Guerra na Ucrânia muda a sorte do Brasil na economia? Leia análise


Mercado financeiro brasileiro vinha surfando em uma maré favorável, mas cenário de "pânico" só agora deve se tornar realidade

Por Fábio Alves

Poderá a efetiva deflagração de uma investida militar da Rússia na Ucrânia mudar o rumo repentino do fluxo de dinheiro estrangeiro ao Brasil, como a de um cardume que, numa fração de segundos, muda de direção no mar?

Desde a intensificação da escalada na tensão entre a Rússia e os Estados Unidos, juntamente com seus aliados no Ocidente, o real brasileiro foi uma das moedas que mais se valorizaram contra o dólar.

Vladimir Putin assina decreto que reconhece independência de regiões separatistas no leste da Ucrânia, em 21 de fevereiro; guerra entre Rússia e Ucrânia influencia mercado financeiro brasileiro Foto: Aleksey Nikolsky/EFE/
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Entre as várias justificativas dadas por analistas e "traders" no mercado estão a de que a taxa Selic mais elevada atraía o capital para as operações de "carry trade" e também a de que o Brasil estava se beneficiando de uma realocação dos investidores globais, fugindo da Rússia.

Afetado por esse contexto, o dólar chegou a cair abaixo dos R$ 5,00 na quarta-feira, 23, acumulando uma queda de 5,69% somente em fevereiro e de 10,25% em 2022.

Já o Ibovespa até cai, mas muito levemente, numa perda de 0,12% em fevereiro até ontem, mas nada se compara com o tombo das bolsas americanas, com o índice S&P 500 recuando 6,42% e o Nasdaq despencando 8,44% no período.

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Acontece que, enquanto o conflito ainda está na esfera da diplomacia e de ameaças veladas ou explícitas, o impacto psicológico no mercado não inclui ainda a palavra "pânico".

Uma vez o conflito armado iniciado, quem sabe até quando durará?

O que acontecerá com o humor global se o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçar usar suas armas nucleares em algum momento do conflito?

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Apesar da negativa até agora, dependendo do desenrolar da guerra na Ucrânia, a Otan - ou, especialmente, os EUA - poderá se envolver diretamente no conflito?

E até onde vão as sanções do Ocidente para punir a Rússia? Vão infligir dano real e profundo à economia russa, ao contrário da primeira rodada de medidas, as quais apenas atingiram o entorno mais próximo de Vladimir Putin, presidente russo?

Para a esfera de política monetária, também é possível que os investidores globais façam as seguintes indagações, migrando de volta ao refúgio do dólar e abandonando o real brasileiro:

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A guerra na Ucrânia terá um efeito inflacionário maior, via disparada nos preços de commodities e de outros produtos, ou terá um impacto desinflacionário, via queda no crescimento da economia global?

Certamente, o tema da guerra na Ucrânia será abordado com prioridade nas reuniões de política monetária dos principais bancos centrais do mundo, como o Federal Reserve (Fed) e o BC brasileiro. Ambos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) do Fed e o Copom no Brasil, têm a próxima reunião marcada para os dias 15 e 16 de março.

Se o Fed decidir acelerar o ritmo de alta de juros, em razão de uma eventual conclusão sobre o impacto da guerra sobre a inflação americana, que já está em 7,5% nos últimos 12 meses, quase todos os BCs mundiais serão forçados a seguir essa postura mais dura na política monetária.

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Mas, acima de tudo, a corrida global para o conforto do dólar poderá mudar a maré favorável que o real brasileiro vem surfando nas últimas semanas, uma vez que, em termos de fundamentos da economia e da política no Brasil, nada mudou para justificar o recente aumento do fluxo de capital externo. 

* Jornalista do Broadcast

Poderá a efetiva deflagração de uma investida militar da Rússia na Ucrânia mudar o rumo repentino do fluxo de dinheiro estrangeiro ao Brasil, como a de um cardume que, numa fração de segundos, muda de direção no mar?

Desde a intensificação da escalada na tensão entre a Rússia e os Estados Unidos, juntamente com seus aliados no Ocidente, o real brasileiro foi uma das moedas que mais se valorizaram contra o dólar.

Vladimir Putin assina decreto que reconhece independência de regiões separatistas no leste da Ucrânia, em 21 de fevereiro; guerra entre Rússia e Ucrânia influencia mercado financeiro brasileiro Foto: Aleksey Nikolsky/EFE/

Entre as várias justificativas dadas por analistas e "traders" no mercado estão a de que a taxa Selic mais elevada atraía o capital para as operações de "carry trade" e também a de que o Brasil estava se beneficiando de uma realocação dos investidores globais, fugindo da Rússia.

