Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Os números do desajuste


Finalmente o Banco Central (BC) reconheceu que as contas externas sofreram forte deterioração

Por Celso Ming

Finalmente o Banco Central (BC) reconheceu que as contas externas sofreram forte deterioração. Há apenas um mês, previa um superávit na Balança Comercial (exportações menos importações) de US$ 3,0 bilhões. Agora, reconhece um rombo de US$ 2,5 bilhões. Eis aí um erro de US$ 5,5 bilhões, que demonstra o pouco cuidado com que são elaboradas essas projeções.

Em novembro, o déficit em Conta Corrente, onde são registradas entradas e saídas de moeda estrangeira (com exceção do fluxo de capitais) estava previsto em 3,52% do PIB. Um mês depois, foi para 3,94% do PIB, uma diferença de US$ 3,5 bilhões.

 Foto: Estadão
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São duas as observações a fazer a respeito desses números. A primeira é a de que a piora das contas externas é o resultado do consumo acima da capacidade de produção da economia. Nessas condições, as importações tiveram de suprir a insuficiente capacidade de oferta interna de bens e de serviços. É uma situação que, por sua vez, é consequência das despesas excessivas do setor público, que correram bem acima do crescimento da arrecadação. É o que também explica o recuo da poupança interna para apenas 14% do PIB e o tombo do investimento para apenas 17,4% do PIB.

Por trás de tudo está a administração equivocada das Contas Públicas que nem os truques do pedaleiro secretário do Tesouro, Arno Augustin, conseguiram esconder.

Até recentemente, os dirigentes do BC argumentavam que a entrada de capitais de longo prazo (Investimentos Estrangeiros Diretos - IED) cobria com folga o rombo externo. Já não cobre mais. Se as projeções se confirmarem, para fechar 2014, ficarão faltando quase US$ 20 bilhões, a serem financiados por capitais de curto prazo e, portanto, voláteis.

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Outra das consequências do consumo em desequilíbrio com a oferta é o mercado de trabalho excessivamente aquecido. Nesta sexta, o IBGE mostrou que, em novembro, o nível de desocupação da economia brasileira continuou baixo (veja o gráfico), entre os mais baixos da história.

Mês após mês, os especialistas em Economia do Trabalho tentam ir mais fundo na aparente anomalia que indica persistência do pleno-emprego num quadro, também persistente, de crescimento econômico insignificante. Em grande parte, ela se explica pelas generosas transferências do Tesouro, especialmente pelo Bolsa Família, que também explica a emergência da geração nem-nem, a que não trabalha nem estuda e, ainda assim, encontra quem a sustente.

O ajuste ficou inevitável e o preço a pagar é o adiamento da recuperação da atividade econômica. Não haveria como garantir uma expansão de 3% ao ano do PIB com essa falta crônica de mão de obra, especialmente a de melhor qualificação, num quadro de incertezas no fornecimento de energia elétrica. Outro preço a pagar pelo ajuste será algum aumento do desemprego, do qual já há sinais, como os que estão sendo passados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

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O problema é que as questões técnicas não são as únicas determinantes do ritmo do ajuste. As variáveis políticas são, de longe, as mais importantes. E essas são sempre imponderáveis.

CONFIRA:

 Foto: Estadão
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Esta é a evolução em 12 meses do rombo em Conta Corrente.

Salto da inflação A aceleração do IPCA-15 de dezembro (0,79%) pode puxar a inflação anual para acima do teto da meta. No 1º trimestre de 2015, a inflação em 12 meses deve saltar para a casa dos 7%, com o impacto do reajuste dos preços administrados e da alta do dólar.

Entenda O IPCA-15 é a inflação medida em 30 dias, com a diferença que o período começa no dia 15 de um mês e termina no dia 14 do mês seguinte.

Finalmente o Banco Central (BC) reconheceu que as contas externas sofreram forte deterioração. Há apenas um mês, previa um superávit na Balança Comercial (exportações menos importações) de US$ 3,0 bilhões. Agora, reconhece um rombo de US$ 2,5 bilhões. Eis aí um erro de US$ 5,5 bilhões, que demonstra o pouco cuidado com que são elaboradas essas projeções.

Em novembro, o déficit em Conta Corrente, onde são registradas entradas e saídas de moeda estrangeira (com exceção do fluxo de capitais) estava previsto em 3,52% do PIB. Um mês depois, foi para 3,94% do PIB, uma diferença de US$ 3,5 bilhões.

 Foto: Estadão

São duas as observações a fazer a respeito desses números. A primeira é a de que a piora das contas externas é o resultado do consumo acima da capacidade de produção da economia. Nessas condições, as importações tiveram de suprir a insuficiente capacidade de oferta interna de bens e de serviços. É uma situação que, por sua vez, é consequência das despesas excessivas do setor público, que correram bem acima do crescimento da arrecadação. É o que também explica o recuo da poupança interna para apenas 14% do PIB e o tombo do investimento para apenas 17,4% do PIB.

