Jornalista e comentarista de economia

Opinião|O muito pior e o nem tanto


Na área das despesas públicas, as surpresas negativas vão se sucedendo, mas as contas externas seguem apontando forte melhora

Por Celso Ming

Na área das despesas públicas, as surpresas negativas vão se sucedendo. A sensação é de que o País está no meio de um rodamoinho, girando cada vez mais rapidamente. Em contrapartida, as contas externas seguem apontando forte melhora. E isso conta.

Quinta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, reconheceu que o rombo fiscal de 2015 irá a R$ 70 bilhões. Ele se referiu à necessidade de zerar o estoque de pedaladas herdadas de 2014, avaliadas em R$ 40 bilhões, que têm de ser somadas ao déficit pré-existente de R$ 30 bilhões. Essas pedaladas nada mais são do que as dívidas do Tesouro com os bancos que foram obrigados, mês após mês, a cobrir despesas do governo.

 Foto: Infográficos/Estadão
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Logo se viu que esses R$ 70 bilhões podem, na verdade, saltar para R$ 97 bilhões, quando se leva em conta o comportamento decepcionante da arrecadação e a falta de sentido de urgência do Congresso para aprovação do ajuste.

Esses números são ainda mais estonteantes quando se considera que, no início do ano, o governo se comprometera a entregar um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de apenas 1,2% do PIB ou de algo em torno de R$ 66 bilhões. Em julho, apresentou para este ano números mais realistas, um superávit de apenas 0,15% do PIB ou de R$ 8,7 bilhões, mas nunca essa cratera fiscal de quase R$ 100 bilhões. 

Como esse horror vai ser enfrentado é coisa que ainda se terá de saber, desde que se definam as pendências complicadas da área política a que os analistas vêm se referindo todos os dias. Felizmente, as contas externas caminham em direção oposta. E isso não é pouca coisa, dentro do princípio que o então ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen enunciava ao longo dos anos 70: “A inflação aleija, mas o câmbio mata”. Naqueles tempos, a encrenca principal era aproximação de risco de morte. Hoje, é um baita aleijão fiscal que, menos mal, não vem acompanhado de forte deterioração das contas externas, como então. A existência de reservas externas de US$ 370 bilhões não deixa de ser cacife de respeito para enfrentar o jogo contra.

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O ano de 2014 terminou apontando um buracão nas contas externas (Transações Correntes) de nada menos que US$ 103,6 bilhões, ou 4,4% do PIB. (Essa conta registra entradas e saídas de moeda estrangeira com mercadorias, serviços, rendas e transferências. Só não entram aí os movimentos de capital.) Pois as mais recentes projeções mostram que, neste 2015, o déficit cairá 37,3%, para US$ 65 bilhões, ou3,7% do PIB.

Em grande parte, esse resultado melhor se deve à recessão que derrubou importações de mercadorias e serviços, incluídas aí as despesas com turismo externo. Portanto, tem a ver com o empobrecimento do brasileiro, o que é fator negativo. Mas precisa ser encarado como parte bem-sucedida do ajuste, pelo menos até agora. Essa ressalva (“até agora”) é importante porque o rebaixamento dos títulos da dívida pública pelas agências de classificação de risco é fator que, por si só, deverá afugentar investimentos externos no Brasil e, de alguma maneira, impedir uma melhora ainda mais acentuada do setor externo.

CONFIRA:

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 Foto: Infográficos/Estadão

Aí está a evolução do emprego formal (com carteira assinada) nos últimos 12 meses.

Desemprego Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede a situação do emprego formal, seguem ruins. Setembro foi o sexto mês seguido de queda. No período de 12 meses terminado em setembro fechou-se 1,24 milhão de postos de trabalho, queda de 2,96%. Como a recessão tende a se aprofundar, a situação tende a se agravar, com certas contratações temporárias para cobrir o movimento de Natal e fim de ano.

Na área das despesas públicas, as surpresas negativas vão se sucedendo. A sensação é de que o País está no meio de um rodamoinho, girando cada vez mais rapidamente. Em contrapartida, as contas externas seguem apontando forte melhora. E isso conta.

Quinta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, reconheceu que o rombo fiscal de 2015 irá a R$ 70 bilhões. Ele se referiu à necessidade de zerar o estoque de pedaladas herdadas de 2014, avaliadas em R$ 40 bilhões, que têm de ser somadas ao déficit pré-existente de R$ 30 bilhões. Essas pedaladas nada mais são do que as dívidas do Tesouro com os bancos que foram obrigados, mês após mês, a cobrir despesas do governo.

 Foto: Infográficos/Estadão

Logo se viu que esses R$ 70 bilhões podem, na verdade, saltar para R$ 97 bilhões, quando se leva em conta o comportamento decepcionante da arrecadação e a falta de sentido de urgência do Congresso para aprovação do ajuste.

