Em busca de um rancho alegre


Os estrangeiros estão empurrando para cima os preços do mercado imobiliário residencial global

Por The Economist

Muitos americanos foram pegos de surpresa quando souberam que Peter Thiel, bilionário da internet e assessor informal de Donald Trump, tem cidadania neozelandesa. Por cinco anos, esse aliado do presidente que quer colocar a “América em primeiro lugar” manteve a informação em segredo. Então o governo neozelandês divulgou detalhes da propriedade de US$ 10 milhões que o empresário tem no lago Wanaka, no sul do país.

É crescente o número de estrangeiros endinheirados que vê a Nova Zelândia como um refúgio seguro contra um mundo sujeito a atentados terroristas, instabilidade política e cataclismos dos mais diversos tipos. Em 2016, as aquisições de imóveis por estrangeiros representaram apenas 3% do total de transações imobiliárias realizadas no país. 

Mas o olho gordo dos forasteiros mira a faixa mais valorizada do mercado, que vem apresentando crescimento acelerado: as vendas de residências com valor superior a 1 milhão de dólares neozelandeses (US$ 690 mil) tiveram alta de 21%. Isso ajudou a empurrar os preços para cima, provocando uma alta de 13% no ano passado, o que garantiu ao mercado neozelandês a primeira posição no ranking global de inflação de imóveis residenciais elaborado por The Economist.

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A Nova Zelândia é apenas um dos países onde os efeitos do investimento estrangeiro em imóveis residenciais chama a atenção. Os preços também tiveram forte alta na Austrália e no Canadá. As autoridades monetárias se preocupam com os riscos que os fluxos de capital volátil trazem para a estabilidade financeira. Já o prefeito de Londres, depois de ver o mercado imobiliário da capital britânica se valorizar 54% em quatro anos, encomendou um estudo sobre o impacto das aquisições realizadas por estrangeiros nos preços dos imóveis.

Pós-crise. A presença do capital estrangeiro também é perceptível nos Estados Unidos, onde os preços dos imóveis residenciais se recuperaram com vigor, a ponto de bater novo recorde de alta em termos nominais. Até alguns anos atrás, os canadenses eram os estrangeiros que mais compravam imóveis nos EUA. Agora o mercado é dominado pelos chineses, que trouxeram consigo parte do montante de US$ 1,3 trilhão que começou a deixar o país asiático desde 2014. 

A Associação Nacional de Corretores de Imóveis calcula que, entre março de 2015 e o mesmo mês do ano seguinte, os investidores chineses adquiriram 29 mil residências nos EUA, desembolsando US$ 27 bilhões. O interesse dos estrangeiros se concentra em algumas cidades: San Francisco, Seattle, Nova York e Miami.

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Em alguns lugares, o investimento que vem de fora provoca um boom na construção civil. Em Miami, desde a crise financeira não se construíam tantos edifícios residenciais; parte deles está sendo financiada com dinheiro venezuelano. Na Austrália, os estrangeiros só podem comprar imóveis novos, mas a restrição não parece intimidá-los: nos próximos 18 meses devem ser entregues 26 mil apartamentos novos em Sydney e Melbourne. Em Londres, foram construídas 45 mil residências desde 2014 – taxa mais elevada em dez anos –, mas os londrinos se queixam de que muitas delas servem de pouso a estrangeiros.

Em vários desses países os imóveis parecem sobrevalorizados. The Economist analisa a valorização dos imóveis com base em dois indicadores: aluguéis e renda. Se, no longo prazo, os preços sobem mais do que as receitas que podem ser geradas pelos imóveis ou do que a renda de que os mutuários dispõem para pagar por seu financiamento, é sinal de que esses preços talvez tenham atingido um nível insustentável. 

Por esse critério, os preços dos imóveis residenciais na Austrália, no Canadá e na Nova Zelândia parecem altos demais. Nos EUA, eles se encontram em patamar razoável, mas em San Francisco e Seattle observa-se sobrevalorização de 20%.

