Desastre da economia levará muito tempo para ser consertado


Um governo que cria uma crise por dia terá enorme dificuldade para colocar a atividade econômica nos trilhos

Por Alexandre Calais

Se fosse um boletim escolar, seria muito embaraçoso levar para casa, para mostrar aos pais, o PIB brasileiro do primeiro trimestre. Praticamente só tem nota vermelha. Um azulzinho ou outro, como na agropecuária, que ainda se salvou em meio ao caos, subindo 0,6%, ou no consumo do governo, que teve alta de 0,2%. A indústria caiu 1,4%, os serviços tiveram queda de 1,6%, o consumo das famílias recuou 2%. Em suma, foi um desastre. E a pandemia do novo coronavírus ainda nem tinha dado as caras direito...

No segundo trimestre, esse dado certamente será bem pior. Já temos visto isso nos índices de atividade econômica relativos a abril – como  a inimaginável queda de 99,3% na produção de automóveis. E, para o ano, as projeções também são catastróficas. Tudo parece ainda muito mais uma tentativa de adivinhação, porque o cenário não está claro pra ninguém. Mas uma queda no PIB até superior a 10% está no radar. O que seria bem mais que a perda acumulada na recessão de 2014/2016. Usando a imagem do ano escolar, nem adiantaria estudar muito e tirar boas notas no segundo semestre. O ano já está perdido.

O que é necessário fazer agora é tentar encontrar caminhos para que, quando a pandemia deixar que as atividades voltem razoavelmente à normalidade, haja a recuperação mais rápida possível. Mas alguém acredita que isso será fácil  com esse governo que insiste em criar uma crise por dia, e às vezes até mais de uma?

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Funcionário da Scania em São Bernardo do Campo na retomada da produção após um mês de paralisação por causa da pandemia. Foto: Taba Benedicto/Estadão - 29/4/2020

A receita apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no início do governo, não prosperou. Quase um ano e meio após a posse de Jair Bolsonaro, o grande avanço foi a reforma da Previdência – nesse caso, muito mais mérito do Congresso que do Executivo. A reforma administrativa foi barrada pelo próprio presidente, receoso de comprar briga com o funcionalismo público. A reforma tributária, ninguém sabe, ninguém viu. As privatizações não aconteceram, tampouco as concessões.

O Brasil se vê às voltas com três crises simultâneas – de saúde, política e econômica – e demonstra praticamente nenhuma capacidade de lidar com elas. Parece que nós mesmos cavamos um buraco enorme e pulamos dentro dele sem levar as escadas. Agora, vamos ter de dar um jeito de sair. Mas, pelo jeito, vai ser um percurso longo e acidentado.

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*Editor de Economia do Estadão

Se fosse um boletim escolar, seria muito embaraçoso levar para casa, para mostrar aos pais, o PIB brasileiro do primeiro trimestre. Praticamente só tem nota vermelha. Um azulzinho ou outro, como na agropecuária, que ainda se salvou em meio ao caos, subindo 0,6%, ou no consumo do governo, que teve alta de 0,2%. A indústria caiu 1,4%, os serviços tiveram queda de 1,6%, o consumo das famílias recuou 2%. Em suma, foi um desastre. E a pandemia do novo coronavírus ainda nem tinha dado as caras direito...

No segundo trimestre, esse dado certamente será bem pior. Já temos visto isso nos índices de atividade econômica relativos a abril – como  a inimaginável queda de 99,3% na produção de automóveis. E, para o ano, as projeções também são catastróficas. Tudo parece ainda muito mais uma tentativa de adivinhação, porque o cenário não está claro pra ninguém. Mas uma queda no PIB até superior a 10% está no radar. O que seria bem mais que a perda acumulada na recessão de 2014/2016. Usando a imagem do ano escolar, nem adiantaria estudar muito e tirar boas notas no segundo semestre. O ano já está perdido.

O que é necessário fazer agora é tentar encontrar caminhos para que, quando a pandemia deixar que as atividades voltem razoavelmente à normalidade, haja a recuperação mais rápida possível. Mas alguém acredita que isso será fácil  com esse governo que insiste em criar uma crise por dia, e às vezes até mais de uma?

Funcionário da Scania em São Bernardo do Campo na retomada da produção após um mês de paralisação por causa da pandemia. Foto: Taba Benedicto/Estadão - 29/4/2020

A receita apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no início do governo, não prosperou. Quase um ano e meio após a posse de Jair Bolsonaro, o grande avanço foi a reforma da Previdência – nesse caso, muito mais mérito do Congresso que do Executivo. A reforma administrativa foi barrada pelo próprio presidente, receoso de comprar briga com o funcionalismo público. A reforma tributária, ninguém sabe, ninguém viu. As privatizações não aconteceram, tampouco as concessões.

O Brasil se vê às voltas com três crises simultâneas – de saúde, política e econômica – e demonstra praticamente nenhuma capacidade de lidar com elas. Parece que nós mesmos cavamos um buraco enorme e pulamos dentro dele sem levar as escadas. Agora, vamos ter de dar um jeito de sair. Mas, pelo jeito, vai ser um percurso longo e acidentado.

