Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Um tabu pode cair


Nesta quarta-feira deve cair mais um tabu do governo Dilma: o de que os juros básicos (Selic), que hoje estão nos 9,5% ao ano, não devem chegar aos dois dígitos, ou seja, aos 10% ao ano.

Por Celso Ming

O Banco Central teria de apresentar justificativa muito séria para desta vez não remarcar a Selic em 10,0% ao ano. Esta é também a expectativa geral do mercado tal como apontada pela Pesquisa Focus, do Banco Central, que conta com a Selic a 10,0% até o final de dezembro e a 10,5% em 2014.

 Foto: Estadão

A quebra do tabu pouco significado tem em si mesma. Confirma apenas que o governo Dilma fixou arbitrariamente essa meta informal sem antes providenciar a obtenção das condições macroeconômicas para isso.

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Dito de outra forma, a inflação disparou e continua alta demais porque o governo federal descuidou de várias frentes de combate. Descuidou, primeiro, da política fiscal, na medida em que deixou que as despesas correntes disparassem à razão de 7,2% em 12 meses enquanto a arrecadação se arrasta ao ritmo de 1,25% em termos reais. A própria política de preços do governo contribuiu para a quebra da arrecadação, na medida em que achatou tarifas de energia elétrica e derivados de petróleo, que, por sua vez, implicou recolhimento mais baixo de impostos e, portanto, o encurtamento do cobertor fiscal do governo.

Descuidou, também, dos investimentos em infraestrutura, cujo efeito aumentou os custos de produção e proporcionou uma política excessivamente generosa de rendas, em descompasso com os ganhos de produtividade da economia que puxaram o consumo para acima da capacidade de oferta da economia.

Em outubro de 2012, o Banco Central também imaginou que pudesse derrubar definitivamente os juros para abaixo de dois dígitos, porque acreditou nas juras de austeridade na condução das contas públicas pelo governo Dilma. Mas, no meio do caminho, foi traído pela área da Fazenda e teve de seguir sozinho na tarefa de combater a inflação, desta vez puxando a Selic até onde for preciso para segurar a inflação.

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Os próximos meses acenam com mais duas fontes de pressão sobre os preços. A primeira delas é o câmbio. As cotações do dólar tenderão a subir também em reais tão logo o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) comece a fechar a válvula que hoje injeta dólares nos mercados à proporção de US$ 85 bilhões por mês. E um dólar mais caro em reais aumenta o calor inflacionário, porque tende a puxar para cima os preços dos produtos importados.

A outra fonte de pressão sobre a inflação é o atraso do ajuste dos preços administrados, aqueles que ficam sob controle do governo. No período de 12 meses até outubro, esse segmento de preços aumentou apenas 1,02%, enquanto os preços livres subiram 7,3%. Entre esses preços controlados à espera de urgente reajuste estão as tarifas de combustíveis e os preços da energia elétrica, com impacto sobre toda a cadeia produtiva.

Esse quadro sugere que o Banco Central será obrigado a manter a guarda e a preparar os espíritos para seguir na sua política de aperto monetário, não olhando mais para tabus ou metas informais destituídas de fundamento real.

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CONFIRA:

Entre as manifestações de leitores à Coluna de domingo, que apontou o excesso de burocracia nas drogarias brasileiras (Fila nas farmácias), registrem-se duas:

Para onde vai isso? André Zular pergunta o que afinal as farmácias, a Anvisa ou o Ministério da Saúde fazem com tantos dados pessoais sigilosos que se amontoam nos fichários e computadores do sistema. Ele teme que esse acervo possa vir a ser manipulado por laboratórios ou por administradores de seguradoras de saúde.

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Simplificar. Luiz Bissoli está mais focado na enorme burocracia exigida na compra de um medicamento sob controle ou parte do programa Farmácia Popular, que atrasa o atendimento e transforma o farmacêutico em digitador de luxo. Bissoli sugere que os processos sejam simplificados num único programa digital com base na identidade ou CPF do comprador, nos moldes do que funciona no Nota Fiscal Paulista, que facilitasse a vida do consumidor e das próprias farmácias.

