Da City Londrina

Crise desperta desejo de migrar e brasileiros tentam emprego na Inglaterra e Japão


Estagnação econômica leva mais brasileiros a cogitar migrar para trabalhar no exterior. Fenômeno ainda não é visto nas estatísticas, mas agências de empregos e empresas dizem que interesse aumentou nos últimos meses. Consulado do Japão em São Paulo reconhece aumento na procura por vistos de trabalho

Por Fernando Nakagawa e Twitter @fnakagawa

LONDRES -A crise parece despertar novos planos em parte dos brasileiros. O fenômeno ainda não está explícito nas estatísticas, mas empregadores e entidades na Inglaterra e no Japão dizem que cresce o interesse em migrar do Brasil para esses países. Ainda incipiente, o movimento tem semelhanças com o fluxo para o exterior visto até meados da década passada. Entre as autoridades, o serviço consular japonês reconhece que a demanda pelos vistos de trabalho aumentou no Brasil.

Na periferia noroeste de Londres, o goiano Ercylio Oliveira tem uma pequena loja de motos. Aberta em 2010, a Omega Bikes sentiu de longe os ciclos econômicos brasileiros. No ano da inauguração, o Brasil cresceu quase 8% e era o símbolo do otimismo global. Isso foi suficiente para levar dezenas de motoboys brasileiros até Ercylio. Todos queriam vender suas motos para retornar ao Brasil. "Hoje, é o contrário e recebo cada vez mais gente querendo comprar motos para trabalhar. Pelo menos 50 brasileiros que venderam motos entre 2010 e 2013 para voltar ao Brasil retornaram à Inglaterra desde o fim do ano passado para tentar a vida de novo aqui", diz.

Motoboys. Brasileiros dominam entregas em Londres / MotoFilmadoresUK Foto: Estadão
continua após a publicidade

Há algumas semanas, Oliveira publicou em uma rede social um aviso de alguns empregos para motoboys em Londres. Em português, o anúncio era voltado aos brasileiros que, segundo algumas estimativas, dominam 70% do mercado de entregas rápidas na cidade. Com os compartilhamentos na internet, a oferta cruzou o Atlântico e chegou ao Brasil. Resultado: o telefone não parou de tocar e foram quase 100 ligações em apenas um dia de interessados em migrar. "Nunca tinha visto nada parecido".

O fenômeno não se restringe aos motoboys, diz Carlos Mellinger, presidente da Casa do Brasil, uma entidade que ajuda imigrantes em Londres. "Há um número crescente de pessoas chegando para tentar a vida aqui. A crise econômica tem piorado as condições de trabalho e as perspectivas para a mão de obra não qualificada no Brasil. Isso faz nascer o interesse em migrar. Esse desejo é potencializado com a taxa de câmbio porque o real fraco faz o salário em libras ser ainda mais atrativo", diz.

Em Londres, brasileiros procuram- construção civil - restaurantes- serviços de limpeza - entregas rápidas 

continua após a publicidade

A Casa do Brasil identifica quatro grandes áreas que têm atraído os brasileiros em Londres: a construção civil, os restaurantes, os serviços de limpeza e os motoboys. Ao contrário de outros países europeus como a Espanha e Portugal, a Inglaterra passa por um bom momento econômico. Em 2014, o Reino Unido foi o país que mais cresceu entre as 7 maiores economias do mundo, o G-7, e a trajetória de crescimento tende a continuar em 2015.

Japão. História semelhante é vista no Japão. Em meio a um esforço histórico do governo Shinzo Abe para acelerar a economia, a atividade começa a reagir e fábricas buscam cada vez mais mão de obra. A notícia desperta o interesse de descendentes de japoneses e o consulado geral do Japão em São Paulo reconhece que há "ligeiro aumento" na procura por vistos de trabalho.

Reação. Cresce procura por mão de obra estrangeira no Japão / Reuters Foto: Estadão
continua após a publicidade

Marlon Miyazato é coordenador da Itiban, uma agência de empregos especializada no Japão com sede em Maringá, no interior do Paraná. Ele demonstra surpresa com o movimento recente. "O fluxo aumentou muito desde o fim de 2014. As pessoas nos procuram porque a situação aqui não está muito boa e sabem que as fábricas voltaram a contratar", diz.

