Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|A ameaça dos estoques indesejados


A retração na demanda por produtos e serviços está elevando os estoques no comércio e na indústria, e excesso de estoque hoje significa menor produção amanhã

Por Fábio Alves

A forte retração na demanda por produtos e serviços - reflexo da erosão na renda dos trabalhadores, da inflação mais alta e do aumento do desemprego - está causando um efeito dominó perverso na economia brasileira: a elevação de estoques indesejados no comércio e na indústria.

Na próxima semana, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) deve divulgar sondagem sobre o nível de estoques na indústria brasileira para o mês de maio, mostrando também o número de setores industriais que estão superestocados neste momento.

Foi no mês passado que o estoque indesejado da indústria bateu o maior nível em 2015. Em abril, a diferença entre os estoques excessivos e os insuficientes ficou ao redor de 12,5 pontos - o pico anterior havia sido em outubro de 2014, quando superou 14 pontos. A expectativa de analistas é de que o resultado de maio seja ainda pior do que o de abril. Excesso de estoque hoje significa menor produção amanhã.

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 Foto: Alex Silva/Estadão

No mês passado, uma proporção de 40% dos setores industriais pesquisados pela FGV estava superestocada, isto é, registrava um excesso superior a 10% de seus estoques. Essa proporção já foi de 60% no início deste ano.

Diante da perspectiva de novas altas na taxa Selic pelo Banco Central, esfriando ainda mais o crédito e o consumo, a tendência é de que os estoques excessivos na indústria sigam crescendo em 2015, com o risco de superar o pico registrado em 2014.

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A aposta dos investidores, embutidas nos contratos futuros de juros, é de que a taxa Selic supere 14% ao final do ciclo atual de aperto monetário. Ou seja, o mercado espera que o BC suba os juros básicos em 0,75 ponto porcentual, dos atuais 13,25%, nas próximas reuniões do Copom como parte do esforço em controlar as expectativas inflacionárias.

Além disso, o governo está perseguindo um ajuste fiscal significativo neste ano, com a meta de atingir um superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) via corte de gasto público e aumento de arrecadação.

O efeito colateral do aperto monetário e do ajuste fiscal é, no curto prazo, desidratar ainda mais a atividade econômica, com efeito negativo sobre a confiança de empresários e consumidores.

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Uma quantidade excessiva de produtos encalhados nas prateleiras do comércio ou nos pátios das indústrias ameaça agravar a desaceleração da economia brasileira em 2015. Uma surpresa negativa no dado da FGV sobre estoque industrial pode levar a novas revisões para baixo das estimativas para o PIB deste ano.

Na mais recente pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central, a projeção dos analistas ouvidos aponta para uma retração de 1,2% do PIB brasileiro neste ano.

Todavia, essa estimativa pode ser revisada para uma queda maior do PIB, uma vez que os indicadores mais recentes de atividade, como o de vendas no varejo de março ou das vendas de papelão ondulado (embalagens) em abril, mostram que o ambiente recessivo da economia no primeiro trimestre deste ano não ficou para trás.

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Dados divulgados na quarta-feira pela FecomercioSP apontam que o Índice de Estoques (IE) caiu 0,8% em maio ante abril deste ano, batendo 98,5 pontos, menor nível desde junho de 2011. Em relação a maio do ano passado, o recuo foi de 13%.

No início deste mês, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que o estoque total de veículos subiu para 367,2 mil unidades em abril em comparação com 360,4 mil unidades encalhadas nas concessionárias ou nas fábricas das montadoras em março.

Aumento de estoques no comércio ou na indústria não é necessariamente uma má notícia. Pode ser visto como um investimento: à espera de uma bonança na economia, os empresários decidem elevar a quantidade de produtos em estoque para atender uma demanda maior no futuro.

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O reverso da moeda é negativo: aumento do estoque em razão de uma queda forte na demanda, resultante da desaceleração econômica, com maior desemprego e contração da renda do trabalhador. É o que o Brasil vive neste momento. Estoques excessivos são preocupantes, pois comércio e indústria podem demitir e reduzir produção para se adequar a um nível mais fraco de demanda.

A reversão desse cenário exigirá uma retomada na confiança de consumidores e empresários. Sem a recuperação dos investimentos e do consumo, os níveis de estoques excessivos na indústria e no comércio não devem cair. E a confiança passa não somente pelo ajuste macroeconômico em curso, como também pela melhora no cenário político.

