A Comgás, distribuidora de gás que atende o Estado de São Paulo, aumentou o volume de gás natural adquirido da Petrobras depois que a estatal boliviana YPFB decidiu cortar o envio de 600 mil metros cúbicos diários do combustível para a empresa. De acordo com o diretor de Grandes Consumidores e GNV (gás para automóveis), Sérgio Luiz da Silva, todos os clientes continuarão a ser atendidos e a expectativa é de que a entrega de gás seja regularizada em meados de setembro. "O contrato está suspenso desde 1o de setembro, e mesmo ao longo do mês passado já tivemos interrupções de fornecimento e ninguém ficou sem gás", disse Silva à Reuters nesta quarta-feira. O contrato entre a YPFB e um dos controladores da Comgas, BG, corresponde a 5 por cento de todo o gás adqurido pela distribuidora paulista. A empresa compra 75 por cento do que revende por meio de outro contrato, também de gás boliviano, porém firmado com a Petrobras. O restante é suprido pelo gás nacional, produzido pela Petrobras. A Bolívia informou na sexta-feira que cortou o envio de gás natural para a usina termelétrica Mário Covas, em Cuiabá, Mato Grosso, e reduziu o fornecimento à Argentina, depois que a Petrobras fez valer direitos de um contrato assinado em 1999 e solicitou o aumento do envio --antes em cerca de 26,5 milhões de metros cúbicos diários-- para o limite do contrato, ou 30 milhões de metros cúbicos diários. Apesar de não informado pelo governo boliviano, o corte no contrato com a BG deve ter sido realizado na mesma oportunidade. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, o pedido da Petrobras teve por finalidade a realização de testes solicitados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para verificar quantas usinas térmicas podem ser despachadas com o gás boliviano. O diretor da Comgás afirmou que os mais de 600 mil clientes da companhia --entre eles cerca de 900 grandes consumidores-- não terão problemas de abastecimento porque se trata de uma suspensão temporária. "É um volume importante, mas não vai afetar as necessidades atuais do mercado", explicou.
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