Com pandemia e crise política, real é a moeda que mais perdeu valor no mundo


Apenas em 2020, dólar já tem valorização de 45,64% ante o real; moeda brasileira possui desempenho pior que a de países como África do Sul e México

Por Fabrício de Castro

BRASÍLIA - A pandemia do novo coronavírus e a crise política no governo de Jair Bolsonaro colocaram o real numa posição incômoda em 2020: a de moeda que mais perdeu valor no mundo. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast com base em 43 moedas negociadas no mercado spot (à vista) de Forex (câmbio internacional) mostra que o dólar se valorizou 45,64% ante o real este ano, até a última sexta-feira, 15.

Na segunda colocação aparece o rand sul-africano (alta de 32,52% do dólar) e na terceira o peso mexicano (avanço de 26,77% da moeda americana).

A busca por ativos mais seguros em outros países estimula a fuga de dólares entre os emergentes. Foto: Bruno Domingos/Reuters
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A partir de março, com a intensificação da crise provocada pelo novo coronavírus, muitos países passaram a enfrentar um movimento de fuga de dólares. Isso foi percebido em especial entre os emergentes, onde investidores estrangeiros passaram a desfazer investimentos e remeter recursos a outros países.

Apenas em março, deixaram o Brasil US$ 14,9 bilhões pela via financeira. Em abril, foram mais US$ 6,8 bilhões. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.

O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nos últimos meses que a busca por ativos mais seguros em outros países acarretou a fuga de dólares entre os emergentes.

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Crise política

O real brasileiro, no entanto, acabou registrando desvalorização superior à de outras moedas de países emergentes. O ambiente político conturbado justifica isso.

Desde que a pandemia começou, o presidente da República, Jair Bolsonaro, dispensou dois ministros da Saúde: Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Além disso, promoveu troca no Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a saída de Sergio Moro do cargo. Moro era um dos principais alicerces do governo e, na esteira de sua saída, abriu-se a possibilidade de um processo de impeachment, caso haja denúncia da Procuradoria-Geral da República. O caso está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Nos últimos meses, também se intensificaram os atritos entre Bolsonaro e outras instâncias do poder, como o próprio STF. Para completar, o presidente vem defendendo o fim do isolamento social, para reaquecer a economia, na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde.

Este cenário político conturbado, na visão de analistas, é um dos motivos para que o real tenha perdido mais valor ante o dólar do que outras moedas de emergentes, como o peso argentino, o peso chileno, o peso uruguaio, a rupia indiana e o rublo russo.

"Isso tem a ver com o cenário político, principalmente. Já vinha se desenhando uma piora de crescimento antes da pandemia, mas agora temos uma deterioração do cenário político que mina a recuperação mais forte nos próximos anos", avalia o economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria. "A estabilidade fiscal no Brasil se tornou um evento menos provável.

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Na visão de Lavieri, a crise política no governo de Jair Bolsonaro coloca em dúvida inclusive o andamento das reformas econômicas, vistas como essenciais para o controle fiscal do País.

Selic e coronavírus

Além do risco político, a pressão sobre o câmbio brasileiro tem sido maior porque a pandemia pegou o País com a Selic (a taxa básica de juros) nos mínimos históricos - portanto, pouco atrativa para investidores especulativos. Atualmente em 3,00% ao ano, a taxa básica deve recuar mais 0,75 ponto porcentual em junho, conforme sinalizações do BC.

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"Os países que tiveram queda forte de juros passaram por isso lá atrás, após a crise de 2008", explica o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores Associados. "No Brasil, isso foi mais recente: veio com a grande recessão de 2015 e 2016 e, depois, com a melhora nas questões fiscais, com a reforma da Previdência."

Mauro explica que, neste cenário, houve saída do País de capital de portfólio, já que a Selic estava em níveis menores. No ano passado, o próprio BC descreveu este movimento, pontuando que parte do capital meramente especulativo estava deixando o Brasil.

A visão era de que, em 2020, com mais reformas econômicas e o andamento das privatizações, os recursos voltariam, só que em forma de Investimento Direto no País (IDP). O problema é que, no meio do caminho, surgiu a pandemia do novo coronavírus.