Fábio Alves é jornalista do Broadcast

A forte retração na demanda por produtos e serviços - reflexo da erosão na renda dos trabalhadores, da inflação mais alta e do aumento do desemprego - está causando um efeito dominó perverso na economia brasileira: a elevação de estoques indesejados no comércio e na indústria.

Na próxima semana, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) deve divulgar sondagem sobre o nível de estoques na indústria brasileira para o mês de maio, mostrando também o número de setores industriais que estão superestocados neste momento.

Foi no mês passado que o estoque indesejado da indústria bateu o maior nível em 2015. Em abril, a diferença entre os estoques excessivos e os insuficientes ficou ao redor de 12,5 pontos - o pico anterior havia sido em outubro de 2014, quando superou 14 pontos. A expectativa de analistas é de que o resultado de maio seja ainda pior do que o de abril. Excesso de estoque hoje significa menor produção amanhã.

 Foto: Alex Silva/Estadão

No mês passado, uma proporção de 40% dos setores industriais pesquisados pela FGV estava superestocada, isto é, registrava um excesso superior a 10% de seus estoques. Essa proporção já foi de 60% no início deste ano.

Diante da perspectiva de novas altas na taxa Selic pelo Banco Central, esfriando ainda mais o crédito e o consumo, a tendência é de que os estoques excessivos na indústria sigam crescendo em 2015, com o risco de superar o pico registrado em 2014.

A aposta dos investidores, embutidas nos contratos futuros de juros, é de que a taxa Selic supere 14% ao final do ciclo atual de aperto monetário. Ou seja, o mercado espera que o BC suba os juros básicos em 0,75 ponto porcentual, dos atuais 13,25%, nas próximas reuniões do Copom como parte do esforço em controlar as expectativas inflacionárias.

Além disso, o governo está perseguindo um ajuste fiscal significativo neste ano, com a meta de atingir um superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) via corte de gasto público e aumento de arrecadação.

O efeito colateral do aperto monetário e do ajuste fiscal é, no curto prazo, desidratar ainda mais a atividade econômica, com efeito negativo sobre a confiança de empresários e consumidores.

Uma quantidade excessiva de produtos encalhados nas prateleiras do comércio ou nos pátios das indústrias ameaça agravar a desaceleração da economia brasileira em 2015. Uma surpresa negativa no dado da FGV sobre estoque industrial pode levar a novas revisões para baixo das estimativas para o PIB deste ano.

Na mais recente pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central, a projeção dos analistas ouvidos aponta para uma retração de 1,2% do PIB brasileiro neste ano.

Todavia, essa estimativa pode ser revisada para uma queda maior do PIB, uma vez que os indicadores mais recentes de atividade, como o de vendas no varejo de março ou das vendas de papelão ondulado (embalagens) em abril, mostram que o ambiente recessivo da economia no primeiro trimestre deste ano não ficou para trás.

Dados divulgados na quarta-feira pela FecomercioSP apontam que o Índice de Estoques (IE) caiu 0,8% em maio ante abril deste ano, batendo 98,5 pontos, menor nível desde junho de 2011. Em relação a maio do ano passado, o recuo foi de 13%.

No início deste mês, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que o estoque total de veículos subiu para 367,2 mil unidades em abril em comparação com 360,4 mil unidades encalhadas nas concessionárias ou nas fábricas das montadoras em março.

Aumento de estoques no comércio ou na indústria não é necessariamente uma má notícia. Pode ser visto como um investimento: à espera de uma bonança na economia, os empresários decidem elevar a quantidade de produtos em estoque para atender uma demanda maior no futuro.

O reverso da moeda é negativo: aumento do estoque em razão de uma queda forte na demanda, resultante da desaceleração econômica, com maior desemprego e contração da renda do trabalhador. É o que o Brasil vive neste momento. Estoques excessivos são preocupantes, pois comércio e indústria podem demitir e reduzir produção para se adequar a um nível mais fraco de demanda.

A reversão desse cenário exigirá uma retomada na confiança de consumidores e empresários. Sem a recuperação dos investimentos e do consumo, os níveis de estoques excessivos na indústria e no comércio não devem cair. E a confiança passa não somente pelo ajuste macroeconômico em curso, como também pela melhora no cenário político.

