Bastidores do mundo dos negócios

Empresas com governança madura farão melhor gestão da crise, diz presidente do IBGC


Por Fernanda Guimarães

Foto: Divulgação/IBGC

As companhias que fizeram a lição e arrumaram a casa em termos de governança corporativa têm mais ferramentas para atravessar a crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Henrique Luz, as empresas com governança mais madura possuem Conselhos ágeis e bem formados, características que ajudarão na tomada de decisão e na busca de soluções em momento de crise. Para ele, as empresas precisam compreender o momento em que o mundo vive e colocar a saúde das pessoas no primeiro plano. Do lado financeiro, o conselho de Luz  é preservação do caixa.

"A companhia que possui essas características de governança saberá fazer uma boa gestão da crise e de seus impactos, pois terá os melhores processos e as melhores ideias, oriundas da diversidade de opiniões, para orientar sua tomada de decisões, sempre considerando os princípios éticos da governança. A cidadania é o inverso do egoísmo ou dos interesses exclusivamente financeiros. Manter a governança ativa, recorrer a ela a todo o momento como apoiadora nesse processo para navegar pela tempestade é o mais importante", afirma, em entrevista ao Broadcast.

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Na semana passada, o IBGC fez sua primeira assembleia com associados de forma virtual, diante do isolamento social para conter o contágio do vírus, novo contexto que tem trazido mudanças na forma de trabalhar em todo o mundo. A experiência deu certo: participaram 45% da base de associados. Mais de mil votaram na eleição, feita remotamente, e que elegeu o novo conselho da entidade. "Isso demonstra engajamento e interesse. Percebemos, com isso, que o mecanismo que utilizamos foi assertivo", afirma Luz. A assembleia do IBGC está sendo apontada como a primeira 100% online do Brasil e ocorre em um momento que as empresas de capital aberto estão preocupadas em como cumprir a obrigação de realização de assembleia com acionistas neste momento de quarentena.

Veja, abaixo, os principais trechos da entrevista:

Broadcast: Qual conselho o senhor daria às empresas que estão com dificuldade de arrumar a casa para conseguirem lidar com a crise?

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Henrique Luz: O conselho que podemos dar é, em primeiro lugar, termos um espírito enorme de cidadania, de saber compreender tudo que estamos vivendo, colocando em primeiro lugar a saúde e o bem-estar das pessoas. No que toca aos aspectos de natureza financeira, preservando o caixa. Outro ponto é que a empresa esteja preparada com um bom conselho de administração. Experiente, diverso - com formações e experiências diversas, para que possam orientar e dar suporte à diretoria executiva na tomada de decisão. A cidadania é o inverso do egoísmo ou dos interesses exclusivamente financeiros. Manter a governança ativa, recorrer a ela a todo o momento como apoiadora nesse processo para navegar pela tempestade é o mais importante.

Broadcast: De que forma a governança corporativa se coloca como uma ferramenta importante para as empresas e investidores nesse momento?

Luz: Os desafios surgem exatamente nestes momentos de crise. E as principais questões que surgem, tanto em conselhos de administração, quanto na liderança executiva é como nossos funcionários e as pessoas ligadas à nossa organização, de alguma forma, estão sendo tratadas. Como está sua saúde e seu bem-estar. Neste sentido, os princípios da governança, que são transparência, equidade, responsabilidade corporativa e prestação de contas, são fundamentais e devem ser exercidos neste momento. Os princípios e as melhores práticas de governança corporativa são e estão sendo fundamentais para as empresas neste período desafiador.

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Broadcast: E do lado financeiro?

Luz: Além das pessoas, agora é o momento dos administradores se debruçarem sobre o caixa e se precaverem de forma a utilizar o caixa para soluções. Atrasar capex possíveis e projetos não essenciais e, ao mesmo tempo, acelerar projetos essenciais voltados à inovação que possam ajudar a empresa no pós crise. Outro ponto importante em que os administradores devem atuar é na construção de cenários possíveis que a empresa poderá enfrentar, de acordo com o mercado e com mudanças no perfil e comportamento do consumidor, no meio e após a crise.

