Desânimo na Petrobrás


Recuo é visto como dano incomensurável no planejamento estratégico

Por Fernando Dantas
Atualização:

Quando Pedro Parente adentrou anteontem à reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, a primeira com sua nova formação, para anunciar a decisão de reduzir o preço do diesel, cedendo à pressão dos caminhoneiros, a reação foi de estupefação. Dos conselheiros presentes, apenas dois se manifestaram a favor da decisão de Parente, incluindo o representante dos funcionários. A maioria se disse claramente contrária.

Antes da decisão fatídica, um conselheiro chegou a dizer que a mudança da política de preços só seria feita “sobre o meu cadáver” (a decisão, na verdade, cabe à diretoria executiva, e Parente comunicou-a ao conselho por cortesia). 

Discutiram-se no conselho alternativas como, por exemplo, permitir que caminhoneiros antecipassem compras em momentos de preços baixos do diesel, só pagando à medida que fossem de fato consumindo o combustível – uma forma de fazer “hedge” contra as oscilações do preço que, de fato, podem trazer grandes prejuízos, já que os contratos de frete não têm como variar na mesma frequência.

continua após a publicidade

A reação do staff gerencial e executivo da Petrobrás – fora do pequeno círculo no topo que tomou a decisão sobre o diesel – também foi péssima. O recuo na política de preços é visto como um dano incomensurável no planejamento estratégico da empresa.

O prejuízo em si com a redução e o congelamento do preço do diesel por 15 dias, estimado em R$ 350 milhões, e mesmo a enorme perda de valor de mercado com a queda do preço das ações, são vistos como problemas menores do que a perda de credibilidade e reputação.

A visão é de que a decisão sobre o diesel traz o risco de descarrilar o projeto “Poetas” de venda do controle (60%) das refinarias e infraestrutura no Sul, Norte e Nordeste (a Petrobrás seguiria como minoritária e, como o grosso do refino é na Região Sudeste, ainda ficaria com 70% do volume refinado).  A ideia é criar um mercado privado de refinarias no Brasil, acabando com o monopólio da Petrobrás no setor, que é visto como um ônus para a estatal em termos de rentabilidade e de risco. 

continua após a publicidade

O típico exemplo de risco é a própria greve dos caminhoneiros, que sabem ser muito mais fácil pressionar uma estatal, sujeita à interferência direta do Executivo e indireta do Legislativo, do que empresas privadas. No passado recente, a Petrobrás chegou a vender combustíveis com prejuízo estimado em R$ 40 bilhões. 

Adicionalmente, a Petrobrás gostaria de concentrar seus investimentos, restringidos pela necessidade de a empresa se desalavancar, na área de exploração e produção, muito mais lucrativa e na qual a estatal está na fronteira e é altamente competitiva.

Agora, porém, há a percepção de que o recuo no diesel coloca em sério risco o o projeto das refinarias. Empresas multinacionais vão pensar duas vezes antes de comprar o controle de refinarias no Brasil, quando se sabe que o governo pode impor uma política de preços à Petrobrás que a qualquer momento pode desequilibrar todo o mercado.

continua após a publicidade

A venda das refinarias é uma das partes mais importantes do processo maior de realinhamento do portfólio e de desalavancagem contidos no atual plano estratégico da Petrobrás. Agora, toda essa grande mudança para melhor da estatal pode ficar em xeque, segundo algumas análises.

Outra preocupação é com o selo “Destaque Estatais” da B3 (empresa resultante da fusão da Bovespa, BM&F e Cetip), conquistado a duras penas no ano passado, num processo que envolveu várias mudanças no estatuto social. O impacto da perda desse selo seria péssimo, por exemplo, com os chamados fundos de investimento ESG (Environment, Sustainability and Governance), vários deles de países escandinavos e do norte europeu. 