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"Paradoxalmente, a moeda flutuante e o bom nível de reservas internacionais deixam o Brasil em situação confortável", afirma Mauro. "O risco político tem peso importante, lamentavelmente, mas estamos em situação de grande nível de reservas."

BRASÍLIA - A pandemia do novo coronavírus e a crise política no governo de Jair Bolsonaro colocaram o real numa posição incômoda em 2020: a de moeda que mais perdeu valor no mundo. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast com base em 43 moedas negociadas no mercado spot (à vista) de Forex (câmbio internacional) mostra que o dólar se valorizou 45,64% ante o real este ano, até a última sexta-feira, 15.

Na segunda colocação aparece o rand sul-africano (alta de 32,52% do dólar) e na terceira o peso mexicano (avanço de 26,77% da moeda americana).

A busca por ativos mais seguros em outros países estimula a fuga de dólares entre os emergentes. Foto: Bruno Domingos/Reuters

A partir de março, com a intensificação da crise provocada pelo novo coronavírus, muitos países passaram a enfrentar um movimento de fuga de dólares. Isso foi percebido em especial entre os emergentes, onde investidores estrangeiros passaram a desfazer investimentos e remeter recursos a outros países.

Apenas em março, deixaram o Brasil US$ 14,9 bilhões pela via financeira. Em abril, foram mais US$ 6,8 bilhões. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.

O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nos últimos meses que a busca por ativos mais seguros em outros países acarretou a fuga de dólares entre os emergentes.

Crise política

O real brasileiro, no entanto, acabou registrando desvalorização superior à de outras moedas de países emergentes. O ambiente político conturbado justifica isso.

Desde que a pandemia começou, o presidente da República, Jair Bolsonaro, dispensou dois ministros da Saúde: Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Além disso, promoveu troca no Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a saída de Sergio Moro do cargo. Moro era um dos principais alicerces do governo e, na esteira de sua saída, abriu-se a possibilidade de um processo de impeachment, caso haja denúncia da Procuradoria-Geral da República. O caso está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos últimos meses, também se intensificaram os atritos entre Bolsonaro e outras instâncias do poder, como o próprio STF. Para completar, o presidente vem defendendo o fim do isolamento social, para reaquecer a economia, na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde.

Este cenário político conturbado, na visão de analistas, é um dos motivos para que o real tenha perdido mais valor ante o dólar do que outras moedas de emergentes, como o peso argentino, o peso chileno, o peso uruguaio, a rupia indiana e o rublo russo.

"Isso tem a ver com o cenário político, principalmente. Já vinha se desenhando uma piora de crescimento antes da pandemia, mas agora temos uma deterioração do cenário político que mina a recuperação mais forte nos próximos anos", avalia o economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria. "A estabilidade fiscal no Brasil se tornou um evento menos provável.

Na visão de Lavieri, a crise política no governo de Jair Bolsonaro coloca em dúvida inclusive o andamento das reformas econômicas, vistas como essenciais para o controle fiscal do País.

Selic e coronavírus

Além do risco político, a pressão sobre o câmbio brasileiro tem sido maior porque a pandemia pegou o País com a Selic (a taxa básica de juros) nos mínimos históricos - portanto, pouco atrativa para investidores especulativos. Atualmente em 3,00% ao ano, a taxa básica deve recuar mais 0,75 ponto porcentual em junho, conforme sinalizações do BC.

"Os países que tiveram queda forte de juros passaram por isso lá atrás, após a crise de 2008", explica o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores Associados. "No Brasil, isso foi mais recente: veio com a grande recessão de 2015 e 2016 e, depois, com a melhora nas questões fiscais, com a reforma da Previdência."

Mauro explica que, neste cenário, houve saída do País de capital de portfólio, já que a Selic estava em níveis menores. No ano passado, o próprio BC descreveu este movimento, pontuando que parte do capital meramente especulativo estava deixando o Brasil.

A visão era de que, em 2020, com mais reformas econômicas e o andamento das privatizações, os recursos voltariam, só que em forma de Investimento Direto no País (IDP). O problema é que, no meio do caminho, surgiu a pandemia do novo coronavírus.