Broadcast: As empresas podem acabar deixando de lado boas práticas de governança em um período como esse?

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Luz: Não há esse risco. A governança não pode ser atropelada pela crise, pois ela é justamente uma das maneiras pelas quais esse momento de incerteza pode ser superado. O papel do conselho é justamente estar próximo da diretoria executiva para a tomada de decisões.

Broadcast: De forma prática, como a governança ajuda nesse momento?

Luz: Existem setores que estão sofrendo inicialmente muito mais do que outros. O varejo, por exemplo, está tendo uma queda muito drástica em suas atividades. De toda a forma, a crise chegará para todos, de formas distintas. Diante da crise, é preciso agir de forma mais ativa e emergencial, de forma a identificar formas com que a crise possa ser vencida e isso é governança também. A empresa que possui uma governança mais madura possui um conselho ágil, que se reúne periodicamente e que possui diversidade de formação, de opiniões e de experiências. A companhia que possui essas características de governança saberá fazer uma boa gestão da crise e de seus impactos, pois terá os melhores processos e as melhores ideias, oriundas da diversidade de opiniões, para orientar sua tomada de decisões, sempre considerando os princípios éticos da governança.

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Broadcast: O IBGC fez sua primeira assembleia online. Como o senhor avalia a experiência?

Luz: Foi a primeira assembleia virtual do País e consideramos um sucesso. Nossa Assembleia Geral Ordinária (AGO) teve participação recorde, com 45% da base de associados exercendo seu direito de voto - foram 1193 votos, o que demonstra engajamento e interesse. Percebemos, com isso, que o mecanismo que utilizamos foi assertivo. Durante a transmissão online, tivemos cerca de 150 associados participando ativamente, inclusive com perguntas pertinentes. Vale lembrar que o IBGC é uma organização sem fins lucrativos. Porém, mesmo se considerarmos as assembleias presenciais de companhias abertas, é raro ver tantos participantes presentes. Acreditamos que este é um exemplo para outras empresas e instituições, pois mostramos que é possível interagir e dialogar, a partir de uma dinâmica diferente e desafiadora.

Contato: fernanda.guimaraes@estadao.com [{ "data_link" : "00001" ,"type" : "N" ,"data" : { "id" : "33725428" ,"sections" : [726,2,698,1] } },{ "data_link" : "00002" ,"type" : "N" ,"data" : { "id" : "33701241" ,"sections" : [2,1,790] } }]

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Foto: Divulgação/IBGC

As companhias que fizeram a lição e arrumaram a casa em termos de governança corporativa têm mais ferramentas para atravessar a crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Henrique Luz, as empresas com governança mais madura possuem Conselhos ágeis e bem formados, características que ajudarão na tomada de decisão e na busca de soluções em momento de crise. Para ele, as empresas precisam compreender o momento em que o mundo vive e colocar a saúde das pessoas no primeiro plano. Do lado financeiro, o conselho de Luz  é preservação do caixa.

"A companhia que possui essas características de governança saberá fazer uma boa gestão da crise e de seus impactos, pois terá os melhores processos e as melhores ideias, oriundas da diversidade de opiniões, para orientar sua tomada de decisões, sempre considerando os princípios éticos da governança. A cidadania é o inverso do egoísmo ou dos interesses exclusivamente financeiros. Manter a governança ativa, recorrer a ela a todo o momento como apoiadora nesse processo para navegar pela tempestade é o mais importante", afirma, em entrevista ao Broadcast.

