Escalada da inflação preocupa comerciantes


Índices altos não são novidade na Argentina, mas desvalorização do peso deve levar a revisão nas projeções para o ano

Por Luciana Dyniewicz
Aumentos.Pablo Toledo adotou o uso de uma caderneta para anotar preço dos instrumentos. Foto: Luciana Dyniewicz/Estadão

Desde o começo deste mês, o argentino Pablo Toledo, de 52 anos, tem atualizado um caderninho diariamente. Nesse caderno, ele anota o preço dos instrumentos musicais vendidos na loja em que trabalha, na Rua Sarmiento, tradicional ponto de comércio do gênero em Buenos Aires. “Foi de um momento para o outro (que começou a ter de atualizar os preços rapidamente). Agora passo o tempo alterando preços, constantemente”, conta. Segundo Toledo, essa mudança em seu cotidiano se deu em abril e se intensificou agora, em maio, numa tendência que acompanha a desvalorização do peso. Neste mês, em apenas 11 dias, a moeda argentina já perdeu 12,16% de seu valor. No ano, chega a 23% e, nos últimos 12 meses, são 49%. O resultado disso no cotidiano dos argentinos é que os importados estão cada vez mais caros, e essa inflação dos produtos vindos de fora tem se espalhado por toda a economia. Toledo conta que os fornecedores têm repassado o preço dos itens aos poucos. “De uma lista de 500, primeiro aumentam uns 50 produtos. No outro dia, outros 50”, acrescenta. Nos últimos 40 dias, o preço dos produtos vendidos por Toledo subiu entre 15% e 20% – ajuste que foi repassado ao consumidor. Um violão montado localmente, mas cujas partes vêm da China, por exemplo, custava 5.700 pesos (cerca de R$ 890) na semana passada e agora está por 7.000 pesos (R$ 1,1 mil). Nesse caso, o incremento chegou a 22,8%. No bairro San Telmo, Mario Pereira, dono de uma loja de ferramentas, conta que seus fornecedores lhe avisaram na quarta-feira que, a partir de amanhã, os produtos serão reajustados entre 10% e 15%. “Vou repassar o aumento só das ferramentas mais simples, mais baratas. As máquinas (como furadeiras) já estão saindo muito pouco. Se aumentar o preço, ninguém leva”, diz.  Uma grande parte dos itens comercializados por Pereira é importada, mas, segundo ele, até os nacionais já estão sendo reajustados no mesmo patamar. “Aqui, na Argentina, tudo sobe quando o dólar sobe”, acrescenta. Até as sacolinhas plásticas que compra para colocar os produtos vendidos foram reajustadas em 17%.  Inflação alta não é novidade na Argentina – quase sempre está acima dos 20%. No primeiro ano do governo de Mauricio Macri, em 2016, chegou a 40,3%, após uma desvalorização inicial de 40% do peso. No ano passado, a inflação foi de 24% e, para 2018, as projeções eram de 20% no começo do ano. Diante da desvalorização da moeda do país, entretanto, economistas afirmam estar revendo esse número. A consultoria Abeceb, por exemplo, deverá divulgar sua nova estimativa na quarta-feira.

Aumentos.Pablo Toledo adotou o uso de uma caderneta para anotar preço dos instrumentos. Foto: Luciana Dyniewicz/Estadão

