Eleições e economia preocupam mercado financeiro internacional


Por Agencia Estado

Analistas do mercado financeiro internacional que participaram hoje de um seminário sobre mercados emergentes promovido pela agência de classificação de risco Fitch demonstraram grande pessimismo em relação ao Brasil. Desconsiderando-se a Argentina, apenas a Turquia empatou com a economia brasileira nas avaliações negativas que surgiram no evento. Em contraste, países como a Rússia, os do sudeste asiático e o México receberam análises bem mais favoráveis. "Esse pessimismo com o Brasil chegou a surpreender", disse o diretor para títulos soberanos da Fitch, Roger Scher. Segundo os participantes, a enorme cautela em relação ao Brasil é explicada por dois fatores, que estão relacionados entre si. O primeiro é a incerteza com as eleições presidenciais cujos temores não se limitam a uma eventual vitória de Lula. Além disso , a economia continua apresentando muita vulnerabilidade, com grande dependência de recursos externos. Todos reconhecem que houve melhoras, com a necessidade financiamento externo caindo de US$ 70 bilhões em 1999 para menos de US$ 50 bilhões neste ano. Mas as fracas perspectivas de crescimento do PIB, a necessidade de se manter as taxas de juros elevadas para conter a inflação e a perspectiva de uma redução dos influxos de capitais externos preocupam os analistas. Dependência estrutural Durante o seminário da Fitch, o economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que a debilidade fundamental da economia brasileira é a sua limitada capacidade de gerar dólares, de uma forma sustentável, como por exemplo por meio das exportações. "Nesse aspecto, o País tem uma situação muito parecida com a Argentina e contrasta com o México, que ao longo dos últimos anos fortaleceu-se com o acordo do Nafta", disse. "Isso criou uma dependência estrutural da economia brasileira do financiamento externo e de uma política monetária rigorosa." Menos investimentos estrangeiros Lubin alertou que uma escassez dos fluxos de capitais para os emergentes, principalmente por meio dos investimentos diretos estrangeiros (IDE) poderia ter sérias implicações para a economia brasileira. E, segundo ele, essa redução dos fluxos poderá ocorrer nos próximos meses. "Há uma forte possibilidade de os Estados Unidos terem, a partir de agora, de iniciar o ajuste de seu enorme déficit de conta corrente", afirmou. "Isso irá gerar uma desvalorização do dólar, que por sua vez reduzirá o valor dos ativos norte-americanos, aumentará o custo do capital e afetará bastante o fluxo para os emergentes." Segundo Lubin, "nos últimos anos, os fluxos de capitais estrangeiros ajudaram muito o Brasil". Mas o processo de privatização já foi quase finalizado e o cenário externo, a partir de agora, será desfavorável. Já a economista para mercados emergentes do Guld International Bank, Cathy Elmore, acredita que os fluxos para mercados emergentes não deverão ser tão afetados como prevê Lubin. Ela salientou que os investidores hoje em dia já não encaram os emergentes como um classe de ativos única, mas têm uma estratégia para cada país, dependendo de sua situação. "Mas está claro que o Brasil e a Turquia não estão entre os preferidos nesses momento." Lula Os analistas que participaram do seminário da Fitch apontaram as eleições presidenciais com um dos principais fatores de risco para o País este ano, embora tenham ressaltado que ainda é muito cedo para se ter um quadro mais definido da sucessão. O diretor da Fitch, Roger Scher, disse que Lula tem a sua melhor chance dos últimos doze anos para ganhar as eleições . "E essa chance não é porque a economia está tendo uma performance horrível, o que não é o caso", avaliou Scher. "Mas sim porque o candidato do governo é fraco". Scher salientou que a candidatura