Jornalista e colunista do Broadcast

Opinião|Brasil de castigo na gestão Nelson Barbosa?


A trégua na cotação do dólar, em queda nesta terça-feira, e no índice Bovespa, em alta, deve durar pouco

Por Fábio Alves
 Foto: Eraldo Peres/AP

A trégua na cotação do dólar (em queda hoje) e no índice Bovespa (em alta) deve durar pouco. Diante da deterioração acelerada da trajetória da dívida bruta do Brasil nos últimos anos, não há um sentido de urgência em consertar o problema que está na raiz do descontrole das expectativas inflacionárias e da queda forte da confiança de empresários e investidores: a gestão calamitosa da política fiscal.

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A reação negativa dos investidores às declarações feitas nesta segunda-feira por Nelson Barbosa e também pela presidente Dilma Rousseff foram uma demonstração simbólica de desagrado ao nome do novo ministro da Fazenda, que não contribuiu em nada para melhorar o humor ao ser vago quanto a números que pudessem embasar sua promessa de reequilíbrio fiscal.

Não obstante o discurso atipicamente ortodoxo do novo ministro, ele nada disse que pudesse levar a crer na adoção de medidas mais duras para o ajuste fiscal no curto prazo.

Reforma da previdência é sim um tema importante para os investidores e teria sido algo para comemorar a informação dada por Barbosa de enviar ao Congresso uma proposta de reforma no primeiro trimestre de 2016.

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Mas como crer que o Congresso aprovará medidas para reduzir benefícios obrigatórios - algo politicamente delicado para milhões de eleitores - num ano de embate em torno do impeachment de Dilma, de cassação do mandato de Eduardo Cunha e de eleições municipais?

A própria presidente Dilma foi clara, durante a cerimônia que transferiu o comando do Ministério da Fazenda de Joaquim Levy para Barbosa, que não fará "mudanças bruscas" na economia e que é preciso conciliar o objetivo de reequilíbrio fiscal com o crescimento econômico.

Assim, para o mercado, as palavras de Barbosa durante a sua posse e na teleconferência com os investidores, por enquanto, entraram num ouvido e saíram noutro.

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A sensação dos investidores é de que o grau de incerteza política (diante do processo de impeachment) e econômica (diante da recessão que se aprofunda) mantêm o País à deriva.

E a troca de Levy por Barbosa não mudou essa percepção.

"O problema de se estar à deriva agora é que, como você está compondo sua dívida a 14,25%, a deterioração vem muito rápido", comentou a esta coluna um renomado economista brasileiro.

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Diante desse quadro, a questão é: a crise política será resolvida em um mês, seis meses ou um ano?

Mais ainda: com Levy à frente do Ministério da Fazenda, o discurso era monótono, mas consistente: é preciso fazer o ajuste fiscal para recuperar a credibilidade e tentar estabilizar a trajetória da dívida bruta.

Com a dupla Dilma-Barbosa, não se sabe ainda até onde eles irão no esforço de ressuscitar o PIB.

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Permanece a percepção do mercado quanto a teimosia deles em tentar uma receita que até agora se mostrou fracassada, vide a perda do grau de investimento por duas agências de classificação de risco, o maior tombo do PIB desde o início da série histórica do IBGE (4,5% no terceiro trimestre deste ano ante igual período de 2014), inflação de dois dígitos e taxa de desemprego que caminha para superar 10%.

Assim, é razoável imaginar que o investidor vá querer se proteger em 2016: comprando dólar, trazendo aplicações de prazos mais longos para curto prazo, investindo em ações de empresas consideradas defensivas e alocando ao Brasil um peso "underweight" (abaixo da média de um índice de referência) na sua carteira de investimentos.

Essa é, por enquanto, a receita para 2016 com o selo "Nelson Barbosa".

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Fábio Alves é jornalista do Broadcast, serviço de informações financeiras em tempo real do Grupo Estado

 Foto: Eraldo Peres/AP

A trégua na cotação do dólar (em queda hoje) e no índice Bovespa (em alta) deve durar pouco. Diante da deterioração acelerada da trajetória da dívida bruta do Brasil nos últimos anos, não há um sentido de urgência em consertar o problema que está na raiz do descontrole das expectativas inflacionárias e da queda forte da confiança de empresários e investidores: a gestão calamitosa da política fiscal.

A reação negativa dos investidores às declarações feitas nesta segunda-feira por Nelson Barbosa e também pela presidente Dilma Rousseff foram uma demonstração simbólica de desagrado ao nome do novo ministro da Fazenda, que não contribuiu em nada para melhorar o humor ao ser vago quanto a números que pudessem embasar sua promessa de reequilíbrio fiscal.

Não obstante o discurso atipicamente ortodoxo do novo ministro, ele nada disse que pudesse levar a crer na adoção de medidas mais duras para o ajuste fiscal no curto prazo.