Não há dúvida de que a reação inicial do grande grupo de apoiadores entusiásticos de Parente dentro da Petrobrás é de apreensão e desânimo. 

continua após a publicidade

COLUNISTA DO BROADCAST E CONSULTOR DO IBRE/FGV

Quando Pedro Parente adentrou anteontem à reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, a primeira com sua nova formação, para anunciar a decisão de reduzir o preço do diesel, cedendo à pressão dos caminhoneiros, a reação foi de estupefação. Dos conselheiros presentes, apenas dois se manifestaram a favor da decisão de Parente, incluindo o representante dos funcionários. A maioria se disse claramente contrária.

Antes da decisão fatídica, um conselheiro chegou a dizer que a mudança da política de preços só seria feita “sobre o meu cadáver” (a decisão, na verdade, cabe à diretoria executiva, e Parente comunicou-a ao conselho por cortesia). 

Discutiram-se no conselho alternativas como, por exemplo, permitir que caminhoneiros antecipassem compras em momentos de preços baixos do diesel, só pagando à medida que fossem de fato consumindo o combustível – uma forma de fazer “hedge” contra as oscilações do preço que, de fato, podem trazer grandes prejuízos, já que os contratos de frete não têm como variar na mesma frequência.

A reação do staff gerencial e executivo da Petrobrás – fora do pequeno círculo no topo que tomou a decisão sobre o diesel – também foi péssima. O recuo na política de preços é visto como um dano incomensurável no planejamento estratégico da empresa.

O prejuízo em si com a redução e o congelamento do preço do diesel por 15 dias, estimado em R$ 350 milhões, e mesmo a enorme perda de valor de mercado com a queda do preço das ações, são vistos como problemas menores do que a perda de credibilidade e reputação.

A visão é de que a decisão sobre o diesel traz o risco de descarrilar o projeto “Poetas” de venda do controle (60%) das refinarias e infraestrutura no Sul, Norte e Nordeste (a Petrobrás seguiria como minoritária e, como o grosso do refino é na Região Sudeste, ainda ficaria com 70% do volume refinado).  A ideia é criar um mercado privado de refinarias no Brasil, acabando com o monopólio da Petrobrás no setor, que é visto como um ônus para a estatal em termos de rentabilidade e de risco. 

O típico exemplo de risco é a própria greve dos caminhoneiros, que sabem ser muito mais fácil pressionar uma estatal, sujeita à interferência direta do Executivo e indireta do Legislativo, do que empresas privadas. No passado recente, a Petrobrás chegou a vender combustíveis com prejuízo estimado em R$ 40 bilhões. 

Adicionalmente, a Petrobrás gostaria de concentrar seus investimentos, restringidos pela necessidade de a empresa se desalavancar, na área de exploração e produção, muito mais lucrativa e na qual a estatal está na fronteira e é altamente competitiva.

Agora, porém, há a percepção de que o recuo no diesel coloca em sério risco o o projeto das refinarias. Empresas multinacionais vão pensar duas vezes antes de comprar o controle de refinarias no Brasil, quando se sabe que o governo pode impor uma política de preços à Petrobrás que a qualquer momento pode desequilibrar todo o mercado.

A venda das refinarias é uma das partes mais importantes do processo maior de realinhamento do portfólio e de desalavancagem contidos no atual plano estratégico da Petrobrás. Agora, toda essa grande mudança para melhor da estatal pode ficar em xeque, segundo algumas análises.

Outra preocupação é com o selo “Destaque Estatais” da B3 (empresa resultante da fusão da Bovespa, BM&F e Cetip), conquistado a duras penas no ano passado, num processo que envolveu várias mudanças no estatuto social. O impacto da perda desse selo seria péssimo, por exemplo, com os chamados fundos de investimento ESG (Environment, Sustainability and Governance), vários deles de países escandinavos e do norte europeu. 

Não há dúvida de que a reação inicial do grande grupo de apoiadores entusiásticos de Parente dentro da Petrobrás é de apreensão e desânimo. 

