Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Juros no chão e revolução financeira


Com juros lá em cima pouco aparecem os custos de uma aplicação dos recursos no mercado financeiro, mas agora eles já dão as caras

Por Celso Ming

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem repetido que a persistência de baixa inflação e baixo nível de juros provocará “uma revolução no mercado financeiro”. O que seria essa revolução?

Convém começar pelas distorções. Inflação alta e juros altos produzem deformações na economia. São tantos anos de inflação e de juros altos que o mercado se acostumou com eles. Quem sofre de catarata vai se acostumando a enxergar tudo turvo. E leva um susto quando, submetido à cirurgia, volta a ver as cores e as coisas como elas são.

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Uma das distorções do regime de juros altos demais é a de que o retorno real das aplicações no mercado financeiro quase sempre é mais alto do que o retorno do capital aplicado no sistema produtivo. Se o investidor recebe, no mole, 20% ao ano com aplicações em renda fixa, para que vai se arriscar na selva dos negócios, que exige boa administração e alguma sorte para prosperar?

Com juros lá em cima pouco aparecem os custos de uma aplicação dos recursos no mercado financeiro: impostos, taxas de administração, tarifas de serviços e o risco de enfrentar apostas erradas da administradora. Quando mergulham, os custos mostram a cara.

Por isso, juros baixos tendem a produzir dois efeitos em pinça: procura por mais risco e oferta de recursos fora das grades de crédito dos bancos. A procura por mais risco tende a valorizar o mercado de renda variável (debêntures conversíveis em ações e ações). E tal valorização tende a aumentar a importância do mercado de capitais. Aumenta a oportunidade de que as empresas busquem mais capitais por meio da oferta pública de ações e pelo lançamento de títulos de dívida no mercado, canais pelos quais elas tendem a se livrar da dependência dos bancos.

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O fortalecimento do mercado de capitais, por sua vez, trabalha para ampliar a concorrência entre os próprios bancos, fator que obrigará todo o sistema bancário a reduzir os juros na ponta do crédito. Como os bancos ganharão menos em tesouraria (aplicação preponderante em títulos do Tesouro), serão também empurrados a aumentar operações de crédito e, nessas condições, aumentará a briga entre eles para conquistar os melhores tomadores de crédito.

Um dos grandes inibidores do mercado de crédito de longo prazo no Brasil foi até agora o BNDES, que fornecia créditos subsidiados às empresas, muitas das quais dispunham de caixa e não precisariam de injeções generosas. No entanto, porque eram subsidiadas, valia a pena aplicar no mercado financeiro os recursos de caixa a juros mais altos e trabalhar com recursos subsidiados do BNDES. Como eram subsidiados, ou seja, como parte do custo era paga pelo Tesouro, nenhuma instituição financeira era capaz de competir com o BNDES na oferta de financiamentos de longo prazo.

Esta foi, também, a principal razão para que até aqui não vingasse no Brasil o mercado de debêntures, títulos que forneceriam recursos de longo prazo. Com juros menores, tais deformações se reduzirão.

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A revolução de que fala Ilan não se limita a esses fatores. Mas, por hoje, fiquemos com eles.

CONFIRA:

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» Escalada do petróleo

Apenas em abril, os preços internacionais do petróleo subiram quase 4% e, no período de 30 dias, terminado nesta quarta-feira, subiram quase 10%. O principal fator de aumento da procura e dos preços foram as ameaças de bombardeio da Síria pelos Estados Unidos seguidas de ameaça de revide da Rússia. Independentemente disso, crescem os rumores de que a Arábia Saudita está determinada a que os preços do tipo Brent cheguem aos US$ 80 por barril para viabilizar os orçamentos fiscais dos países da Opep.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem repetido que a persistência de baixa inflação e baixo nível de juros provocará “uma revolução no mercado financeiro”. O que seria essa revolução?

Convém começar pelas distorções. Inflação alta e juros altos produzem deformações na economia. São tantos anos de inflação e de juros altos que o mercado se acostumou com eles. Quem sofre de catarata vai se acostumando a enxergar tudo turvo. E leva um susto quando, submetido à cirurgia, volta a ver as cores e as coisas como elas são.

Uma das distorções do regime de juros altos demais é a de que o retorno real das aplicações no mercado financeiro quase sempre é mais alto do que o retorno do capital aplicado no sistema produtivo. Se o investidor recebe, no mole, 20% ao ano com aplicações em renda fixa, para que vai se arriscar na selva dos negócios, que exige boa administração e alguma sorte para prosperar?

Com juros lá em cima pouco aparecem os custos de uma aplicação dos recursos no mercado financeiro: impostos, taxas de administração, tarifas de serviços e o risco de enfrentar apostas erradas da administradora. Quando mergulham, os custos mostram a cara.

