Depois de se tornar líder global em consumo de cigarros contrabandeados, em termos de volume, o Brasil deve passar a Malásia em participação de mercado de tabaco ilegal, segundo a consultoria Oxford Economics. No ano passado, 57% dos cigarros fumados no País entraram ilegalmente e a estimativa é que cheguem a 60% até o fim do ano. Com esse cenário, a líder hoje é a paraguaia Eight, com 16% de participação de mercado, de acordo com o Ibope Inteligência. Ela é seguida de perto, na terceira posição, pela Gift, que tem 10% do total e também contrabandeada. Somadas, representam mais de um quarto do mercado. Aliás, no ranking das dez marcas de cigarros mais vendidas, quatro são do Paraguai - e o número de consumidores fiéis a esses produtos têm aumentado.
Fidelização. Pesquisa da Kantar disponibilizada para a Oxford, que será divulgada hoje, em Brasília, mostrou que o número de consumidores que se declaram leais às marcas ilegais triplicou em quatro anos. O estudo constatou que o índice de fumantes que se declaravam leais ao Gift aumentou de 2% em 2015 para 7,7% em 2019. Já a Eight, também ilegal, aumentou de 11,8% para 16,2% no mesmo período.
Empobrecimento duplo. Entre os motivos, está o empobrecimento da população com a crise econômica - principalmente as classes C, D e E - e a alta dos impostos. No Brasil, a taxação dos cigarros varia de 70% a 90%, dependendo do Estado. Já no Paraguai, o produto é taxado em 18%. Com isso, enquanto a média de preço dos cigarros fabricados por aqui é de R$ 7,51, o ilegal é vendido por R$ 3,44, menos da metade do produto legal.
Facada. Segundo o economista Marcos Casarin, autor do estudo da Oxford Economics, a curva do imposto saiu do ponto ótimo: a carga tributária ficou tão grande, que o Estado passou a arrecadar menos, foram criados menos empregos e estimulado o crime organizado. Por outro lado, o consumo não diminuiu, mas migrou para o comércio ilegal.
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