Esses números são ainda mais estonteantes quando se considera que, no início do ano, o governo se comprometera a entregar um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de apenas 1,2% do PIB ou de algo em torno de R$ 66 bilhões. Em julho, apresentou para este ano números mais realistas, um superávit de apenas 0,15% do PIB ou de R$ 8,7 bilhões, mas nunca essa cratera fiscal de quase R$ 100 bilhões. 

Como esse horror vai ser enfrentado é coisa que ainda se terá de saber, desde que se definam as pendências complicadas da área política a que os analistas vêm se referindo todos os dias. Felizmente, as contas externas caminham em direção oposta. E isso não é pouca coisa, dentro do princípio que o então ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen enunciava ao longo dos anos 70: “A inflação aleija, mas o câmbio mata”. Naqueles tempos, a encrenca principal era aproximação de risco de morte. Hoje, é um baita aleijão fiscal que, menos mal, não vem acompanhado de forte deterioração das contas externas, como então. A existência de reservas externas de US$ 370 bilhões não deixa de ser cacife de respeito para enfrentar o jogo contra.

O ano de 2014 terminou apontando um buracão nas contas externas (Transações Correntes) de nada menos que US$ 103,6 bilhões, ou 4,4% do PIB. (Essa conta registra entradas e saídas de moeda estrangeira com mercadorias, serviços, rendas e transferências. Só não entram aí os movimentos de capital.) Pois as mais recentes projeções mostram que, neste 2015, o déficit cairá 37,3%, para US$ 65 bilhões, ou3,7% do PIB.

Em grande parte, esse resultado melhor se deve à recessão que derrubou importações de mercadorias e serviços, incluídas aí as despesas com turismo externo. Portanto, tem a ver com o empobrecimento do brasileiro, o que é fator negativo. Mas precisa ser encarado como parte bem-sucedida do ajuste, pelo menos até agora. Essa ressalva (“até agora”) é importante porque o rebaixamento dos títulos da dívida pública pelas agências de classificação de risco é fator que, por si só, deverá afugentar investimentos externos no Brasil e, de alguma maneira, impedir uma melhora ainda mais acentuada do setor externo.

CONFIRA:

 Foto: Infográficos/Estadão

Aí está a evolução do emprego formal (com carteira assinada) nos últimos 12 meses.

Desemprego Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede a situação do emprego formal, seguem ruins. Setembro foi o sexto mês seguido de queda. No período de 12 meses terminado em setembro fechou-se 1,24 milhão de postos de trabalho, queda de 2,96%. Como a recessão tende a se aprofundar, a situação tende a se agravar, com certas contratações temporárias para cobrir o movimento de Natal e fim de ano.

Na área das despesas públicas, as surpresas negativas vão se sucedendo. A sensação é de que o País está no meio de um rodamoinho, girando cada vez mais rapidamente. Em contrapartida, as contas externas seguem apontando forte melhora. E isso conta.

Quinta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, reconheceu que o rombo fiscal de 2015 irá a R$ 70 bilhões. Ele se referiu à necessidade de zerar o estoque de pedaladas herdadas de 2014, avaliadas em R$ 40 bilhões, que têm de ser somadas ao déficit pré-existente de R$ 30 bilhões. Essas pedaladas nada mais são do que as dívidas do Tesouro com os bancos que foram obrigados, mês após mês, a cobrir despesas do governo.

 Foto: Infográficos/Estadão

Logo se viu que esses R$ 70 bilhões podem, na verdade, saltar para R$ 97 bilhões, quando se leva em conta o comportamento decepcionante da arrecadação e a falta de sentido de urgência do Congresso para aprovação do ajuste.

Esses números são ainda mais estonteantes quando se considera que, no início do ano, o governo se comprometera a entregar um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de apenas 1,2% do PIB ou de algo em torno de R$ 66 bilhões. Em julho, apresentou para este ano números mais realistas, um superávit de apenas 0,15% do PIB ou de R$ 8,7 bilhões, mas nunca essa cratera fiscal de quase R$ 100 bilhões. 

Como esse horror vai ser enfrentado é coisa que ainda se terá de saber, desde que se definam as pendências complicadas da área política a que os analistas vêm se referindo todos os dias. Felizmente, as contas externas caminham em direção oposta. E isso não é pouca coisa, dentro do princípio que o então ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen enunciava ao longo dos anos 70: “A inflação aleija, mas o câmbio mata”. Naqueles tempos, a encrenca principal era aproximação de risco de morte. Hoje, é um baita aleijão fiscal que, menos mal, não vem acompanhado de forte deterioração das contas externas, como então. A existência de reservas externas de US$ 370 bilhões não deixa de ser cacife de respeito para enfrentar o jogo contra.

O ano de 2014 terminou apontando um buracão nas contas externas (Transações Correntes) de nada menos que US$ 103,6 bilhões, ou 4,4% do PIB. (Essa conta registra entradas e saídas de moeda estrangeira com mercadorias, serviços, rendas e transferências. Só não entram aí os movimentos de capital.) Pois as mais recentes projeções mostram que, neste 2015, o déficit cairá 37,3%, para US$ 65 bilhões, ou3,7% do PIB.

