Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Economia continua devagar


A recuperação econômica não será na velocidade esperada, mas é consistente

Por Celso Ming

Aos poucos, estão se desfazendo as projeções mais otimistas sobre o desempenho da economia em 2020. Repete-se uma espécie de síndrome do Feliz Ano Novo fake.

Os dois anos anteriores começaram com o espocar de fogos acompanhado de apostas de que o crescimento econômico do Brasil seria robusto. Mas, à medida que os meses viravam no calendário, certas expectativas de avanço do PIB se frustraram. Não foram além dos passos de tartaruga. Neste ano, já em fevereiro, os mais desconfiados começam a falar em repetição da frustração.

A divulgação, na sexta-feira, do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), além de parecer justificar os prognósticos mais desconfiados, pareceu ter empurrado os analistas a trabalhar com projeções menos ambiciosas. Em vez de um crescimento do PIB, da ordem de 2,0% (que fora de 2,8% em março de 2019), quem sabe não será inevitável se conformar com 1,5%.

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Apenas para tirar pontos de ferrugem da memória, IBC-Br é uma criatura estatística do Banco Central que tem o objetivo de antecipar o comportamento do PIB, indicador que só fica disponível dois meses e meio depois de fechado o trimestre. O que saiu sexta-feira mostrou que o quarto trimestre do ano passado fechou com um desempenho baixo (avanço de 0,46%), que deve ter provocado o encolhimento do crescimento do PIB do ano passado para alguma coisa próxima de 0,9%.

É provável que as novas projeções do mercado para o avanço do PIB deste ano, apuradas pela pesquisa Focus, venham nesta segunda-feira com nova quebra em relação aos 2,3% anteriormente registrados, como foi a da primeira semana de fevereiro.

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Banco Central Foto: André Duzek/Estadão

Mas, afinal, o que pensar disso? O Ano, que já deixou de ser Novo, aponta para nova mediocridade? Por acaso, o Brasil está atolado na areia movediça e não consegue sair da irrelevância?

Na sexta-feira, em debate na Câmara Americana de Comércio (Amcham), o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros advertiu que não se pode exigir para o Brasil uma recuperação rápida, como aconteceu das outras vezes. Ele argumenta que esta crise não tem origem nas quebras patrimoniais de grandes bancos (como as do Comind, do Econômico, do Nacional, do Bamerindus) dos anos 80 e 90, nem em corridas cambiais. Mas está ligada a forte queda do consumo e baixo investimento. A virada já chegou e é consistente, diz, mas vem mais devagar.

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É preciso acrescentar que a indústria tradicional do Brasil está mal acostumada com subsídios generosos e reservas de mercado e perdeu capacidade de competir. Enquanto se entregam a campanhas eleitorais em benefício próprio, os dirigentes do setor continuam passando o chapéu em Brasília em busca de mais proteção, mais desonerações e sempre mais um refis (prazos mais longos e descontos nas dívidas tributárias).

Assim, a indústria de transformação perdeu competitividade, só consegue exportar para a Argentina e, quando a Argentina afunda, como agora, não consegue mercado para sua produção. A única coisa que consegue é cortar vagas de trabalho. De todo modo, a recuperação não será na velocidade esperada, mas é consistente.

CONFIRA

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» O novo patamar do dólar

A firme intervenção com leilões extras de swaps cambiais (títulos em reais com reajuste pelo dólar) parece ter mostrado que o Banco Central não está confortável com cotações da moeda estrangeira acima de R$ 4,30 por dólar. Uma coisa é o aumento de procura (e a redução da oferta) de dólares explicada pela queda dos juros. Outra, o jogo especulativo. Até mesmo o surto de coronavírus, fator de turbulência, parece contido. As próximas semanas deverão deixar mais claro em que patamar flutuará o dólar.

Aos poucos, estão se desfazendo as projeções mais otimistas sobre o desempenho da economia em 2020. Repete-se uma espécie de síndrome do Feliz Ano Novo fake.

Os dois anos anteriores começaram com o espocar de fogos acompanhado de apostas de que o crescimento econômico do Brasil seria robusto. Mas, à medida que os meses viravam no calendário, certas expectativas de avanço do PIB se frustraram. Não foram além dos passos de tartaruga. Neste ano, já em fevereiro, os mais desconfiados começam a falar em repetição da frustração.

A divulgação, na sexta-feira, do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), além de parecer justificar os prognósticos mais desconfiados, pareceu ter empurrado os analistas a trabalhar com projeções menos ambiciosas. Em vez de um crescimento do PIB, da ordem de 2,0% (que fora de 2,8% em março de 2019), quem sabe não será inevitável se conformar com 1,5%.

Apenas para tirar pontos de ferrugem da memória, IBC-Br é uma criatura estatística do Banco Central que tem o objetivo de antecipar o comportamento do PIB, indicador que só fica disponível dois meses e meio depois de fechado o trimestre. O que saiu sexta-feira mostrou que o quarto trimestre do ano passado fechou com um desempenho baixo (avanço de 0,46%), que deve ter provocado o encolhimento do crescimento do PIB do ano passado para alguma coisa próxima de 0,9%.

