Economia e políticas públicas

Opinião|Satisfação só na Faria Lima


Pesquisa da XP-Ipespe mostra que popularidade de Bolsonaro continua a se erodir e vantagem de Lula num segundo turno a aumentar. Otimismo na economia só sensibiliza pequena minoria.

Por Fernando Dantas

A pesquisa XP/Ipespe que acaba de ser divulgada, relativa aos dias 7 a 10 de junho, mostra que a situação de Jair Bolsonaro continua a piorar - tanto em termos de popularidade quanto de um confronto com Lula nas eleições presidenciais do próximo ano.

Esse resultado contrasta com o otimismo que tomou conta do mercado financeiro, com reflexo até no setor produtivo, como se vê na movimentação recente de aquisições e de abertura de capital.

Essa é uma questão bem conhecida: a defasagem entre uma melhora inicial da economia e o bem estar da maioria da população pode ser muito longa.

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Um caso emblemático é o do ex-presidente norte-americano George H. W. Bush, que governou de 1989 a janeiro de 1993. Após a bem sucedida vitória na primeira guerra do Iraque, em fevereiro de 1991, Bush atingiu um dos níveis mais altos de popularidade de um presidente americano no pós-guerra.

Em novembro de 1992, no entanto, ele seria derrotado por Bill Clinton na sua (de Bush) tentativa de reeleição. A causa principal foi a recessão do final do seu mandato que, tecnicamente, durou oito meses entre 1990 e 1991.

Mas a recessão foi seguida de uma "jobless recovery" (retomada com pouca criação de emprego) que destruiu a popularidade de Bush. O fato de a economia estar em recuperação desde o primeiro semestre de 1991 de nada adiantou.

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O mercado de trabalho costuma ser a última variável a se mover no ciclo econômico, tanto para pior como para melhor.

No caso do Brasil atual, a perspectiva é particularmente sombria. A pandemia provocou não só um imenso desemprego mas também retirou do mercado de trabalho uma enorme massa de pessoas. Qualquer melhora na economia vai criar empregos, por um lado, e, pelo outro, trazer de volta brasileiros para a força de trabalho - de forma que o desemprego deve se manter em nível muito alto por um bom período.

A isso se soma a alta inflação, que superou o patamar de 8% em 12 meses. Desemprego e inflação somados compõem o chamado "índice de miséria", concebido pelo respeitado economista americano Arthur Okun (falecido em 1980), e que visa justamente avaliar como o cidadão médio está percebendo a economia.

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No Brasil, a se crer no "índice de miséria", o cidadão médio está com uma das piores percepções sobre a situação da economia em muito tempo.

Isso se reflete, por exemplo, no contraste entre o nível muito mais alto da confiança dos empresários comparado à dos consumidores, tema abordado recentemente neste espaço.

Carlos Melo, cientista político do Insper, observa que a euforia da Faria Lima e de setores do comércio com a situação econômica revela muito pouco da situação política de Bolsonaro.

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Também, para Melo, pode ser ilusória a ideia de que sinais recentes de força do presidente - como a não punição de Pazuello e o reforço da posição de Bolsonaro frente à PGR, às Forças Armadas e à Polícia Militar - estabilizarão o governo e lhe darão renovado poder de iniciativa.

O pesquisador nota que o governo é pressionado por quase todos os lados.

Ricardo Salles, o ministro do Meio Ambiente, que tem "a maior visibilidade internacional", enfrenta um "inquérito pesado" e pedido de prisão. Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, foi indiciado por acusação de receber propina de R$ 10 milhões.

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"Bolsonaro não já não pode dizer que no governo dele não tem operação especial da Polícia Federal chegando na casa de ministros e lideranças", comenta Melo.

Em termos de pandemia, continua o cientista político, a CPI está mostrando didaticamente a enormidade da mistificação e da postura anticientífica do governo.