Na semana passada, o IBGC fez sua primeira assembleia com associados de forma virtual, diante do isolamento social para conter o contágio do vírus, novo contexto que tem trazido mudanças na forma de trabalhar em todo o mundo. A experiência deu certo: participaram 45% da base de associados. Mais de mil votaram na eleição, feita remotamente, e que elegeu o novo conselho da entidade. "Isso demonstra engajamento e interesse. Percebemos, com isso, que o mecanismo que utilizamos foi assertivo", afirma Luz. A assembleia do IBGC está sendo apontada como a primeira 100% online do Brasil e ocorre em um momento que as empresas de capital aberto estão preocupadas em como cumprir a obrigação de realização de assembleia com acionistas neste momento de quarentena.

Veja, abaixo, os principais trechos da entrevista:

Broadcast: Qual conselho o senhor daria às empresas que estão com dificuldade de arrumar a casa para conseguirem lidar com a crise?

Henrique Luz: O conselho que podemos dar é, em primeiro lugar, termos um espírito enorme de cidadania, de saber compreender tudo que estamos vivendo, colocando em primeiro lugar a saúde e o bem-estar das pessoas. No que toca aos aspectos de natureza financeira, preservando o caixa. Outro ponto é que a empresa esteja preparada com um bom conselho de administração. Experiente, diverso - com formações e experiências diversas, para que possam orientar e dar suporte à diretoria executiva na tomada de decisão. A cidadania é o inverso do egoísmo ou dos interesses exclusivamente financeiros. Manter a governança ativa, recorrer a ela a todo o momento como apoiadora nesse processo para navegar pela tempestade é o mais importante.

Broadcast: De que forma a governança corporativa se coloca como uma ferramenta importante para as empresas e investidores nesse momento?

Luz: Os desafios surgem exatamente nestes momentos de crise. E as principais questões que surgem, tanto em conselhos de administração, quanto na liderança executiva é como nossos funcionários e as pessoas ligadas à nossa organização, de alguma forma, estão sendo tratadas. Como está sua saúde e seu bem-estar. Neste sentido, os princípios da governança, que são transparência, equidade, responsabilidade corporativa e prestação de contas, são fundamentais e devem ser exercidos neste momento. Os princípios e as melhores práticas de governança corporativa são e estão sendo fundamentais para as empresas neste período desafiador.

Broadcast: E do lado financeiro?

Luz: Além das pessoas, agora é o momento dos administradores se debruçarem sobre o caixa e se precaverem de forma a utilizar o caixa para soluções. Atrasar capex possíveis e projetos não essenciais e, ao mesmo tempo, acelerar projetos essenciais voltados à inovação que possam ajudar a empresa no pós crise. Outro ponto importante em que os administradores devem atuar é na construção de cenários possíveis que a empresa poderá enfrentar, de acordo com o mercado e com mudanças no perfil e comportamento do consumidor, no meio e após a crise.

Broadcast: As empresas podem acabar deixando de lado boas práticas de governança em um período como esse?

Luz: Não há esse risco. A governança não pode ser atropelada pela crise, pois ela é justamente uma das maneiras pelas quais esse momento de incerteza pode ser superado. O papel do conselho é justamente estar próximo da diretoria executiva para a tomada de decisões.

Broadcast: De forma prática, como a governança ajuda nesse momento?

Luz: Existem setores que estão sofrendo inicialmente muito mais do que outros. O varejo, por exemplo, está tendo uma queda muito drástica em suas atividades. De toda a forma, a crise chegará para todos, de formas distintas. Diante da crise, é preciso agir de forma mais ativa e emergencial, de forma a identificar formas com que a crise possa ser vencida e isso é governança também. A empresa que possui uma governança mais madura possui um conselho ágil, que se reúne periodicamente e que possui diversidade de formação, de opiniões e de experiências. A companhia que possui essas características de governança saberá fazer uma boa gestão da crise e de seus impactos, pois terá os melhores processos e as melhores ideias, oriundas da diversidade de opiniões, para orientar sua tomada de decisões, sempre considerando os princípios éticos da governança.

Broadcast: O IBGC fez sua primeira assembleia online. Como o senhor avalia a experiência?

