Cientista político e economista

Opinião|O que acontece agora?


Nunca um indivíduo sem nenhuma experiência assumiu a presidência do país

Por Albert Fishlow

Como outras pessoas, eu estava completamente errado. Os Estados Unidos elegeram Donald Trump. Hillary Clinton recebeu mais votos populares, mas perdeu no Colégio Eleitoral. Existe um nordeste azul desde a Virgínia e na parte mais ocidental do país. Basicamente, nessas regiões tudo o que se via era vermelho brilhante. Muitos governos e legislaturas estaduais passaram para o controle republicano. O país está mais dividido como nunca: do ponto de vista racial, religioso e regional. São muitas as explicações. A mais simples é que a propalada nova coalizão de mulheres, afro-americanos, hispânicos e indivíduos com formação universitária era mais frágil do que se pensava.

Trump conquistou maior porcentagem de votos hispânicos e das mulheres que o esperado. Menos afro-americanos foram votar. E sobretudo, como ocorreu com Ronald Reagan, houve mudança marcante da parte dos trabalhadores brancos com menos formação, cuja renda não aumentou nos últimos 30 anos à medida que a tecnologia rapidamente provocou alterações no mercado e as importações se expandiram.

Trump prometeu mudar tudo isto e tornar os EUA um país grande novamente, e isto rapidamente. O investimento tão necessário em infraestrutura aumentará substancialmente, abrindo vagas de trabalho e estimulando a participação privada. Os impostos serão reduzidos, especialmente para os ricos. O setor de manufatura interno voltará a ser o que foi no passado, ao passo que as importações e os investimentos dos EUA no exterior diminuirão. O Obamacare desaparecerá. A lei e a ordem prevalecerão. Estados prosperarão e o governo federal encolherá.

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Os acordos internacionais serão renegociados e alguns tratados, como o firmado com o Irã, revogados. Os EUA se retirarão do Afeganistão, Iraque e Síria. Refugiados não serão aceitos, como também muçulmanos e imigrantes mexicanos sem cidadania. A mudança climática não é mais problema. Com Putin, da Rússia, há chances de um novo acordo em melhores condições. Ao menos é o que ambos esperam.

Este cenário não deve mudar, não obstante os protestos diários e a oposição de uma imprensa nacional, que se opõem a ele com boas razões. Os EUA jamais elegeram um presidente que mentiu como quis e ignorou a verdade quando lhe foi conveniente. Nunca um indivíduo sem nenhuma experiência política assumiu a presidência do país; mesmo líderes militares que surgiram no século 19 comandaram seus soldados sem visar vantagens pessoais.

Agora a única esperança é de alguma coerência da parte dos membros do Partido Republicano no Senado e na Câmara. Eles têm de elaborar um orçamento, ratificar os nomes dos muitos nomeados para as cerca de 4 mil indicações a serem feitas, incluindo o preenchimento da cadeira na Suprema Corte.

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Trump é um indivíduo descontrolado, especialmente quando desvia de um texto já preparado ou usa o Twitter no meio da noite. Sua contribuição dentro de uma grande estrutura burocrática é duvidosa. Ele diz que testou pessoalmente os colchões dos quartos dos seus hotéis e concluiu grandes acordos por si só. Tanto no nível micro, como no macro, é excepcional, pelo menos é o que afirma e acredita.

Por outro lado, o vice-presidente Mike Pence terá de lidar com a tarefa real de comandar a nação e sua política externa. Como será sua gestão ainda não se sabe. Conseguirá garantir a escolha de um gabinete de governo e de diretores das agências reguladoras que sejam sensatos? Conseguirá assegurar um conservadorismo inteligente e não satisfazer os desejos de uma revolução autoritária nacionalista e populista almejada pela extrema-direita, em que a liderança americana no mundo será rejeitada em favor de um isolacionismo e o lucro privado mais do que o bem-estar da população?

Uma citação me vem à mente, de HL Mencken, influente colunista do Baltimore Evening Sun, há quase um século. “À medida que a democracia se aperfeiçoa, o cargo de presidente representa cada vez mais o sentimento mais profundo de um povo. Em algum dia memorável e glorioso, a gente comum desta terra alcançará enfim o que deseja de coração e a Casa Branca será ocupada por um total imbecil, completamente louco e narcisista”.