Na visão do pesquisador, o poder de Bolsonaro sobre as polícias só agrada à minoria de 30% que continua a apoiá-lo. Para grande parte da população, porém, é um fator a mais de insegurança, como se vê nos repetidos casos de mortes por bala perdida ou resultantes de ações da PM em comunidades pobres.

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Da mesma forma, o crescimento da percepção de que Bolsonaro teria o atrevimento de tentar um golpe não o faz mais popular junto à maioria dos brasileiros, pelo contrário.

Finalmente, na economia, o pesquisador faz a pergunta necessária: "Está melhorando para quem"? Ele nota que as commodities, cuja alta é o fator primordial do avanço, não são um grande setor empregador. E o boom de compras no comércio ocorre em boa parte nas camadas média e alta da população.

Além disso, parte das boas notícias recentes é relativa, na verdade, à reversão de um quadro muito ruim, e não a uma melhora a partir da normalidade.

Assim, para Melo, insegurança, pressões políticas, economia ainda ruim para a maioria da população e pandemia (com a percepção sobre a péssima gestão do governo) continuam a minar a popularidade presidencial.

"Entendo que o governo e o mercado batam bumbo para a melhora da economia e não faço juízo de valor sobre isso, mas fora da bolha a situação continua muito precária", conclui.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fernando.dantas@estadao.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 11/6/2021, sexta-feira.

A pesquisa XP/Ipespe que acaba de ser divulgada, relativa aos dias 7 a 10 de junho, mostra que a situação de Jair Bolsonaro continua a piorar - tanto em termos de popularidade quanto de um confronto com Lula nas eleições presidenciais do próximo ano.

Esse resultado contrasta com o otimismo que tomou conta do mercado financeiro, com reflexo até no setor produtivo, como se vê na movimentação recente de aquisições e de abertura de capital.

Essa é uma questão bem conhecida: a defasagem entre uma melhora inicial da economia e o bem estar da maioria da população pode ser muito longa.

Um caso emblemático é o do ex-presidente norte-americano George H. W. Bush, que governou de 1989 a janeiro de 1993. Após a bem sucedida vitória na primeira guerra do Iraque, em fevereiro de 1991, Bush atingiu um dos níveis mais altos de popularidade de um presidente americano no pós-guerra.

Em novembro de 1992, no entanto, ele seria derrotado por Bill Clinton na sua (de Bush) tentativa de reeleição. A causa principal foi a recessão do final do seu mandato que, tecnicamente, durou oito meses entre 1990 e 1991.

Mas a recessão foi seguida de uma "jobless recovery" (retomada com pouca criação de emprego) que destruiu a popularidade de Bush. O fato de a economia estar em recuperação desde o primeiro semestre de 1991 de nada adiantou.

O mercado de trabalho costuma ser a última variável a se mover no ciclo econômico, tanto para pior como para melhor.

No caso do Brasil atual, a perspectiva é particularmente sombria. A pandemia provocou não só um imenso desemprego mas também retirou do mercado de trabalho uma enorme massa de pessoas. Qualquer melhora na economia vai criar empregos, por um lado, e, pelo outro, trazer de volta brasileiros para a força de trabalho - de forma que o desemprego deve se manter em nível muito alto por um bom período.

A isso se soma a alta inflação, que superou o patamar de 8% em 12 meses. Desemprego e inflação somados compõem o chamado "índice de miséria", concebido pelo respeitado economista americano Arthur Okun (falecido em 1980), e que visa justamente avaliar como o cidadão médio está percebendo a economia.

No Brasil, a se crer no "índice de miséria", o cidadão médio está com uma das piores percepções sobre a situação da economia em muito tempo.

Isso se reflete, por exemplo, no contraste entre o nível muito mais alto da confiança dos empresários comparado à dos consumidores, tema abordado recentemente neste espaço.

Carlos Melo, cientista político do Insper, observa que a euforia da Faria Lima e de setores do comércio com a situação econômica revela muito pouco da situação política de Bolsonaro.