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‘Refúgio’. Para investidores em busca de um porto seguro contra os perigos do mundo, a sobrevalorização talvez não seja um problema. Os imóveis podem ser vistos como um refúgio ou uma fonte de renda; além disso, em muitas cidades onde a demanda por imóveis residenciais supera a oferta, os preços tendem a subir; e, mesmo que isso não aconteça, os riscos talvez sejam menores do que os que o investidor enfrenta em seu país de origem. 

Os chineses passaram a investir mais em imóveis no exterior depois que, na China, os preços do mercado imobiliário explodiram, os receios de uma desvalorização do yuan aumentaram e o presidente Xi Jinping deu continuidade à política de repressão à corrupção. Estudo de 2016 mostra que o aumento do risco político em países como Grécia e Síria explica 8% da alta nos preços dos imóveis residenciais registrada em Londres de 1998 em diante.

As autoridades devem estar coçando a cabeça. Não é fácil elaborar políticas que tornem os preços dos imóveis mais acessíveis aos cidadãos e, ao mesmo tempo, estimulem o investimento estrangeiro no mercado imobiliário. O Reino Unido tentou refrear o ânimo dos estrangeiros aumentando impostos e divulgando uma lista de 100 mil residências cujas escrituras estão no nome de empresas estrangeiras – informação que pode representar constrangimento a algumas delas.

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Mas esse tipo de medida costuma ter efeitos colaterais. Em Vancouver, no Canadá, a introdução, em agosto, de um imposto de 15% sobre a aquisição de imóveis por estrangeiros fez com que o número desse tipo de transação caísse 80%. Isso ajudou a conter a valorização do mercado. Em compensação, aqueceu a demanda na cidade vizinha de Victoria. Além disso, espantou os imigrantes de alta qualificação profissional. Agora as autoridades pretendem alterar a lei, isentando de seu pagamento os estrangeiros que se encontram no país com vistos de trabalho para a realização de atividades de alto nível de especialização.

Alguns estrangeiros se dispõem a ir em frente mesmo com custos mais elevados. Atualmente, por exemplo, há mais americanos à procura de imóveis no exterior. Segundo um indicador, da eleição de Trump para cá, triplicou o interesse por um Shangri-la no interior da Nova Zelândia.

Muitos americanos foram pegos de surpresa quando souberam que Peter Thiel, bilionário da internet e assessor informal de Donald Trump, tem cidadania neozelandesa. Por cinco anos, esse aliado do presidente que quer colocar a “América em primeiro lugar” manteve a informação em segredo. Então o governo neozelandês divulgou detalhes da propriedade de US$ 10 milhões que o empresário tem no lago Wanaka, no sul do país.

É crescente o número de estrangeiros endinheirados que vê a Nova Zelândia como um refúgio seguro contra um mundo sujeito a atentados terroristas, instabilidade política e cataclismos dos mais diversos tipos. Em 2016, as aquisições de imóveis por estrangeiros representaram apenas 3% do total de transações imobiliárias realizadas no país. 

Mas o olho gordo dos forasteiros mira a faixa mais valorizada do mercado, que vem apresentando crescimento acelerado: as vendas de residências com valor superior a 1 milhão de dólares neozelandeses (US$ 690 mil) tiveram alta de 21%. Isso ajudou a empurrar os preços para cima, provocando uma alta de 13% no ano passado, o que garantiu ao mercado neozelandês a primeira posição no ranking global de inflação de imóveis residenciais elaborado por The Economist.

A Nova Zelândia é apenas um dos países onde os efeitos do investimento estrangeiro em imóveis residenciais chama a atenção. Os preços também tiveram forte alta na Austrália e no Canadá. As autoridades monetárias se preocupam com os riscos que os fluxos de capital volátil trazem para a estabilidade financeira. Já o prefeito de Londres, depois de ver o mercado imobiliário da capital britânica se valorizar 54% em quatro anos, encomendou um estudo sobre o impacto das aquisições realizadas por estrangeiros nos preços dos imóveis.

