Bastidores do mundo dos negócios

Com dívida bilionária, Restoque pode transformar credores em acionistas


Por Talita Nascimento e Altamiro Silva Junior
A Restoque é dona de marcas como Le Lis Blanc e  Dudalina    Foto: André Lessa/AE

A solução para o forte endividamento da Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc, Dudalina e John John, pode transformar credores em donos da empresa. Com R$ 1,5 bilhão em dívidas, a companhia avalia a proposta da WNT Gestora de Recursos de transformar esse passivo em ações da Restoque, que por causa dos problemas financeiros é atualmente avaliada em apenas R$ 103 milhões na B3. Essa opção faria mais sentido à empresa do que buscar capital novo na B3 ou fazer mais uma reestruturação da dívida.

A proposta foi apresentada à Restoque em 25 de março e ainda precisa de aprovação dos demais credores. Para isso, é necessário a convocação de nova assembleia e a sinalização de apoio dos demais debenturistas - na assembleia do dia 25, havia 92% deles.

continua após a publicidade

A WNT, que administra R$ 5,2 bilhões em recursos, tem 55,8% das debêntures emitidas em 2021, que na época somaram R$ 1,4 bilhão. O pagamento de juros desses papéis já foi adiado duas vezes e postergado para 30 de junho. No estado atual, a Restoque teria de pagar em torno de R$ 300 milhões por ano só em juros dessa dívida, insustentável para uma empresa afetada pela pandemia e que começa a se recuperar.

Aumento de capital e prêmio de 10%

A proposta da WNT vem sendo desenhada há alguns meses, avaliou vários cenários e converte praticamente toda a dívida em novas ações da Restoque. Poderiam restar apenas R$ 150 milhões das debêntures originalmente emitidas.

continua após a publicidade

Para concretizar a proposta, é previsto aumento de capital da companhia, com emissão de novas ações. O preço para a conversão levaria em conta a média do papel dos últimos 120 dias mais um prêmio de 10%.

Os analistas da Fitch Ratings veem essa conversão como positiva para a estrutura de capital do grupo, que na avaliação da agência de rating não deve gerar caixa suficiente para honrar seus compromissos com dívidas este ano.

O eventual aceite da proposta da WNT teria a vantagem de que a empresa, com seu passivo resolvido, poderia finalmente mostrar ao mercado um balanço mais fácil de ler. A prioridade ficaria com a evolução da operação e possibilitaria mais investimentos.

continua após a publicidade

A companhia melhorou sua margem bruta, que chegou a 60,2% no conceito ajustado e avançou 18 pontos porcentuais em relação ao mesmo período de 2020. Porém, esse resultado ainda é prejudicado pelo custo da dívida e demais questões contábeis - e a melhoria não é percebida pelo investidor.

As demais soluções para captar recursos, como uma oferta subsequente de ações (follow on), já não fazem tanto sentido. No documento da proposta da administração para a Assembleia Geral de Debenturistas da companhia, de 25 de março, a empresa escreveu: "É fato que a segunda onda da pandemia da Covid-19 e a rápida e inesperada deterioração do cenário macroeconômico - com a elevação da inflação e aumento abrupto e expressivo da taxa básica de juros - frustraram sobremaneira a expectativa e o planejamento da administração da Companhia no que diz respeito à retomada de faturamento e geração de caixa, bem como a captação de recursos no montante de R$ 150 milhões, conforme previsto na escritura de emissão".

Sem conseguir captar R$ 150 milhões por meio de um aumento de capital, não faria sentido tentar uma oferta subsequente de ações grande a ponto de resolver o passivo da companhia. Além disso, uma Reestruturação Judicial estaria no fim da lista de opções da empresa, que já conseguiu uma recuperação extrajudicial no passado e agora avalia a proposta da WNT.

continua após a publicidade

A Restoque já teve entre seus acionistas os fundos Advent e Warburg Pincus, que chegaram a ter quase metade do capital da empresa, mas foram reduzindo a fatia desde 2020. Atualmente entre seus principais sócios estão os empresários Marcelo Faria de Lima, com 26,9% do capital, e Marcio da Rocha Camargo (15,5%). Na conversão, os acionistas devem ter o direito de preferência para manter sua participação. Resta saber, dado o tamanho da operação, se vão exercê-lo. Procurada, a Restoque não comentou.

