Além da economia

Faltou ensaio


Se o presidente interino Michel Temer está pretendendo, neste início de semana, dar uma mostra de como agirá no seu governo, daqui para a frente, para "enquadrar" os aliados nas suas prioridades, tudo indica que terá de ensaiar mais. E com todo o elenco.

Por Cida Damasco

Àsvésperas do início da votação final do impeachment de Dilma Rousseff, parece que ele decidiu falar grosso contra os reajustes salariais do setor público que, segundo muitos críticos, estão minando o ajuste fiscal - ponto central da política econômica. Mas sua "fala", por meio de porta-vozes da ala política do governo, provocou fortes ruídos dentro da sua própria base parlamentar.

Depois de uma reunião de líderes da base parlamentar, com a presença do próprio Michel Temer,na segunda-feira, dia 22, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), anunciou que novos aumentos por enquanto não vão emplacar. "O que passou, passou", explicou Geddel, aparentemente referindo-se a reajustes já aprovados pela Câmara e pelo Senado, à espera apenas da sanção presidencial. Nesta terça-feira, dia 22, o ministro da Casa CivilEliseu Padilha, voltou à carga e disse que estão suspensas todas as propostas de reajuste salarial para servidores federais, até o fim da votação do impeachment.

Pois bem. Quem anunciou a posição do governo em relação ao tema foram ministros de Temer, dos quadros do PMDB. Mas, pelo que se sabe, o PMDB não partilha, inteiro, dessa tese. As divergências ficaram explícitas na discussão sobre o aumento de salário para os ministros do Supremo Tribunal federal dentro da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A proposta é de um aumento de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil, que não só sobrecarrega a folha de pagamento do Judiciário como representa uma elevação no teto do funcionalismo público em todo o País.

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O relator do projeto, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), apresentou voto contra a aprovação do projeto e os integrantes da comissão decidiram pelo adiamento da decisão. Na mão contrária, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) chegou a apresentar um voto em separado defendendo a aprovação do aumento.

 

Segundo alguns peemedebistas que criticam essa suspensão ou adiamento do reajustes, o que os tucanos estão querendo, na prática, é se livrar de dizer não a aumentos já combinados com as categorias. Para os eles, sob fogo cerrado dos tucanos, Temer estaria recuando sobre a urgência na votação desses reajustes. Urgência que ele mesmo, Temer, defendia. De novo, a divisão entre PMDB e PSDB na base aliada, especialmente em relação à condução da política econômica.

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Se essa orientação vingar de fato, devem ficar em banho-maria no Congresso projetos que concedem reajustes a 10 categorias de servidores, entre eles os da Receita Federal e Polícia Federal. Eles foram encaminhados para votação com aval do próprio Temer. Na época, o argumento é que se tratava de honrar compromissos assumidos anteriormente, ainda na gestão Dilma.

No caso específico do Supremo, não é preciso ter "notório saber" em pressões corporativas, para se imaginar a guerra que deverá se desencadear caso o governo resolva mesmo segurar esse aumento.

Fora o custo específico desse acréscimo na folha salarial do Judiciário, há a questão de oportunidade. Com a arrecadação ainda cambaleante - o resultado de julho foi o pior, para o mês, desde 2010 --, volta-se a falar em bloqueio de gastos e/ou em algum tipo de aumento de imposto, para fechar as contas dentro do programado. Alternativas com óbvio custo político para o governo.

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Além disso, crescem as discussões em torno das reformas previdenciária e trabalhista, como única forma de encaminhar um equilíbrio fiscal duradouro e consistente. E, por mais bem elaboradas e negociadas que elas sejam, certamente não sairão barato para todas as camadas dos trabalhadores.

Como compatibilizar esse cenário complicado com uma tolerância a aumentos de vencimentos para categorias consideradas mais privilegiadas? Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado na edição do Estadão de domingo, 21 de agosto, revela que a remuneração de muitos magistrados no Brasil não só supera os salários dos ministros do Supremo - que deveriam valer como teto - como os registrados em outros países para cargos equivalentes.

Um boa briga para o começo do novo governo Temer.

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Àsvésperas do início da votação final do impeachment de Dilma Rousseff, parece que ele decidiu falar grosso contra os reajustes salariais do setor público que, segundo muitos críticos, estão minando o ajuste fiscal - ponto central da política econômica. Mas sua "fala", por meio de porta-vozes da ala política do governo, provocou fortes ruídos dentro da sua própria base parlamentar.

Depois de uma reunião de líderes da base parlamentar, com a presença do próprio Michel Temer,na segunda-feira, dia 22, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), anunciou que novos aumentos por enquanto não vão emplacar. "O que passou, passou", explicou Geddel, aparentemente referindo-se a reajustes já aprovados pela Câmara e pelo Senado, à espera apenas da sanção presidencial. Nesta terça-feira, dia 22, o ministro da Casa CivilEliseu Padilha, voltou à carga e disse que estão suspensas todas as propostas de reajuste salarial para servidores federais, até o fim da votação do impeachment.