O Banco Central teria de apresentar justificativa muito séria para desta vez não remarcar a Selic em 10,0% ao ano. Esta é também a expectativa geral do mercado tal como apontada pela Pesquisa Focus, do Banco Central, que conta com a Selic a 10,0% até o final de dezembro e a 10,5% em 2014.

 Foto: Estadão

A quebra do tabu pouco significado tem em si mesma. Confirma apenas que o governo Dilma fixou arbitrariamente essa meta informal sem antes providenciar a obtenção das condições macroeconômicas para isso.

Dito de outra forma, a inflação disparou e continua alta demais porque o governo federal descuidou de várias frentes de combate. Descuidou, primeiro, da política fiscal, na medida em que deixou que as despesas correntes disparassem à razão de 7,2% em 12 meses enquanto a arrecadação se arrasta ao ritmo de 1,25% em termos reais. A própria política de preços do governo contribuiu para a quebra da arrecadação, na medida em que achatou tarifas de energia elétrica e derivados de petróleo, que, por sua vez, implicou recolhimento mais baixo de impostos e, portanto, o encurtamento do cobertor fiscal do governo.

Descuidou, também, dos investimentos em infraestrutura, cujo efeito aumentou os custos de produção e proporcionou uma política excessivamente generosa de rendas, em descompasso com os ganhos de produtividade da economia que puxaram o consumo para acima da capacidade de oferta da economia.

Em outubro de 2012, o Banco Central também imaginou que pudesse derrubar definitivamente os juros para abaixo de dois dígitos, porque acreditou nas juras de austeridade na condução das contas públicas pelo governo Dilma. Mas, no meio do caminho, foi traído pela área da Fazenda e teve de seguir sozinho na tarefa de combater a inflação, desta vez puxando a Selic até onde for preciso para segurar a inflação.

Os próximos meses acenam com mais duas fontes de pressão sobre os preços. A primeira delas é o câmbio. As cotações do dólar tenderão a subir também em reais tão logo o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) comece a fechar a válvula que hoje injeta dólares nos mercados à proporção de US$ 85 bilhões por mês. E um dólar mais caro em reais aumenta o calor inflacionário, porque tende a puxar para cima os preços dos produtos importados.

A outra fonte de pressão sobre a inflação é o atraso do ajuste dos preços administrados, aqueles que ficam sob controle do governo. No período de 12 meses até outubro, esse segmento de preços aumentou apenas 1,02%, enquanto os preços livres subiram 7,3%. Entre esses preços controlados à espera de urgente reajuste estão as tarifas de combustíveis e os preços da energia elétrica, com impacto sobre toda a cadeia produtiva.

Esse quadro sugere que o Banco Central será obrigado a manter a guarda e a preparar os espíritos para seguir na sua política de aperto monetário, não olhando mais para tabus ou metas informais destituídas de fundamento real.

CONFIRA:

Entre as manifestações de leitores à Coluna de domingo, que apontou o excesso de burocracia nas drogarias brasileiras (Fila nas farmácias), registrem-se duas:

Para onde vai isso? André Zular pergunta o que afinal as farmácias, a Anvisa ou o Ministério da Saúde fazem com tantos dados pessoais sigilosos que se amontoam nos fichários e computadores do sistema. Ele teme que esse acervo possa vir a ser manipulado por laboratórios ou por administradores de seguradoras de saúde.

Simplificar. Luiz Bissoli está mais focado na enorme burocracia exigida na compra de um medicamento sob controle ou parte do programa Farmácia Popular, que atrasa o atendimento e transforma o farmacêutico em digitador de luxo. Bissoli sugere que os processos sejam simplificados num único programa digital com base na identidade ou CPF do comprador, nos moldes do que funciona no Nota Fiscal Paulista, que facilitasse a vida do consumidor e das próprias farmácias.