Recentemente uma empresa japonesa contatou a agência paranaense com 200 vagas disponíveis. "Isso era impensável há pouco tempo. Em 2009 e 2010, não existiam vagas e muita gente foi forçada a voltar do Japão". Atualmente, a agência paranaense já manda cerca de 50 brasileiros com emprego garantido todo mês para o Japão. Entre 2009 e 2012, o número de clientes foi zero em vários meses. "Isso fez com que muitas agências de emprego como a nossa quebrassem".

Em Nagóia, uma das cidades com mais brasileiros no Japão, Felipe Enomoto é gerente da agência de empregos Nikkei Amu. A empresa sempre foi especializada na recolocação de brasileiros que já vivem no país. Mas a situação começou a mudar. "Começamos a ser contatados por pessoas que já viveram no Japão e voltaram ao Brasil. Agora, parte desse pessoal quer retornar ao Japão. Quase todo dia recebo ligações do Brasil. Se já conheço o candidato e ele tem todos os documentos, é relativamente fácil conseguir uma vaga", diz.

continua após a publicidade

Na Inglaterra ou no Japão, a história por trás de parte desses imigrantes que voltam a tentar a vida no exterior é parecida. "O sonho de todo mundo é ficar um tempo no exterior, juntar um dinheirinho e voltar para o Brasil para comprar uma casa e abrir um negócio", diz Ercylio Oliveira, dono da loja de motos em Londres. "O problema é que é difícil ser ter sucesso em um negócio próprio. Diria que metade dessa nova leva de decasséguis é de gente que abriu uma loja ou um restaurante e não deu certo. Com a crise ou falta de tino comercial, o negócio deu errado e o dinheiro simplesmente acabou", diz Miyazato.

Trecho de reportagem publicada no Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado

LONDRES -A crise parece despertar novos planos em parte dos brasileiros. O fenômeno ainda não está explícito nas estatísticas, mas empregadores e entidades na Inglaterra e no Japão dizem que cresce o interesse em migrar do Brasil para esses países. Ainda incipiente, o movimento tem semelhanças com o fluxo para o exterior visto até meados da década passada. Entre as autoridades, o serviço consular japonês reconhece que a demanda pelos vistos de trabalho aumentou no Brasil.

Na periferia noroeste de Londres, o goiano Ercylio Oliveira tem uma pequena loja de motos. Aberta em 2010, a Omega Bikes sentiu de longe os ciclos econômicos brasileiros. No ano da inauguração, o Brasil cresceu quase 8% e era o símbolo do otimismo global. Isso foi suficiente para levar dezenas de motoboys brasileiros até Ercylio. Todos queriam vender suas motos para retornar ao Brasil. "Hoje, é o contrário e recebo cada vez mais gente querendo comprar motos para trabalhar. Pelo menos 50 brasileiros que venderam motos entre 2010 e 2013 para voltar ao Brasil retornaram à Inglaterra desde o fim do ano passado para tentar a vida de novo aqui", diz.

Motoboys. Brasileiros dominam entregas em Londres / MotoFilmadoresUK Foto: Estadão

Há algumas semanas, Oliveira publicou em uma rede social um aviso de alguns empregos para motoboys em Londres. Em português, o anúncio era voltado aos brasileiros que, segundo algumas estimativas, dominam 70% do mercado de entregas rápidas na cidade. Com os compartilhamentos na internet, a oferta cruzou o Atlântico e chegou ao Brasil. Resultado: o telefone não parou de tocar e foram quase 100 ligações em apenas um dia de interessados em migrar. "Nunca tinha visto nada parecido".

O fenômeno não se restringe aos motoboys, diz Carlos Mellinger, presidente da Casa do Brasil, uma entidade que ajuda imigrantes em Londres. "Há um número crescente de pessoas chegando para tentar a vida aqui. A crise econômica tem piorado as condições de trabalho e as perspectivas para a mão de obra não qualificada no Brasil. Isso faz nascer o interesse em migrar. Esse desejo é potencializado com a taxa de câmbio porque o real fraco faz o salário em libras ser ainda mais atrativo", diz.

Em Londres, brasileiros procuram- construção civil - restaurantes- serviços de limpeza - entregas rápidas 

A Casa do Brasil identifica quatro grandes áreas que têm atraído os brasileiros em Londres: a construção civil, os restaurantes, os serviços de limpeza e os motoboys. Ao contrário de outros países europeus como a Espanha e Portugal, a Inglaterra passa por um bom momento econômico. Em 2014, o Reino Unido foi o país que mais cresceu entre as 7 maiores economias do mundo, o G-7, e a trajetória de crescimento tende a continuar em 2015.