*Editor de Economia do Estadão

Se fosse um boletim escolar, seria muito embaraçoso levar para casa, para mostrar aos pais, o PIB brasileiro do primeiro trimestre. Praticamente só tem nota vermelha. Um azulzinho ou outro, como na agropecuária, que ainda se salvou em meio ao caos, subindo 0,6%, ou no consumo do governo, que teve alta de 0,2%. A indústria caiu 1,4%, os serviços tiveram queda de 1,6%, o consumo das famílias recuou 2%. Em suma, foi um desastre. E a pandemia do novo coronavírus ainda nem tinha dado as caras direito...

No segundo trimestre, esse dado certamente será bem pior. Já temos visto isso nos índices de atividade econômica relativos a abril – como  a inimaginável queda de 99,3% na produção de automóveis. E, para o ano, as projeções também são catastróficas. Tudo parece ainda muito mais uma tentativa de adivinhação, porque o cenário não está claro pra ninguém. Mas uma queda no PIB até superior a 10% está no radar. O que seria bem mais que a perda acumulada na recessão de 2014/2016. Usando a imagem do ano escolar, nem adiantaria estudar muito e tirar boas notas no segundo semestre. O ano já está perdido.

O que é necessário fazer agora é tentar encontrar caminhos para que, quando a pandemia deixar que as atividades voltem razoavelmente à normalidade, haja a recuperação mais rápida possível. Mas alguém acredita que isso será fácil  com esse governo que insiste em criar uma crise por dia, e às vezes até mais de uma?

Funcionário da Scania em São Bernardo do Campo na retomada da produção após um mês de paralisação por causa da pandemia. Foto: Taba Benedicto/Estadão - 29/4/2020

A receita apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no início do governo, não prosperou. Quase um ano e meio após a posse de Jair Bolsonaro, o grande avanço foi a reforma da Previdência – nesse caso, muito mais mérito do Congresso que do Executivo. A reforma administrativa foi barrada pelo próprio presidente, receoso de comprar briga com o funcionalismo público. A reforma tributária, ninguém sabe, ninguém viu. As privatizações não aconteceram, tampouco as concessões.

O Brasil se vê às voltas com três crises simultâneas – de saúde, política e econômica – e demonstra praticamente nenhuma capacidade de lidar com elas. Parece que nós mesmos cavamos um buraco enorme e pulamos dentro dele sem levar as escadas. Agora, vamos ter de dar um jeito de sair. Mas, pelo jeito, vai ser um percurso longo e acidentado.

*Editor de Economia do Estadão

Se fosse um boletim escolar, seria muito embaraçoso levar para casa, para mostrar aos pais, o PIB brasileiro do primeiro trimestre. Praticamente só tem nota vermelha. Um azulzinho ou outro, como na agropecuária, que ainda se salvou em meio ao caos, subindo 0,6%, ou no consumo do governo, que teve alta de 0,2%. A indústria caiu 1,4%, os serviços tiveram queda de 1,6%, o consumo das famílias recuou 2%. Em suma, foi um desastre. E a pandemia do novo coronavírus ainda nem tinha dado as caras direito...

No segundo trimestre, esse dado certamente será bem pior. Já temos visto isso nos índices de atividade econômica relativos a abril – como  a inimaginável queda de 99,3% na produção de automóveis. E, para o ano, as projeções também são catastróficas. Tudo parece ainda muito mais uma tentativa de adivinhação, porque o cenário não está claro pra ninguém. Mas uma queda no PIB até superior a 10% está no radar. O que seria bem mais que a perda acumulada na recessão de 2014/2016. Usando a imagem do ano escolar, nem adiantaria estudar muito e tirar boas notas no segundo semestre. O ano já está perdido.

O que é necessário fazer agora é tentar encontrar caminhos para que, quando a pandemia deixar que as atividades voltem razoavelmente à normalidade, haja a recuperação mais rápida possível. Mas alguém acredita que isso será fácil  com esse governo que insiste em criar uma crise por dia, e às vezes até mais de uma?

Funcionário da Scania em São Bernardo do Campo na retomada da produção após um mês de paralisação por causa da pandemia. Foto: Taba Benedicto/Estadão - 29/4/2020

A receita apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no início do governo, não prosperou. Quase um ano e meio após a posse de Jair Bolsonaro, o grande avanço foi a reforma da Previdência – nesse caso, muito mais mérito do Congresso que do Executivo. A reforma administrativa foi barrada pelo próprio presidente, receoso de comprar briga com o funcionalismo público. A reforma tributária, ninguém sabe, ninguém viu. As privatizações não aconteceram, tampouco as concessões.

O Brasil se vê às voltas com três crises simultâneas – de saúde, política e econômica – e demonstra praticamente nenhuma capacidade de lidar com elas. Parece que nós mesmos cavamos um buraco enorme e pulamos dentro dele sem levar as escadas. Agora, vamos ter de dar um jeito de sair. Mas, pelo jeito, vai ser um percurso longo e acidentado.

*Editor de Economia do Estadão

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