Por trás de tudo está a administração equivocada das Contas Públicas que nem os truques do pedaleiro secretário do Tesouro, Arno Augustin, conseguiram esconder.

Até recentemente, os dirigentes do BC argumentavam que a entrada de capitais de longo prazo (Investimentos Estrangeiros Diretos - IED) cobria com folga o rombo externo. Já não cobre mais. Se as projeções se confirmarem, para fechar 2014, ficarão faltando quase US$ 20 bilhões, a serem financiados por capitais de curto prazo e, portanto, voláteis.

Outra das consequências do consumo em desequilíbrio com a oferta é o mercado de trabalho excessivamente aquecido. Nesta sexta, o IBGE mostrou que, em novembro, o nível de desocupação da economia brasileira continuou baixo (veja o gráfico), entre os mais baixos da história.

Mês após mês, os especialistas em Economia do Trabalho tentam ir mais fundo na aparente anomalia que indica persistência do pleno-emprego num quadro, também persistente, de crescimento econômico insignificante. Em grande parte, ela se explica pelas generosas transferências do Tesouro, especialmente pelo Bolsa Família, que também explica a emergência da geração nem-nem, a que não trabalha nem estuda e, ainda assim, encontra quem a sustente.

O ajuste ficou inevitável e o preço a pagar é o adiamento da recuperação da atividade econômica. Não haveria como garantir uma expansão de 3% ao ano do PIB com essa falta crônica de mão de obra, especialmente a de melhor qualificação, num quadro de incertezas no fornecimento de energia elétrica. Outro preço a pagar pelo ajuste será algum aumento do desemprego, do qual já há sinais, como os que estão sendo passados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O problema é que as questões técnicas não são as únicas determinantes do ritmo do ajuste. As variáveis políticas são, de longe, as mais importantes. E essas são sempre imponderáveis.

CONFIRA:

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Esta é a evolução em 12 meses do rombo em Conta Corrente.

Salto da inflação A aceleração do IPCA-15 de dezembro (0,79%) pode puxar a inflação anual para acima do teto da meta. No 1º trimestre de 2015, a inflação em 12 meses deve saltar para a casa dos 7%, com o impacto do reajuste dos preços administrados e da alta do dólar.

Entenda O IPCA-15 é a inflação medida em 30 dias, com a diferença que o período começa no dia 15 de um mês e termina no dia 14 do mês seguinte.

Finalmente o Banco Central (BC) reconheceu que as contas externas sofreram forte deterioração. Há apenas um mês, previa um superávit na Balança Comercial (exportações menos importações) de US$ 3,0 bilhões. Agora, reconhece um rombo de US$ 2,5 bilhões. Eis aí um erro de US$ 5,5 bilhões, que demonstra o pouco cuidado com que são elaboradas essas projeções.

Em novembro, o déficit em Conta Corrente, onde são registradas entradas e saídas de moeda estrangeira (com exceção do fluxo de capitais) estava previsto em 3,52% do PIB. Um mês depois, foi para 3,94% do PIB, uma diferença de US$ 3,5 bilhões.

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São duas as observações a fazer a respeito desses números. A primeira é a de que a piora das contas externas é o resultado do consumo acima da capacidade de produção da economia. Nessas condições, as importações tiveram de suprir a insuficiente capacidade de oferta interna de bens e de serviços. É uma situação que, por sua vez, é consequência das despesas excessivas do setor público, que correram bem acima do crescimento da arrecadação. É o que também explica o recuo da poupança interna para apenas 14% do PIB e o tombo do investimento para apenas 17,4% do PIB.

Por trás de tudo está a administração equivocada das Contas Públicas que nem os truques do pedaleiro secretário do Tesouro, Arno Augustin, conseguiram esconder.

Até recentemente, os dirigentes do BC argumentavam que a entrada de capitais de longo prazo (Investimentos Estrangeiros Diretos - IED) cobria com folga o rombo externo. Já não cobre mais. Se as projeções se confirmarem, para fechar 2014, ficarão faltando quase US$ 20 bilhões, a serem financiados por capitais de curto prazo e, portanto, voláteis.

Outra das consequências do consumo em desequilíbrio com a oferta é o mercado de trabalho excessivamente aquecido. Nesta sexta, o IBGE mostrou que, em novembro, o nível de desocupação da economia brasileira continuou baixo (veja o gráfico), entre os mais baixos da história.

Mês após mês, os especialistas em Economia do Trabalho tentam ir mais fundo na aparente anomalia que indica persistência do pleno-emprego num quadro, também persistente, de crescimento econômico insignificante. Em grande parte, ela se explica pelas generosas transferências do Tesouro, especialmente pelo Bolsa Família, que também explica a emergência da geração nem-nem, a que não trabalha nem estuda e, ainda assim, encontra quem a sustente.