Desde o começo deste mês, o argentino Pablo Toledo, de 52 anos, tem atualizado um caderninho diariamente. Nesse caderno, ele anota o preço dos instrumentos musicais vendidos na loja em que trabalha, na Rua Sarmiento, tradicional ponto de comércio do gênero em Buenos Aires. “Foi de um momento para o outro (que começou a ter de atualizar os preços rapidamente). Agora passo o tempo alterando preços, constantemente”, conta. Segundo Toledo, essa mudança em seu cotidiano se deu em abril e se intensificou agora, em maio, numa tendência que acompanha a desvalorização do peso. Neste mês, em apenas 11 dias, a moeda argentina já perdeu 12,16% de seu valor. No ano, chega a 23% e, nos últimos 12 meses, são 49%. O resultado disso no cotidiano dos argentinos é que os importados estão cada vez mais caros, e essa inflação dos produtos vindos de fora tem se espalhado por toda a economia. Toledo conta que os fornecedores têm repassado o preço dos itens aos poucos. “De uma lista de 500, primeiro aumentam uns 50 produtos. No outro dia, outros 50”, acrescenta. Nos últimos 40 dias, o preço dos produtos vendidos por Toledo subiu entre 15% e 20% – ajuste que foi repassado ao consumidor. Um violão montado localmente, mas cujas partes vêm da China, por exemplo, custava 5.700 pesos (cerca de R$ 890) na semana passada e agora está por 7.000 pesos (R$ 1,1 mil). Nesse caso, o incremento chegou a 22,8%. No bairro San Telmo, Mario Pereira, dono de uma loja de ferramentas, conta que seus fornecedores lhe avisaram na quarta-feira que, a partir de amanhã, os produtos serão reajustados entre 10% e 15%. “Vou repassar o aumento só das ferramentas mais simples, mais baratas. As máquinas (como furadeiras) já estão saindo muito pouco. Se aumentar o preço, ninguém leva”, diz.  Uma grande parte dos itens comercializados por Pereira é importada, mas, segundo ele, até os nacionais já estão sendo reajustados no mesmo patamar. “Aqui, na Argentina, tudo sobe quando o dólar sobe”, acrescenta. Até as sacolinhas plásticas que compra para colocar os produtos vendidos foram reajustadas em 17%.  Inflação alta não é novidade na Argentina – quase sempre está acima dos 20%. No primeiro ano do governo de Mauricio Macri, em 2016, chegou a 40,3%, após uma desvalorização inicial de 40% do peso. No ano passado, a inflação foi de 24% e, para 2018, as projeções eram de 20% no começo do ano. Diante da desvalorização da moeda do país, entretanto, economistas afirmam estar revendo esse número. A consultoria Abeceb, por exemplo, deverá divulgar sua nova estimativa na quarta-feira.

Aumentos.Pablo Toledo adotou o uso de uma caderneta para anotar preço dos instrumentos. Foto: Luciana Dyniewicz/Estadão

Desde o começo deste mês, o argentino Pablo Toledo, de 52 anos, tem atualizado um caderninho diariamente. Nesse caderno, ele anota o preço dos instrumentos musicais vendidos na loja em que trabalha, na Rua Sarmiento, tradicional ponto de comércio do gênero em Buenos Aires. “Foi de um momento para o outro (que começou a ter de atualizar os preços rapidamente). Agora passo o tempo alterando preços, constantemente”, conta. Segundo Toledo, essa mudança em seu cotidiano se deu em abril e se intensificou agora, em maio, numa tendência que acompanha a desvalorização do peso. Neste mês, em apenas 11 dias, a moeda argentina já perdeu 12,16% de seu valor. No ano, chega a 23% e, nos últimos 12 meses, são 49%. O resultado disso no cotidiano dos argentinos é que os importados estão cada vez mais caros, e essa inflação dos produtos vindos de fora tem se espalhado por toda a economia. Toledo conta que os fornecedores têm repassado o preço dos itens aos poucos. “De uma lista de 500, primeiro aumentam uns 50 produtos. No outro dia, outros 50”, acrescenta. Nos últimos 40 dias, o preço dos produtos vendidos por Toledo subiu entre 15% e 20% – ajuste que foi repassado ao consumidor. Um violão montado localmente, mas cujas partes vêm da China, por exemplo, custava 5.700 pesos (cerca de R$ 890) na semana passada e agora está por 7.000 pesos (R$ 1,1 mil). Nesse caso, o incremento chegou a 22,8%. No bairro San Telmo, Mario Pereira, dono de uma loja de ferramentas, conta que seus fornecedores lhe avisaram na quarta-feira que, a partir de amanhã, os produtos serão reajustados entre 10% e 15%. “Vou repassar o aumento só das ferramentas mais simples, mais baratas. As máquinas (como furadeiras) já estão saindo muito pouco. Se aumentar o preço, ninguém leva”, diz.  Uma grande parte dos itens comercializados por Pereira é importada, mas, segundo ele, até os nacionais já estão sendo reajustados no mesmo patamar. “Aqui, na Argentina, tudo sobe quando o dólar sobe”, acrescenta. Até as sacolinhas plásticas que compra para colocar os produtos vendidos foram reajustadas em 17%.  Inflação alta não é novidade na Argentina – quase sempre está acima dos 20%. No primeiro ano do governo de Mauricio Macri, em 2016, chegou a 40,3%, após uma desvalorização inicial de 40% do peso. No ano passado, a inflação foi de 24% e, para 2018, as projeções eram de 20% no começo do ano. Diante da desvalorização da moeda do país, entretanto, economistas afirmam estar revendo esse número. A consultoria Abeceb, por exemplo, deverá divulgar sua nova estimativa na quarta-feira.