Luz: Foi a primeira assembleia virtual do País e consideramos um sucesso. Nossa Assembleia Geral Ordinária (AGO) teve participação recorde, com 45% da base de associados exercendo seu direito de voto - foram 1193 votos, o que demonstra engajamento e interesse. Percebemos, com isso, que o mecanismo que utilizamos foi assertivo. Durante a transmissão online, tivemos cerca de 150 associados participando ativamente, inclusive com perguntas pertinentes. Vale lembrar que o IBGC é uma organização sem fins lucrativos. Porém, mesmo se considerarmos as assembleias presenciais de companhias abertas, é raro ver tantos participantes presentes. Acreditamos que este é um exemplo para outras empresas e instituições, pois mostramos que é possível interagir e dialogar, a partir de uma dinâmica diferente e desafiadora.

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"A companhia que possui essas características de governança saberá fazer uma boa gestão da crise e de seus impactos, pois terá os melhores processos e as melhores ideias, oriundas da diversidade de opiniões, para orientar sua tomada de decisões, sempre considerando os princípios éticos da governança. A cidadania é o inverso do egoísmo ou dos interesses exclusivamente financeiros. Manter a governança ativa, recorrer a ela a todo o momento como apoiadora nesse processo para navegar pela tempestade é o mais importante", afirma, em entrevista ao Broadcast.

Na semana passada, o IBGC fez sua primeira assembleia com associados de forma virtual, diante do isolamento social para conter o contágio do vírus, novo contexto que tem trazido mudanças na forma de trabalhar em todo o mundo. A experiência deu certo: participaram 45% da base de associados. Mais de mil votaram na eleição, feita remotamente, e que elegeu o novo conselho da entidade. "Isso demonstra engajamento e interesse. Percebemos, com isso, que o mecanismo que utilizamos foi assertivo", afirma Luz. A assembleia do IBGC está sendo apontada como a primeira 100% online do Brasil e ocorre em um momento que as empresas de capital aberto estão preocupadas em como cumprir a obrigação de realização de assembleia com acionistas neste momento de quarentena.

Veja, abaixo, os principais trechos da entrevista:

Broadcast: Qual conselho o senhor daria às empresas que estão com dificuldade de arrumar a casa para conseguirem lidar com a crise?

Henrique Luz: O conselho que podemos dar é, em primeiro lugar, termos um espírito enorme de cidadania, de saber compreender tudo que estamos vivendo, colocando em primeiro lugar a saúde e o bem-estar das pessoas. No que toca aos aspectos de natureza financeira, preservando o caixa. Outro ponto é que a empresa esteja preparada com um bom conselho de administração. Experiente, diverso - com formações e experiências diversas, para que possam orientar e dar suporte à diretoria executiva na tomada de decisão. A cidadania é o inverso do egoísmo ou dos interesses exclusivamente financeiros. Manter a governança ativa, recorrer a ela a todo o momento como apoiadora nesse processo para navegar pela tempestade é o mais importante.

Broadcast: De que forma a governança corporativa se coloca como uma ferramenta importante para as empresas e investidores nesse momento?

Luz: Os desafios surgem exatamente nestes momentos de crise. E as principais questões que surgem, tanto em conselhos de administração, quanto na liderança executiva é como nossos funcionários e as pessoas ligadas à nossa organização, de alguma forma, estão sendo tratadas. Como está sua saúde e seu bem-estar. Neste sentido, os princípios da governança, que são transparência, equidade, responsabilidade corporativa e prestação de contas, são fundamentais e devem ser exercidos neste momento. Os princípios e as melhores práticas de governança corporativa são e estão sendo fundamentais para as empresas neste período desafiador.

Broadcast: E do lado financeiro?

Luz: Além das pessoas, agora é o momento dos administradores se debruçarem sobre o caixa e se precaverem de forma a utilizar o caixa para soluções. Atrasar capex possíveis e projetos não essenciais e, ao mesmo tempo, acelerar projetos essenciais voltados à inovação que possam ajudar a empresa no pós crise. Outro ponto importante em que os administradores devem atuar é na construção de cenários possíveis que a empresa poderá enfrentar, de acordo com o mercado e com mudanças no perfil e comportamento do consumidor, no meio e após a crise.