Pós-crise. A presença do capital estrangeiro também é perceptível nos Estados Unidos, onde os preços dos imóveis residenciais se recuperaram com vigor, a ponto de bater novo recorde de alta em termos nominais. Até alguns anos atrás, os canadenses eram os estrangeiros que mais compravam imóveis nos EUA. Agora o mercado é dominado pelos chineses, que trouxeram consigo parte do montante de US$ 1,3 trilhão que começou a deixar o país asiático desde 2014. 

A Associação Nacional de Corretores de Imóveis calcula que, entre março de 2015 e o mesmo mês do ano seguinte, os investidores chineses adquiriram 29 mil residências nos EUA, desembolsando US$ 27 bilhões. O interesse dos estrangeiros se concentra em algumas cidades: San Francisco, Seattle, Nova York e Miami.

Em alguns lugares, o investimento que vem de fora provoca um boom na construção civil. Em Miami, desde a crise financeira não se construíam tantos edifícios residenciais; parte deles está sendo financiada com dinheiro venezuelano. Na Austrália, os estrangeiros só podem comprar imóveis novos, mas a restrição não parece intimidá-los: nos próximos 18 meses devem ser entregues 26 mil apartamentos novos em Sydney e Melbourne. Em Londres, foram construídas 45 mil residências desde 2014 – taxa mais elevada em dez anos –, mas os londrinos se queixam de que muitas delas servem de pouso a estrangeiros.

Em vários desses países os imóveis parecem sobrevalorizados. The Economist analisa a valorização dos imóveis com base em dois indicadores: aluguéis e renda. Se, no longo prazo, os preços sobem mais do que as receitas que podem ser geradas pelos imóveis ou do que a renda de que os mutuários dispõem para pagar por seu financiamento, é sinal de que esses preços talvez tenham atingido um nível insustentável. 

Por esse critério, os preços dos imóveis residenciais na Austrália, no Canadá e na Nova Zelândia parecem altos demais. Nos EUA, eles se encontram em patamar razoável, mas em San Francisco e Seattle observa-se sobrevalorização de 20%.

‘Refúgio’. Para investidores em busca de um porto seguro contra os perigos do mundo, a sobrevalorização talvez não seja um problema. Os imóveis podem ser vistos como um refúgio ou uma fonte de renda; além disso, em muitas cidades onde a demanda por imóveis residenciais supera a oferta, os preços tendem a subir; e, mesmo que isso não aconteça, os riscos talvez sejam menores do que os que o investidor enfrenta em seu país de origem. 

Os chineses passaram a investir mais em imóveis no exterior depois que, na China, os preços do mercado imobiliário explodiram, os receios de uma desvalorização do yuan aumentaram e o presidente Xi Jinping deu continuidade à política de repressão à corrupção. Estudo de 2016 mostra que o aumento do risco político em países como Grécia e Síria explica 8% da alta nos preços dos imóveis residenciais registrada em Londres de 1998 em diante.

As autoridades devem estar coçando a cabeça. Não é fácil elaborar políticas que tornem os preços dos imóveis mais acessíveis aos cidadãos e, ao mesmo tempo, estimulem o investimento estrangeiro no mercado imobiliário. O Reino Unido tentou refrear o ânimo dos estrangeiros aumentando impostos e divulgando uma lista de 100 mil residências cujas escrituras estão no nome de empresas estrangeiras – informação que pode representar constrangimento a algumas delas.

Mas esse tipo de medida costuma ter efeitos colaterais. Em Vancouver, no Canadá, a introdução, em agosto, de um imposto de 15% sobre a aquisição de imóveis por estrangeiros fez com que o número desse tipo de transação caísse 80%. Isso ajudou a conter a valorização do mercado. Em compensação, aqueceu a demanda na cidade vizinha de Victoria. Além disso, espantou os imigrantes de alta qualificação profissional. Agora as autoridades pretendem alterar a lei, isentando de seu pagamento os estrangeiros que se encontram no país com vistos de trabalho para a realização de atividades de alto nível de especialização.

Alguns estrangeiros se dispõem a ir em frente mesmo com custos mais elevados. Atualmente, por exemplo, há mais americanos à procura de imóveis no exterior. Segundo um indicador, da eleição de Trump para cá, triplicou o interesse por um Shangri-la no interior da Nova Zelândia.