O Banco Central teria de apresentar justificativa muito séria para desta vez não remarcar a Selic em 10,0% ao ano. Esta é também a expectativa geral do mercado tal como apontada pela Pesquisa Focus, do Banco Central, que conta com a Selic a 10,0% até o final de dezembro e a 10,5% em 2014.

 Foto: Estadão

A quebra do tabu pouco significado tem em si mesma. Confirma apenas que o governo Dilma fixou arbitrariamente essa meta informal sem antes providenciar a obtenção das condições macroeconômicas para isso.

Dito de outra forma, a inflação disparou e continua alta demais porque o governo federal descuidou de várias frentes de combate. Descuidou, primeiro, da política fiscal, na medida em que deixou que as despesas correntes disparassem à razão de 7,2% em 12 meses enquanto a arrecadação se arrasta ao ritmo de 1,25% em termos reais. A própria política de preços do governo contribuiu para a quebra da arrecadação, na medida em que achatou tarifas de energia elétrica e derivados de petróleo, que, por sua vez, implicou recolhimento mais baixo de impostos e, portanto, o encurtamento do cobertor fiscal do governo.

Descuidou, também, dos investimentos em infraestrutura, cujo efeito aumentou os custos de produção e proporcionou uma política excessivamente generosa de rendas, em descompasso com os ganhos de produtividade da economia que puxaram o consumo para acima da capacidade de oferta da economia.

Em outubro de 2012, o Banco Central também imaginou que pudesse derrubar definitivamente os juros para abaixo de dois dígitos, porque acreditou nas juras de austeridade na condução das contas públicas pelo governo Dilma. Mas, no meio do caminho, foi traído pela área da Fazenda e teve de seguir sozinho na tarefa de combater a inflação, desta vez puxando a Selic até onde for preciso para segurar a inflação.

Os próximos meses acenam com mais duas fontes de pressão sobre os preços. A primeira delas é o câmbio. As cotações do dólar tenderão a subir também em reais tão logo o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) comece a fechar a válvula que hoje injeta dólares nos mercados à proporção de US$ 85 bilhões por mês. E um dólar mais caro em reais aumenta o calor inflacionário, porque tende a puxar para cima os preços dos produtos importados.

A outra fonte de pressão sobre a inflação é o atraso do ajuste dos preços administrados, aqueles que ficam sob controle do governo. No período de 12 meses até outubro, esse segmento de preços aumentou apenas 1,02%, enquanto os preços livres subiram 7,3%. Entre esses preços controlados à espera de urgente reajuste estão as tarifas de combustíveis e os preços da energia elétrica, com impacto sobre toda a cadeia produtiva.

Esse quadro sugere que o Banco Central será obrigado a manter a guarda e a preparar os espíritos para seguir na sua política de aperto monetário, não olhando mais para tabus ou metas informais destituídas de fundamento real.

CONFIRA:

Entre as manifestações de leitores à Coluna de domingo, que apontou o excesso de burocracia nas drogarias brasileiras (Fila nas farmácias), registrem-se duas:

Para onde vai isso? André Zular pergunta o que afinal as farmácias, a Anvisa ou o Ministério da Saúde fazem com tantos dados pessoais sigilosos que se amontoam nos fichários e computadores do sistema. Ele teme que esse acervo possa vir a ser manipulado por laboratórios ou por administradores de seguradoras de saúde.

Simplificar. Luiz Bissoli está mais focado na enorme burocracia exigida na compra de um medicamento sob controle ou parte do programa Farmácia Popular, que atrasa o atendimento e transforma o farmacêutico em digitador de luxo. Bissoli sugere que os processos sejam simplificados num único programa digital com base na identidade ou CPF do comprador, nos moldes do que funciona no Nota Fiscal Paulista, que facilitasse a vida do consumidor e das próprias farmácias.