Broadcast: As empresas podem acabar deixando de lado boas práticas de governança em um período como esse?

Luz: Não há esse risco. A governança não pode ser atropelada pela crise, pois ela é justamente uma das maneiras pelas quais esse momento de incerteza pode ser superado. O papel do conselho é justamente estar próximo da diretoria executiva para a tomada de decisões.

Broadcast: De forma prática, como a governança ajuda nesse momento?

Luz: Existem setores que estão sofrendo inicialmente muito mais do que outros. O varejo, por exemplo, está tendo uma queda muito drástica em suas atividades. De toda a forma, a crise chegará para todos, de formas distintas. Diante da crise, é preciso agir de forma mais ativa e emergencial, de forma a identificar formas com que a crise possa ser vencida e isso é governança também. A empresa que possui uma governança mais madura possui um conselho ágil, que se reúne periodicamente e que possui diversidade de formação, de opiniões e de experiências. A companhia que possui essas características de governança saberá fazer uma boa gestão da crise e de seus impactos, pois terá os melhores processos e as melhores ideias, oriundas da diversidade de opiniões, para orientar sua tomada de decisões, sempre considerando os princípios éticos da governança.

Broadcast: O IBGC fez sua primeira assembleia online. Como o senhor avalia a experiência?

Luz: Foi a primeira assembleia virtual do País e consideramos um sucesso. Nossa Assembleia Geral Ordinária (AGO) teve participação recorde, com 45% da base de associados exercendo seu direito de voto - foram 1193 votos, o que demonstra engajamento e interesse. Percebemos, com isso, que o mecanismo que utilizamos foi assertivo. Durante a transmissão online, tivemos cerca de 150 associados participando ativamente, inclusive com perguntas pertinentes. Vale lembrar que o IBGC é uma organização sem fins lucrativos. Porém, mesmo se considerarmos as assembleias presenciais de companhias abertas, é raro ver tantos participantes presentes. Acreditamos que este é um exemplo para outras empresas e instituições, pois mostramos que é possível interagir e dialogar, a partir de uma dinâmica diferente e desafiadora.

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Foto: Divulgação/IBGC

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"A companhia que possui essas características de governança saberá fazer uma boa gestão da crise e de seus impactos, pois terá os melhores processos e as melhores ideias, oriundas da diversidade de opiniões, para orientar sua tomada de decisões, sempre considerando os princípios éticos da governança. A cidadania é o inverso do egoísmo ou dos interesses exclusivamente financeiros. Manter a governança ativa, recorrer a ela a todo o momento como apoiadora nesse processo para navegar pela tempestade é o mais importante", afirma, em entrevista ao Broadcast.

Na semana passada, o IBGC fez sua primeira assembleia com associados de forma virtual, diante do isolamento social para conter o contágio do vírus, novo contexto que tem trazido mudanças na forma de trabalhar em todo o mundo. A experiência deu certo: participaram 45% da base de associados. Mais de mil votaram na eleição, feita remotamente, e que elegeu o novo conselho da entidade. "Isso demonstra engajamento e interesse. Percebemos, com isso, que o mecanismo que utilizamos foi assertivo", afirma Luz. A assembleia do IBGC está sendo apontada como a primeira 100% online do Brasil e ocorre em um momento que as empresas de capital aberto estão preocupadas em como cumprir a obrigação de realização de assembleia com acionistas neste momento de quarentena.

Veja, abaixo, os principais trechos da entrevista:

Broadcast: Qual conselho o senhor daria às empresas que estão com dificuldade de arrumar a casa para conseguirem lidar com a crise?