COLUNISTA DO BROADCAST E CONSULTOR DO IBRE/FGV

Quando Pedro Parente adentrou anteontem à reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, a primeira com sua nova formação, para anunciar a decisão de reduzir o preço do diesel, cedendo à pressão dos caminhoneiros, a reação foi de estupefação. Dos conselheiros presentes, apenas dois se manifestaram a favor da decisão de Parente, incluindo o representante dos funcionários. A maioria se disse claramente contrária.

Antes da decisão fatídica, um conselheiro chegou a dizer que a mudança da política de preços só seria feita “sobre o meu cadáver” (a decisão, na verdade, cabe à diretoria executiva, e Parente comunicou-a ao conselho por cortesia). 

Discutiram-se no conselho alternativas como, por exemplo, permitir que caminhoneiros antecipassem compras em momentos de preços baixos do diesel, só pagando à medida que fossem de fato consumindo o combustível – uma forma de fazer “hedge” contra as oscilações do preço que, de fato, podem trazer grandes prejuízos, já que os contratos de frete não têm como variar na mesma frequência.

A reação do staff gerencial e executivo da Petrobrás – fora do pequeno círculo no topo que tomou a decisão sobre o diesel – também foi péssima. O recuo na política de preços é visto como um dano incomensurável no planejamento estratégico da empresa.

O prejuízo em si com a redução e o congelamento do preço do diesel por 15 dias, estimado em R$ 350 milhões, e mesmo a enorme perda de valor de mercado com a queda do preço das ações, são vistos como problemas menores do que a perda de credibilidade e reputação.

A visão é de que a decisão sobre o diesel traz o risco de descarrilar o projeto “Poetas” de venda do controle (60%) das refinarias e infraestrutura no Sul, Norte e Nordeste (a Petrobrás seguiria como minoritária e, como o grosso do refino é na Região Sudeste, ainda ficaria com 70% do volume refinado).  A ideia é criar um mercado privado de refinarias no Brasil, acabando com o monopólio da Petrobrás no setor, que é visto como um ônus para a estatal em termos de rentabilidade e de risco. 

O típico exemplo de risco é a própria greve dos caminhoneiros, que sabem ser muito mais fácil pressionar uma estatal, sujeita à interferência direta do Executivo e indireta do Legislativo, do que empresas privadas. No passado recente, a Petrobrás chegou a vender combustíveis com prejuízo estimado em R$ 40 bilhões. 

Adicionalmente, a Petrobrás gostaria de concentrar seus investimentos, restringidos pela necessidade de a empresa se desalavancar, na área de exploração e produção, muito mais lucrativa e na qual a estatal está na fronteira e é altamente competitiva.

Agora, porém, há a percepção de que o recuo no diesel coloca em sério risco o o projeto das refinarias. Empresas multinacionais vão pensar duas vezes antes de comprar o controle de refinarias no Brasil, quando se sabe que o governo pode impor uma política de preços à Petrobrás que a qualquer momento pode desequilibrar todo o mercado.

A venda das refinarias é uma das partes mais importantes do processo maior de realinhamento do portfólio e de desalavancagem contidos no atual plano estratégico da Petrobrás. Agora, toda essa grande mudança para melhor da estatal pode ficar em xeque, segundo algumas análises.

Outra preocupação é com o selo “Destaque Estatais” da B3 (empresa resultante da fusão da Bovespa, BM&F e Cetip), conquistado a duras penas no ano passado, num processo que envolveu várias mudanças no estatuto social. O impacto da perda desse selo seria péssimo, por exemplo, com os chamados fundos de investimento ESG (Environment, Sustainability and Governance), vários deles de países escandinavos e do norte europeu. 

Não há dúvida de que a reação inicial do grande grupo de apoiadores entusiásticos de Parente dentro da Petrobrás é de apreensão e desânimo. 