Reforma da previdência é sim um tema importante para os investidores e teria sido algo para comemorar a informação dada por Barbosa de enviar ao Congresso uma proposta de reforma no primeiro trimestre de 2016.

Mas como crer que o Congresso aprovará medidas para reduzir benefícios obrigatórios - algo politicamente delicado para milhões de eleitores - num ano de embate em torno do impeachment de Dilma, de cassação do mandato de Eduardo Cunha e de eleições municipais?

A própria presidente Dilma foi clara, durante a cerimônia que transferiu o comando do Ministério da Fazenda de Joaquim Levy para Barbosa, que não fará "mudanças bruscas" na economia e que é preciso conciliar o objetivo de reequilíbrio fiscal com o crescimento econômico.

Assim, para o mercado, as palavras de Barbosa durante a sua posse e na teleconferência com os investidores, por enquanto, entraram num ouvido e saíram noutro.

A sensação dos investidores é de que o grau de incerteza política (diante do processo de impeachment) e econômica (diante da recessão que se aprofunda) mantêm o País à deriva.

E a troca de Levy por Barbosa não mudou essa percepção.

"O problema de se estar à deriva agora é que, como você está compondo sua dívida a 14,25%, a deterioração vem muito rápido", comentou a esta coluna um renomado economista brasileiro.

Diante desse quadro, a questão é: a crise política será resolvida em um mês, seis meses ou um ano?

Mais ainda: com Levy à frente do Ministério da Fazenda, o discurso era monótono, mas consistente: é preciso fazer o ajuste fiscal para recuperar a credibilidade e tentar estabilizar a trajetória da dívida bruta.

Com a dupla Dilma-Barbosa, não se sabe ainda até onde eles irão no esforço de ressuscitar o PIB.

Permanece a percepção do mercado quanto a teimosia deles em tentar uma receita que até agora se mostrou fracassada, vide a perda do grau de investimento por duas agências de classificação de risco, o maior tombo do PIB desde o início da série histórica do IBGE (4,5% no terceiro trimestre deste ano ante igual período de 2014), inflação de dois dígitos e taxa de desemprego que caminha para superar 10%.

Assim, é razoável imaginar que o investidor vá querer se proteger em 2016: comprando dólar, trazendo aplicações de prazos mais longos para curto prazo, investindo em ações de empresas consideradas defensivas e alocando ao Brasil um peso "underweight" (abaixo da média de um índice de referência) na sua carteira de investimentos.

Essa é, por enquanto, a receita para 2016 com o selo "Nelson Barbosa".

Fábio Alves é jornalista do Broadcast, serviço de informações financeiras em tempo real do Grupo Estado

 Foto: Eraldo Peres/AP

A trégua na cotação do dólar (em queda hoje) e no índice Bovespa (em alta) deve durar pouco. Diante da deterioração acelerada da trajetória da dívida bruta do Brasil nos últimos anos, não há um sentido de urgência em consertar o problema que está na raiz do descontrole das expectativas inflacionárias e da queda forte da confiança de empresários e investidores: a gestão calamitosa da política fiscal.

A reação negativa dos investidores às declarações feitas nesta segunda-feira por Nelson Barbosa e também pela presidente Dilma Rousseff foram uma demonstração simbólica de desagrado ao nome do novo ministro da Fazenda, que não contribuiu em nada para melhorar o humor ao ser vago quanto a números que pudessem embasar sua promessa de reequilíbrio fiscal.

Não obstante o discurso atipicamente ortodoxo do novo ministro, ele nada disse que pudesse levar a crer na adoção de medidas mais duras para o ajuste fiscal no curto prazo.

Reforma da previdência é sim um tema importante para os investidores e teria sido algo para comemorar a informação dada por Barbosa de enviar ao Congresso uma proposta de reforma no primeiro trimestre de 2016.

Mas como crer que o Congresso aprovará medidas para reduzir benefícios obrigatórios - algo politicamente delicado para milhões de eleitores - num ano de embate em torno do impeachment de Dilma, de cassação do mandato de Eduardo Cunha e de eleições municipais?

A própria presidente Dilma foi clara, durante a cerimônia que transferiu o comando do Ministério da Fazenda de Joaquim Levy para Barbosa, que não fará "mudanças bruscas" na economia e que é preciso conciliar o objetivo de reequilíbrio fiscal com o crescimento econômico.

Assim, para o mercado, as palavras de Barbosa durante a sua posse e na teleconferência com os investidores, por enquanto, entraram num ouvido e saíram noutro.

A sensação dos investidores é de que o grau de incerteza política (diante do processo de impeachment) e econômica (diante da recessão que se aprofunda) mantêm o País à deriva.

E a troca de Levy por Barbosa não mudou essa percepção.

"O problema de se estar à deriva agora é que, como você está compondo sua dívida a 14,25%, a deterioração vem muito rápido", comentou a esta coluna um renomado economista brasileiro.