Em grande parte, esse resultado melhor se deve à recessão que derrubou importações de mercadorias e serviços, incluídas aí as despesas com turismo externo. Portanto, tem a ver com o empobrecimento do brasileiro, o que é fator negativo. Mas precisa ser encarado como parte bem-sucedida do ajuste, pelo menos até agora. Essa ressalva (“até agora”) é importante porque o rebaixamento dos títulos da dívida pública pelas agências de classificação de risco é fator que, por si só, deverá afugentar investimentos externos no Brasil e, de alguma maneira, impedir uma melhora ainda mais acentuada do setor externo.

CONFIRA:

 Foto: Infográficos/Estadão

Aí está a evolução do emprego formal (com carteira assinada) nos últimos 12 meses.

Desemprego Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede a situação do emprego formal, seguem ruins. Setembro foi o sexto mês seguido de queda. No período de 12 meses terminado em setembro fechou-se 1,24 milhão de postos de trabalho, queda de 2,96%. Como a recessão tende a se aprofundar, a situação tende a se agravar, com certas contratações temporárias para cobrir o movimento de Natal e fim de ano.

Na área das despesas públicas, as surpresas negativas vão se sucedendo. A sensação é de que o País está no meio de um rodamoinho, girando cada vez mais rapidamente. Em contrapartida, as contas externas seguem apontando forte melhora. E isso conta.

Quinta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, reconheceu que o rombo fiscal de 2015 irá a R$ 70 bilhões. Ele se referiu à necessidade de zerar o estoque de pedaladas herdadas de 2014, avaliadas em R$ 40 bilhões, que têm de ser somadas ao déficit pré-existente de R$ 30 bilhões. Essas pedaladas nada mais são do que as dívidas do Tesouro com os bancos que foram obrigados, mês após mês, a cobrir despesas do governo.

 Foto: Infográficos/Estadão

Logo se viu que esses R$ 70 bilhões podem, na verdade, saltar para R$ 97 bilhões, quando se leva em conta o comportamento decepcionante da arrecadação e a falta de sentido de urgência do Congresso para aprovação do ajuste.

Esses números são ainda mais estonteantes quando se considera que, no início do ano, o governo se comprometera a entregar um superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) de apenas 1,2% do PIB ou de algo em torno de R$ 66 bilhões. Em julho, apresentou para este ano números mais realistas, um superávit de apenas 0,15% do PIB ou de R$ 8,7 bilhões, mas nunca essa cratera fiscal de quase R$ 100 bilhões. 

Como esse horror vai ser enfrentado é coisa que ainda se terá de saber, desde que se definam as pendências complicadas da área política a que os analistas vêm se referindo todos os dias. Felizmente, as contas externas caminham em direção oposta. E isso não é pouca coisa, dentro do princípio que o então ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen enunciava ao longo dos anos 70: “A inflação aleija, mas o câmbio mata”. Naqueles tempos, a encrenca principal era aproximação de risco de morte. Hoje, é um baita aleijão fiscal que, menos mal, não vem acompanhado de forte deterioração das contas externas, como então. A existência de reservas externas de US$ 370 bilhões não deixa de ser cacife de respeito para enfrentar o jogo contra.

O ano de 2014 terminou apontando um buracão nas contas externas (Transações Correntes) de nada menos que US$ 103,6 bilhões, ou 4,4% do PIB. (Essa conta registra entradas e saídas de moeda estrangeira com mercadorias, serviços, rendas e transferências. Só não entram aí os movimentos de capital.) Pois as mais recentes projeções mostram que, neste 2015, o déficit cairá 37,3%, para US$ 65 bilhões, ou3,7% do PIB.

Em grande parte, esse resultado melhor se deve à recessão que derrubou importações de mercadorias e serviços, incluídas aí as despesas com turismo externo. Portanto, tem a ver com o empobrecimento do brasileiro, o que é fator negativo. Mas precisa ser encarado como parte bem-sucedida do ajuste, pelo menos até agora. Essa ressalva (“até agora”) é importante porque o rebaixamento dos títulos da dívida pública pelas agências de classificação de risco é fator que, por si só, deverá afugentar investimentos externos no Brasil e, de alguma maneira, impedir uma melhora ainda mais acentuada do setor externo.

CONFIRA:

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Aí está a evolução do emprego formal (com carteira assinada) nos últimos 12 meses.

Desemprego Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede a situação do emprego formal, seguem ruins. Setembro foi o sexto mês seguido de queda. No período de 12 meses terminado em setembro fechou-se 1,24 milhão de postos de trabalho, queda de 2,96%. Como a recessão tende a se aprofundar, a situação tende a se agravar, com certas contratações temporárias para cobrir o movimento de Natal e fim de ano.

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