Pois bem. Quem anunciou a posição do governo em relação ao tema foram ministros de Temer, dos quadros do PMDB. Mas, pelo que se sabe, o PMDB não partilha, inteiro, dessa tese. As divergências ficaram explícitas na discussão sobre o aumento de salário para os ministros do Supremo Tribunal federal dentro da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A proposta é de um aumento de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil, que não só sobrecarrega a folha de pagamento do Judiciário como representa uma elevação no teto do funcionalismo público em todo o País.

O relator do projeto, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), apresentou voto contra a aprovação do projeto e os integrantes da comissão decidiram pelo adiamento da decisão. Na mão contrária, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) chegou a apresentar um voto em separado defendendo a aprovação do aumento.

 

Segundo alguns peemedebistas que criticam essa suspensão ou adiamento do reajustes, o que os tucanos estão querendo, na prática, é se livrar de dizer não a aumentos já combinados com as categorias. Para os eles, sob fogo cerrado dos tucanos, Temer estaria recuando sobre a urgência na votação desses reajustes. Urgência que ele mesmo, Temer, defendia. De novo, a divisão entre PMDB e PSDB na base aliada, especialmente em relação à condução da política econômica.

Se essa orientação vingar de fato, devem ficar em banho-maria no Congresso projetos que concedem reajustes a 10 categorias de servidores, entre eles os da Receita Federal e Polícia Federal. Eles foram encaminhados para votação com aval do próprio Temer. Na época, o argumento é que se tratava de honrar compromissos assumidos anteriormente, ainda na gestão Dilma.

No caso específico do Supremo, não é preciso ter "notório saber" em pressões corporativas, para se imaginar a guerra que deverá se desencadear caso o governo resolva mesmo segurar esse aumento.

Fora o custo específico desse acréscimo na folha salarial do Judiciário, há a questão de oportunidade. Com a arrecadação ainda cambaleante - o resultado de julho foi o pior, para o mês, desde 2010 --, volta-se a falar em bloqueio de gastos e/ou em algum tipo de aumento de imposto, para fechar as contas dentro do programado. Alternativas com óbvio custo político para o governo.

Além disso, crescem as discussões em torno das reformas previdenciária e trabalhista, como única forma de encaminhar um equilíbrio fiscal duradouro e consistente. E, por mais bem elaboradas e negociadas que elas sejam, certamente não sairão barato para todas as camadas dos trabalhadores.

Como compatibilizar esse cenário complicado com uma tolerância a aumentos de vencimentos para categorias consideradas mais privilegiadas? Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado na edição do Estadão de domingo, 21 de agosto, revela que a remuneração de muitos magistrados no Brasil não só supera os salários dos ministros do Supremo - que deveriam valer como teto - como os registrados em outros países para cargos equivalentes.

Um boa briga para o começo do novo governo Temer.

 

 

 

 

 

 

Àsvésperas do início da votação final do impeachment de Dilma Rousseff, parece que ele decidiu falar grosso contra os reajustes salariais do setor público que, segundo muitos críticos, estão minando o ajuste fiscal - ponto central da política econômica. Mas sua "fala", por meio de porta-vozes da ala política do governo, provocou fortes ruídos dentro da sua própria base parlamentar.

Depois de uma reunião de líderes da base parlamentar, com a presença do próprio Michel Temer,na segunda-feira, dia 22, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), anunciou que novos aumentos por enquanto não vão emplacar. "O que passou, passou", explicou Geddel, aparentemente referindo-se a reajustes já aprovados pela Câmara e pelo Senado, à espera apenas da sanção presidencial. Nesta terça-feira, dia 22, o ministro da Casa CivilEliseu Padilha, voltou à carga e disse que estão suspensas todas as propostas de reajuste salarial para servidores federais, até o fim da votação do impeachment.

Pois bem. Quem anunciou a posição do governo em relação ao tema foram ministros de Temer, dos quadros do PMDB. Mas, pelo que se sabe, o PMDB não partilha, inteiro, dessa tese. As divergências ficaram explícitas na discussão sobre o aumento de salário para os ministros do Supremo Tribunal federal dentro da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A proposta é de um aumento de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil, que não só sobrecarrega a folha de pagamento do Judiciário como representa uma elevação no teto do funcionalismo público em todo o País.

O relator do projeto, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), apresentou voto contra a aprovação do projeto e os integrantes da comissão decidiram pelo adiamento da decisão. Na mão contrária, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) chegou a apresentar um voto em separado defendendo a aprovação do aumento.

 

Segundo alguns peemedebistas que criticam essa suspensão ou adiamento do reajustes, o que os tucanos estão querendo, na prática, é se livrar de dizer não a aumentos já combinados com as categorias. Para os eles, sob fogo cerrado dos tucanos, Temer estaria recuando sobre a urgência na votação desses reajustes. Urgência que ele mesmo, Temer, defendia. De novo, a divisão entre PMDB e PSDB na base aliada, especialmente em relação à condução da política econômica.

Se essa orientação vingar de fato, devem ficar em banho-maria no Congresso projetos que concedem reajustes a 10 categorias de servidores, entre eles os da Receita Federal e Polícia Federal. Eles foram encaminhados para votação com aval do próprio Temer. Na época, o argumento é que se tratava de honrar compromissos assumidos anteriormente, ainda na gestão Dilma.