Fábio Alves é jornalista do Broadcast

A forte retração na demanda por produtos e serviços - reflexo da erosão na renda dos trabalhadores, da inflação mais alta e do aumento do desemprego - está causando um efeito dominó perverso na economia brasileira: a elevação de estoques indesejados no comércio e na indústria.

Na próxima semana, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) deve divulgar sondagem sobre o nível de estoques na indústria brasileira para o mês de maio, mostrando também o número de setores industriais que estão superestocados neste momento.

Foi no mês passado que o estoque indesejado da indústria bateu o maior nível em 2015. Em abril, a diferença entre os estoques excessivos e os insuficientes ficou ao redor de 12,5 pontos - o pico anterior havia sido em outubro de 2014, quando superou 14 pontos. A expectativa de analistas é de que o resultado de maio seja ainda pior do que o de abril. Excesso de estoque hoje significa menor produção amanhã.

 Foto: Alex Silva/Estadão

No mês passado, uma proporção de 40% dos setores industriais pesquisados pela FGV estava superestocada, isto é, registrava um excesso superior a 10% de seus estoques. Essa proporção já foi de 60% no início deste ano.

Diante da perspectiva de novas altas na taxa Selic pelo Banco Central, esfriando ainda mais o crédito e o consumo, a tendência é de que os estoques excessivos na indústria sigam crescendo em 2015, com o risco de superar o pico registrado em 2014.

A aposta dos investidores, embutidas nos contratos futuros de juros, é de que a taxa Selic supere 14% ao final do ciclo atual de aperto monetário. Ou seja, o mercado espera que o BC suba os juros básicos em 0,75 ponto porcentual, dos atuais 13,25%, nas próximas reuniões do Copom como parte do esforço em controlar as expectativas inflacionárias.

Além disso, o governo está perseguindo um ajuste fiscal significativo neste ano, com a meta de atingir um superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) via corte de gasto público e aumento de arrecadação.

O efeito colateral do aperto monetário e do ajuste fiscal é, no curto prazo, desidratar ainda mais a atividade econômica, com efeito negativo sobre a confiança de empresários e consumidores.

Uma quantidade excessiva de produtos encalhados nas prateleiras do comércio ou nos pátios das indústrias ameaça agravar a desaceleração da economia brasileira em 2015. Uma surpresa negativa no dado da FGV sobre estoque industrial pode levar a novas revisões para baixo das estimativas para o PIB deste ano.

Na mais recente pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central, a projeção dos analistas ouvidos aponta para uma retração de 1,2% do PIB brasileiro neste ano.

Todavia, essa estimativa pode ser revisada para uma queda maior do PIB, uma vez que os indicadores mais recentes de atividade, como o de vendas no varejo de março ou das vendas de papelão ondulado (embalagens) em abril, mostram que o ambiente recessivo da economia no primeiro trimestre deste ano não ficou para trás.

Dados divulgados na quarta-feira pela FecomercioSP apontam que o Índice de Estoques (IE) caiu 0,8% em maio ante abril deste ano, batendo 98,5 pontos, menor nível desde junho de 2011. Em relação a maio do ano passado, o recuo foi de 13%.

No início deste mês, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que o estoque total de veículos subiu para 367,2 mil unidades em abril em comparação com 360,4 mil unidades encalhadas nas concessionárias ou nas fábricas das montadoras em março.

Aumento de estoques no comércio ou na indústria não é necessariamente uma má notícia. Pode ser visto como um investimento: à espera de uma bonança na economia, os empresários decidem elevar a quantidade de produtos em estoque para atender uma demanda maior no futuro.

O reverso da moeda é negativo: aumento do estoque em razão de uma queda forte na demanda, resultante da desaceleração econômica, com maior desemprego e contração da renda do trabalhador. É o que o Brasil vive neste momento. Estoques excessivos são preocupantes, pois comércio e indústria podem demitir e reduzir produção para se adequar a um nível mais fraco de demanda.

A reversão desse cenário exigirá uma retomada na confiança de consumidores e empresários. Sem a recuperação dos investimentos e do consumo, os níveis de estoques excessivos na indústria e no comércio não devem cair. E a confiança passa não somente pelo ajuste macroeconômico em curso, como também pela melhora no cenário político.