"Paradoxalmente, a moeda flutuante e o bom nível de reservas internacionais deixam o Brasil em situação confortável", afirma Mauro. "O risco político tem peso importante, lamentavelmente, mas estamos em situação de grande nível de reservas."

BRASÍLIA - A pandemia do novo coronavírus e a crise política no governo de Jair Bolsonaro colocaram o real numa posição incômoda em 2020: a de moeda que mais perdeu valor no mundo. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast com base em 43 moedas negociadas no mercado spot (à vista) de Forex (câmbio internacional) mostra que o dólar se valorizou 45,64% ante o real este ano, até a última sexta-feira, 15.

Na segunda colocação aparece o rand sul-africano (alta de 32,52% do dólar) e na terceira o peso mexicano (avanço de 26,77% da moeda americana).

A busca por ativos mais seguros em outros países estimula a fuga de dólares entre os emergentes. Foto: Bruno Domingos/Reuters

A partir de março, com a intensificação da crise provocada pelo novo coronavírus, muitos países passaram a enfrentar um movimento de fuga de dólares. Isso foi percebido em especial entre os emergentes, onde investidores estrangeiros passaram a desfazer investimentos e remeter recursos a outros países.

Apenas em março, deixaram o Brasil US$ 14,9 bilhões pela via financeira. Em abril, foram mais US$ 6,8 bilhões. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.

O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nos últimos meses que a busca por ativos mais seguros em outros países acarretou a fuga de dólares entre os emergentes.

Crise política

O real brasileiro, no entanto, acabou registrando desvalorização superior à de outras moedas de países emergentes. O ambiente político conturbado justifica isso.

Desde que a pandemia começou, o presidente da República, Jair Bolsonaro, dispensou dois ministros da Saúde: Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Além disso, promoveu troca no Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a saída de Sergio Moro do cargo. Moro era um dos principais alicerces do governo e, na esteira de sua saída, abriu-se a possibilidade de um processo de impeachment, caso haja denúncia da Procuradoria-Geral da República. O caso está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos últimos meses, também se intensificaram os atritos entre Bolsonaro e outras instâncias do poder, como o próprio STF. Para completar, o presidente vem defendendo o fim do isolamento social, para reaquecer a economia, na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde.

Este cenário político conturbado, na visão de analistas, é um dos motivos para que o real tenha perdido mais valor ante o dólar do que outras moedas de emergentes, como o peso argentino, o peso chileno, o peso uruguaio, a rupia indiana e o rublo russo.

"Isso tem a ver com o cenário político, principalmente. Já vinha se desenhando uma piora de crescimento antes da pandemia, mas agora temos uma deterioração do cenário político que mina a recuperação mais forte nos próximos anos", avalia o economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria. "A estabilidade fiscal no Brasil se tornou um evento menos provável.

Na visão de Lavieri, a crise política no governo de Jair Bolsonaro coloca em dúvida inclusive o andamento das reformas econômicas, vistas como essenciais para o controle fiscal do País.

Selic e coronavírus

Além do risco político, a pressão sobre o câmbio brasileiro tem sido maior porque a pandemia pegou o País com a Selic (a taxa básica de juros) nos mínimos históricos - portanto, pouco atrativa para investidores especulativos. Atualmente em 3,00% ao ano, a taxa básica deve recuar mais 0,75 ponto porcentual em junho, conforme sinalizações do BC.

"Os países que tiveram queda forte de juros passaram por isso lá atrás, após a crise de 2008", explica o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores Associados. "No Brasil, isso foi mais recente: veio com a grande recessão de 2015 e 2016 e, depois, com a melhora nas questões fiscais, com a reforma da Previdência."

Mauro explica que, neste cenário, houve saída do País de capital de portfólio, já que a Selic estava em níveis menores. No ano passado, o próprio BC descreveu este movimento, pontuando que parte do capital meramente especulativo estava deixando o Brasil.

A visão era de que, em 2020, com mais reformas econômicas e o andamento das privatizações, os recursos voltariam, só que em forma de Investimento Direto no País (IDP). O problema é que, no meio do caminho, surgiu a pandemia do novo coronavírus.

"Paradoxalmente, a moeda flutuante e o bom nível de reservas internacionais deixam o Brasil em situação confortável", afirma Mauro. "O risco político tem peso importante, lamentavelmente, mas estamos em situação de grande nível de reservas."