No caso específico do Supremo, não é preciso ter "notório saber" em pressões corporativas, para se imaginar a guerra que deverá se desencadear caso o governo resolva mesmo segurar esse aumento.

Fora o custo específico desse acréscimo na folha salarial do Judiciário, há a questão de oportunidade. Com a arrecadação ainda cambaleante - o resultado de julho foi o pior, para o mês, desde 2010 --, volta-se a falar em bloqueio de gastos e/ou em algum tipo de aumento de imposto, para fechar as contas dentro do programado. Alternativas com óbvio custo político para o governo.

Além disso, crescem as discussões em torno das reformas previdenciária e trabalhista, como única forma de encaminhar um equilíbrio fiscal duradouro e consistente. E, por mais bem elaboradas e negociadas que elas sejam, certamente não sairão barato para todas as camadas dos trabalhadores.

Como compatibilizar esse cenário complicado com uma tolerância a aumentos de vencimentos para categorias consideradas mais privilegiadas? Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado na edição do Estadão de domingo, 21 de agosto, revela que a remuneração de muitos magistrados no Brasil não só supera os salários dos ministros do Supremo - que deveriam valer como teto - como os registrados em outros países para cargos equivalentes.

Um boa briga para o começo do novo governo Temer.

 

 

 

 

 

 

Àsvésperas do início da votação final do impeachment de Dilma Rousseff, parece que ele decidiu falar grosso contra os reajustes salariais do setor público que, segundo muitos críticos, estão minando o ajuste fiscal - ponto central da política econômica. Mas sua "fala", por meio de porta-vozes da ala política do governo, provocou fortes ruídos dentro da sua própria base parlamentar.

Depois de uma reunião de líderes da base parlamentar, com a presença do próprio Michel Temer,na segunda-feira, dia 22, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), anunciou que novos aumentos por enquanto não vão emplacar. "O que passou, passou", explicou Geddel, aparentemente referindo-se a reajustes já aprovados pela Câmara e pelo Senado, à espera apenas da sanção presidencial. Nesta terça-feira, dia 22, o ministro da Casa CivilEliseu Padilha, voltou à carga e disse que estão suspensas todas as propostas de reajuste salarial para servidores federais, até o fim da votação do impeachment.

Pois bem. Quem anunciou a posição do governo em relação ao tema foram ministros de Temer, dos quadros do PMDB. Mas, pelo que se sabe, o PMDB não partilha, inteiro, dessa tese. As divergências ficaram explícitas na discussão sobre o aumento de salário para os ministros do Supremo Tribunal federal dentro da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A proposta é de um aumento de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil, que não só sobrecarrega a folha de pagamento do Judiciário como representa uma elevação no teto do funcionalismo público em todo o País.

O relator do projeto, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), apresentou voto contra a aprovação do projeto e os integrantes da comissão decidiram pelo adiamento da decisão. Na mão contrária, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) chegou a apresentar um voto em separado defendendo a aprovação do aumento.

 

Segundo alguns peemedebistas que criticam essa suspensão ou adiamento do reajustes, o que os tucanos estão querendo, na prática, é se livrar de dizer não a aumentos já combinados com as categorias. Para os eles, sob fogo cerrado dos tucanos, Temer estaria recuando sobre a urgência na votação desses reajustes. Urgência que ele mesmo, Temer, defendia. De novo, a divisão entre PMDB e PSDB na base aliada, especialmente em relação à condução da política econômica.

Se essa orientação vingar de fato, devem ficar em banho-maria no Congresso projetos que concedem reajustes a 10 categorias de servidores, entre eles os da Receita Federal e Polícia Federal. Eles foram encaminhados para votação com aval do próprio Temer. Na época, o argumento é que se tratava de honrar compromissos assumidos anteriormente, ainda na gestão Dilma.

No caso específico do Supremo, não é preciso ter "notório saber" em pressões corporativas, para se imaginar a guerra que deverá se desencadear caso o governo resolva mesmo segurar esse aumento.

Fora o custo específico desse acréscimo na folha salarial do Judiciário, há a questão de oportunidade. Com a arrecadação ainda cambaleante - o resultado de julho foi o pior, para o mês, desde 2010 --, volta-se a falar em bloqueio de gastos e/ou em algum tipo de aumento de imposto, para fechar as contas dentro do programado. Alternativas com óbvio custo político para o governo.

Além disso, crescem as discussões em torno das reformas previdenciária e trabalhista, como única forma de encaminhar um equilíbrio fiscal duradouro e consistente. E, por mais bem elaboradas e negociadas que elas sejam, certamente não sairão barato para todas as camadas dos trabalhadores.

Como compatibilizar esse cenário complicado com uma tolerância a aumentos de vencimentos para categorias consideradas mais privilegiadas? Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado na edição do Estadão de domingo, 21 de agosto, revela que a remuneração de muitos magistrados no Brasil não só supera os salários dos ministros do Supremo - que deveriam valer como teto - como os registrados em outros países para cargos equivalentes.

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