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No Brasil, pelo menos, apesar dos muitos problemas que persistem, há boas razões para esperarmos um resultado muito melhor das grandes mudanças hoje em curso no País./ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Como outras pessoas, eu estava completamente errado. Os Estados Unidos elegeram Donald Trump. Hillary Clinton recebeu mais votos populares, mas perdeu no Colégio Eleitoral. Existe um nordeste azul desde a Virgínia e na parte mais ocidental do país. Basicamente, nessas regiões tudo o que se via era vermelho brilhante. Muitos governos e legislaturas estaduais passaram para o controle republicano. O país está mais dividido como nunca: do ponto de vista racial, religioso e regional. São muitas as explicações. A mais simples é que a propalada nova coalizão de mulheres, afro-americanos, hispânicos e indivíduos com formação universitária era mais frágil do que se pensava.

Trump conquistou maior porcentagem de votos hispânicos e das mulheres que o esperado. Menos afro-americanos foram votar. E sobretudo, como ocorreu com Ronald Reagan, houve mudança marcante da parte dos trabalhadores brancos com menos formação, cuja renda não aumentou nos últimos 30 anos à medida que a tecnologia rapidamente provocou alterações no mercado e as importações se expandiram.

Trump prometeu mudar tudo isto e tornar os EUA um país grande novamente, e isto rapidamente. O investimento tão necessário em infraestrutura aumentará substancialmente, abrindo vagas de trabalho e estimulando a participação privada. Os impostos serão reduzidos, especialmente para os ricos. O setor de manufatura interno voltará a ser o que foi no passado, ao passo que as importações e os investimentos dos EUA no exterior diminuirão. O Obamacare desaparecerá. A lei e a ordem prevalecerão. Estados prosperarão e o governo federal encolherá.

Os acordos internacionais serão renegociados e alguns tratados, como o firmado com o Irã, revogados. Os EUA se retirarão do Afeganistão, Iraque e Síria. Refugiados não serão aceitos, como também muçulmanos e imigrantes mexicanos sem cidadania. A mudança climática não é mais problema. Com Putin, da Rússia, há chances de um novo acordo em melhores condições. Ao menos é o que ambos esperam.

Este cenário não deve mudar, não obstante os protestos diários e a oposição de uma imprensa nacional, que se opõem a ele com boas razões. Os EUA jamais elegeram um presidente que mentiu como quis e ignorou a verdade quando lhe foi conveniente. Nunca um indivíduo sem nenhuma experiência política assumiu a presidência do país; mesmo líderes militares que surgiram no século 19 comandaram seus soldados sem visar vantagens pessoais.

Agora a única esperança é de alguma coerência da parte dos membros do Partido Republicano no Senado e na Câmara. Eles têm de elaborar um orçamento, ratificar os nomes dos muitos nomeados para as cerca de 4 mil indicações a serem feitas, incluindo o preenchimento da cadeira na Suprema Corte.

Trump é um indivíduo descontrolado, especialmente quando desvia de um texto já preparado ou usa o Twitter no meio da noite. Sua contribuição dentro de uma grande estrutura burocrática é duvidosa. Ele diz que testou pessoalmente os colchões dos quartos dos seus hotéis e concluiu grandes acordos por si só. Tanto no nível micro, como no macro, é excepcional, pelo menos é o que afirma e acredita.

Por outro lado, o vice-presidente Mike Pence terá de lidar com a tarefa real de comandar a nação e sua política externa. Como será sua gestão ainda não se sabe. Conseguirá garantir a escolha de um gabinete de governo e de diretores das agências reguladoras que sejam sensatos? Conseguirá assegurar um conservadorismo inteligente e não satisfazer os desejos de uma revolução autoritária nacionalista e populista almejada pela extrema-direita, em que a liderança americana no mundo será rejeitada em favor de um isolacionismo e o lucro privado mais do que o bem-estar da população?

Uma citação me vem à mente, de HL Mencken, influente colunista do Baltimore Evening Sun, há quase um século. “À medida que a democracia se aperfeiçoa, o cargo de presidente representa cada vez mais o sentimento mais profundo de um povo. Em algum dia memorável e glorioso, a gente comum desta terra alcançará enfim o que deseja de coração e a Casa Branca será ocupada por um total imbecil, completamente louco e narcisista”.

