Jornalista e comentarista de economia

Opinião|O desemprego vai aumentar


Mesmos fatores que impediram queda acentuada da desocupação agora devem agir em sentido contrário

Por Celso Ming

Os números do mercado de trabalho que fazem parte do “prontuário” levantado pela Pnad Contínua, do IBGE, pioraram no trimestre móvel abril-maio-junho em relação aos três meses anteriores. Mas são melhores do que os esperados pelos analistas.

Aqui vão algumas dessas estatísticas: no período, a taxa de desocupação saltou de 12,2% para 13,3%. A população ocupada é de 83,3 milhões, a mais baixa desde 2012, quando as pesquisas começaram a ser realizadas. Há 77,8 milhões que não fazem parte da força de trabalho, número também recorde. A população desalentada, que desistiu de procurar emprego, aumentou 19,1%. E o número de pessoas que trabalham por conta própria caiu 10,3%. Esse último dado é indicação de que os autônomos ficaram em pior condição, porque não contaram com os estímulos que beneficiaram os trabalhadores com carteira assinada.

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A situação só não foi pior graças aos estímulos do governo. A Medida Provisória 936/2020, por exemplo, permitiu por quatro meses redução de salários a partir de 25% com cláusula de seis meses de estabilidade no período, o que evitou maior aumento do desemprego. A reclusão imposta pela política de controle da pandemia manteve muita gente em casa e, portanto, incapacitada de procurar emprego. O auxílio emergencial, lançado em abril, contribuiu para que muitos adiassem a procura do que fazer.

Os mesmos fatores que impediram a queda mais acentuada da desocupação devem agora agir em sentido contrário. A força da MP, agora convertida em lei com vigência até dezembro, começa a se esgotar; os auxílios emergenciais chegaram ao limite da capacidade fiscal do governo. As pessoas estão se cansando da reclusão e vêm se aventurando em busca de uma ocupação qualquer, apesar do recorde de infectados e da marca de quase 100 mil mortes pelo novo coronavírus no País. Isso sugere que a desocupação deverá aumentar no segundo semestre, mesmo com certo aumento da atividade econômica.

O setor de serviços continua desempregando. O comércio varejista, por exemplo, verificou que o fraco movimento quase não justifica a abertura de lojas e, portanto, pressiona por mais dispensas de pessoal. Se antes da pandemia o empresário ainda não estava convencido de que devesse apelar para a automação e para os aplicativos, altamente poupadores de mão de obra, agora entendeu que esse caminho, além de promissor, é irreversível.

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A perspectiva de maior deterioração do mercado de trabalho sugere que a demanda por mercadorias e serviços também seguirá frouxa. É fator que aponta para mais lenta recuperação da economia e para a continuação de uma política de dinheiro farto, ou de juros persistentemente baixos.

O comunicado da reunião do Copom da quarta-feira mostrou que o Banco Central gostaria de admitir o fim do ciclo de baixa dos juros. Mas a demanda fraca, a grande capacidade ociosa das empresas e a perspectiva de novas quedas da inflação o obrigaram a deixar aberta a possibilidade de novo corte dos juros. As próximas semanas darão ideia melhor do que virá.

O total de pessoas ocupadas na categoria alojamento e alimentação caiu 25,2%. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 6/7/2020
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CONFIRA

» Estabilidade no risco Brasil

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A forte deterioração das contas públicas do Brasil e o aumento da dívida bruta para 85,5% do PIB não produziram forte aversão aos títulos do Tesouro. Desde meados de junho, o adicional que o investidor exige para ficar com os títulos de 5 anos vem mantendo certa estabilidade. Por que isso? Provavelmente porque o risco dos títulos públicos de outros países também aumentou. E, principalmente, porque os juros lá fora são negativos, o que leva o investidor a aceitar condições menos favoráveis.

Os números do mercado de trabalho que fazem parte do “prontuário” levantado pela Pnad Contínua, do IBGE, pioraram no trimestre móvel abril-maio-junho em relação aos três meses anteriores. Mas são melhores do que os esperados pelos analistas.

Aqui vão algumas dessas estatísticas: no período, a taxa de desocupação saltou de 12,2% para 13,3%. A população ocupada é de 83,3 milhões, a mais baixa desde 2012, quando as pesquisas começaram a ser realizadas. Há 77,8 milhões que não fazem parte da força de trabalho, número também recorde. A população desalentada, que desistiu de procurar emprego, aumentou 19,1%. E o número de pessoas que trabalham por conta própria caiu 10,3%. Esse último dado é indicação de que os autônomos ficaram em pior condição, porque não contaram com os estímulos que beneficiaram os trabalhadores com carteira assinada.

