Os emergentes estão passando pelo clássico contágio financeiro da crise do euro e dependem da estabilização dos mercados na Europa e Estados Unidos para conseguirem retornar à normalidade, avalia o estrategista-chefe de emergentes do HSBC, Philip Poole. "Enquanto os principais mercados não se estabilizarem, fica difícil argumentar que a aversão ao risco vai acabar", afirmou à Agência Estado. O próximo ponto, avalia, é saber se os emergentes também sofrerão o impacto da turbulência europeia pelo canal das exportações e da economia real. No momento, ele não vê isso acontecendo, mas os desdobramentos dependerão da duração da instabilidade externa. O clima de incerteza prejudica a tomada de decisões para investimentos e a confiança do consumidor. "Não vejo o impacto na economia real como algo já certo, no entanto os riscos estão crescendo", disse. Para o Brasil, avalia o estrategista do HSBC, o maior desafio do momento é combater a inflação, algo que deve ser facilitado pela queda do preço das commodities. Segundo ele, o País tem como vantagem a diversificação geográfica das exportações, com menor dependência da Europa. O prolongamento do estresse sobre o euro tende a elevar ainda mais o custo do dinheiro no mercado interbancário internacional e a encarecer o crédito. "A crise pode reduzir a disponibilidade e aumentar o custo do crédito, o que é transmitido para a economia real." Poole acredita que, para a confiança retornar, os investidores querem ver coordenação política na Europa, algo que está em falta. Na semana passada, a decisão da Alemanha de proibir unilateralmente as operações de venda a descoberto representou susto para os mercados. A medida explicitou a desarticulação do bloco num momento delicado, exatamente quando o consenso se faz mais necessário.
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