Afetado por esse contexto, o dólar chegou a cair abaixo dos R$ 5,00 na quarta-feira, 23, acumulando uma queda de 5,69% somente em fevereiro e de 10,25% em 2022.

Já o Ibovespa até cai, mas muito levemente, numa perda de 0,12% em fevereiro até ontem, mas nada se compara com o tombo das bolsas americanas, com o índice S&P 500 recuando 6,42% e o Nasdaq despencando 8,44% no período.

Acontece que, enquanto o conflito ainda está na esfera da diplomacia e de ameaças veladas ou explícitas, o impacto psicológico no mercado não inclui ainda a palavra "pânico".

Uma vez o conflito armado iniciado, quem sabe até quando durará?

O que acontecerá com o humor global se o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçar usar suas armas nucleares em algum momento do conflito?

Apesar da negativa até agora, dependendo do desenrolar da guerra na Ucrânia, a Otan - ou, especialmente, os EUA - poderá se envolver diretamente no conflito?

E até onde vão as sanções do Ocidente para punir a Rússia? Vão infligir dano real e profundo à economia russa, ao contrário da primeira rodada de medidas, as quais apenas atingiram o entorno mais próximo de Vladimir Putin, presidente russo?

Para a esfera de política monetária, também é possível que os investidores globais façam as seguintes indagações, migrando de volta ao refúgio do dólar e abandonando o real brasileiro:

A guerra na Ucrânia terá um efeito inflacionário maior, via disparada nos preços de commodities e de outros produtos, ou terá um impacto desinflacionário, via queda no crescimento da economia global?

Certamente, o tema da guerra na Ucrânia será abordado com prioridade nas reuniões de política monetária dos principais bancos centrais do mundo, como o Federal Reserve (Fed) e o BC brasileiro. Ambos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) do Fed e o Copom no Brasil, têm a próxima reunião marcada para os dias 15 e 16 de março.

Se o Fed decidir acelerar o ritmo de alta de juros, em razão de uma eventual conclusão sobre o impacto da guerra sobre a inflação americana, que já está em 7,5% nos últimos 12 meses, quase todos os BCs mundiais serão forçados a seguir essa postura mais dura na política monetária.

Mas, acima de tudo, a corrida global para o conforto do dólar poderá mudar a maré favorável que o real brasileiro vem surfando nas últimas semanas, uma vez que, em termos de fundamentos da economia e da política no Brasil, nada mudou para justificar o recente aumento do fluxo de capital externo. 

* Jornalista do Broadcast

Poderá a efetiva deflagração de uma investida militar da Rússia na Ucrânia mudar o rumo repentino do fluxo de dinheiro estrangeiro ao Brasil, como a de um cardume que, numa fração de segundos, muda de direção no mar?

Desde a intensificação da escalada na tensão entre a Rússia e os Estados Unidos, juntamente com seus aliados no Ocidente, o real brasileiro foi uma das moedas que mais se valorizaram contra o dólar.

Vladimir Putin assina decreto que reconhece independência de regiões separatistas no leste da Ucrânia, em 21 de fevereiro; guerra entre Rússia e Ucrânia influencia mercado financeiro brasileiro Foto: Aleksey Nikolsky/EFE/

Entre as várias justificativas dadas por analistas e "traders" no mercado estão a de que a taxa Selic mais elevada atraía o capital para as operações de "carry trade" e também a de que o Brasil estava se beneficiando de uma realocação dos investidores globais, fugindo da Rússia.

Afetado por esse contexto, o dólar chegou a cair abaixo dos R$ 5,00 na quarta-feira, 23, acumulando uma queda de 5,69% somente em fevereiro e de 10,25% em 2022.

Já o Ibovespa até cai, mas muito levemente, numa perda de 0,12% em fevereiro até ontem, mas nada se compara com o tombo das bolsas americanas, com o índice S&P 500 recuando 6,42% e o Nasdaq despencando 8,44% no período.

Acontece que, enquanto o conflito ainda está na esfera da diplomacia e de ameaças veladas ou explícitas, o impacto psicológico no mercado não inclui ainda a palavra "pânico".

Uma vez o conflito armado iniciado, quem sabe até quando durará?

O que acontecerá com o humor global se o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçar usar suas armas nucleares em algum momento do conflito?

Apesar da negativa até agora, dependendo do desenrolar da guerra na Ucrânia, a Otan - ou, especialmente, os EUA - poderá se envolver diretamente no conflito?

E até onde vão as sanções do Ocidente para punir a Rússia? Vão infligir dano real e profundo à economia russa, ao contrário da primeira rodada de medidas, as quais apenas atingiram o entorno mais próximo de Vladimir Putin, presidente russo?