O Banco Central teria de apresentar justificativa muito séria para desta vez não remarcar a Selic em 10,0% ao ano. Esta é também a expectativa geral do mercado tal como apontada pela Pesquisa Focus, do Banco Central, que conta com a Selic a 10,0% até o final de dezembro e a 10,5% em 2014.

 Foto: Estadão

A quebra do tabu pouco significado tem em si mesma. Confirma apenas que o governo Dilma fixou arbitrariamente essa meta informal sem antes providenciar a obtenção das condições macroeconômicas para isso.

Dito de outra forma, a inflação disparou e continua alta demais porque o governo federal descuidou de várias frentes de combate. Descuidou, primeiro, da política fiscal, na medida em que deixou que as despesas correntes disparassem à razão de 7,2% em 12 meses enquanto a arrecadação se arrasta ao ritmo de 1,25% em termos reais. A própria política de preços do governo contribuiu para a quebra da arrecadação, na medida em que achatou tarifas de energia elétrica e derivados de petróleo, que, por sua vez, implicou recolhimento mais baixo de impostos e, portanto, o encurtamento do cobertor fiscal do governo.

Descuidou, também, dos investimentos em infraestrutura, cujo efeito aumentou os custos de produção e proporcionou uma política excessivamente generosa de rendas, em descompasso com os ganhos de produtividade da economia que puxaram o consumo para acima da capacidade de oferta da economia.

Em outubro de 2012, o Banco Central também imaginou que pudesse derrubar definitivamente os juros para abaixo de dois dígitos, porque acreditou nas juras de austeridade na condução das contas públicas pelo governo Dilma. Mas, no meio do caminho, foi traído pela área da Fazenda e teve de seguir sozinho na tarefa de combater a inflação, desta vez puxando a Selic até onde for preciso para segurar a inflação.

Os próximos meses acenam com mais duas fontes de pressão sobre os preços. A primeira delas é o câmbio. As cotações do dólar tenderão a subir também em reais tão logo o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) comece a fechar a válvula que hoje injeta dólares nos mercados à proporção de US$ 85 bilhões por mês. E um dólar mais caro em reais aumenta o calor inflacionário, porque tende a puxar para cima os preços dos produtos importados.

A outra fonte de pressão sobre a inflação é o atraso do ajuste dos preços administrados, aqueles que ficam sob controle do governo. No período de 12 meses até outubro, esse segmento de preços aumentou apenas 1,02%, enquanto os preços livres subiram 7,3%. Entre esses preços controlados à espera de urgente reajuste estão as tarifas de combustíveis e os preços da energia elétrica, com impacto sobre toda a cadeia produtiva.

Esse quadro sugere que o Banco Central será obrigado a manter a guarda e a preparar os espíritos para seguir na sua política de aperto monetário, não olhando mais para tabus ou metas informais destituídas de fundamento real.

CONFIRA:

Entre as manifestações de leitores à Coluna de domingo, que apontou o excesso de burocracia nas drogarias brasileiras (Fila nas farmácias), registrem-se duas:

Para onde vai isso? André Zular pergunta o que afinal as farmácias, a Anvisa ou o Ministério da Saúde fazem com tantos dados pessoais sigilosos que se amontoam nos fichários e computadores do sistema. Ele teme que esse acervo possa vir a ser manipulado por laboratórios ou por administradores de seguradoras de saúde.

Simplificar. Luiz Bissoli está mais focado na enorme burocracia exigida na compra de um medicamento sob controle ou parte do programa Farmácia Popular, que atrasa o atendimento e transforma o farmacêutico em digitador de luxo. Bissoli sugere que os processos sejam simplificados num único programa digital com base na identidade ou CPF do comprador, nos moldes do que funciona no Nota Fiscal Paulista, que facilitasse a vida do consumidor e das próprias farmácias.

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