COLUNISTA DO BROADCAST E CONSULTOR DO IBRE/FGV

Quando Pedro Parente adentrou anteontem à reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, a primeira com sua nova formação, para anunciar a decisão de reduzir o preço do diesel, cedendo à pressão dos caminhoneiros, a reação foi de estupefação. Dos conselheiros presentes, apenas dois se manifestaram a favor da decisão de Parente, incluindo o representante dos funcionários. A maioria se disse claramente contrária.

Antes da decisão fatídica, um conselheiro chegou a dizer que a mudança da política de preços só seria feita “sobre o meu cadáver” (a decisão, na verdade, cabe à diretoria executiva, e Parente comunicou-a ao conselho por cortesia). 

Discutiram-se no conselho alternativas como, por exemplo, permitir que caminhoneiros antecipassem compras em momentos de preços baixos do diesel, só pagando à medida que fossem de fato consumindo o combustível – uma forma de fazer “hedge” contra as oscilações do preço que, de fato, podem trazer grandes prejuízos, já que os contratos de frete não têm como variar na mesma frequência.

A reação do staff gerencial e executivo da Petrobrás – fora do pequeno círculo no topo que tomou a decisão sobre o diesel – também foi péssima. O recuo na política de preços é visto como um dano incomensurável no planejamento estratégico da empresa.

O prejuízo em si com a redução e o congelamento do preço do diesel por 15 dias, estimado em R$ 350 milhões, e mesmo a enorme perda de valor de mercado com a queda do preço das ações, são vistos como problemas menores do que a perda de credibilidade e reputação.

A visão é de que a decisão sobre o diesel traz o risco de descarrilar o projeto “Poetas” de venda do controle (60%) das refinarias e infraestrutura no Sul, Norte e Nordeste (a Petrobrás seguiria como minoritária e, como o grosso do refino é na Região Sudeste, ainda ficaria com 70% do volume refinado).  A ideia é criar um mercado privado de refinarias no Brasil, acabando com o monopólio da Petrobrás no setor, que é visto como um ônus para a estatal em termos de rentabilidade e de risco. 

O típico exemplo de risco é a própria greve dos caminhoneiros, que sabem ser muito mais fácil pressionar uma estatal, sujeita à interferência direta do Executivo e indireta do Legislativo, do que empresas privadas. No passado recente, a Petrobrás chegou a vender combustíveis com prejuízo estimado em R$ 40 bilhões. 

Adicionalmente, a Petrobrás gostaria de concentrar seus investimentos, restringidos pela necessidade de a empresa se desalavancar, na área de exploração e produção, muito mais lucrativa e na qual a estatal está na fronteira e é altamente competitiva.

Agora, porém, há a percepção de que o recuo no diesel coloca em sério risco o o projeto das refinarias. Empresas multinacionais vão pensar duas vezes antes de comprar o controle de refinarias no Brasil, quando se sabe que o governo pode impor uma política de preços à Petrobrás que a qualquer momento pode desequilibrar todo o mercado.

A venda das refinarias é uma das partes mais importantes do processo maior de realinhamento do portfólio e de desalavancagem contidos no atual plano estratégico da Petrobrás. Agora, toda essa grande mudança para melhor da estatal pode ficar em xeque, segundo algumas análises.

Outra preocupação é com o selo “Destaque Estatais” da B3 (empresa resultante da fusão da Bovespa, BM&F e Cetip), conquistado a duras penas no ano passado, num processo que envolveu várias mudanças no estatuto social. O impacto da perda desse selo seria péssimo, por exemplo, com os chamados fundos de investimento ESG (Environment, Sustainability and Governance), vários deles de países escandinavos e do norte europeu. 

Não há dúvida de que a reação inicial do grande grupo de apoiadores entusiásticos de Parente dentro da Petrobrás é de apreensão e desânimo. 

COLUNISTA DO BROADCAST E CONSULTOR DO IBRE/FGV

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.