Muitos americanos foram pegos de surpresa quando souberam que Peter Thiel, bilionário da internet e assessor informal de Donald Trump, tem cidadania neozelandesa. Por cinco anos, esse aliado do presidente que quer colocar a “América em primeiro lugar” manteve a informação em segredo. Então o governo neozelandês divulgou detalhes da propriedade de US$ 10 milhões que o empresário tem no lago Wanaka, no sul do país.

É crescente o número de estrangeiros endinheirados que vê a Nova Zelândia como um refúgio seguro contra um mundo sujeito a atentados terroristas, instabilidade política e cataclismos dos mais diversos tipos. Em 2016, as aquisições de imóveis por estrangeiros representaram apenas 3% do total de transações imobiliárias realizadas no país. 

Mas o olho gordo dos forasteiros mira a faixa mais valorizada do mercado, que vem apresentando crescimento acelerado: as vendas de residências com valor superior a 1 milhão de dólares neozelandeses (US$ 690 mil) tiveram alta de 21%. Isso ajudou a empurrar os preços para cima, provocando uma alta de 13% no ano passado, o que garantiu ao mercado neozelandês a primeira posição no ranking global de inflação de imóveis residenciais elaborado por The Economist.

A Nova Zelândia é apenas um dos países onde os efeitos do investimento estrangeiro em imóveis residenciais chama a atenção. Os preços também tiveram forte alta na Austrália e no Canadá. As autoridades monetárias se preocupam com os riscos que os fluxos de capital volátil trazem para a estabilidade financeira. Já o prefeito de Londres, depois de ver o mercado imobiliário da capital britânica se valorizar 54% em quatro anos, encomendou um estudo sobre o impacto das aquisições realizadas por estrangeiros nos preços dos imóveis.

Pós-crise. A presença do capital estrangeiro também é perceptível nos Estados Unidos, onde os preços dos imóveis residenciais se recuperaram com vigor, a ponto de bater novo recorde de alta em termos nominais. Até alguns anos atrás, os canadenses eram os estrangeiros que mais compravam imóveis nos EUA. Agora o mercado é dominado pelos chineses, que trouxeram consigo parte do montante de US$ 1,3 trilhão que começou a deixar o país asiático desde 2014. 

A Associação Nacional de Corretores de Imóveis calcula que, entre março de 2015 e o mesmo mês do ano seguinte, os investidores chineses adquiriram 29 mil residências nos EUA, desembolsando US$ 27 bilhões. O interesse dos estrangeiros se concentra em algumas cidades: San Francisco, Seattle, Nova York e Miami.

Em alguns lugares, o investimento que vem de fora provoca um boom na construção civil. Em Miami, desde a crise financeira não se construíam tantos edifícios residenciais; parte deles está sendo financiada com dinheiro venezuelano. Na Austrália, os estrangeiros só podem comprar imóveis novos, mas a restrição não parece intimidá-los: nos próximos 18 meses devem ser entregues 26 mil apartamentos novos em Sydney e Melbourne. Em Londres, foram construídas 45 mil residências desde 2014 – taxa mais elevada em dez anos –, mas os londrinos se queixam de que muitas delas servem de pouso a estrangeiros.

Em vários desses países os imóveis parecem sobrevalorizados. The Economist analisa a valorização dos imóveis com base em dois indicadores: aluguéis e renda. Se, no longo prazo, os preços sobem mais do que as receitas que podem ser geradas pelos imóveis ou do que a renda de que os mutuários dispõem para pagar por seu financiamento, é sinal de que esses preços talvez tenham atingido um nível insustentável. 

Por esse critério, os preços dos imóveis residenciais na Austrália, no Canadá e na Nova Zelândia parecem altos demais. Nos EUA, eles se encontram em patamar razoável, mas em San Francisco e Seattle observa-se sobrevalorização de 20%.

