Os dados da produção industrial, divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, embora tenham apresentado uma ligeira melhora, ainda estão longe de decretar uma mudança de rumo na atividade econômica. Houve uma alta de 0,5% em setembro, em relação a agosto, depois de dois meses de baixa. Mas, na comparação com setembro, a queda é de 4,8%, no ano ela é de 7,8% e nos 12 meses encerrados em setembro, de 8.8%. Ou seja, números ruins de todos os lados, demonstrando para quem quiser ver que a indústria ainda precisa de muita vitamina para se recuperar com consistência. Mesmo a alta de setembro deve ser relativizada, já que foi concentrada em três setores: produtos alimentícios, indústria extrativa e veículos automotores.
A trajetória desses indicadores é uma mostra de que o fundo do poço é mais fundo do que dizia inicialmente. E de que não basta a confiança para resgatar o investimento. Aquele circuito - confiança, investimento, crescimento - parece estar interditado em algum ponto. Ou, pelo menos, percorrer esse circuito vai levar mais tempo do que se imaginava.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao defender a PEC 55, que deve passar agora pela votação no Senado, insistiu na tese de que a retomada do crescimento e, em consequência, a redução do desemprego, só virão com o controle das contas públicas. Mas não quis se arriscar a prever quando esse cenário ficará visível para a população em geral.
Que há uma consciência clara de que o ajuste fiscal é indispensável, não há dúvida. Aparentemente, a tentativa do governo de "popularizar" o ajuste - comparando as finanças do País ao orçamento doméstico - deu resultados. Que o governo Temer ganhou um aval das urnas para tocar em frente sua agenda fiscal, também não há dúvida. Há, porém, uma grande ansiedade da população exatamente em relação a quando e como essa agenda vai se refletir em melhoras na sua vida. E o nome desse jogo é crescimento.