É provável que as novas projeções do mercado para o avanço do PIB deste ano, apuradas pela pesquisa Focus, venham nesta segunda-feira com nova quebra em relação aos 2,3% anteriormente registrados, como foi a da primeira semana de fevereiro.

Banco Central Foto: André Duzek/Estadão

Mas, afinal, o que pensar disso? O Ano, que já deixou de ser Novo, aponta para nova mediocridade? Por acaso, o Brasil está atolado na areia movediça e não consegue sair da irrelevância?

Na sexta-feira, em debate na Câmara Americana de Comércio (Amcham), o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros advertiu que não se pode exigir para o Brasil uma recuperação rápida, como aconteceu das outras vezes. Ele argumenta que esta crise não tem origem nas quebras patrimoniais de grandes bancos (como as do Comind, do Econômico, do Nacional, do Bamerindus) dos anos 80 e 90, nem em corridas cambiais. Mas está ligada a forte queda do consumo e baixo investimento. A virada já chegou e é consistente, diz, mas vem mais devagar.

É preciso acrescentar que a indústria tradicional do Brasil está mal acostumada com subsídios generosos e reservas de mercado e perdeu capacidade de competir. Enquanto se entregam a campanhas eleitorais em benefício próprio, os dirigentes do setor continuam passando o chapéu em Brasília em busca de mais proteção, mais desonerações e sempre mais um refis (prazos mais longos e descontos nas dívidas tributárias).

Assim, a indústria de transformação perdeu competitividade, só consegue exportar para a Argentina e, quando a Argentina afunda, como agora, não consegue mercado para sua produção. A única coisa que consegue é cortar vagas de trabalho. De todo modo, a recuperação não será na velocidade esperada, mas é consistente.

CONFIRA

» O novo patamar do dólar

A firme intervenção com leilões extras de swaps cambiais (títulos em reais com reajuste pelo dólar) parece ter mostrado que o Banco Central não está confortável com cotações da moeda estrangeira acima de R$ 4,30 por dólar. Uma coisa é o aumento de procura (e a redução da oferta) de dólares explicada pela queda dos juros. Outra, o jogo especulativo. Até mesmo o surto de coronavírus, fator de turbulência, parece contido. As próximas semanas deverão deixar mais claro em que patamar flutuará o dólar.

Aos poucos, estão se desfazendo as projeções mais otimistas sobre o desempenho da economia em 2020. Repete-se uma espécie de síndrome do Feliz Ano Novo fake.

Os dois anos anteriores começaram com o espocar de fogos acompanhado de apostas de que o crescimento econômico do Brasil seria robusto. Mas, à medida que os meses viravam no calendário, certas expectativas de avanço do PIB se frustraram. Não foram além dos passos de tartaruga. Neste ano, já em fevereiro, os mais desconfiados começam a falar em repetição da frustração.

A divulgação, na sexta-feira, do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), além de parecer justificar os prognósticos mais desconfiados, pareceu ter empurrado os analistas a trabalhar com projeções menos ambiciosas. Em vez de um crescimento do PIB, da ordem de 2,0% (que fora de 2,8% em março de 2019), quem sabe não será inevitável se conformar com 1,5%.

Apenas para tirar pontos de ferrugem da memória, IBC-Br é uma criatura estatística do Banco Central que tem o objetivo de antecipar o comportamento do PIB, indicador que só fica disponível dois meses e meio depois de fechado o trimestre. O que saiu sexta-feira mostrou que o quarto trimestre do ano passado fechou com um desempenho baixo (avanço de 0,46%), que deve ter provocado o encolhimento do crescimento do PIB do ano passado para alguma coisa próxima de 0,9%.

É provável que as novas projeções do mercado para o avanço do PIB deste ano, apuradas pela pesquisa Focus, venham nesta segunda-feira com nova quebra em relação aos 2,3% anteriormente registrados, como foi a da primeira semana de fevereiro.

Banco Central Foto: André Duzek/Estadão

Mas, afinal, o que pensar disso? O Ano, que já deixou de ser Novo, aponta para nova mediocridade? Por acaso, o Brasil está atolado na areia movediça e não consegue sair da irrelevância?

Na sexta-feira, em debate na Câmara Americana de Comércio (Amcham), o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros advertiu que não se pode exigir para o Brasil uma recuperação rápida, como aconteceu das outras vezes. Ele argumenta que esta crise não tem origem nas quebras patrimoniais de grandes bancos (como as do Comind, do Econômico, do Nacional, do Bamerindus) dos anos 80 e 90, nem em corridas cambiais. Mas está ligada a forte queda do consumo e baixo investimento. A virada já chegou e é consistente, diz, mas vem mais devagar.