Diante desse quadro, a questão é: a crise política será resolvida em um mês, seis meses ou um ano?

Mais ainda: com Levy à frente do Ministério da Fazenda, o discurso era monótono, mas consistente: é preciso fazer o ajuste fiscal para recuperar a credibilidade e tentar estabilizar a trajetória da dívida bruta.

Com a dupla Dilma-Barbosa, não se sabe ainda até onde eles irão no esforço de ressuscitar o PIB.

Permanece a percepção do mercado quanto a teimosia deles em tentar uma receita que até agora se mostrou fracassada, vide a perda do grau de investimento por duas agências de classificação de risco, o maior tombo do PIB desde o início da série histórica do IBGE (4,5% no terceiro trimestre deste ano ante igual período de 2014), inflação de dois dígitos e taxa de desemprego que caminha para superar 10%.

Assim, é razoável imaginar que o investidor vá querer se proteger em 2016: comprando dólar, trazendo aplicações de prazos mais longos para curto prazo, investindo em ações de empresas consideradas defensivas e alocando ao Brasil um peso "underweight" (abaixo da média de um índice de referência) na sua carteira de investimentos.

Essa é, por enquanto, a receita para 2016 com o selo "Nelson Barbosa".

Fábio Alves é jornalista do Broadcast, serviço de informações financeiras em tempo real do Grupo Estado

 Foto: Eraldo Peres/AP

A trégua na cotação do dólar (em queda hoje) e no índice Bovespa (em alta) deve durar pouco. Diante da deterioração acelerada da trajetória da dívida bruta do Brasil nos últimos anos, não há um sentido de urgência em consertar o problema que está na raiz do descontrole das expectativas inflacionárias e da queda forte da confiança de empresários e investidores: a gestão calamitosa da política fiscal.

A reação negativa dos investidores às declarações feitas nesta segunda-feira por Nelson Barbosa e também pela presidente Dilma Rousseff foram uma demonstração simbólica de desagrado ao nome do novo ministro da Fazenda, que não contribuiu em nada para melhorar o humor ao ser vago quanto a números que pudessem embasar sua promessa de reequilíbrio fiscal.

Não obstante o discurso atipicamente ortodoxo do novo ministro, ele nada disse que pudesse levar a crer na adoção de medidas mais duras para o ajuste fiscal no curto prazo.

Reforma da previdência é sim um tema importante para os investidores e teria sido algo para comemorar a informação dada por Barbosa de enviar ao Congresso uma proposta de reforma no primeiro trimestre de 2016.

Mas como crer que o Congresso aprovará medidas para reduzir benefícios obrigatórios - algo politicamente delicado para milhões de eleitores - num ano de embate em torno do impeachment de Dilma, de cassação do mandato de Eduardo Cunha e de eleições municipais?

A própria presidente Dilma foi clara, durante a cerimônia que transferiu o comando do Ministério da Fazenda de Joaquim Levy para Barbosa, que não fará "mudanças bruscas" na economia e que é preciso conciliar o objetivo de reequilíbrio fiscal com o crescimento econômico.

Assim, para o mercado, as palavras de Barbosa durante a sua posse e na teleconferência com os investidores, por enquanto, entraram num ouvido e saíram noutro.

A sensação dos investidores é de que o grau de incerteza política (diante do processo de impeachment) e econômica (diante da recessão que se aprofunda) mantêm o País à deriva.

E a troca de Levy por Barbosa não mudou essa percepção.

"O problema de se estar à deriva agora é que, como você está compondo sua dívida a 14,25%, a deterioração vem muito rápido", comentou a esta coluna um renomado economista brasileiro.

Diante desse quadro, a questão é: a crise política será resolvida em um mês, seis meses ou um ano?

Mais ainda: com Levy à frente do Ministério da Fazenda, o discurso era monótono, mas consistente: é preciso fazer o ajuste fiscal para recuperar a credibilidade e tentar estabilizar a trajetória da dívida bruta.

Com a dupla Dilma-Barbosa, não se sabe ainda até onde eles irão no esforço de ressuscitar o PIB.

Permanece a percepção do mercado quanto a teimosia deles em tentar uma receita que até agora se mostrou fracassada, vide a perda do grau de investimento por duas agências de classificação de risco, o maior tombo do PIB desde o início da série histórica do IBGE (4,5% no terceiro trimestre deste ano ante igual período de 2014), inflação de dois dígitos e taxa de desemprego que caminha para superar 10%.

Assim, é razoável imaginar que o investidor vá querer se proteger em 2016: comprando dólar, trazendo aplicações de prazos mais longos para curto prazo, investindo em ações de empresas consideradas defensivas e alocando ao Brasil um peso "underweight" (abaixo da média de um índice de referência) na sua carteira de investimentos.

Essa é, por enquanto, a receita para 2016 com o selo "Nelson Barbosa".

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