de José Serra poderá se beneficiar com as instabilidades na Argentina e Venezuela, transmitindo ao eleitorado brasileiro um alerta de que isso poderá se repetir no País no caso de uma vitória de Lula. "Mas o candidato do PT poderá também usar as crises na América Latina para sustentar a tese do fracasso das teses do liberalismo econômico." Denúncias Scher alertou que dois fatores devem ser levados em consideração nos próximos meses. "Apesar de Serra ter uma imagem limpa, livre de corrupção, pessoas ligadas a ele têm sido alvos de denúncias", disse. "Se isso persistir, sua candidatura poderá ser muito abalada". Além disso, "uma unidade da esquerda, com uma desistência de Garotinho, reforçaria substancialmente as chances de Lula". Sem lua-de-mel Ficou claro durante o seminário que os analistas não estão apenas inseguros com a liderança de Lula nas pesquisas, mas também em relação à capacidade e disposição de José Serra, caso seja eleito, de manter um pulso firme no controle de gastos públicos do País. A preocupação geral é de que a condução das políticas monetária e fiscal do Brasil tem um espaço de manobra tão estreito que qualquer mudança poderá ameaçar a estabilidade. A economista do Gulf International Bank, Cathy Elmore, disse ter dúvidas de que mesmo uma vitória da candidatura de Serra poderia gerar um clima de instabilidade. "Não haverá período de lua-de-mel para o novo presidente. Temo que nos primeiros meses do novo governo, mesmo do candidato situacionista, as coisas possam sair do controle rigoroso que é necessário ser mantido a todo custo". Scher disse que Serra deverá manter inalterada a atual política do Banco Central. Ele alerta, no entanto, que o candidato do PSDB poderá não ter a mesma capacidade de liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso, que promoveu reformas sustentado com forte apoio no Congresso Nacional. "Se houver uma necessidade de se elevar o superávit primário de 3,5% do PIB para 5% do PIB no ano que vem, seria o Serra capaz de fazer isso?", indagou Scher. "Eu não tenho certeza". O economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que as eleições brasileiras representam forte risco para o País. "Qualquer que seja o vencedor, ele terá de manter políticas monetária e fiscal rigorosas", afirmou. "Não será uma tarefa fácil". Meta inflacionária Os analistas acreditam que o Banco Central terá pouco espaço de manobra para reduzir a atual taxa de juros, de 18,5% nos próximos meses, ainda mais com a recente desvalorização do real, que poderá ter efeitos inflacionários. Com isso, a atividade econômica continuará sendo contida pela camisa-de-força da política monetária. Os mais otimistas, uma minoria, acreditam que o BC poderá vir a reduzir a taxa Selic em 150 pontos-base, no máximo. Scher disse que o Brasil poderia adotar uma meta inflacionária um pouco mais ampla, dando assim maior espaço para uma queda dos juros. "Acho a atual meta inflacionária muito rigorosa, ela poderia ser ampliada para 8% ou 10%", afirmou. Outro diretor da agência, Richard Fox, observou que essa possibilidade deveria ser avaliada. "Mas desde que seja acompanhada por um melhor desempenho no lado fiscal." O economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que "a fraqueza da economia é um reflexo de seu esforço por uma inflação mais baixa". Ele salientou, no entanto, que isso ocorre em outros países com estratégias semelhantes. "A economia da Polônia, por exemplo, também sofre o impacto da meta inflacionária", afirmou. "Isso mostra que essas metas podem ter efeito negativo em países emergentes." Lubin, no entanto, observou que seria desfavorável para o Brasil aumentar a sua meta inflacionária a curto prazo. "Não seria uma política que geraria confiança", disse. "Os tempos de megainflação no Brasil ainda são muito recentes."