Aumentos.Pablo Toledo adotou o uso de uma caderneta para anotar preço dos instrumentos. Foto: Luciana Dyniewicz/Estadão

Desde o começo deste mês, o argentino Pablo Toledo, de 52 anos, tem atualizado um caderninho diariamente. Nesse caderno, ele anota o preço dos instrumentos musicais vendidos na loja em que trabalha, na Rua Sarmiento, tradicional ponto de comércio do gênero em Buenos Aires. “Foi de um momento para o outro (que começou a ter de atualizar os preços rapidamente). Agora passo o tempo alterando preços, constantemente”, conta. Segundo Toledo, essa mudança em seu cotidiano se deu em abril e se intensificou agora, em maio, numa tendência que acompanha a desvalorização do peso. Neste mês, em apenas 11 dias, a moeda argentina já perdeu 12,16% de seu valor. No ano, chega a 23% e, nos últimos 12 meses, são 49%. O resultado disso no cotidiano dos argentinos é que os importados estão cada vez mais caros, e essa inflação dos produtos vindos de fora tem se espalhado por toda a economia. Toledo conta que os fornecedores têm repassado o preço dos itens aos poucos. “De uma lista de 500, primeiro aumentam uns 50 produtos. No outro dia, outros 50”, acrescenta. Nos últimos 40 dias, o preço dos produtos vendidos por Toledo subiu entre 15% e 20% – ajuste que foi repassado ao consumidor. Um violão montado localmente, mas cujas partes vêm da China, por exemplo, custava 5.700 pesos (cerca de R$ 890) na semana passada e agora está por 7.000 pesos (R$ 1,1 mil). Nesse caso, o incremento chegou a 22,8%. No bairro San Telmo, Mario Pereira, dono de uma loja de ferramentas, conta que seus fornecedores lhe avisaram na quarta-feira que, a partir de amanhã, os produtos serão reajustados entre 10% e 15%. “Vou repassar o aumento só das ferramentas mais simples, mais baratas. As máquinas (como furadeiras) já estão saindo muito pouco. Se aumentar o preço, ninguém leva”, diz.  Uma grande parte dos itens comercializados por Pereira é importada, mas, segundo ele, até os nacionais já estão sendo reajustados no mesmo patamar. “Aqui, na Argentina, tudo sobe quando o dólar sobe”, acrescenta. Até as sacolinhas plásticas que compra para colocar os produtos vendidos foram reajustadas em 17%.  Inflação alta não é novidade na Argentina – quase sempre está acima dos 20%. No primeiro ano do governo de Mauricio Macri, em 2016, chegou a 40,3%, após uma desvalorização inicial de 40% do peso. No ano passado, a inflação foi de 24% e, para 2018, as projeções eram de 20% no começo do ano. Diante da desvalorização da moeda do país, entretanto, economistas afirmam estar revendo esse número. A consultoria Abeceb, por exemplo, deverá divulgar sua nova estimativa na quarta-feira.

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