Japão. História semelhante é vista no Japão. Em meio a um esforço histórico do governo Shinzo Abe para acelerar a economia, a atividade começa a reagir e fábricas buscam cada vez mais mão de obra. A notícia desperta o interesse de descendentes de japoneses e o consulado geral do Japão em São Paulo reconhece que há "ligeiro aumento" na procura por vistos de trabalho.

Reação. Cresce procura por mão de obra estrangeira no Japão / Reuters Foto: Estadão

Marlon Miyazato é coordenador da Itiban, uma agência de empregos especializada no Japão com sede em Maringá, no interior do Paraná. Ele demonstra surpresa com o movimento recente. "O fluxo aumentou muito desde o fim de 2014. As pessoas nos procuram porque a situação aqui não está muito boa e sabem que as fábricas voltaram a contratar", diz.

Recentemente uma empresa japonesa contatou a agência paranaense com 200 vagas disponíveis. "Isso era impensável há pouco tempo. Em 2009 e 2010, não existiam vagas e muita gente foi forçada a voltar do Japão". Atualmente, a agência paranaense já manda cerca de 50 brasileiros com emprego garantido todo mês para o Japão. Entre 2009 e 2012, o número de clientes foi zero em vários meses. "Isso fez com que muitas agências de emprego como a nossa quebrassem".

Em Nagóia, uma das cidades com mais brasileiros no Japão, Felipe Enomoto é gerente da agência de empregos Nikkei Amu. A empresa sempre foi especializada na recolocação de brasileiros que já vivem no país. Mas a situação começou a mudar. "Começamos a ser contatados por pessoas que já viveram no Japão e voltaram ao Brasil. Agora, parte desse pessoal quer retornar ao Japão. Quase todo dia recebo ligações do Brasil. Se já conheço o candidato e ele tem todos os documentos, é relativamente fácil conseguir uma vaga", diz.

Na Inglaterra ou no Japão, a história por trás de parte desses imigrantes que voltam a tentar a vida no exterior é parecida. "O sonho de todo mundo é ficar um tempo no exterior, juntar um dinheirinho e voltar para o Brasil para comprar uma casa e abrir um negócio", diz Ercylio Oliveira, dono da loja de motos em Londres. "O problema é que é difícil ser ter sucesso em um negócio próprio. Diria que metade dessa nova leva de decasséguis é de gente que abriu uma loja ou um restaurante e não deu certo. Com a crise ou falta de tino comercial, o negócio deu errado e o dinheiro simplesmente acabou", diz Miyazato.

Trecho de reportagem publicada no Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado

LONDRES -A crise parece despertar novos planos em parte dos brasileiros. O fenômeno ainda não está explícito nas estatísticas, mas empregadores e entidades na Inglaterra e no Japão dizem que cresce o interesse em migrar do Brasil para esses países. Ainda incipiente, o movimento tem semelhanças com o fluxo para o exterior visto até meados da década passada. Entre as autoridades, o serviço consular japonês reconhece que a demanda pelos vistos de trabalho aumentou no Brasil.

Na periferia noroeste de Londres, o goiano Ercylio Oliveira tem uma pequena loja de motos. Aberta em 2010, a Omega Bikes sentiu de longe os ciclos econômicos brasileiros. No ano da inauguração, o Brasil cresceu quase 8% e era o símbolo do otimismo global. Isso foi suficiente para levar dezenas de motoboys brasileiros até Ercylio. Todos queriam vender suas motos para retornar ao Brasil. "Hoje, é o contrário e recebo cada vez mais gente querendo comprar motos para trabalhar. Pelo menos 50 brasileiros que venderam motos entre 2010 e 2013 para voltar ao Brasil retornaram à Inglaterra desde o fim do ano passado para tentar a vida de novo aqui", diz.

Motoboys. Brasileiros dominam entregas em Londres / MotoFilmadoresUK Foto: Estadão

Há algumas semanas, Oliveira publicou em uma rede social um aviso de alguns empregos para motoboys em Londres. Em português, o anúncio era voltado aos brasileiros que, segundo algumas estimativas, dominam 70% do mercado de entregas rápidas na cidade. Com os compartilhamentos na internet, a oferta cruzou o Atlântico e chegou ao Brasil. Resultado: o telefone não parou de tocar e foram quase 100 ligações em apenas um dia de interessados em migrar. "Nunca tinha visto nada parecido".