Analistas do mercado financeiro internacional que participaram hoje de um seminário sobre mercados emergentes promovido pela agência de classificação de risco Fitch demonstraram grande pessimismo em relação ao Brasil. Desconsiderando-se a Argentina, apenas a Turquia empatou com a economia brasileira nas avaliações negativas que surgiram no evento. Em contraste, países como a Rússia, os do sudeste asiático e o México receberam análises bem mais favoráveis. "Esse pessimismo com o Brasil chegou a surpreender", disse o diretor para títulos soberanos da Fitch, Roger Scher. Segundo os participantes, a enorme cautela em relação ao Brasil é explicada por dois fatores, que estão relacionados entre si. O primeiro é a incerteza com as eleições presidenciais cujos temores não se limitam a uma eventual vitória de Lula. Além disso , a economia continua apresentando muita vulnerabilidade, com grande dependência de recursos externos. Todos reconhecem que houve melhoras, com a necessidade financiamento externo caindo de US$ 70 bilhões em 1999 para menos de US$ 50 bilhões neste ano. Mas as fracas perspectivas de crescimento do PIB, a necessidade de se manter as taxas de juros elevadas para conter a inflação e a perspectiva de uma redução dos influxos de capitais externos preocupam os analistas. Dependência estrutural Durante o seminário da Fitch, o economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que a debilidade fundamental da economia brasileira é a sua limitada capacidade de gerar dólares, de uma forma sustentável, como por exemplo por meio das exportações. "Nesse aspecto, o País tem uma situação muito parecida com a Argentina e contrasta com o México, que ao longo dos últimos anos fortaleceu-se com o acordo do Nafta", disse. "Isso criou uma dependência estrutural da economia brasileira do financiamento externo e de uma política monetária rigorosa." Menos investimentos estrangeiros Lubin alertou que uma escassez dos fluxos de capitais para os emergentes, principalmente por meio dos investimentos diretos estrangeiros (IDE) poderia ter sérias implicações para a economia brasileira. E, segundo ele, essa redução dos fluxos poderá ocorrer nos próximos meses. "Há uma forte possibilidade de os Estados Unidos terem, a partir de agora, de iniciar o ajuste de seu enorme déficit de conta corrente", afirmou. "Isso irá gerar uma desvalorização do dólar, que por sua vez reduzirá o valor dos ativos norte-americanos, aumentará o custo do capital e afetará bastante o fluxo para os emergentes." Segundo Lubin, "nos últimos anos, os fluxos de capitais estrangeiros ajudaram muito o Brasil". Mas o processo de privatização já foi quase finalizado e o cenário externo, a partir de agora, será desfavorável. Já a economista para mercados emergentes do Guld International Bank, Cathy Elmore, acredita que os fluxos para mercados emergentes não deverão ser tão afetados como prevê Lubin. Ela salientou que os investidores hoje em dia já não encaram os emergentes como um classe de ativos única, mas têm uma estratégia para cada país, dependendo de sua situação. "Mas está claro que o Brasil e a Turquia não estão entre os preferidos nesses momento." Lula Os analistas que participaram do seminário da Fitch apontaram as eleições presidenciais com um dos principais fatores de risco para o País este ano, embora tenham ressaltado que ainda é muito cedo para se ter um quadro mais definido da sucessão. O diretor da Fitch, Roger Scher, disse que Lula tem a sua melhor chance dos últimos doze anos para ganhar as eleições . "E essa chance não é porque a economia está tendo uma performance horrível, o que não é o caso", avaliou Scher. "Mas sim porque o candidato do governo é fraco". Scher salientou que a candidatura de José Serra poderá se beneficiar com as instabilidades na Argentina e Venezuela, transmitindo ao eleitorado brasileiro um alerta de que isso poderá se repetir no País no caso de uma vitória de Lula. "Mas o candidato do PT poderá também usar as crises na América Latina para sustentar a tese do fracasso das teses do liberalismo econômico." Denúncias Scher alertou que dois fatores devem ser levados em consideração nos próximos meses. "Apesar de Serra ter uma imagem limpa, livre de corrupção, pessoas ligadas a ele têm sido alvos de denúncias", disse. "Se isso persistir, sua candidatura poderá ser muito abalada". Além disso, "uma unidade da esquerda, com uma desistência de Garotinho, reforçaria substancialmente as chances de Lula". Sem lua-de-mel Ficou claro durante o seminário que os analistas não estão apenas inseguros com a liderança de Lula nas pesquisas, mas também em relação à capacidade e disposição de José Serra, caso seja eleito, de manter um pulso firme no controle de gastos públicos do País. A preocupação geral é de que a condução das políticas monetária e fiscal do Brasil tem um espaço de manobra tão estreito que qualquer mudança poderá ameaçar a estabilidade. A economista do Gulf International Bank, Cathy Elmore, disse ter dúvidas de que mesmo uma vitória da candidatura