A situação só não foi pior graças aos estímulos do governo. A Medida Provisória 936/2020, por exemplo, permitiu por quatro meses redução de salários a partir de 25% com cláusula de seis meses de estabilidade no período, o que evitou maior aumento do desemprego. A reclusão imposta pela política de controle da pandemia manteve muita gente em casa e, portanto, incapacitada de procurar emprego. O auxílio emergencial, lançado em abril, contribuiu para que muitos adiassem a procura do que fazer.

Os mesmos fatores que impediram a queda mais acentuada da desocupação devem agora agir em sentido contrário. A força da MP, agora convertida em lei com vigência até dezembro, começa a se esgotar; os auxílios emergenciais chegaram ao limite da capacidade fiscal do governo. As pessoas estão se cansando da reclusão e vêm se aventurando em busca de uma ocupação qualquer, apesar do recorde de infectados e da marca de quase 100 mil mortes pelo novo coronavírus no País. Isso sugere que a desocupação deverá aumentar no segundo semestre, mesmo com certo aumento da atividade econômica.

O setor de serviços continua desempregando. O comércio varejista, por exemplo, verificou que o fraco movimento quase não justifica a abertura de lojas e, portanto, pressiona por mais dispensas de pessoal. Se antes da pandemia o empresário ainda não estava convencido de que devesse apelar para a automação e para os aplicativos, altamente poupadores de mão de obra, agora entendeu que esse caminho, além de promissor, é irreversível.

A perspectiva de maior deterioração do mercado de trabalho sugere que a demanda por mercadorias e serviços também seguirá frouxa. É fator que aponta para mais lenta recuperação da economia e para a continuação de uma política de dinheiro farto, ou de juros persistentemente baixos.

O comunicado da reunião do Copom da quarta-feira mostrou que o Banco Central gostaria de admitir o fim do ciclo de baixa dos juros. Mas a demanda fraca, a grande capacidade ociosa das empresas e a perspectiva de novas quedas da inflação o obrigaram a deixar aberta a possibilidade de novo corte dos juros. As próximas semanas darão ideia melhor do que virá.

O total de pessoas ocupadas na categoria alojamento e alimentação caiu 25,2%. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 6/7/2020

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A forte deterioração das contas públicas do Brasil e o aumento da dívida bruta para 85,5% do PIB não produziram forte aversão aos títulos do Tesouro. Desde meados de junho, o adicional que o investidor exige para ficar com os títulos de 5 anos vem mantendo certa estabilidade. Por que isso? Provavelmente porque o risco dos títulos públicos de outros países também aumentou. E, principalmente, porque os juros lá fora são negativos, o que leva o investidor a aceitar condições menos favoráveis.

Os números do mercado de trabalho que fazem parte do “prontuário” levantado pela Pnad Contínua, do IBGE, pioraram no trimestre móvel abril-maio-junho em relação aos três meses anteriores. Mas são melhores do que os esperados pelos analistas.

Aqui vão algumas dessas estatísticas: no período, a taxa de desocupação saltou de 12,2% para 13,3%. A população ocupada é de 83,3 milhões, a mais baixa desde 2012, quando as pesquisas começaram a ser realizadas. Há 77,8 milhões que não fazem parte da força de trabalho, número também recorde. A população desalentada, que desistiu de procurar emprego, aumentou 19,1%. E o número de pessoas que trabalham por conta própria caiu 10,3%. Esse último dado é indicação de que os autônomos ficaram em pior condição, porque não contaram com os estímulos que beneficiaram os trabalhadores com carteira assinada.

A situação só não foi pior graças aos estímulos do governo. A Medida Provisória 936/2020, por exemplo, permitiu por quatro meses redução de salários a partir de 25% com cláusula de seis meses de estabilidade no período, o que evitou maior aumento do desemprego. A reclusão imposta pela política de controle da pandemia manteve muita gente em casa e, portanto, incapacitada de procurar emprego. O auxílio emergencial, lançado em abril, contribuiu para que muitos adiassem a procura do que fazer.

Os mesmos fatores que impediram a queda mais acentuada da desocupação devem agora agir em sentido contrário. A força da MP, agora convertida em lei com vigência até dezembro, começa a se esgotar; os auxílios emergenciais chegaram ao limite da capacidade fiscal do governo. As pessoas estão se cansando da reclusão e vêm se aventurando em busca de uma ocupação qualquer, apesar do recorde de infectados e da marca de quase 100 mil mortes pelo novo coronavírus no País. Isso sugere que a desocupação deverá aumentar no segundo semestre, mesmo com certo aumento da atividade econômica.

O setor de serviços continua desempregando. O comércio varejista, por exemplo, verificou que o fraco movimento quase não justifica a abertura de lojas e, portanto, pressiona por mais dispensas de pessoal. Se antes da pandemia o empresário ainda não estava convencido de que devesse apelar para a automação e para os aplicativos, altamente poupadores de mão de obra, agora entendeu que esse caminho, além de promissor, é irreversível.