O fenômeno não se restringe aos motoboys, diz Carlos Mellinger, presidente da Casa do Brasil, uma entidade que ajuda imigrantes em Londres. "Há um número crescente de pessoas chegando para tentar a vida aqui. A crise econômica tem piorado as condições de trabalho e as perspectivas para a mão de obra não qualificada no Brasil. Isso faz nascer o interesse em migrar. Esse desejo é potencializado com a taxa de câmbio porque o real fraco faz o salário em libras ser ainda mais atrativo", diz.

Em Londres, brasileiros procuram- construção civil - restaurantes- serviços de limpeza - entregas rápidas 

A Casa do Brasil identifica quatro grandes áreas que têm atraído os brasileiros em Londres: a construção civil, os restaurantes, os serviços de limpeza e os motoboys. Ao contrário de outros países europeus como a Espanha e Portugal, a Inglaterra passa por um bom momento econômico. Em 2014, o Reino Unido foi o país que mais cresceu entre as 7 maiores economias do mundo, o G-7, e a trajetória de crescimento tende a continuar em 2015.

Japão. História semelhante é vista no Japão. Em meio a um esforço histórico do governo Shinzo Abe para acelerar a economia, a atividade começa a reagir e fábricas buscam cada vez mais mão de obra. A notícia desperta o interesse de descendentes de japoneses e o consulado geral do Japão em São Paulo reconhece que há "ligeiro aumento" na procura por vistos de trabalho.

Reação. Cresce procura por mão de obra estrangeira no Japão / Reuters Foto: Estadão

Marlon Miyazato é coordenador da Itiban, uma agência de empregos especializada no Japão com sede em Maringá, no interior do Paraná. Ele demonstra surpresa com o movimento recente. "O fluxo aumentou muito desde o fim de 2014. As pessoas nos procuram porque a situação aqui não está muito boa e sabem que as fábricas voltaram a contratar", diz.

Recentemente uma empresa japonesa contatou a agência paranaense com 200 vagas disponíveis. "Isso era impensável há pouco tempo. Em 2009 e 2010, não existiam vagas e muita gente foi forçada a voltar do Japão". Atualmente, a agência paranaense já manda cerca de 50 brasileiros com emprego garantido todo mês para o Japão. Entre 2009 e 2012, o número de clientes foi zero em vários meses. "Isso fez com que muitas agências de emprego como a nossa quebrassem".

Em Nagóia, uma das cidades com mais brasileiros no Japão, Felipe Enomoto é gerente da agência de empregos Nikkei Amu. A empresa sempre foi especializada na recolocação de brasileiros que já vivem no país. Mas a situação começou a mudar. "Começamos a ser contatados por pessoas que já viveram no Japão e voltaram ao Brasil. Agora, parte desse pessoal quer retornar ao Japão. Quase todo dia recebo ligações do Brasil. Se já conheço o candidato e ele tem todos os documentos, é relativamente fácil conseguir uma vaga", diz.

Na Inglaterra ou no Japão, a história por trás de parte desses imigrantes que voltam a tentar a vida no exterior é parecida. "O sonho de todo mundo é ficar um tempo no exterior, juntar um dinheirinho e voltar para o Brasil para comprar uma casa e abrir um negócio", diz Ercylio Oliveira, dono da loja de motos em Londres. "O problema é que é difícil ser ter sucesso em um negócio próprio. Diria que metade dessa nova leva de decasséguis é de gente que abriu uma loja ou um restaurante e não deu certo. Com a crise ou falta de tino comercial, o negócio deu errado e o dinheiro simplesmente acabou", diz Miyazato.

Trecho de reportagem publicada no Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado

LONDRES -A crise parece despertar novos planos em parte dos brasileiros. O fenômeno ainda não está explícito nas estatísticas, mas empregadores e entidades na Inglaterra e no Japão dizem que cresce o interesse em migrar do Brasil para esses países. Ainda incipiente, o movimento tem semelhanças com o fluxo para o exterior visto até meados da década passada. Entre as autoridades, o serviço consular japonês reconhece que a demanda pelos vistos de trabalho aumentou no Brasil.

Na periferia noroeste de Londres, o goiano Ercylio Oliveira tem uma pequena loja de motos. Aberta em 2010, a Omega Bikes sentiu de longe os ciclos econômicos brasileiros. No ano da inauguração, o Brasil cresceu quase 8% e era o símbolo do otimismo global. Isso foi suficiente para levar dezenas de motoboys brasileiros até Ercylio. Todos queriam vender suas motos para retornar ao Brasil. "Hoje, é o contrário e recebo cada vez mais gente querendo comprar motos para trabalhar. Pelo menos 50 brasileiros que venderam motos entre 2010 e 2013 para voltar ao Brasil retornaram à Inglaterra desde o fim do ano passado para tentar a vida de novo aqui", diz.