Por isso, juros baixos tendem a produzir dois efeitos em pinça: procura por mais risco e oferta de recursos fora das grades de crédito dos bancos. A procura por mais risco tende a valorizar o mercado de renda variável (debêntures conversíveis em ações e ações). E tal valorização tende a aumentar a importância do mercado de capitais. Aumenta a oportunidade de que as empresas busquem mais capitais por meio da oferta pública de ações e pelo lançamento de títulos de dívida no mercado, canais pelos quais elas tendem a se livrar da dependência dos bancos.

O fortalecimento do mercado de capitais, por sua vez, trabalha para ampliar a concorrência entre os próprios bancos, fator que obrigará todo o sistema bancário a reduzir os juros na ponta do crédito. Como os bancos ganharão menos em tesouraria (aplicação preponderante em títulos do Tesouro), serão também empurrados a aumentar operações de crédito e, nessas condições, aumentará a briga entre eles para conquistar os melhores tomadores de crédito.

Um dos grandes inibidores do mercado de crédito de longo prazo no Brasil foi até agora o BNDES, que fornecia créditos subsidiados às empresas, muitas das quais dispunham de caixa e não precisariam de injeções generosas. No entanto, porque eram subsidiadas, valia a pena aplicar no mercado financeiro os recursos de caixa a juros mais altos e trabalhar com recursos subsidiados do BNDES. Como eram subsidiados, ou seja, como parte do custo era paga pelo Tesouro, nenhuma instituição financeira era capaz de competir com o BNDES na oferta de financiamentos de longo prazo.

Esta foi, também, a principal razão para que até aqui não vingasse no Brasil o mercado de debêntures, títulos que forneceriam recursos de longo prazo. Com juros menores, tais deformações se reduzirão.

A revolução de que fala Ilan não se limita a esses fatores. Mas, por hoje, fiquemos com eles.

CONFIRA:

» Escalada do petróleo

Apenas em abril, os preços internacionais do petróleo subiram quase 4% e, no período de 30 dias, terminado nesta quarta-feira, subiram quase 10%. O principal fator de aumento da procura e dos preços foram as ameaças de bombardeio da Síria pelos Estados Unidos seguidas de ameaça de revide da Rússia. Independentemente disso, crescem os rumores de que a Arábia Saudita está determinada a que os preços do tipo Brent cheguem aos US$ 80 por barril para viabilizar os orçamentos fiscais dos países da Opep.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem repetido que a persistência de baixa inflação e baixo nível de juros provocará “uma revolução no mercado financeiro”. O que seria essa revolução?

Convém começar pelas distorções. Inflação alta e juros altos produzem deformações na economia. São tantos anos de inflação e de juros altos que o mercado se acostumou com eles. Quem sofre de catarata vai se acostumando a enxergar tudo turvo. E leva um susto quando, submetido à cirurgia, volta a ver as cores e as coisas como elas são.

Uma das distorções do regime de juros altos demais é a de que o retorno real das aplicações no mercado financeiro quase sempre é mais alto do que o retorno do capital aplicado no sistema produtivo. Se o investidor recebe, no mole, 20% ao ano com aplicações em renda fixa, para que vai se arriscar na selva dos negócios, que exige boa administração e alguma sorte para prosperar?

Com juros lá em cima pouco aparecem os custos de uma aplicação dos recursos no mercado financeiro: impostos, taxas de administração, tarifas de serviços e o risco de enfrentar apostas erradas da administradora. Quando mergulham, os custos mostram a cara.

Por isso, juros baixos tendem a produzir dois efeitos em pinça: procura por mais risco e oferta de recursos fora das grades de crédito dos bancos. A procura por mais risco tende a valorizar o mercado de renda variável (debêntures conversíveis em ações e ações). E tal valorização tende a aumentar a importância do mercado de capitais. Aumenta a oportunidade de que as empresas busquem mais capitais por meio da oferta pública de ações e pelo lançamento de títulos de dívida no mercado, canais pelos quais elas tendem a se livrar da dependência dos bancos.

O fortalecimento do mercado de capitais, por sua vez, trabalha para ampliar a concorrência entre os próprios bancos, fator que obrigará todo o sistema bancário a reduzir os juros na ponta do crédito. Como os bancos ganharão menos em tesouraria (aplicação preponderante em títulos do Tesouro), serão também empurrados a aumentar operações de crédito e, nessas condições, aumentará a briga entre eles para conquistar os melhores tomadores de crédito.