A perspectiva de maior deterioração do mercado de trabalho sugere que a demanda por mercadorias e serviços também seguirá frouxa. É fator que aponta para mais lenta recuperação da economia e para a continuação de uma política de dinheiro farto, ou de juros persistentemente baixos.

O comunicado da reunião do Copom da quarta-feira mostrou que o Banco Central gostaria de admitir o fim do ciclo de baixa dos juros. Mas a demanda fraca, a grande capacidade ociosa das empresas e a perspectiva de novas quedas da inflação o obrigaram a deixar aberta a possibilidade de novo corte dos juros. As próximas semanas darão ideia melhor do que virá.

O total de pessoas ocupadas na categoria alojamento e alimentação caiu 25,2%. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 6/7/2020

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A forte deterioração das contas públicas do Brasil e o aumento da dívida bruta para 85,5% do PIB não produziram forte aversão aos títulos do Tesouro. Desde meados de junho, o adicional que o investidor exige para ficar com os títulos de 5 anos vem mantendo certa estabilidade. Por que isso? Provavelmente porque o risco dos títulos públicos de outros países também aumentou. E, principalmente, porque os juros lá fora são negativos, o que leva o investidor a aceitar condições menos favoráveis.

Os números do mercado de trabalho que fazem parte do “prontuário” levantado pela Pnad Contínua, do IBGE, pioraram no trimestre móvel abril-maio-junho em relação aos três meses anteriores. Mas são melhores do que os esperados pelos analistas.

Aqui vão algumas dessas estatísticas: no período, a taxa de desocupação saltou de 12,2% para 13,3%. A população ocupada é de 83,3 milhões, a mais baixa desde 2012, quando as pesquisas começaram a ser realizadas. Há 77,8 milhões que não fazem parte da força de trabalho, número também recorde. A população desalentada, que desistiu de procurar emprego, aumentou 19,1%. E o número de pessoas que trabalham por conta própria caiu 10,3%. Esse último dado é indicação de que os autônomos ficaram em pior condição, porque não contaram com os estímulos que beneficiaram os trabalhadores com carteira assinada.

A situação só não foi pior graças aos estímulos do governo. A Medida Provisória 936/2020, por exemplo, permitiu por quatro meses redução de salários a partir de 25% com cláusula de seis meses de estabilidade no período, o que evitou maior aumento do desemprego. A reclusão imposta pela política de controle da pandemia manteve muita gente em casa e, portanto, incapacitada de procurar emprego. O auxílio emergencial, lançado em abril, contribuiu para que muitos adiassem a procura do que fazer.

Os mesmos fatores que impediram a queda mais acentuada da desocupação devem agora agir em sentido contrário. A força da MP, agora convertida em lei com vigência até dezembro, começa a se esgotar; os auxílios emergenciais chegaram ao limite da capacidade fiscal do governo. As pessoas estão se cansando da reclusão e vêm se aventurando em busca de uma ocupação qualquer, apesar do recorde de infectados e da marca de quase 100 mil mortes pelo novo coronavírus no País. Isso sugere que a desocupação deverá aumentar no segundo semestre, mesmo com certo aumento da atividade econômica.

O setor de serviços continua desempregando. O comércio varejista, por exemplo, verificou que o fraco movimento quase não justifica a abertura de lojas e, portanto, pressiona por mais dispensas de pessoal. Se antes da pandemia o empresário ainda não estava convencido de que devesse apelar para a automação e para os aplicativos, altamente poupadores de mão de obra, agora entendeu que esse caminho, além de promissor, é irreversível.

A perspectiva de maior deterioração do mercado de trabalho sugere que a demanda por mercadorias e serviços também seguirá frouxa. É fator que aponta para mais lenta recuperação da economia e para a continuação de uma política de dinheiro farto, ou de juros persistentemente baixos.

O comunicado da reunião do Copom da quarta-feira mostrou que o Banco Central gostaria de admitir o fim do ciclo de baixa dos juros. Mas a demanda fraca, a grande capacidade ociosa das empresas e a perspectiva de novas quedas da inflação o obrigaram a deixar aberta a possibilidade de novo corte dos juros. As próximas semanas darão ideia melhor do que virá.

O total de pessoas ocupadas na categoria alojamento e alimentação caiu 25,2%. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 6/7/2020

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A forte deterioração das contas públicas do Brasil e o aumento da dívida bruta para 85,5% do PIB não produziram forte aversão aos títulos do Tesouro. Desde meados de junho, o adicional que o investidor exige para ficar com os títulos de 5 anos vem mantendo certa estabilidade. Por que isso? Provavelmente porque o risco dos títulos públicos de outros países também aumentou. E, principalmente, porque os juros lá fora são negativos, o que leva o investidor a aceitar condições menos favoráveis.

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