de Serra poderia gerar um clima de instabilidade. "Não haverá período de lua-de-mel para o novo presidente. Temo que nos primeiros meses do novo governo, mesmo do candidato situacionista, as coisas possam sair do controle rigoroso que é necessário ser mantido a todo custo". Scher disse que Serra deverá manter inalterada a atual política do Banco Central. Ele alerta, no entanto, que o candidato do PSDB poderá não ter a mesma capacidade de liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso, que promoveu reformas sustentado com forte apoio no Congresso Nacional. "Se houver uma necessidade de se elevar o superávit primário de 3,5% do PIB para 5% do PIB no ano que vem, seria o Serra capaz de fazer isso?", indagou Scher. "Eu não tenho certeza". O economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que as eleições brasileiras representam forte risco para o País. "Qualquer que seja o vencedor, ele terá de manter políticas monetária e fiscal rigorosas", afirmou. "Não será uma tarefa fácil". Meta inflacionária Os analistas acreditam que o Banco Central terá pouco espaço de manobra para reduzir a atual taxa de juros, de 18,5% nos próximos meses, ainda mais com a recente desvalorização do real, que poderá ter efeitos inflacionários. Com isso, a atividade econômica continuará sendo contida pela camisa-de-força da política monetária. Os mais otimistas, uma minoria, acreditam que o BC poderá vir a reduzir a taxa Selic em 150 pontos-base, no máximo. Scher disse que o Brasil poderia adotar uma meta inflacionária um pouco mais ampla, dando assim maior espaço para uma queda dos juros. "Acho a atual meta inflacionária muito rigorosa, ela poderia ser ampliada para 8% ou 10%", afirmou. Outro diretor da agência, Richard Fox, observou que essa possibilidade deveria ser avaliada. "Mas desde que seja acompanhada por um melhor desempenho no lado fiscal." O economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que "a fraqueza da economia é um reflexo de seu esforço por uma inflação mais baixa". Ele salientou, no entanto, que isso ocorre em outros países com estratégias semelhantes. "A economia da Polônia, por exemplo, também sofre o impacto da meta inflacionária", afirmou. "Isso mostra que essas metas podem ter efeito negativo em países emergentes." Lubin, no entanto, observou que seria desfavorável para o Brasil aumentar a sua meta inflacionária a curto prazo. "Não seria uma política que geraria confiança", disse. "Os tempos de megainflação no Brasil ainda são muito recentes."

Analistas do mercado financeiro internacional que participaram hoje de um seminário sobre mercados emergentes promovido pela agência de classificação de risco Fitch demonstraram grande pessimismo em relação ao Brasil. Desconsiderando-se a Argentina, apenas a Turquia empatou com a economia brasileira nas avaliações negativas que surgiram no evento. Em contraste, países como a Rússia, os do sudeste asiático e o México receberam análises bem mais favoráveis. "Esse pessimismo com o Brasil chegou a surpreender", disse o diretor para títulos soberanos da Fitch, Roger Scher. Segundo os participantes, a enorme cautela em relação ao Brasil é explicada por dois fatores, que estão relacionados entre si. O primeiro é a incerteza com as eleições presidenciais cujos temores não se limitam a uma eventual vitória de Lula. Além disso , a economia continua apresentando muita vulnerabilidade, com grande dependência de recursos externos. Todos reconhecem que houve melhoras, com a necessidade financiamento externo caindo de US$ 70 bilhões em 1999 para menos de US$ 50 bilhões neste ano. Mas as fracas perspectivas de crescimento do PIB, a necessidade de se manter as taxas de juros elevadas para conter a inflação e a perspectiva de uma redução dos influxos de capitais externos preocupam os analistas. Dependência estrutural Durante o seminário da Fitch, o economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que a debilidade fundamental da economia brasileira é a sua limitada capacidade de gerar dólares, de uma forma sustentável, como por exemplo por meio das exportações. "Nesse aspecto, o País tem uma situação muito parecida com a Argentina e contrasta com o México, que ao longo dos últimos anos fortaleceu-se com o acordo do Nafta", disse. "Isso criou uma dependência estrutural da economia brasileira do financiamento externo e de uma política monetária rigorosa." Menos investimentos estrangeiros Lubin alertou que uma escassez dos fluxos de capitais para os emergentes, principalmente por meio dos investimentos diretos estrangeiros (IDE) poderia ter sérias implicações para a economia brasileira. E, segundo ele, essa redução dos fluxos poderá ocorrer nos próximos meses. "Há uma forte possibilidade de os Estados Unidos terem, a partir de agora, de iniciar o ajuste de seu enorme déficit de conta corrente", afirmou. "Isso irá gerar uma desvalorização do dólar, que por sua vez reduzirá o valor dos ativos norte-americanos, aumentará o custo do capital e afetará bastante o fluxo para os emergentes." Segundo