Um dos grandes inibidores do mercado de crédito de longo prazo no Brasil foi até agora o BNDES, que fornecia créditos subsidiados às empresas, muitas das quais dispunham de caixa e não precisariam de injeções generosas. No entanto, porque eram subsidiadas, valia a pena aplicar no mercado financeiro os recursos de caixa a juros mais altos e trabalhar com recursos subsidiados do BNDES. Como eram subsidiados, ou seja, como parte do custo era paga pelo Tesouro, nenhuma instituição financeira era capaz de competir com o BNDES na oferta de financiamentos de longo prazo.

Esta foi, também, a principal razão para que até aqui não vingasse no Brasil o mercado de debêntures, títulos que forneceriam recursos de longo prazo. Com juros menores, tais deformações se reduzirão.

A revolução de que fala Ilan não se limita a esses fatores. Mas, por hoje, fiquemos com eles.

CONFIRA:

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Apenas em abril, os preços internacionais do petróleo subiram quase 4% e, no período de 30 dias, terminado nesta quarta-feira, subiram quase 10%. O principal fator de aumento da procura e dos preços foram as ameaças de bombardeio da Síria pelos Estados Unidos seguidas de ameaça de revide da Rússia. Independentemente disso, crescem os rumores de que a Arábia Saudita está determinada a que os preços do tipo Brent cheguem aos US$ 80 por barril para viabilizar os orçamentos fiscais dos países da Opep.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem repetido que a persistência de baixa inflação e baixo nível de juros provocará “uma revolução no mercado financeiro”. O que seria essa revolução?

Convém começar pelas distorções. Inflação alta e juros altos produzem deformações na economia. São tantos anos de inflação e de juros altos que o mercado se acostumou com eles. Quem sofre de catarata vai se acostumando a enxergar tudo turvo. E leva um susto quando, submetido à cirurgia, volta a ver as cores e as coisas como elas são.

Uma das distorções do regime de juros altos demais é a de que o retorno real das aplicações no mercado financeiro quase sempre é mais alto do que o retorno do capital aplicado no sistema produtivo. Se o investidor recebe, no mole, 20% ao ano com aplicações em renda fixa, para que vai se arriscar na selva dos negócios, que exige boa administração e alguma sorte para prosperar?

Com juros lá em cima pouco aparecem os custos de uma aplicação dos recursos no mercado financeiro: impostos, taxas de administração, tarifas de serviços e o risco de enfrentar apostas erradas da administradora. Quando mergulham, os custos mostram a cara.

Por isso, juros baixos tendem a produzir dois efeitos em pinça: procura por mais risco e oferta de recursos fora das grades de crédito dos bancos. A procura por mais risco tende a valorizar o mercado de renda variável (debêntures conversíveis em ações e ações). E tal valorização tende a aumentar a importância do mercado de capitais. Aumenta a oportunidade de que as empresas busquem mais capitais por meio da oferta pública de ações e pelo lançamento de títulos de dívida no mercado, canais pelos quais elas tendem a se livrar da dependência dos bancos.

O fortalecimento do mercado de capitais, por sua vez, trabalha para ampliar a concorrência entre os próprios bancos, fator que obrigará todo o sistema bancário a reduzir os juros na ponta do crédito. Como os bancos ganharão menos em tesouraria (aplicação preponderante em títulos do Tesouro), serão também empurrados a aumentar operações de crédito e, nessas condições, aumentará a briga entre eles para conquistar os melhores tomadores de crédito.

Um dos grandes inibidores do mercado de crédito de longo prazo no Brasil foi até agora o BNDES, que fornecia créditos subsidiados às empresas, muitas das quais dispunham de caixa e não precisariam de injeções generosas. No entanto, porque eram subsidiadas, valia a pena aplicar no mercado financeiro os recursos de caixa a juros mais altos e trabalhar com recursos subsidiados do BNDES. Como eram subsidiados, ou seja, como parte do custo era paga pelo Tesouro, nenhuma instituição financeira era capaz de competir com o BNDES na oferta de financiamentos de longo prazo.

Esta foi, também, a principal razão para que até aqui não vingasse no Brasil o mercado de debêntures, títulos que forneceriam recursos de longo prazo. Com juros menores, tais deformações se reduzirão.

A revolução de que fala Ilan não se limita a esses fatores. Mas, por hoje, fiquemos com eles.

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» Escalada do petróleo

Apenas em abril, os preços internacionais do petróleo subiram quase 4% e, no período de 30 dias, terminado nesta quarta-feira, subiram quase 10%. O principal fator de aumento da procura e dos preços foram as ameaças de bombardeio da Síria pelos Estados Unidos seguidas de ameaça de revide da Rússia. Independentemente disso, crescem os rumores de que a Arábia Saudita está determinada a que os preços do tipo Brent cheguem aos US$ 80 por barril para viabilizar os orçamentos fiscais dos países da Opep.

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