Também, para Melo, pode ser ilusória a ideia de que sinais recentes de força do presidente - como a não punição de Pazuello e o reforço da posição de Bolsonaro frente à PGR, às Forças Armadas e à Polícia Militar - estabilizarão o governo e lhe darão renovado poder de iniciativa.

O pesquisador nota que o governo é pressionado por quase todos os lados.

Ricardo Salles, o ministro do Meio Ambiente, que tem "a maior visibilidade internacional", enfrenta um "inquérito pesado" e pedido de prisão. Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, foi indiciado por acusação de receber propina de R$ 10 milhões.

"Bolsonaro não já não pode dizer que no governo dele não tem operação especial da Polícia Federal chegando na casa de ministros e lideranças", comenta Melo.

Em termos de pandemia, continua o cientista político, a CPI está mostrando didaticamente a enormidade da mistificação e da postura anticientífica do governo.

Na visão do pesquisador, o poder de Bolsonaro sobre as polícias só agrada à minoria de 30% que continua a apoiá-lo. Para grande parte da população, porém, é um fator a mais de insegurança, como se vê nos repetidos casos de mortes por bala perdida ou resultantes de ações da PM em comunidades pobres.

Da mesma forma, o crescimento da percepção de que Bolsonaro teria o atrevimento de tentar um golpe não o faz mais popular junto à maioria dos brasileiros, pelo contrário.

Finalmente, na economia, o pesquisador faz a pergunta necessária: "Está melhorando para quem"? Ele nota que as commodities, cuja alta é o fator primordial do avanço, não são um grande setor empregador. E o boom de compras no comércio ocorre em boa parte nas camadas média e alta da população.

Além disso, parte das boas notícias recentes é relativa, na verdade, à reversão de um quadro muito ruim, e não a uma melhora a partir da normalidade.

Assim, para Melo, insegurança, pressões políticas, economia ainda ruim para a maioria da população e pandemia (com a percepção sobre a péssima gestão do governo) continuam a minar a popularidade presidencial.

"Entendo que o governo e o mercado batam bumbo para a melhora da economia e não faço juízo de valor sobre isso, mas fora da bolha a situação continua muito precária", conclui.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fernando.dantas@estadao.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 11/6/2021, sexta-feira.

A pesquisa XP/Ipespe que acaba de ser divulgada, relativa aos dias 7 a 10 de junho, mostra que a situação de Jair Bolsonaro continua a piorar - tanto em termos de popularidade quanto de um confronto com Lula nas eleições presidenciais do próximo ano.

Esse resultado contrasta com o otimismo que tomou conta do mercado financeiro, com reflexo até no setor produtivo, como se vê na movimentação recente de aquisições e de abertura de capital.

Essa é uma questão bem conhecida: a defasagem entre uma melhora inicial da economia e o bem estar da maioria da população pode ser muito longa.

Um caso emblemático é o do ex-presidente norte-americano George H. W. Bush, que governou de 1989 a janeiro de 1993. Após a bem sucedida vitória na primeira guerra do Iraque, em fevereiro de 1991, Bush atingiu um dos níveis mais altos de popularidade de um presidente americano no pós-guerra.

Em novembro de 1992, no entanto, ele seria derrotado por Bill Clinton na sua (de Bush) tentativa de reeleição. A causa principal foi a recessão do final do seu mandato que, tecnicamente, durou oito meses entre 1990 e 1991.

Mas a recessão foi seguida de uma "jobless recovery" (retomada com pouca criação de emprego) que destruiu a popularidade de Bush. O fato de a economia estar em recuperação desde o primeiro semestre de 1991 de nada adiantou.

O mercado de trabalho costuma ser a última variável a se mover no ciclo econômico, tanto para pior como para melhor.

No caso do Brasil atual, a perspectiva é particularmente sombria. A pandemia provocou não só um imenso desemprego mas também retirou do mercado de trabalho uma enorme massa de pessoas. Qualquer melhora na economia vai criar empregos, por um lado, e, pelo outro, trazer de volta brasileiros para a força de trabalho - de forma que o desemprego deve se manter em nível muito alto por um bom período.