Fábio Alves é jornalista do Broadcast

A forte retração na demanda por produtos e serviços - reflexo da erosão na renda dos trabalhadores, da inflação mais alta e do aumento do desemprego - está causando um efeito dominó perverso na economia brasileira: a elevação de estoques indesejados no comércio e na indústria.

Na próxima semana, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) deve divulgar sondagem sobre o nível de estoques na indústria brasileira para o mês de maio, mostrando também o número de setores industriais que estão superestocados neste momento.

Foi no mês passado que o estoque indesejado da indústria bateu o maior nível em 2015. Em abril, a diferença entre os estoques excessivos e os insuficientes ficou ao redor de 12,5 pontos - o pico anterior havia sido em outubro de 2014, quando superou 14 pontos. A expectativa de analistas é de que o resultado de maio seja ainda pior do que o de abril. Excesso de estoque hoje significa menor produção amanhã.

 Foto: Alex Silva/Estadão

No mês passado, uma proporção de 40% dos setores industriais pesquisados pela FGV estava superestocada, isto é, registrava um excesso superior a 10% de seus estoques. Essa proporção já foi de 60% no início deste ano.

Diante da perspectiva de novas altas na taxa Selic pelo Banco Central, esfriando ainda mais o crédito e o consumo, a tendência é de que os estoques excessivos na indústria sigam crescendo em 2015, com o risco de superar o pico registrado em 2014.

A aposta dos investidores, embutidas nos contratos futuros de juros, é de que a taxa Selic supere 14% ao final do ciclo atual de aperto monetário. Ou seja, o mercado espera que o BC suba os juros básicos em 0,75 ponto porcentual, dos atuais 13,25%, nas próximas reuniões do Copom como parte do esforço em controlar as expectativas inflacionárias.

Além disso, o governo está perseguindo um ajuste fiscal significativo neste ano, com a meta de atingir um superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) via corte de gasto público e aumento de arrecadação.

O efeito colateral do aperto monetário e do ajuste fiscal é, no curto prazo, desidratar ainda mais a atividade econômica, com efeito negativo sobre a confiança de empresários e consumidores.

Uma quantidade excessiva de produtos encalhados nas prateleiras do comércio ou nos pátios das indústrias ameaça agravar a desaceleração da economia brasileira em 2015. Uma surpresa negativa no dado da FGV sobre estoque industrial pode levar a novas revisões para baixo das estimativas para o PIB deste ano.

Na mais recente pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central, a projeção dos analistas ouvidos aponta para uma retração de 1,2% do PIB brasileiro neste ano.

Todavia, essa estimativa pode ser revisada para uma queda maior do PIB, uma vez que os indicadores mais recentes de atividade, como o de vendas no varejo de março ou das vendas de papelão ondulado (embalagens) em abril, mostram que o ambiente recessivo da economia no primeiro trimestre deste ano não ficou para trás.

Dados divulgados na quarta-feira pela FecomercioSP apontam que o Índice de Estoques (IE) caiu 0,8% em maio ante abril deste ano, batendo 98,5 pontos, menor nível desde junho de 2011. Em relação a maio do ano passado, o recuo foi de 13%.

No início deste mês, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que o estoque total de veículos subiu para 367,2 mil unidades em abril em comparação com 360,4 mil unidades encalhadas nas concessionárias ou nas fábricas das montadoras em março.

Aumento de estoques no comércio ou na indústria não é necessariamente uma má notícia. Pode ser visto como um investimento: à espera de uma bonança na economia, os empresários decidem elevar a quantidade de produtos em estoque para atender uma demanda maior no futuro.

O reverso da moeda é negativo: aumento do estoque em razão de uma queda forte na demanda, resultante da desaceleração econômica, com maior desemprego e contração da renda do trabalhador. É o que o Brasil vive neste momento. Estoques excessivos são preocupantes, pois comércio e indústria podem demitir e reduzir produção para se adequar a um nível mais fraco de demanda.

A reversão desse cenário exigirá uma retomada na confiança de consumidores e empresários. Sem a recuperação dos investimentos e do consumo, os níveis de estoques excessivos na indústria e no comércio não devem cair. E a confiança passa não somente pelo ajuste macroeconômico em curso, como também pela melhora no cenário político.

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