Para a esfera de política monetária, também é possível que os investidores globais façam as seguintes indagações, migrando de volta ao refúgio do dólar e abandonando o real brasileiro:

A guerra na Ucrânia terá um efeito inflacionário maior, via disparada nos preços de commodities e de outros produtos, ou terá um impacto desinflacionário, via queda no crescimento da economia global?

Certamente, o tema da guerra na Ucrânia será abordado com prioridade nas reuniões de política monetária dos principais bancos centrais do mundo, como o Federal Reserve (Fed) e o BC brasileiro. Ambos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) do Fed e o Copom no Brasil, têm a próxima reunião marcada para os dias 15 e 16 de março.

Se o Fed decidir acelerar o ritmo de alta de juros, em razão de uma eventual conclusão sobre o impacto da guerra sobre a inflação americana, que já está em 7,5% nos últimos 12 meses, quase todos os BCs mundiais serão forçados a seguir essa postura mais dura na política monetária.

Mas, acima de tudo, a corrida global para o conforto do dólar poderá mudar a maré favorável que o real brasileiro vem surfando nas últimas semanas, uma vez que, em termos de fundamentos da economia e da política no Brasil, nada mudou para justificar o recente aumento do fluxo de capital externo. 

* Jornalista do Broadcast

Poderá a efetiva deflagração de uma investida militar da Rússia na Ucrânia mudar o rumo repentino do fluxo de dinheiro estrangeiro ao Brasil, como a de um cardume que, numa fração de segundos, muda de direção no mar?

Desde a intensificação da escalada na tensão entre a Rússia e os Estados Unidos, juntamente com seus aliados no Ocidente, o real brasileiro foi uma das moedas que mais se valorizaram contra o dólar.

Vladimir Putin assina decreto que reconhece independência de regiões separatistas no leste da Ucrânia, em 21 de fevereiro; guerra entre Rússia e Ucrânia influencia mercado financeiro brasileiro Foto: Aleksey Nikolsky/EFE/

Entre as várias justificativas dadas por analistas e "traders" no mercado estão a de que a taxa Selic mais elevada atraía o capital para as operações de "carry trade" e também a de que o Brasil estava se beneficiando de uma realocação dos investidores globais, fugindo da Rússia.

Afetado por esse contexto, o dólar chegou a cair abaixo dos R$ 5,00 na quarta-feira, 23, acumulando uma queda de 5,69% somente em fevereiro e de 10,25% em 2022.

Já o Ibovespa até cai, mas muito levemente, numa perda de 0,12% em fevereiro até ontem, mas nada se compara com o tombo das bolsas americanas, com o índice S&P 500 recuando 6,42% e o Nasdaq despencando 8,44% no período.

Acontece que, enquanto o conflito ainda está na esfera da diplomacia e de ameaças veladas ou explícitas, o impacto psicológico no mercado não inclui ainda a palavra "pânico".

Uma vez o conflito armado iniciado, quem sabe até quando durará?

O que acontecerá com o humor global se o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçar usar suas armas nucleares em algum momento do conflito?

Apesar da negativa até agora, dependendo do desenrolar da guerra na Ucrânia, a Otan - ou, especialmente, os EUA - poderá se envolver diretamente no conflito?

E até onde vão as sanções do Ocidente para punir a Rússia? Vão infligir dano real e profundo à economia russa, ao contrário da primeira rodada de medidas, as quais apenas atingiram o entorno mais próximo de Vladimir Putin, presidente russo?

Para a esfera de política monetária, também é possível que os investidores globais façam as seguintes indagações, migrando de volta ao refúgio do dólar e abandonando o real brasileiro:

A guerra na Ucrânia terá um efeito inflacionário maior, via disparada nos preços de commodities e de outros produtos, ou terá um impacto desinflacionário, via queda no crescimento da economia global?

Certamente, o tema da guerra na Ucrânia será abordado com prioridade nas reuniões de política monetária dos principais bancos centrais do mundo, como o Federal Reserve (Fed) e o BC brasileiro. Ambos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) do Fed e o Copom no Brasil, têm a próxima reunião marcada para os dias 15 e 16 de março.

Se o Fed decidir acelerar o ritmo de alta de juros, em razão de uma eventual conclusão sobre o impacto da guerra sobre a inflação americana, que já está em 7,5% nos últimos 12 meses, quase todos os BCs mundiais serão forçados a seguir essa postura mais dura na política monetária.

Mas, acima de tudo, a corrida global para o conforto do dólar poderá mudar a maré favorável que o real brasileiro vem surfando nas últimas semanas, uma vez que, em termos de fundamentos da economia e da política no Brasil, nada mudou para justificar o recente aumento do fluxo de capital externo. 

* Jornalista do Broadcast

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