 

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 04/04/22, às 16h16.

continua após a publicidade

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Contato: colunabroadcast@estadao.com

A Restoque é dona de marcas como Le Lis Blanc e  Dudalina    Foto: André Lessa/AE

A solução para o forte endividamento da Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc, Dudalina e John John, pode transformar credores em donos da empresa. Com R$ 1,5 bilhão em dívidas, a companhia avalia a proposta da WNT Gestora de Recursos de transformar esse passivo em ações da Restoque, que por causa dos problemas financeiros é atualmente avaliada em apenas R$ 103 milhões na B3. Essa opção faria mais sentido à empresa do que buscar capital novo na B3 ou fazer mais uma reestruturação da dívida.

A proposta foi apresentada à Restoque em 25 de março e ainda precisa de aprovação dos demais credores. Para isso, é necessário a convocação de nova assembleia e a sinalização de apoio dos demais debenturistas - na assembleia do dia 25, havia 92% deles.

A WNT, que administra R$ 5,2 bilhões em recursos, tem 55,8% das debêntures emitidas em 2021, que na época somaram R$ 1,4 bilhão. O pagamento de juros desses papéis já foi adiado duas vezes e postergado para 30 de junho. No estado atual, a Restoque teria de pagar em torno de R$ 300 milhões por ano só em juros dessa dívida, insustentável para uma empresa afetada pela pandemia e que começa a se recuperar.

Aumento de capital e prêmio de 10%

A proposta da WNT vem sendo desenhada há alguns meses, avaliou vários cenários e converte praticamente toda a dívida em novas ações da Restoque. Poderiam restar apenas R$ 150 milhões das debêntures originalmente emitidas.

Para concretizar a proposta, é previsto aumento de capital da companhia, com emissão de novas ações. O preço para a conversão levaria em conta a média do papel dos últimos 120 dias mais um prêmio de 10%.

Os analistas da Fitch Ratings veem essa conversão como positiva para a estrutura de capital do grupo, que na avaliação da agência de rating não deve gerar caixa suficiente para honrar seus compromissos com dívidas este ano.

O eventual aceite da proposta da WNT teria a vantagem de que a empresa, com seu passivo resolvido, poderia finalmente mostrar ao mercado um balanço mais fácil de ler. A prioridade ficaria com a evolução da operação e possibilitaria mais investimentos.

A companhia melhorou sua margem bruta, que chegou a 60,2% no conceito ajustado e avançou 18 pontos porcentuais em relação ao mesmo período de 2020. Porém, esse resultado ainda é prejudicado pelo custo da dívida e demais questões contábeis - e a melhoria não é percebida pelo investidor.

As demais soluções para captar recursos, como uma oferta subsequente de ações (follow on), já não fazem tanto sentido. No documento da proposta da administração para a Assembleia Geral de Debenturistas da companhia, de 25 de março, a empresa escreveu: "É fato que a segunda onda da pandemia da Covid-19 e a rápida e inesperada deterioração do cenário macroeconômico - com a elevação da inflação e aumento abrupto e expressivo da taxa básica de juros - frustraram sobremaneira a expectativa e o planejamento da administração da Companhia no que diz respeito à retomada de faturamento e geração de caixa, bem como a captação de recursos no montante de R$ 150 milhões, conforme previsto na escritura de emissão".

Sem conseguir captar R$ 150 milhões por meio de um aumento de capital, não faria sentido tentar uma oferta subsequente de ações grande a ponto de resolver o passivo da companhia. Além disso, uma Reestruturação Judicial estaria no fim da lista de opções da empresa, que já conseguiu uma recuperação extrajudicial no passado e agora avalia a proposta da WNT.

A Restoque já teve entre seus acionistas os fundos Advent e Warburg Pincus, que chegaram a ter quase metade do capital da empresa, mas foram reduzindo a fatia desde 2020. Atualmente entre seus principais sócios estão os empresários Marcelo Faria de Lima, com 26,9% do capital, e Marcio da Rocha Camargo (15,5%). Na conversão, os acionistas devem ter o direito de preferência para manter sua participação. Resta saber, dado o tamanho da operação, se vão exercê-lo. Procurada, a Restoque não comentou.