Henrique Luz: O conselho que podemos dar é, em primeiro lugar, termos um espírito enorme de cidadania, de saber compreender tudo que estamos vivendo, colocando em primeiro lugar a saúde e o bem-estar das pessoas. No que toca aos aspectos de natureza financeira, preservando o caixa. Outro ponto é que a empresa esteja preparada com um bom conselho de administração. Experiente, diverso - com formações e experiências diversas, para que possam orientar e dar suporte à diretoria executiva na tomada de decisão. A cidadania é o inverso do egoísmo ou dos interesses exclusivamente financeiros. Manter a governança ativa, recorrer a ela a todo o momento como apoiadora nesse processo para navegar pela tempestade é o mais importante.

Broadcast: De que forma a governança corporativa se coloca como uma ferramenta importante para as empresas e investidores nesse momento?

Luz: Os desafios surgem exatamente nestes momentos de crise. E as principais questões que surgem, tanto em conselhos de administração, quanto na liderança executiva é como nossos funcionários e as pessoas ligadas à nossa organização, de alguma forma, estão sendo tratadas. Como está sua saúde e seu bem-estar. Neste sentido, os princípios da governança, que são transparência, equidade, responsabilidade corporativa e prestação de contas, são fundamentais e devem ser exercidos neste momento. Os princípios e as melhores práticas de governança corporativa são e estão sendo fundamentais para as empresas neste período desafiador.

Broadcast: E do lado financeiro?

Luz: Além das pessoas, agora é o momento dos administradores se debruçarem sobre o caixa e se precaverem de forma a utilizar o caixa para soluções. Atrasar capex possíveis e projetos não essenciais e, ao mesmo tempo, acelerar projetos essenciais voltados à inovação que possam ajudar a empresa no pós crise. Outro ponto importante em que os administradores devem atuar é na construção de cenários possíveis que a empresa poderá enfrentar, de acordo com o mercado e com mudanças no perfil e comportamento do consumidor, no meio e após a crise.

Broadcast: As empresas podem acabar deixando de lado boas práticas de governança em um período como esse?

Luz: Não há esse risco. A governança não pode ser atropelada pela crise, pois ela é justamente uma das maneiras pelas quais esse momento de incerteza pode ser superado. O papel do conselho é justamente estar próximo da diretoria executiva para a tomada de decisões.

Broadcast: De forma prática, como a governança ajuda nesse momento?

Luz: Existem setores que estão sofrendo inicialmente muito mais do que outros. O varejo, por exemplo, está tendo uma queda muito drástica em suas atividades. De toda a forma, a crise chegará para todos, de formas distintas. Diante da crise, é preciso agir de forma mais ativa e emergencial, de forma a identificar formas com que a crise possa ser vencida e isso é governança também. A empresa que possui uma governança mais madura possui um conselho ágil, que se reúne periodicamente e que possui diversidade de formação, de opiniões e de experiências. A companhia que possui essas características de governança saberá fazer uma boa gestão da crise e de seus impactos, pois terá os melhores processos e as melhores ideias, oriundas da diversidade de opiniões, para orientar sua tomada de decisões, sempre considerando os princípios éticos da governança.

Broadcast: O IBGC fez sua primeira assembleia online. Como o senhor avalia a experiência?

Luz: Foi a primeira assembleia virtual do País e consideramos um sucesso. Nossa Assembleia Geral Ordinária (AGO) teve participação recorde, com 45% da base de associados exercendo seu direito de voto - foram 1193 votos, o que demonstra engajamento e interesse. Percebemos, com isso, que o mecanismo que utilizamos foi assertivo. Durante a transmissão online, tivemos cerca de 150 associados participando ativamente, inclusive com perguntas pertinentes. Vale lembrar que o IBGC é uma organização sem fins lucrativos. Porém, mesmo se considerarmos as assembleias presenciais de companhias abertas, é raro ver tantos participantes presentes. Acreditamos que este é um exemplo para outras empresas e instituições, pois mostramos que é possível interagir e dialogar, a partir de uma dinâmica diferente e desafiadora.

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