A isso se soma a alta inflação, que superou o patamar de 8% em 12 meses. Desemprego e inflação somados compõem o chamado "índice de miséria", concebido pelo respeitado economista americano Arthur Okun (falecido em 1980), e que visa justamente avaliar como o cidadão médio está percebendo a economia.

No Brasil, a se crer no "índice de miséria", o cidadão médio está com uma das piores percepções sobre a situação da economia em muito tempo.

Isso se reflete, por exemplo, no contraste entre o nível muito mais alto da confiança dos empresários comparado à dos consumidores, tema abordado recentemente neste espaço.

Carlos Melo, cientista político do Insper, observa que a euforia da Faria Lima e de setores do comércio com a situação econômica revela muito pouco da situação política de Bolsonaro.

Também, para Melo, pode ser ilusória a ideia de que sinais recentes de força do presidente - como a não punição de Pazuello e o reforço da posição de Bolsonaro frente à PGR, às Forças Armadas e à Polícia Militar - estabilizarão o governo e lhe darão renovado poder de iniciativa.

O pesquisador nota que o governo é pressionado por quase todos os lados.

Ricardo Salles, o ministro do Meio Ambiente, que tem "a maior visibilidade internacional", enfrenta um "inquérito pesado" e pedido de prisão. Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, foi indiciado por acusação de receber propina de R$ 10 milhões.

"Bolsonaro não já não pode dizer que no governo dele não tem operação especial da Polícia Federal chegando na casa de ministros e lideranças", comenta Melo.

Em termos de pandemia, continua o cientista político, a CPI está mostrando didaticamente a enormidade da mistificação e da postura anticientífica do governo.

Na visão do pesquisador, o poder de Bolsonaro sobre as polícias só agrada à minoria de 30% que continua a apoiá-lo. Para grande parte da população, porém, é um fator a mais de insegurança, como se vê nos repetidos casos de mortes por bala perdida ou resultantes de ações da PM em comunidades pobres.

Da mesma forma, o crescimento da percepção de que Bolsonaro teria o atrevimento de tentar um golpe não o faz mais popular junto à maioria dos brasileiros, pelo contrário.

Finalmente, na economia, o pesquisador faz a pergunta necessária: "Está melhorando para quem"? Ele nota que as commodities, cuja alta é o fator primordial do avanço, não são um grande setor empregador. E o boom de compras no comércio ocorre em boa parte nas camadas média e alta da população.

Além disso, parte das boas notícias recentes é relativa, na verdade, à reversão de um quadro muito ruim, e não a uma melhora a partir da normalidade.

Assim, para Melo, insegurança, pressões políticas, economia ainda ruim para a maioria da população e pandemia (com a percepção sobre a péssima gestão do governo) continuam a minar a popularidade presidencial.

"Entendo que o governo e o mercado batam bumbo para a melhora da economia e não faço juízo de valor sobre isso, mas fora da bolha a situação continua muito precária", conclui.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fernando.dantas@estadao.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 11/6/2021, sexta-feira.

A pesquisa XP/Ipespe que acaba de ser divulgada, relativa aos dias 7 a 10 de junho, mostra que a situação de Jair Bolsonaro continua a piorar - tanto em termos de popularidade quanto de um confronto com Lula nas eleições presidenciais do próximo ano.

Esse resultado contrasta com o otimismo que tomou conta do mercado financeiro, com reflexo até no setor produtivo, como se vê na movimentação recente de aquisições e de abertura de capital.

Essa é uma questão bem conhecida: a defasagem entre uma melhora inicial da economia e o bem estar da maioria da população pode ser muito longa.

Um caso emblemático é o do ex-presidente norte-americano George H. W. Bush, que governou de 1989 a janeiro de 1993. Após a bem sucedida vitória na primeira guerra do Iraque, em fevereiro de 1991, Bush atingiu um dos níveis mais altos de popularidade de um presidente americano no pós-guerra.