 

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 04/04/22, às 16h16.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Contato: colunabroadcast@estadao.com

A Restoque é dona de marcas como Le Lis Blanc e  Dudalina    Foto: André Lessa/AE

A solução para o forte endividamento da Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc, Dudalina e John John, pode transformar credores em donos da empresa. Com R$ 1,5 bilhão em dívidas, a companhia avalia a proposta da WNT Gestora de Recursos de transformar esse passivo em ações da Restoque, que por causa dos problemas financeiros é atualmente avaliada em apenas R$ 103 milhões na B3. Essa opção faria mais sentido à empresa do que buscar capital novo na B3 ou fazer mais uma reestruturação da dívida.

A proposta foi apresentada à Restoque em 25 de março e ainda precisa de aprovação dos demais credores. Para isso, é necessário a convocação de nova assembleia e a sinalização de apoio dos demais debenturistas - na assembleia do dia 25, havia 92% deles.

A WNT, que administra R$ 5,2 bilhões em recursos, tem 55,8% das debêntures emitidas em 2021, que na época somaram R$ 1,4 bilhão. O pagamento de juros desses papéis já foi adiado duas vezes e postergado para 30 de junho. No estado atual, a Restoque teria de pagar em torno de R$ 300 milhões por ano só em juros dessa dívida, insustentável para uma empresa afetada pela pandemia e que começa a se recuperar.

Aumento de capital e prêmio de 10%

A proposta da WNT vem sendo desenhada há alguns meses, avaliou vários cenários e converte praticamente toda a dívida em novas ações da Restoque. Poderiam restar apenas R$ 150 milhões das debêntures originalmente emitidas.

Para concretizar a proposta, é previsto aumento de capital da companhia, com emissão de novas ações. O preço para a conversão levaria em conta a média do papel dos últimos 120 dias mais um prêmio de 10%.

Os analistas da Fitch Ratings veem essa conversão como positiva para a estrutura de capital do grupo, que na avaliação da agência de rating não deve gerar caixa suficiente para honrar seus compromissos com dívidas este ano.

O eventual aceite da proposta da WNT teria a vantagem de que a empresa, com seu passivo resolvido, poderia finalmente mostrar ao mercado um balanço mais fácil de ler. A prioridade ficaria com a evolução da operação e possibilitaria mais investimentos.

A companhia melhorou sua margem bruta, que chegou a 60,2% no conceito ajustado e avançou 18 pontos porcentuais em relação ao mesmo período de 2020. Porém, esse resultado ainda é prejudicado pelo custo da dívida e demais questões contábeis - e a melhoria não é percebida pelo investidor.

As demais soluções para captar recursos, como uma oferta subsequente de ações (follow on), já não fazem tanto sentido. No documento da proposta da administração para a Assembleia Geral de Debenturistas da companhia, de 25 de março, a empresa escreveu: "É fato que a segunda onda da pandemia da Covid-19 e a rápida e inesperada deterioração do cenário macroeconômico - com a elevação da inflação e aumento abrupto e expressivo da taxa básica de juros - frustraram sobremaneira a expectativa e o planejamento da administração da Companhia no que diz respeito à retomada de faturamento e geração de caixa, bem como a captação de recursos no montante de R$ 150 milhões, conforme previsto na escritura de emissão".

Sem conseguir captar R$ 150 milhões por meio de um aumento de capital, não faria sentido tentar uma oferta subsequente de ações grande a ponto de resolver o passivo da companhia. Além disso, uma Reestruturação Judicial estaria no fim da lista de opções da empresa, que já conseguiu uma recuperação extrajudicial no passado e agora avalia a proposta da WNT.

A Restoque já teve entre seus acionistas os fundos Advent e Warburg Pincus, que chegaram a ter quase metade do capital da empresa, mas foram reduzindo a fatia desde 2020. Atualmente entre seus principais sócios estão os empresários Marcelo Faria de Lima, com 26,9% do capital, e Marcio da Rocha Camargo (15,5%). Na conversão, os acionistas devem ter o direito de preferência para manter sua participação. Resta saber, dado o tamanho da operação, se vão exercê-lo. Procurada, a Restoque não comentou.

