. Com sua taxa de crescimento anunciada recentemente, os chineses provavelmente desejam continuar suas negociações pelo máximo de tempo possível, desta vez exibindo maiores importações dos Estados Unidos. Por outro lado, as relações políticas continuam um tanto tensas, com a China ainda sentindo o peso do caso Huawei.

No hemisfério, a Venezuela continua uma tragédia em busca de uma solução. A inflação está totalmente fora de controle. A escassez de medicamentos é violenta. As exportações de petróleo para os Estados Unidos agora são limitadas; outras restrições foram impostas. Mas o governo de Maduro segue com apoio de Rússia e China. A emigração aumentou drasticamente. Há também uma revisão das políticas anteriores com relação a Cuba, permitindo reivindicações legais de riquezas expropriadas na época da revolução cubana. A influência de John Bolton é evidente.

Quando ao México, a imigração ainda é a questão central. Sem mais ajuda financeira dos EUA para países da região, não existe nenhuma possibilidade de condições internas melhores e de uma redução da violência dentro do país. A fronteira, por outro lado, tornou-se um assunto político: Trump ameaça interromper o comércio com o México por causa do aumento dos pedidos de refúgio familiar vindos da América Central.

E há o Brasil, país com governo que parece muito uma cópia do que vem ocorrendo nos EUA. Depois da sua vista ao país de Trump, há um mês, Bolsonaro parece seguir o mesmo roteiro. Mais ênfase nas armas e menos capacidade de exercer o poder executivo de forma construtiva.

A Reforma da Previdência é a questão econômica central, mas o déficit financeiro e o crescimento econômico reduzido estão progressivamente se tornando assuntos mais importantes. As decisões políticas mostram pouca coordenação; a hesitação para investir prevalece. Raramente um domingo de Páscoa foi tão desalentador. A governança está em risco em quase todos os lugares./TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

O presidente Donald Trump finalmente encontrou o secretário de Justiça do seu agrado. O resumo feito por William Barr do Relatório Mueller – com mais de 400 páginas – foi simples e direto: nenhum conluio, nenhuma obstrução. Adicionalmente, ele pretende inspecionar evidências de atividades inadequadas por parte das agências de inteligência e o FBI quando da sua busca de evidências contra Trump.

Trump e sua família leal não irão procurar ovos escondidos espalhados pelo gramado da Casa Branca para celebrar a ocasião. Eles estão em Mar-al-Lago passando os quatro dias de feriado na Flórida. Lá eles se divertirão, esquecendo os casos judiciais adicionais pendentes em Nova York.

Os que desejam ler o Relatório encontrarão um documento bastante diferente do indicado por Barr. Muita coisa chegou a conta-gotas nos dois últimos anos. É menos a novidade da informação, muitas delas já fornecidas por fontes de “fake news”, do que a sua totalidade. Comissões dentro da Câmara dos Deputados terão muita coisa com que se ocupar nas próximas semanas.

Um impeachment do presidente é improvável, embora muitos democratas o defendam. É o que seria melhor. Democracias funcionam bem quando a dependência do Poder Executivo é limitada, evitando a ocorrência de casos extremos. O ressurgimento de autocratas em todo o mundo é inquietante.

Trump entrará para a história como um líder narcisista, ineficiente, com pouca competência tanto no campo interno como no internacional e incapacidade de aceitar conselhos dos assessores. Ocorreram tantas substituições de chefes de gabinete que o “interino” se tornou virtualmente permanente.

A grande economia pela qual ele reivindica todo o crédito corre o risco de registrar um crescimento menor no final do ano. E é certo que contabilizamos um déficit financeiro ameaçador. Como sempre, alguém é responsabilizado pela má notícia. Desta vez é o presidente do conselho do Federal Reserve, Jerome Powell, criticado por não reduzir os juros. Apesar de os juros atuais estarem ainda baixos e devem continuar estáveis o restante do ano, não é suficiente.

Trump agora deseja nomear dois diretores executivos para o Fed, Stephen Young e Herman Cain, ambos sem evidências de competência profissional, com o primeiro com pagamentos de impostos atrasados e o segundo acusado de assédio sexual. Felizmente parece que há um limite até onde o Senado pode chegar para satisfazer o presidente. Mas seu controle político, agora muito reforçado, pode surpreender novamente.

No plano internacional Trump continua em busca de grandes acordos permitindo a ele ostentar poderes econômicos mercantilistas e sucessos políticos. A Coreia do Norte está de volta novamente para outro encontro de líderes, mas desta vez sem o secretário de Estado Mike Pompeo. A China também retornou ao topo da agenda. Com sua taxa de crescimento anunciada recentemente, os chineses provavelmente desejam continuar suas negociações pelo máximo de tempo possível, desta vez exibindo maiores importações dos Estados Unidos. Por outro lado, as relações políticas continuam um tanto tensas, com a China ainda sentindo o peso do caso Huawei.

No hemisfério, a Venezuela continua uma tragédia em busca de uma solução. A inflação está totalmente fora de controle. A escassez de medicamentos é violenta. As exportações de petróleo para os Estados Unidos agora são limitadas; outras restrições foram impostas. Mas o governo de Maduro segue com apoio de Rússia e China. A emigração aumentou drasticamente. Há também uma revisão das políticas anteriores com relação a Cuba, permitindo reivindicações legais de riquezas expropriadas na época da revolução cubana. A influência de John Bolton é evidente.