Motoboys. Brasileiros dominam entregas em Londres / MotoFilmadoresUK Foto: Estadão

Há algumas semanas, Oliveira publicou em uma rede social um aviso de alguns empregos para motoboys em Londres. Em português, o anúncio era voltado aos brasileiros que, segundo algumas estimativas, dominam 70% do mercado de entregas rápidas na cidade. Com os compartilhamentos na internet, a oferta cruzou o Atlântico e chegou ao Brasil. Resultado: o telefone não parou de tocar e foram quase 100 ligações em apenas um dia de interessados em migrar. "Nunca tinha visto nada parecido".

O fenômeno não se restringe aos motoboys, diz Carlos Mellinger, presidente da Casa do Brasil, uma entidade que ajuda imigrantes em Londres. "Há um número crescente de pessoas chegando para tentar a vida aqui. A crise econômica tem piorado as condições de trabalho e as perspectivas para a mão de obra não qualificada no Brasil. Isso faz nascer o interesse em migrar. Esse desejo é potencializado com a taxa de câmbio porque o real fraco faz o salário em libras ser ainda mais atrativo", diz.

Em Londres, brasileiros procuram- construção civil - restaurantes- serviços de limpeza - entregas rápidas 

A Casa do Brasil identifica quatro grandes áreas que têm atraído os brasileiros em Londres: a construção civil, os restaurantes, os serviços de limpeza e os motoboys. Ao contrário de outros países europeus como a Espanha e Portugal, a Inglaterra passa por um bom momento econômico. Em 2014, o Reino Unido foi o país que mais cresceu entre as 7 maiores economias do mundo, o G-7, e a trajetória de crescimento tende a continuar em 2015.

Japão. História semelhante é vista no Japão. Em meio a um esforço histórico do governo Shinzo Abe para acelerar a economia, a atividade começa a reagir e fábricas buscam cada vez mais mão de obra. A notícia desperta o interesse de descendentes de japoneses e o consulado geral do Japão em São Paulo reconhece que há "ligeiro aumento" na procura por vistos de trabalho.

Reação. Cresce procura por mão de obra estrangeira no Japão / Reuters Foto: Estadão

Marlon Miyazato é coordenador da Itiban, uma agência de empregos especializada no Japão com sede em Maringá, no interior do Paraná. Ele demonstra surpresa com o movimento recente. "O fluxo aumentou muito desde o fim de 2014. As pessoas nos procuram porque a situação aqui não está muito boa e sabem que as fábricas voltaram a contratar", diz.

Recentemente uma empresa japonesa contatou a agência paranaense com 200 vagas disponíveis. "Isso era impensável há pouco tempo. Em 2009 e 2010, não existiam vagas e muita gente foi forçada a voltar do Japão". Atualmente, a agência paranaense já manda cerca de 50 brasileiros com emprego garantido todo mês para o Japão. Entre 2009 e 2012, o número de clientes foi zero em vários meses. "Isso fez com que muitas agências de emprego como a nossa quebrassem".

Em Nagóia, uma das cidades com mais brasileiros no Japão, Felipe Enomoto é gerente da agência de empregos Nikkei Amu. A empresa sempre foi especializada na recolocação de brasileiros que já vivem no país. Mas a situação começou a mudar. "Começamos a ser contatados por pessoas que já viveram no Japão e voltaram ao Brasil. Agora, parte desse pessoal quer retornar ao Japão. Quase todo dia recebo ligações do Brasil. Se já conheço o candidato e ele tem todos os documentos, é relativamente fácil conseguir uma vaga", diz.

Na Inglaterra ou no Japão, a história por trás de parte desses imigrantes que voltam a tentar a vida no exterior é parecida. "O sonho de todo mundo é ficar um tempo no exterior, juntar um dinheirinho e voltar para o Brasil para comprar uma casa e abrir um negócio", diz Ercylio Oliveira, dono da loja de motos em Londres. "O problema é que é difícil ser ter sucesso em um negócio próprio. Diria que metade dessa nova leva de decasséguis é de gente que abriu uma loja ou um restaurante e não deu certo. Com a crise ou falta de tino comercial, o negócio deu errado e o dinheiro simplesmente acabou", diz Miyazato.

Trecho de reportagem publicada no Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.