 

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 04/04/22, às 16h16.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Contato: colunabroadcast@estadao.com

A Restoque é dona de marcas como Le Lis Blanc e  Dudalina    Foto: André Lessa/AE

A solução para o forte endividamento da Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc, Dudalina e John John, pode transformar credores em donos da empresa. Com R$ 1,5 bilhão em dívidas, a companhia avalia a proposta da WNT Gestora de Recursos de transformar esse passivo em ações da Restoque, que por causa dos problemas financeiros é atualmente avaliada em apenas R$ 103 milhões na B3. Essa opção faria mais sentido à empresa do que buscar capital novo na B3 ou fazer mais uma reestruturação da dívida.

A proposta foi apresentada à Restoque em 25 de março e ainda precisa de aprovação dos demais credores. Para isso, é necessário a convocação de nova assembleia e a sinalização de apoio dos demais debenturistas - na assembleia do dia 25, havia 92% deles.

A WNT, que administra R$ 5,2 bilhões em recursos, tem 55,8% das debêntures emitidas em 2021, que na época somaram R$ 1,4 bilhão. O pagamento de juros desses papéis já foi adiado duas vezes e postergado para 30 de junho. No estado atual, a Restoque teria de pagar em torno de R$ 300 milhões por ano só em juros dessa dívida, insustentável para uma empresa afetada pela pandemia e que começa a se recuperar.

Aumento de capital e prêmio de 10%

A proposta da WNT vem sendo desenhada há alguns meses, avaliou vários cenários e converte praticamente toda a dívida em novas ações da Restoque. Poderiam restar apenas R$ 150 milhões das debêntures originalmente emitidas.

Para concretizar a proposta, é previsto aumento de capital da companhia, com emissão de novas ações. O preço para a conversão levaria em conta a média do papel dos últimos 120 dias mais um prêmio de 10%.

Os analistas da Fitch Ratings veem essa conversão como positiva para a estrutura de capital do grupo, que na avaliação da agência de rating não deve gerar caixa suficiente para honrar seus compromissos com dívidas este ano.

O eventual aceite da proposta da WNT teria a vantagem de que a empresa, com seu passivo resolvido, poderia finalmente mostrar ao mercado um balanço mais fácil de ler. A prioridade ficaria com a evolução da operação e possibilitaria mais investimentos.

A companhia melhorou sua margem bruta, que chegou a 60,2% no conceito ajustado e avançou 18 pontos porcentuais em relação ao mesmo período de 2020. Porém, esse resultado ainda é prejudicado pelo custo da dívida e demais questões contábeis - e a melhoria não é percebida pelo investidor.

As demais soluções para captar recursos, como uma oferta subsequente de ações (follow on), já não fazem tanto sentido. No documento da proposta da administração para a Assembleia Geral de Debenturistas da companhia, de 25 de março, a empresa escreveu: "É fato que a segunda onda da pandemia da Covid-19 e a rápida e inesperada deterioração do cenário macroeconômico - com a elevação da inflação e aumento abrupto e expressivo da taxa básica de juros - frustraram sobremaneira a expectativa e o planejamento da administração da Companhia no que diz respeito à retomada de faturamento e geração de caixa, bem como a captação de recursos no montante de R$ 150 milhões, conforme previsto na escritura de emissão".

Sem conseguir captar R$ 150 milhões por meio de um aumento de capital, não faria sentido tentar uma oferta subsequente de ações grande a ponto de resolver o passivo da companhia. Além disso, uma Reestruturação Judicial estaria no fim da lista de opções da empresa, que já conseguiu uma recuperação extrajudicial no passado e agora avalia a proposta da WNT.

A Restoque já teve entre seus acionistas os fundos Advent e Warburg Pincus, que chegaram a ter quase metade do capital da empresa, mas foram reduzindo a fatia desde 2020. Atualmente entre seus principais sócios estão os empresários Marcelo Faria de Lima, com 26,9% do capital, e Marcio da Rocha Camargo (15,5%). Na conversão, os acionistas devem ter o direito de preferência para manter sua participação. Resta saber, dado o tamanho da operação, se vão exercê-lo. Procurada, a Restoque não comentou.

 

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 04/04/22, às 16h16.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Contato: colunabroadcast@estadao.com

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.