É preciso acrescentar que a indústria tradicional do Brasil está mal acostumada com subsídios generosos e reservas de mercado e perdeu capacidade de competir. Enquanto se entregam a campanhas eleitorais em benefício próprio, os dirigentes do setor continuam passando o chapéu em Brasília em busca de mais proteção, mais desonerações e sempre mais um refis (prazos mais longos e descontos nas dívidas tributárias).

Assim, a indústria de transformação perdeu competitividade, só consegue exportar para a Argentina e, quando a Argentina afunda, como agora, não consegue mercado para sua produção. A única coisa que consegue é cortar vagas de trabalho. De todo modo, a recuperação não será na velocidade esperada, mas é consistente.

CONFIRA

» O novo patamar do dólar

A firme intervenção com leilões extras de swaps cambiais (títulos em reais com reajuste pelo dólar) parece ter mostrado que o Banco Central não está confortável com cotações da moeda estrangeira acima de R$ 4,30 por dólar. Uma coisa é o aumento de procura (e a redução da oferta) de dólares explicada pela queda dos juros. Outra, o jogo especulativo. Até mesmo o surto de coronavírus, fator de turbulência, parece contido. As próximas semanas deverão deixar mais claro em que patamar flutuará o dólar.

Aos poucos, estão se desfazendo as projeções mais otimistas sobre o desempenho da economia em 2020. Repete-se uma espécie de síndrome do Feliz Ano Novo fake.

Os dois anos anteriores começaram com o espocar de fogos acompanhado de apostas de que o crescimento econômico do Brasil seria robusto. Mas, à medida que os meses viravam no calendário, certas expectativas de avanço do PIB se frustraram. Não foram além dos passos de tartaruga. Neste ano, já em fevereiro, os mais desconfiados começam a falar em repetição da frustração.

A divulgação, na sexta-feira, do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), além de parecer justificar os prognósticos mais desconfiados, pareceu ter empurrado os analistas a trabalhar com projeções menos ambiciosas. Em vez de um crescimento do PIB, da ordem de 2,0% (que fora de 2,8% em março de 2019), quem sabe não será inevitável se conformar com 1,5%.

Apenas para tirar pontos de ferrugem da memória, IBC-Br é uma criatura estatística do Banco Central que tem o objetivo de antecipar o comportamento do PIB, indicador que só fica disponível dois meses e meio depois de fechado o trimestre. O que saiu sexta-feira mostrou que o quarto trimestre do ano passado fechou com um desempenho baixo (avanço de 0,46%), que deve ter provocado o encolhimento do crescimento do PIB do ano passado para alguma coisa próxima de 0,9%.

É provável que as novas projeções do mercado para o avanço do PIB deste ano, apuradas pela pesquisa Focus, venham nesta segunda-feira com nova quebra em relação aos 2,3% anteriormente registrados, como foi a da primeira semana de fevereiro.

Banco Central Foto: André Duzek/Estadão

Mas, afinal, o que pensar disso? O Ano, que já deixou de ser Novo, aponta para nova mediocridade? Por acaso, o Brasil está atolado na areia movediça e não consegue sair da irrelevância?

Na sexta-feira, em debate na Câmara Americana de Comércio (Amcham), o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros advertiu que não se pode exigir para o Brasil uma recuperação rápida, como aconteceu das outras vezes. Ele argumenta que esta crise não tem origem nas quebras patrimoniais de grandes bancos (como as do Comind, do Econômico, do Nacional, do Bamerindus) dos anos 80 e 90, nem em corridas cambiais. Mas está ligada a forte queda do consumo e baixo investimento. A virada já chegou e é consistente, diz, mas vem mais devagar.

É preciso acrescentar que a indústria tradicional do Brasil está mal acostumada com subsídios generosos e reservas de mercado e perdeu capacidade de competir. Enquanto se entregam a campanhas eleitorais em benefício próprio, os dirigentes do setor continuam passando o chapéu em Brasília em busca de mais proteção, mais desonerações e sempre mais um refis (prazos mais longos e descontos nas dívidas tributárias).

Assim, a indústria de transformação perdeu competitividade, só consegue exportar para a Argentina e, quando a Argentina afunda, como agora, não consegue mercado para sua produção. A única coisa que consegue é cortar vagas de trabalho. De todo modo, a recuperação não será na velocidade esperada, mas é consistente.

CONFIRA

» O novo patamar do dólar

A firme intervenção com leilões extras de swaps cambiais (títulos em reais com reajuste pelo dólar) parece ter mostrado que o Banco Central não está confortável com cotações da moeda estrangeira acima de R$ 4,30 por dólar. Uma coisa é o aumento de procura (e a redução da oferta) de dólares explicada pela queda dos juros. Outra, o jogo especulativo. Até mesmo o surto de coronavírus, fator de turbulência, parece contido. As próximas semanas deverão deixar mais claro em que patamar flutuará o dólar.

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