BRASÍLIA - A pandemia do novo coronavírus e a crise política no governo de Jair Bolsonaro colocaram o real numa posição incômoda em 2020: a de moeda que mais perdeu valor no mundo. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast com base em 43 moedas negociadas no mercado spot (à vista) de Forex (câmbio internacional) mostra que o dólar se valorizou 45,64% ante o real este ano, até a última sexta-feira, 15.

Na segunda colocação aparece o rand sul-africano (alta de 32,52% do dólar) e na terceira o peso mexicano (avanço de 26,77% da moeda americana).

A busca por ativos mais seguros em outros países estimula a fuga de dólares entre os emergentes. Foto: Bruno Domingos/Reuters

A partir de março, com a intensificação da crise provocada pelo novo coronavírus, muitos países passaram a enfrentar um movimento de fuga de dólares. Isso foi percebido em especial entre os emergentes, onde investidores estrangeiros passaram a desfazer investimentos e remeter recursos a outros países.

Apenas em março, deixaram o Brasil US$ 14,9 bilhões pela via financeira. Em abril, foram mais US$ 6,8 bilhões. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.

O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nos últimos meses que a busca por ativos mais seguros em outros países acarretou a fuga de dólares entre os emergentes.

Crise política

O real brasileiro, no entanto, acabou registrando desvalorização superior à de outras moedas de países emergentes. O ambiente político conturbado justifica isso.

Desde que a pandemia começou, o presidente da República, Jair Bolsonaro, dispensou dois ministros da Saúde: Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Além disso, promoveu troca no Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a saída de Sergio Moro do cargo. Moro era um dos principais alicerces do governo e, na esteira de sua saída, abriu-se a possibilidade de um processo de impeachment, caso haja denúncia da Procuradoria-Geral da República. O caso está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

Nos últimos meses, também se intensificaram os atritos entre Bolsonaro e outras instâncias do poder, como o próprio STF. Para completar, o presidente vem defendendo o fim do isolamento social, para reaquecer a economia, na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde.

Este cenário político conturbado, na visão de analistas, é um dos motivos para que o real tenha perdido mais valor ante o dólar do que outras moedas de emergentes, como o peso argentino, o peso chileno, o peso uruguaio, a rupia indiana e o rublo russo.

"Isso tem a ver com o cenário político, principalmente. Já vinha se desenhando uma piora de crescimento antes da pandemia, mas agora temos uma deterioração do cenário político que mina a recuperação mais forte nos próximos anos", avalia o economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria. "A estabilidade fiscal no Brasil se tornou um evento menos provável.

Na visão de Lavieri, a crise política no governo de Jair Bolsonaro coloca em dúvida inclusive o andamento das reformas econômicas, vistas como essenciais para o controle fiscal do País.

Selic e coronavírus

Além do risco político, a pressão sobre o câmbio brasileiro tem sido maior porque a pandemia pegou o País com a Selic (a taxa básica de juros) nos mínimos históricos - portanto, pouco atrativa para investidores especulativos. Atualmente em 3,00% ao ano, a taxa básica deve recuar mais 0,75 ponto porcentual em junho, conforme sinalizações do BC.

"Os países que tiveram queda forte de juros passaram por isso lá atrás, após a crise de 2008", explica o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores Associados. "No Brasil, isso foi mais recente: veio com a grande recessão de 2015 e 2016 e, depois, com a melhora nas questões fiscais, com a reforma da Previdência."

Mauro explica que, neste cenário, houve saída do País de capital de portfólio, já que a Selic estava em níveis menores. No ano passado, o próprio BC descreveu este movimento, pontuando que parte do capital meramente especulativo estava deixando o Brasil.

A visão era de que, em 2020, com mais reformas econômicas e o andamento das privatizações, os recursos voltariam, só que em forma de Investimento Direto no País (IDP). O problema é que, no meio do caminho, surgiu a pandemia do novo coronavírus.

"Paradoxalmente, a moeda flutuante e o bom nível de reservas internacionais deixam o Brasil em situação confortável", afirma Mauro. "O risco político tem peso importante, lamentavelmente, mas estamos em situação de grande nível de reservas."

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