O ajuste ficou inevitável e o preço a pagar é o adiamento da recuperação da atividade econômica. Não haveria como garantir uma expansão de 3% ao ano do PIB com essa falta crônica de mão de obra, especialmente a de melhor qualificação, num quadro de incertezas no fornecimento de energia elétrica. Outro preço a pagar pelo ajuste será algum aumento do desemprego, do qual já há sinais, como os que estão sendo passados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O problema é que as questões técnicas não são as únicas determinantes do ritmo do ajuste. As variáveis políticas são, de longe, as mais importantes. E essas são sempre imponderáveis.

CONFIRA:

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Esta é a evolução em 12 meses do rombo em Conta Corrente.

Salto da inflação A aceleração do IPCA-15 de dezembro (0,79%) pode puxar a inflação anual para acima do teto da meta. No 1º trimestre de 2015, a inflação em 12 meses deve saltar para a casa dos 7%, com o impacto do reajuste dos preços administrados e da alta do dólar.

Entenda O IPCA-15 é a inflação medida em 30 dias, com a diferença que o período começa no dia 15 de um mês e termina no dia 14 do mês seguinte.

Finalmente o Banco Central (BC) reconheceu que as contas externas sofreram forte deterioração. Há apenas um mês, previa um superávit na Balança Comercial (exportações menos importações) de US$ 3,0 bilhões. Agora, reconhece um rombo de US$ 2,5 bilhões. Eis aí um erro de US$ 5,5 bilhões, que demonstra o pouco cuidado com que são elaboradas essas projeções.

Em novembro, o déficit em Conta Corrente, onde são registradas entradas e saídas de moeda estrangeira (com exceção do fluxo de capitais) estava previsto em 3,52% do PIB. Um mês depois, foi para 3,94% do PIB, uma diferença de US$ 3,5 bilhões.

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São duas as observações a fazer a respeito desses números. A primeira é a de que a piora das contas externas é o resultado do consumo acima da capacidade de produção da economia. Nessas condições, as importações tiveram de suprir a insuficiente capacidade de oferta interna de bens e de serviços. É uma situação que, por sua vez, é consequência das despesas excessivas do setor público, que correram bem acima do crescimento da arrecadação. É o que também explica o recuo da poupança interna para apenas 14% do PIB e o tombo do investimento para apenas 17,4% do PIB.

Por trás de tudo está a administração equivocada das Contas Públicas que nem os truques do pedaleiro secretário do Tesouro, Arno Augustin, conseguiram esconder.

Até recentemente, os dirigentes do BC argumentavam que a entrada de capitais de longo prazo (Investimentos Estrangeiros Diretos - IED) cobria com folga o rombo externo. Já não cobre mais. Se as projeções se confirmarem, para fechar 2014, ficarão faltando quase US$ 20 bilhões, a serem financiados por capitais de curto prazo e, portanto, voláteis.

Outra das consequências do consumo em desequilíbrio com a oferta é o mercado de trabalho excessivamente aquecido. Nesta sexta, o IBGE mostrou que, em novembro, o nível de desocupação da economia brasileira continuou baixo (veja o gráfico), entre os mais baixos da história.

Mês após mês, os especialistas em Economia do Trabalho tentam ir mais fundo na aparente anomalia que indica persistência do pleno-emprego num quadro, também persistente, de crescimento econômico insignificante. Em grande parte, ela se explica pelas generosas transferências do Tesouro, especialmente pelo Bolsa Família, que também explica a emergência da geração nem-nem, a que não trabalha nem estuda e, ainda assim, encontra quem a sustente.

O ajuste ficou inevitável e o preço a pagar é o adiamento da recuperação da atividade econômica. Não haveria como garantir uma expansão de 3% ao ano do PIB com essa falta crônica de mão de obra, especialmente a de melhor qualificação, num quadro de incertezas no fornecimento de energia elétrica. Outro preço a pagar pelo ajuste será algum aumento do desemprego, do qual já há sinais, como os que estão sendo passados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O problema é que as questões técnicas não são as únicas determinantes do ritmo do ajuste. As variáveis políticas são, de longe, as mais importantes. E essas são sempre imponderáveis.

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Esta é a evolução em 12 meses do rombo em Conta Corrente.

Salto da inflação A aceleração do IPCA-15 de dezembro (0,79%) pode puxar a inflação anual para acima do teto da meta. No 1º trimestre de 2015, a inflação em 12 meses deve saltar para a casa dos 7%, com o impacto do reajuste dos preços administrados e da alta do dólar.

Entenda O IPCA-15 é a inflação medida em 30 dias, com a diferença que o período começa no dia 15 de um mês e termina no dia 14 do mês seguinte.

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