No Brasil, pelo menos, apesar dos muitos problemas que persistem, há boas razões para esperarmos um resultado muito melhor das grandes mudanças hoje em curso no País./ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Como outras pessoas, eu estava completamente errado. Os Estados Unidos elegeram Donald Trump. Hillary Clinton recebeu mais votos populares, mas perdeu no Colégio Eleitoral. Existe um nordeste azul desde a Virgínia e na parte mais ocidental do país. Basicamente, nessas regiões tudo o que se via era vermelho brilhante. Muitos governos e legislaturas estaduais passaram para o controle republicano. O país está mais dividido como nunca: do ponto de vista racial, religioso e regional. São muitas as explicações. A mais simples é que a propalada nova coalizão de mulheres, afro-americanos, hispânicos e indivíduos com formação universitária era mais frágil do que se pensava.

Trump conquistou maior porcentagem de votos hispânicos e das mulheres que o esperado. Menos afro-americanos foram votar. E sobretudo, como ocorreu com Ronald Reagan, houve mudança marcante da parte dos trabalhadores brancos com menos formação, cuja renda não aumentou nos últimos 30 anos à medida que a tecnologia rapidamente provocou alterações no mercado e as importações se expandiram.

Trump prometeu mudar tudo isto e tornar os EUA um país grande novamente, e isto rapidamente. O investimento tão necessário em infraestrutura aumentará substancialmente, abrindo vagas de trabalho e estimulando a participação privada. Os impostos serão reduzidos, especialmente para os ricos. O setor de manufatura interno voltará a ser o que foi no passado, ao passo que as importações e os investimentos dos EUA no exterior diminuirão. O Obamacare desaparecerá. A lei e a ordem prevalecerão. Estados prosperarão e o governo federal encolherá.

Os acordos internacionais serão renegociados e alguns tratados, como o firmado com o Irã, revogados. Os EUA se retirarão do Afeganistão, Iraque e Síria. Refugiados não serão aceitos, como também muçulmanos e imigrantes mexicanos sem cidadania. A mudança climática não é mais problema. Com Putin, da Rússia, há chances de um novo acordo em melhores condições. Ao menos é o que ambos esperam.

Este cenário não deve mudar, não obstante os protestos diários e a oposição de uma imprensa nacional, que se opõem a ele com boas razões. Os EUA jamais elegeram um presidente que mentiu como quis e ignorou a verdade quando lhe foi conveniente. Nunca um indivíduo sem nenhuma experiência política assumiu a presidência do país; mesmo líderes militares que surgiram no século 19 comandaram seus soldados sem visar vantagens pessoais.

Agora a única esperança é de alguma coerência da parte dos membros do Partido Republicano no Senado e na Câmara. Eles têm de elaborar um orçamento, ratificar os nomes dos muitos nomeados para as cerca de 4 mil indicações a serem feitas, incluindo o preenchimento da cadeira na Suprema Corte.

Trump é um indivíduo descontrolado, especialmente quando desvia de um texto já preparado ou usa o Twitter no meio da noite. Sua contribuição dentro de uma grande estrutura burocrática é duvidosa. Ele diz que testou pessoalmente os colchões dos quartos dos seus hotéis e concluiu grandes acordos por si só. Tanto no nível micro, como no macro, é excepcional, pelo menos é o que afirma e acredita.

Por outro lado, o vice-presidente Mike Pence terá de lidar com a tarefa real de comandar a nação e sua política externa. Como será sua gestão ainda não se sabe. Conseguirá garantir a escolha de um gabinete de governo e de diretores das agências reguladoras que sejam sensatos? Conseguirá assegurar um conservadorismo inteligente e não satisfazer os desejos de uma revolução autoritária nacionalista e populista almejada pela extrema-direita, em que a liderança americana no mundo será rejeitada em favor de um isolacionismo e o lucro privado mais do que o bem-estar da população?

Uma citação me vem à mente, de HL Mencken, influente colunista do Baltimore Evening Sun, há quase um século. “À medida que a democracia se aperfeiçoa, o cargo de presidente representa cada vez mais o sentimento mais profundo de um povo. Em algum dia memorável e glorioso, a gente comum desta terra alcançará enfim o que deseja de coração e a Casa Branca será ocupada por um total imbecil, completamente louco e narcisista”.