Lubin, "nos últimos anos, os fluxos de capitais estrangeiros ajudaram muito o Brasil". Mas o processo de privatização já foi quase finalizado e o cenário externo, a partir de agora, será desfavorável. Já a economista para mercados emergentes do Guld International Bank, Cathy Elmore, acredita que os fluxos para mercados emergentes não deverão ser tão afetados como prevê Lubin. Ela salientou que os investidores hoje em dia já não encaram os emergentes como um classe de ativos única, mas têm uma estratégia para cada país, dependendo de sua situação. "Mas está claro que o Brasil e a Turquia não estão entre os preferidos nesses momento." Lula Os analistas que participaram do seminário da Fitch apontaram as eleições presidenciais com um dos principais fatores de risco para o País este ano, embora tenham ressaltado que ainda é muito cedo para se ter um quadro mais definido da sucessão. O diretor da Fitch, Roger Scher, disse que Lula tem a sua melhor chance dos últimos doze anos para ganhar as eleições . "E essa chance não é porque a economia está tendo uma performance horrível, o que não é o caso", avaliou Scher. "Mas sim porque o candidato do governo é fraco". Scher salientou que a candidatura de José Serra poderá se beneficiar com as instabilidades na Argentina e Venezuela, transmitindo ao eleitorado brasileiro um alerta de que isso poderá se repetir no País no caso de uma vitória de Lula. "Mas o candidato do PT poderá também usar as crises na América Latina para sustentar a tese do fracasso das teses do liberalismo econômico." Denúncias Scher alertou que dois fatores devem ser levados em consideração nos próximos meses. "Apesar de Serra ter uma imagem limpa, livre de corrupção, pessoas ligadas a ele têm sido alvos de denúncias", disse. "Se isso persistir, sua candidatura poderá ser muito abalada". Além disso, "uma unidade da esquerda, com uma desistência de Garotinho, reforçaria substancialmente as chances de Lula". Sem lua-de-mel Ficou claro durante o seminário que os analistas não estão apenas inseguros com a liderança de Lula nas pesquisas, mas também em relação à capacidade e disposição de José Serra, caso seja eleito, de manter um pulso firme no controle de gastos públicos do País. A preocupação geral é de que a condução das políticas monetária e fiscal do Brasil tem um espaço de manobra tão estreito que qualquer mudança poderá ameaçar a estabilidade. A economista do Gulf International Bank, Cathy Elmore, disse ter dúvidas de que mesmo uma vitória da candidatura de Serra poderia gerar um clima de instabilidade. "Não haverá período de lua-de-mel para o novo presidente. Temo que nos primeiros meses do novo governo, mesmo do candidato situacionista, as coisas possam sair do controle rigoroso que é necessário ser mantido a todo custo". Scher disse que Serra deverá manter inalterada a atual política do Banco Central. Ele alerta, no entanto, que o candidato do PSDB poderá não ter a mesma capacidade de liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso, que promoveu reformas sustentado com forte apoio no Congresso Nacional. "Se houver uma necessidade de se elevar o superávit primário de 3,5% do PIB para 5% do PIB no ano que vem, seria o Serra capaz de fazer isso?", indagou Scher. "Eu não tenho certeza". O economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que as eleições brasileiras representam forte risco para o País. "Qualquer que seja o vencedor, ele terá de manter políticas monetária e fiscal rigorosas", afirmou. "Não será uma tarefa fácil". Meta inflacionária Os analistas acreditam que o Banco Central terá pouco espaço de manobra para reduzir a atual taxa de juros, de 18,5% nos próximos meses, ainda mais com a recente desvalorização do real, que poderá ter efeitos inflacionários. Com isso, a atividade econômica continuará sendo contida pela camisa-de-força da política monetária. Os mais otimistas, uma minoria, acreditam que o BC poderá vir a reduzir a taxa Selic em 150 pontos-base, no máximo. Scher disse que o Brasil poderia adotar uma meta inflacionária um pouco mais ampla, dando assim maior espaço para uma queda dos juros. "Acho a atual meta inflacionária muito rigorosa, ela poderia ser ampliada para 8% ou 10%", afirmou. Outro diretor da agência, Richard Fox, observou que essa possibilidade deveria ser avaliada. "Mas desde que seja acompanhada por um melhor desempenho no lado fiscal." O economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que "a fraqueza da economia é um reflexo de seu esforço por uma inflação mais baixa". Ele salientou, no entanto, que isso ocorre em outros países com estratégias semelhantes. "A economia da Polônia, por exemplo, também sofre o impacto da meta inflacionária", afirmou. "Isso mostra que essas metas podem ter efeito negativo em países emergentes." Lubin, no entanto, observou que seria desfavorável para o Brasil aumentar a sua meta inflacionária a curto prazo. "Não seria uma política que geraria confiança", disse. "Os tempos de megainflação no Brasil ainda são muito recentes."