‘Refúgio’. Para investidores em busca de um porto seguro contra os perigos do mundo, a sobrevalorização talvez não seja um problema. Os imóveis podem ser vistos como um refúgio ou uma fonte de renda; além disso, em muitas cidades onde a demanda por imóveis residenciais supera a oferta, os preços tendem a subir; e, mesmo que isso não aconteça, os riscos talvez sejam menores do que os que o investidor enfrenta em seu país de origem. 

Os chineses passaram a investir mais em imóveis no exterior depois que, na China, os preços do mercado imobiliário explodiram, os receios de uma desvalorização do yuan aumentaram e o presidente Xi Jinping deu continuidade à política de repressão à corrupção. Estudo de 2016 mostra que o aumento do risco político em países como Grécia e Síria explica 8% da alta nos preços dos imóveis residenciais registrada em Londres de 1998 em diante.

As autoridades devem estar coçando a cabeça. Não é fácil elaborar políticas que tornem os preços dos imóveis mais acessíveis aos cidadãos e, ao mesmo tempo, estimulem o investimento estrangeiro no mercado imobiliário. O Reino Unido tentou refrear o ânimo dos estrangeiros aumentando impostos e divulgando uma lista de 100 mil residências cujas escrituras estão no nome de empresas estrangeiras – informação que pode representar constrangimento a algumas delas.

Mas esse tipo de medida costuma ter efeitos colaterais. Em Vancouver, no Canadá, a introdução, em agosto, de um imposto de 15% sobre a aquisição de imóveis por estrangeiros fez com que o número desse tipo de transação caísse 80%. Isso ajudou a conter a valorização do mercado. Em compensação, aqueceu a demanda na cidade vizinha de Victoria. Além disso, espantou os imigrantes de alta qualificação profissional. Agora as autoridades pretendem alterar a lei, isentando de seu pagamento os estrangeiros que se encontram no país com vistos de trabalho para a realização de atividades de alto nível de especialização.

Alguns estrangeiros se dispõem a ir em frente mesmo com custos mais elevados. Atualmente, por exemplo, há mais americanos à procura de imóveis no exterior. Segundo um indicador, da eleição de Trump para cá, triplicou o interesse por um Shangri-la no interior da Nova Zelândia.

Muitos americanos foram pegos de surpresa quando souberam que Peter Thiel, bilionário da internet e assessor informal de Donald Trump, tem cidadania neozelandesa. Por cinco anos, esse aliado do presidente que quer colocar a “América em primeiro lugar” manteve a informação em segredo. Então o governo neozelandês divulgou detalhes da propriedade de US$ 10 milhões que o empresário tem no lago Wanaka, no sul do país.

É crescente o número de estrangeiros endinheirados que vê a Nova Zelândia como um refúgio seguro contra um mundo sujeito a atentados terroristas, instabilidade política e cataclismos dos mais diversos tipos. Em 2016, as aquisições de imóveis por estrangeiros representaram apenas 3% do total de transações imobiliárias realizadas no país. 

Mas o olho gordo dos forasteiros mira a faixa mais valorizada do mercado, que vem apresentando crescimento acelerado: as vendas de residências com valor superior a 1 milhão de dólares neozelandeses (US$ 690 mil) tiveram alta de 21%. Isso ajudou a empurrar os preços para cima, provocando uma alta de 13% no ano passado, o que garantiu ao mercado neozelandês a primeira posição no ranking global de inflação de imóveis residenciais elaborado por The Economist.

A Nova Zelândia é apenas um dos países onde os efeitos do investimento estrangeiro em imóveis residenciais chama a atenção. Os preços também tiveram forte alta na Austrália e no Canadá. As autoridades monetárias se preocupam com os riscos que os fluxos de capital volátil trazem para a estabilidade financeira. Já o prefeito de Londres, depois de ver o mercado imobiliário da capital britânica se valorizar 54% em quatro anos, encomendou um estudo sobre o impacto das aquisições realizadas por estrangeiros nos preços dos imóveis.

Pós-crise. A presença do capital estrangeiro também é perceptível nos Estados Unidos, onde os preços dos imóveis residenciais se recuperaram com vigor, a ponto de bater novo recorde de alta em termos nominais. Até alguns anos atrás, os canadenses eram os estrangeiros que mais compravam imóveis nos EUA. Agora o mercado é dominado pelos chineses, que trouxeram consigo parte do montante de US$ 1,3 trilhão que começou a deixar o país asiático desde 2014. 