No Brasil, pelo menos, apesar dos muitos problemas que persistem, há boas razões para esperarmos um resultado muito melhor das grandes mudanças hoje em curso no País./ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Como outras pessoas, eu estava completamente errado. Os Estados Unidos elegeram Donald Trump. Hillary Clinton recebeu mais votos populares, mas perdeu no Colégio Eleitoral. Existe um nordeste azul desde a Virgínia e na parte mais ocidental do país. Basicamente, nessas regiões tudo o que se via era vermelho brilhante. Muitos governos e legislaturas estaduais passaram para o controle republicano. O país está mais dividido como nunca: do ponto de vista racial, religioso e regional. São muitas as explicações. A mais simples é que a propalada nova coalizão de mulheres, afro-americanos, hispânicos e indivíduos com formação universitária era mais frágil do que se pensava.

Trump conquistou maior porcentagem de votos hispânicos e das mulheres que o esperado. Menos afro-americanos foram votar. E sobretudo, como ocorreu com Ronald Reagan, houve mudança marcante da parte dos trabalhadores brancos com menos formação, cuja renda não aumentou nos últimos 30 anos à medida que a tecnologia rapidamente provocou alterações no mercado e as importações se expandiram.

Trump prometeu mudar tudo isto e tornar os EUA um país grande novamente, e isto rapidamente. O investimento tão necessário em infraestrutura aumentará substancialmente, abrindo vagas de trabalho e estimulando a participação privada. Os impostos serão reduzidos, especialmente para os ricos. O setor de manufatura interno voltará a ser o que foi no passado, ao passo que as importações e os investimentos dos EUA no exterior diminuirão. O Obamacare desaparecerá. A lei e a ordem prevalecerão. Estados prosperarão e o governo federal encolherá.

Os acordos internacionais serão renegociados e alguns tratados, como o firmado com o Irã, revogados. Os EUA se retirarão do Afeganistão, Iraque e Síria. Refugiados não serão aceitos, como também muçulmanos e imigrantes mexicanos sem cidadania. A mudança climática não é mais problema. Com Putin, da Rússia, há chances de um novo acordo em melhores condições. Ao menos é o que ambos esperam.

Este cenário não deve mudar, não obstante os protestos diários e a oposição de uma imprensa nacional, que se opõem a ele com boas razões. Os EUA jamais elegeram um presidente que mentiu como quis e ignorou a verdade quando lhe foi conveniente. Nunca um indivíduo sem nenhuma experiência política assumiu a presidência do país; mesmo líderes militares que surgiram no século 19 comandaram seus soldados sem visar vantagens pessoais.

Agora a única esperança é de alguma coerência da parte dos membros do Partido Republicano no Senado e na Câmara. Eles têm de elaborar um orçamento, ratificar os nomes dos muitos nomeados para as cerca de 4 mil indicações a serem feitas, incluindo o preenchimento da cadeira na Suprema Corte.

Trump é um indivíduo descontrolado, especialmente quando desvia de um texto já preparado ou usa o Twitter no meio da noite. Sua contribuição dentro de uma grande estrutura burocrática é duvidosa. Ele diz que testou pessoalmente os colchões dos quartos dos seus hotéis e concluiu grandes acordos por si só. Tanto no nível micro, como no macro, é excepcional, pelo menos é o que afirma e acredita.

Por outro lado, o vice-presidente Mike Pence terá de lidar com a tarefa real de comandar a nação e sua política externa. Como será sua gestão ainda não se sabe. Conseguirá garantir a escolha de um gabinete de governo e de diretores das agências reguladoras que sejam sensatos? Conseguirá assegurar um conservadorismo inteligente e não satisfazer os desejos de uma revolução autoritária nacionalista e populista almejada pela extrema-direita, em que a liderança americana no mundo será rejeitada em favor de um isolacionismo e o lucro privado mais do que o bem-estar da população?

Uma citação me vem à mente, de HL Mencken, influente colunista do Baltimore Evening Sun, há quase um século. “À medida que a democracia se aperfeiçoa, o cargo de presidente representa cada vez mais o sentimento mais profundo de um povo. Em algum dia memorável e glorioso, a gente comum desta terra alcançará enfim o que deseja de coração e a Casa Branca será ocupada por um total imbecil, completamente louco e narcisista”.

No Brasil, pelo menos, apesar dos muitos problemas que persistem, há boas razões para esperarmos um resultado muito melhor das grandes mudanças hoje em curso no País./ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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