Analistas do mercado financeiro internacional que participaram hoje de um seminário sobre mercados emergentes promovido pela agência de classificação de risco Fitch demonstraram grande pessimismo em relação ao Brasil. Desconsiderando-se a Argentina, apenas a Turquia empatou com a economia brasileira nas avaliações negativas que surgiram no evento. Em contraste, países como a Rússia, os do sudeste asiático e o México receberam análises bem mais favoráveis. "Esse pessimismo com o Brasil chegou a surpreender", disse o diretor para títulos soberanos da Fitch, Roger Scher. Segundo os participantes, a enorme cautela em relação ao Brasil é explicada por dois fatores, que estão relacionados entre si. O primeiro é a incerteza com as eleições presidenciais cujos temores não se limitam a uma eventual vitória de Lula. Além disso , a economia continua apresentando muita vulnerabilidade, com grande dependência de recursos externos. Todos reconhecem que houve melhoras, com a necessidade financiamento externo caindo de US$ 70 bilhões em 1999 para menos de US$ 50 bilhões neste ano. Mas as fracas perspectivas de crescimento do PIB, a necessidade de se manter as taxas de juros elevadas para conter a inflação e a perspectiva de uma redução dos influxos de capitais externos preocupam os analistas. Dependência estrutural Durante o seminário da Fitch, o economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que a debilidade fundamental da economia brasileira é a sua limitada capacidade de gerar dólares, de uma forma sustentável, como por exemplo por meio das exportações. "Nesse aspecto, o País tem uma situação muito parecida com a Argentina e contrasta com o México, que ao longo dos últimos anos fortaleceu-se com o acordo do Nafta", disse. "Isso criou uma dependência estrutural da economia brasileira do financiamento externo e de uma política monetária rigorosa." Menos investimentos estrangeiros Lubin alertou que uma escassez dos fluxos de capitais para os emergentes, principalmente por meio dos investimentos diretos estrangeiros (IDE) poderia ter sérias implicações para a economia brasileira. E, segundo ele, essa redução dos fluxos poderá ocorrer nos próximos meses. "Há uma forte possibilidade de os Estados Unidos terem, a partir de agora, de iniciar o ajuste de seu enorme déficit de conta corrente", afirmou. "Isso irá gerar uma desvalorização do dólar, que por sua vez reduzirá o valor dos ativos norte-americanos, aumentará o custo do capital e afetará bastante o fluxo para os emergentes." Segundo Lubin, "nos últimos anos, os fluxos de capitais estrangeiros ajudaram muito o Brasil". Mas o processo de privatização já foi quase finalizado e o cenário externo, a partir de agora, será desfavorável. Já a economista para mercados emergentes do Guld International Bank, Cathy Elmore, acredita que os fluxos para mercados emergentes não deverão ser tão afetados como prevê Lubin. Ela salientou que os investidores hoje em dia já não encaram os emergentes como um classe de ativos única, mas têm uma estratégia para cada país, dependendo de sua situação. "Mas está claro que o Brasil e a Turquia não estão entre os preferidos nesses momento." Lula Os analistas que participaram do seminário da Fitch apontaram as eleições presidenciais com um dos principais fatores de risco para o País este ano, embora tenham ressaltado que ainda é muito cedo para se ter um quadro mais definido da sucessão. O diretor da Fitch, Roger Scher, disse que Lula tem a sua melhor chance dos últimos doze anos para ganhar as eleições . "E essa chance não é porque a economia está tendo uma performance horrível, o que não é o caso", avaliou Scher. "Mas sim porque o candidato do governo é fraco". Scher salientou que a candidatura de José Serra poderá se beneficiar com as instabilidades na Argentina e