Quando ao México, a imigração ainda é a questão central. Sem mais ajuda financeira dos EUA para países da região, não existe nenhuma possibilidade de condições internas melhores e de uma redução da violência dentro do país. A fronteira, por outro lado, tornou-se um assunto político: Trump ameaça interromper o comércio com o México por causa do aumento dos pedidos de refúgio familiar vindos da América Central.

E há o Brasil, país com governo que parece muito uma cópia do que vem ocorrendo nos EUA. Depois da sua vista ao país de Trump, há um mês, Bolsonaro parece seguir o mesmo roteiro. Mais ênfase nas armas e menos capacidade de exercer o poder executivo de forma construtiva.

A Reforma da Previdência é a questão econômica central, mas o déficit financeiro e o crescimento econômico reduzido estão progressivamente se tornando assuntos mais importantes. As decisões políticas mostram pouca coordenação; a hesitação para investir prevalece. Raramente um domingo de Páscoa foi tão desalentador. A governança está em risco em quase todos os lugares./TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

O presidente Donald Trump finalmente encontrou o secretário de Justiça do seu agrado. O resumo feito por William Barr do Relatório Mueller – com mais de 400 páginas – foi simples e direto: nenhum conluio, nenhuma obstrução. Adicionalmente, ele pretende inspecionar evidências de atividades inadequadas por parte das agências de inteligência e o FBI quando da sua busca de evidências contra Trump.

Trump e sua família leal não irão procurar ovos escondidos espalhados pelo gramado da Casa Branca para celebrar a ocasião. Eles estão em Mar-al-Lago passando os quatro dias de feriado na Flórida. Lá eles se divertirão, esquecendo os casos judiciais adicionais pendentes em Nova York.

Os que desejam ler o Relatório encontrarão um documento bastante diferente do indicado por Barr. Muita coisa chegou a conta-gotas nos dois últimos anos. É menos a novidade da informação, muitas delas já fornecidas por fontes de “fake news”, do que a sua totalidade. Comissões dentro da Câmara dos Deputados terão muita coisa com que se ocupar nas próximas semanas.

Um impeachment do presidente é improvável, embora muitos democratas o defendam. É o que seria melhor. Democracias funcionam bem quando a dependência do Poder Executivo é limitada, evitando a ocorrência de casos extremos. O ressurgimento de autocratas em todo o mundo é inquietante.

Trump entrará para a história como um líder narcisista, ineficiente, com pouca competência tanto no campo interno como no internacional e incapacidade de aceitar conselhos dos assessores. Ocorreram tantas substituições de chefes de gabinete que o “interino” se tornou virtualmente permanente.

A grande economia pela qual ele reivindica todo o crédito corre o risco de registrar um crescimento menor no final do ano. E é certo que contabilizamos um déficit financeiro ameaçador. Como sempre, alguém é responsabilizado pela má notícia. Desta vez é o presidente do conselho do Federal Reserve, Jerome Powell, criticado por não reduzir os juros. Apesar de os juros atuais estarem ainda baixos e devem continuar estáveis o restante do ano, não é suficiente.

Trump agora deseja nomear dois diretores executivos para o Fed, Stephen Young e Herman Cain, ambos sem evidências de competência profissional, com o primeiro com pagamentos de impostos atrasados e o segundo acusado de assédio sexual. Felizmente parece que há um limite até onde o Senado pode chegar para satisfazer o presidente. Mas seu controle político, agora muito reforçado, pode surpreender novamente.

No plano internacional Trump continua em busca de grandes acordos permitindo a ele ostentar poderes econômicos mercantilistas e sucessos políticos. A Coreia do Norte está de volta novamente para outro encontro de líderes, mas desta vez sem o secretário de Estado Mike Pompeo. A China também retornou ao topo da agenda. Com sua taxa de crescimento anunciada recentemente, os chineses provavelmente desejam continuar suas negociações pelo máximo de tempo possível, desta vez exibindo maiores importações dos Estados Unidos. Por outro lado, as relações políticas continuam um tanto tensas, com a China ainda sentindo o peso do caso Huawei.

No hemisfério, a Venezuela continua uma tragédia em busca de uma solução. A inflação está totalmente fora de controle. A escassez de medicamentos é violenta. As exportações de petróleo para os Estados Unidos agora são limitadas; outras restrições foram impostas. Mas o governo de Maduro segue com apoio de Rússia e China. A emigração aumentou drasticamente. Há também uma revisão das políticas anteriores com relação a Cuba, permitindo reivindicações legais de riquezas expropriadas na época da revolução cubana. A influência de John Bolton é evidente.

Quando ao México, a imigração ainda é a questão central. Sem mais ajuda financeira dos EUA para países da região, não existe nenhuma possibilidade de condições internas melhores e de uma redução da violência dentro do país. A fronteira, por outro lado, tornou-se um assunto político: Trump ameaça interromper o comércio com o México por causa do aumento dos pedidos de refúgio familiar vindos da América Central.

E há o Brasil, país com governo que parece muito uma cópia do que vem ocorrendo nos EUA. Depois da sua vista ao país de Trump, há um mês, Bolsonaro parece seguir o mesmo roteiro. Mais ênfase nas armas e menos capacidade de exercer o poder executivo de forma construtiva.

A Reforma da Previdência é a questão econômica central, mas o déficit financeiro e o crescimento econômico reduzido estão progressivamente se tornando assuntos mais importantes. As decisões políticas mostram pouca coordenação; a hesitação para investir prevalece. Raramente um domingo de Páscoa foi tão desalentador. A governança está em risco em quase todos os lugares./TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

Opinião por Albert Fishlow

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