Em novembro de 1992, no entanto, ele seria derrotado por Bill Clinton na sua (de Bush) tentativa de reeleição. A causa principal foi a recessão do final do seu mandato que, tecnicamente, durou oito meses entre 1990 e 1991.

Mas a recessão foi seguida de uma "jobless recovery" (retomada com pouca criação de emprego) que destruiu a popularidade de Bush. O fato de a economia estar em recuperação desde o primeiro semestre de 1991 de nada adiantou.

O mercado de trabalho costuma ser a última variável a se mover no ciclo econômico, tanto para pior como para melhor.

No caso do Brasil atual, a perspectiva é particularmente sombria. A pandemia provocou não só um imenso desemprego mas também retirou do mercado de trabalho uma enorme massa de pessoas. Qualquer melhora na economia vai criar empregos, por um lado, e, pelo outro, trazer de volta brasileiros para a força de trabalho - de forma que o desemprego deve se manter em nível muito alto por um bom período.

A isso se soma a alta inflação, que superou o patamar de 8% em 12 meses. Desemprego e inflação somados compõem o chamado "índice de miséria", concebido pelo respeitado economista americano Arthur Okun (falecido em 1980), e que visa justamente avaliar como o cidadão médio está percebendo a economia.

No Brasil, a se crer no "índice de miséria", o cidadão médio está com uma das piores percepções sobre a situação da economia em muito tempo.

Isso se reflete, por exemplo, no contraste entre o nível muito mais alto da confiança dos empresários comparado à dos consumidores, tema abordado recentemente neste espaço.

Carlos Melo, cientista político do Insper, observa que a euforia da Faria Lima e de setores do comércio com a situação econômica revela muito pouco da situação política de Bolsonaro.

Também, para Melo, pode ser ilusória a ideia de que sinais recentes de força do presidente - como a não punição de Pazuello e o reforço da posição de Bolsonaro frente à PGR, às Forças Armadas e à Polícia Militar - estabilizarão o governo e lhe darão renovado poder de iniciativa.

O pesquisador nota que o governo é pressionado por quase todos os lados.

Ricardo Salles, o ministro do Meio Ambiente, que tem "a maior visibilidade internacional", enfrenta um "inquérito pesado" e pedido de prisão. Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, foi indiciado por acusação de receber propina de R$ 10 milhões.

"Bolsonaro não já não pode dizer que no governo dele não tem operação especial da Polícia Federal chegando na casa de ministros e lideranças", comenta Melo.

Em termos de pandemia, continua o cientista político, a CPI está mostrando didaticamente a enormidade da mistificação e da postura anticientífica do governo.

Na visão do pesquisador, o poder de Bolsonaro sobre as polícias só agrada à minoria de 30% que continua a apoiá-lo. Para grande parte da população, porém, é um fator a mais de insegurança, como se vê nos repetidos casos de mortes por bala perdida ou resultantes de ações da PM em comunidades pobres.

Da mesma forma, o crescimento da percepção de que Bolsonaro teria o atrevimento de tentar um golpe não o faz mais popular junto à maioria dos brasileiros, pelo contrário.

Finalmente, na economia, o pesquisador faz a pergunta necessária: "Está melhorando para quem"? Ele nota que as commodities, cuja alta é o fator primordial do avanço, não são um grande setor empregador. E o boom de compras no comércio ocorre em boa parte nas camadas média e alta da população.

Além disso, parte das boas notícias recentes é relativa, na verdade, à reversão de um quadro muito ruim, e não a uma melhora a partir da normalidade.

Assim, para Melo, insegurança, pressões políticas, economia ainda ruim para a maioria da população e pandemia (com a percepção sobre a péssima gestão do governo) continuam a minar a popularidade presidencial.

"Entendo que o governo e o mercado batam bumbo para a melhora da economia e não faço juízo de valor sobre isso, mas fora da bolha a situação continua muito precária", conclui.

Fernando Dantas é colunista do Broadcast (fernando.dantas@estadao.com)

Esta coluna foi publicada pelo Broadcast em 11/6/2021, sexta-feira.

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