Venezuela, transmitindo ao eleitorado brasileiro um alerta de que isso poderá se repetir no País no caso de uma vitória de Lula. "Mas o candidato do PT poderá também usar as crises na América Latina para sustentar a tese do fracasso das teses do liberalismo econômico." Denúncias Scher alertou que dois fatores devem ser levados em consideração nos próximos meses. "Apesar de Serra ter uma imagem limpa, livre de corrupção, pessoas ligadas a ele têm sido alvos de denúncias", disse. "Se isso persistir, sua candidatura poderá ser muito abalada". Além disso, "uma unidade da esquerda, com uma desistência de Garotinho, reforçaria substancialmente as chances de Lula". Sem lua-de-mel Ficou claro durante o seminário que os analistas não estão apenas inseguros com a liderança de Lula nas pesquisas, mas também em relação à capacidade e disposição de José Serra, caso seja eleito, de manter um pulso firme no controle de gastos públicos do País. A preocupação geral é de que a condução das políticas monetária e fiscal do Brasil tem um espaço de manobra tão estreito que qualquer mudança poderá ameaçar a estabilidade. A economista do Gulf International Bank, Cathy Elmore, disse ter dúvidas de que mesmo uma vitória da candidatura de Serra poderia gerar um clima de instabilidade. "Não haverá período de lua-de-mel para o novo presidente. Temo que nos primeiros meses do novo governo, mesmo do candidato situacionista, as coisas possam sair do controle rigoroso que é necessário ser mantido a todo custo". Scher disse que Serra deverá manter inalterada a atual política do Banco Central. Ele alerta, no entanto, que o candidato do PSDB poderá não ter a mesma capacidade de liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso, que promoveu reformas sustentado com forte apoio no Congresso Nacional. "Se houver uma necessidade de se elevar o superávit primário de 3,5% do PIB para 5% do PIB no ano que vem, seria o Serra capaz de fazer isso?", indagou Scher. "Eu não tenho certeza". O economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que as eleições brasileiras representam forte risco para o País. "Qualquer que seja o vencedor, ele terá de manter políticas monetária e fiscal rigorosas", afirmou. "Não será uma tarefa fácil". Meta inflacionária Os analistas acreditam que o Banco Central terá pouco espaço de manobra para reduzir a atual taxa de juros, de 18,5% nos próximos meses, ainda mais com a recente desvalorização do real, que poderá ter efeitos inflacionários. Com isso, a atividade econômica continuará sendo contida pela camisa-de-força da política monetária. Os mais otimistas, uma minoria, acreditam que o BC poderá vir a reduzir a taxa Selic em 150 pontos-base, no máximo. Scher disse que o Brasil poderia adotar uma meta inflacionária um pouco mais ampla, dando assim maior espaço para uma queda dos juros. "Acho a atual meta inflacionária muito rigorosa, ela poderia ser ampliada para 8% ou 10%", afirmou. Outro diretor da agência, Richard Fox, observou que essa possibilidade deveria ser avaliada. "Mas desde que seja acompanhada por um melhor desempenho no lado fiscal." O economista-chefe para mercados emergentes do HSBC, David Lubin, disse que "a fraqueza da economia é um reflexo de seu esforço por uma inflação mais baixa". Ele salientou, no entanto, que isso ocorre em outros países com estratégias semelhantes. "A economia da Polônia, por exemplo, também sofre o impacto da meta inflacionária", afirmou. "Isso mostra que essas metas podem ter efeito negativo em países emergentes." Lubin, no entanto, observou que seria desfavorável para o Brasil aumentar a sua meta inflacionária a curto prazo. "Não seria uma política que geraria confiança", disse. "Os tempos de megainflação no Brasil ainda são muito recentes."

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