A decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual permitirá ao governo gastar R$ 721 milhões a menos com juros até a próxima reunião do colegiado, marcada para os dias 17 e 18 de janeiro. O número foi calculado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Caso a Selic permanecesse em 11,5% ao ano entre esta quinta-feira (1º) e a reunião de janeiro, o governo teria que pagar R$ 17,329 bilhões em juros aos seus credores. Agora que a taxa desceu para 11%, o custo será de R$ 16,608 bilhões.
No total, o governo gastou R$ 218 bilhões com juros desde o início do ano, segundo o Jurômetro, um sistema lançado pela Fiesp que atualiza permanentemente a estimativa de despesas públicas com compromissos da dívida. A entidade pretende colocar painéis na Avenida Paulista, em São Paulo, e na frente da sede do Banco Central, em Brasília, mostrando quanto o governo despende com juros.
Maior do mundo
A taxa real de juros (diferença entre a Selic e a inflação) do Brasil continua sendo a maior entre 40 países analisados pela Cruzeiro do Sul Corretora (veja gráfico abaixo). Com a decisão do Copom, o juro real desceu de 5,6% ao ano para 5,1%.
Para deixar de ser a maior do mundo, o BC teria que cortar a Selic em 3,5 ponto percentual, para 8% ao ano. Isso levaria o juro real a 2,3%, tornando-se o segundo maior do ranking, atrás do da Hungria, de 2,5%.
Considerando apenas a taxa nominal (a Selic), o Brasil é o segundo do ranking. Fica atrás da Venezuela, onde o juro básico é de 18,3% ao ano. Mas a taxa real do país vizinho é negativa em 7,4% por causa da inflação.