A Associação Nacional de Corretores de Imóveis calcula que, entre março de 2015 e o mesmo mês do ano seguinte, os investidores chineses adquiriram 29 mil residências nos EUA, desembolsando US$ 27 bilhões. O interesse dos estrangeiros se concentra em algumas cidades: San Francisco, Seattle, Nova York e Miami.

Em alguns lugares, o investimento que vem de fora provoca um boom na construção civil. Em Miami, desde a crise financeira não se construíam tantos edifícios residenciais; parte deles está sendo financiada com dinheiro venezuelano. Na Austrália, os estrangeiros só podem comprar imóveis novos, mas a restrição não parece intimidá-los: nos próximos 18 meses devem ser entregues 26 mil apartamentos novos em Sydney e Melbourne. Em Londres, foram construídas 45 mil residências desde 2014 – taxa mais elevada em dez anos –, mas os londrinos se queixam de que muitas delas servem de pouso a estrangeiros.

Em vários desses países os imóveis parecem sobrevalorizados. The Economist analisa a valorização dos imóveis com base em dois indicadores: aluguéis e renda. Se, no longo prazo, os preços sobem mais do que as receitas que podem ser geradas pelos imóveis ou do que a renda de que os mutuários dispõem para pagar por seu financiamento, é sinal de que esses preços talvez tenham atingido um nível insustentável. 

Por esse critério, os preços dos imóveis residenciais na Austrália, no Canadá e na Nova Zelândia parecem altos demais. Nos EUA, eles se encontram em patamar razoável, mas em San Francisco e Seattle observa-se sobrevalorização de 20%.

‘Refúgio’. Para investidores em busca de um porto seguro contra os perigos do mundo, a sobrevalorização talvez não seja um problema. Os imóveis podem ser vistos como um refúgio ou uma fonte de renda; além disso, em muitas cidades onde a demanda por imóveis residenciais supera a oferta, os preços tendem a subir; e, mesmo que isso não aconteça, os riscos talvez sejam menores do que os que o investidor enfrenta em seu país de origem. 

Os chineses passaram a investir mais em imóveis no exterior depois que, na China, os preços do mercado imobiliário explodiram, os receios de uma desvalorização do yuan aumentaram e o presidente Xi Jinping deu continuidade à política de repressão à corrupção. Estudo de 2016 mostra que o aumento do risco político em países como Grécia e Síria explica 8% da alta nos preços dos imóveis residenciais registrada em Londres de 1998 em diante.

As autoridades devem estar coçando a cabeça. Não é fácil elaborar políticas que tornem os preços dos imóveis mais acessíveis aos cidadãos e, ao mesmo tempo, estimulem o investimento estrangeiro no mercado imobiliário. O Reino Unido tentou refrear o ânimo dos estrangeiros aumentando impostos e divulgando uma lista de 100 mil residências cujas escrituras estão no nome de empresas estrangeiras – informação que pode representar constrangimento a algumas delas.

Mas esse tipo de medida costuma ter efeitos colaterais. Em Vancouver, no Canadá, a introdução, em agosto, de um imposto de 15% sobre a aquisição de imóveis por estrangeiros fez com que o número desse tipo de transação caísse 80%. Isso ajudou a conter a valorização do mercado. Em compensação, aqueceu a demanda na cidade vizinha de Victoria. Além disso, espantou os imigrantes de alta qualificação profissional. Agora as autoridades pretendem alterar a lei, isentando de seu pagamento os estrangeiros que se encontram no país com vistos de trabalho para a realização de atividades de alto nível de especialização.

Alguns estrangeiros se dispõem a ir em frente mesmo com custos mais elevados. Atualmente, por exemplo, há mais americanos à procura de imóveis no exterior. Segundo um indicador, da eleição de Trump para cá, triplicou o interesse por um Shangri-la no interior da Nova Zelândia.

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