'Hoje, os bairros crescem ao redor dos shoppings'


Empresário cujo nome virou sinônimo de prédio de luxo agora aposta em shoppings de médio porte

Por Fernando Scheller

Primeiro engenheiro em uma família de médicos, o empresário Adolpho Lindenberg - da construtora fundada há 50 anos que leva o mesmo nome, e hoje faz parte do grupo LDI - ajudou a definir o conceito de edifícios de luxo na capital paulista, nos anos 60 e 70.

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Apartamentos espaçosos, a maior parte construída na região nobre dos Jardins, surgiram para substituir casas luxuosas que não ofereciam mais a segurança que as famílias procuravam. "Nossa ideia era fazer 15 residências, e não um prédio de apartamentos", diz Lindenberg, que foi homenageado ontem na edição 2011 do Prêmio Master Imobiliário.

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Embora a empresa tenha ficado conhecida por seus condomínios de alto padrão, atualmente a LDI - que tem o fundador como presidente do Conselho - se adapta às necessidades de mercado e à ascensão da classe C pensando em projetos que agreguem serviços, comodidade de transporte e segurança aos moradores.

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Entre as tendências apontadas pelo empresário de 87 anos estão projetos que agreguem residências, escritórios e comércio. "A tendência é agregar, evitar deslocamentos. Temos um empreendimento nesse estilo em Ribeirão Preto, que será entregue em maio de 2013", explica o empresário. "O shopping sempre traz possibilidades de desenvolvimento imobiliário em seu entorno", ressalta.

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Confira os principais trechos da entrevista de Lindenberg ao Estado:

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O sr. ficou conhecido por definir o que é luxo no mercado imobiliário de São Paulo. Como surgiu a ideia dos edifícios de alto padrão?

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Foi uma necessidade. Comecei nos anos 1950, construindo casas, com um escritório individual de engenharia. Nos anos 60, a sociedade passou por um momento de evolução: as famílias já vinham diminuindo, com um menor número de filhos do que antes, e as pessoas começaram a migrar das residências para os prédios de apartamentos já em razão da segurança. Como tinham suas casas particulares, trouxemos o conceito de apartamentos personalizados, para facilitar essa transição. A ideia era evitar uma padronização excessiva.

O mercado hoje é completamente diferente? Está focado na classe 'emergente'?

Acho ótima a elevação do padrão de vida da população. É um ganho em cascata, que afeta todas as classes sociais. Quem antes morava na favela, agora pode ter um apartamento. Quem morava em um apartamento de dois quartos pode ir para um de três - e assim por diante. Até cerca de dez anos atrás, nosso mercado estava mais focado nos apartamentos de luxo. Hoje, já trabalhamos em projetos que atendem às classes B e C, fazemos muita obra no interior. ABC Paulista, Osasco, Piracicaba, Campinas e Ribeirão Preto são mercados que cresceram muito. No interior, há espaço hoje para a construção de apartamento de bom nível, em razão da renda do agronegócio.

A Lindenberg tem investido muito em escritórios. É um mercado interessante, por conta da alta do valor do metro quadrado?

Se continuar o crescimento do País, as empresas que virão para cá precisarão de espaço para seu progresso, é uma necessidade. Essa evolução não se dá só no mercado de escritórios. Também apostamos nos shoppings de médio porte, com cerca de 50 a 100 lojas. Já fizemos um, no Largo 13, em Santo Amaro (região Sul de São Paulo), e temos outros planejados. Com esse tamanho, é possível ter mais de um empreendimento em um só município de médio porte. O shopping center sempre traz possibilidades de desenvolvimento imobiliário em seu entorno. Agora mesmo estamos desenvolvendo um condomínio ao redor de um shopping, em São Caetano.

Há construtoras com uma atuação mais nacional. No seu caso, a ideia é investir no Estado de São Paulo?

Já construímos o Hotel Tropical, em Manaus, o Hotel Santarém, no Pará. Fizemos outras obras na Bahia e em Minas Gerais. Mas realmente o forte da nossa atividade é o Estado de São Paulo.

A comunicação da Lindenberg ainda tem um caráter personalizado, com códigos do mercado de luxo. Dá para manter essa personalização hoje?

Sim. Acho que trazemos ainda essa herança de manter um relacionamento pessoal com os nossos compradores, ainda que hoje façamos prédios de 200, 300 apartamentos, e não mais de 15 unidades. Queremos dar um tom personalizado à venda e ao pós-venda. Por isso, nossa revista traz o valor de venda atualizado dos apartamentos, para que o dono esteja sempre informado da valorização.

Em termos de tendências, além dos shoppings e escritórios, o que mais está surgindo no Brasil?

Os condomínios de casas vão continuar a ser tendência, porque resolvem a preocupação dos moradores, que é a segurança. E isso é uma solução que atinge todas as classes, desde o mais rico até a classe D. Os condomínios passam hoje por uma diversificação muito acentuada. E um projeto pode levar ao outro. O mercado imobiliário é muito dinâmico e sensível às transformações econômicas e sociais. Os bairros integrados são uma tendência nos Estados Unidos. As pessoas querem evitar os deslocamentos entre as áreas comerciais e residenciais, economizando tempo no trânsito e beneficiando o meio ambiente. Em Ribeirão Preto, temos um empreendimento que une residências, escritórios e, embaixo, um pequeno shopping center, tudo integrado no mesmo projeto. (O empreendimento está em construção, e a previsão da LDI é que a entrega seja feita em março de 2013).

Com os terrenos cada vez mais escassos nos Jardins e em outros bairros em que a Lindenberg se notabilizou, para onde deverá crescer o mercado imobiliário de São Paulo?

A construção de edifícios em bairros mais tradicionais, como Jardins, Pinheiros, Itaim e Vila Mariana, é coisa mais do passado. Os terrenos atualmente são difíceis de achar, além de muito caros. A tendência é que a expansão ocorra em bairros mais periféricos, nas cidades-satélites e também no interior. Um dos fatores que definirão quais serão os principais eixos de crescimento é o transporte. A possibilidade de locomoção é o que domina as escolhas do consumidor.

Hoje, ainda há espaço para apartamentos de luxo? Está mais fácil ou difícil fazer apartamentos realmente personalizados?

Acho que está mais fácil, por conta da abertura da economia e de uma variedade de produtos que podem ser importados para a criação de um apartamento realmente diferenciado. Há mais elementos que ajudam a fugir dessa uniformização.

Primeiro engenheiro em uma família de médicos, o empresário Adolpho Lindenberg - da construtora fundada há 50 anos que leva o mesmo nome, e hoje faz parte do grupo LDI - ajudou a definir o conceito de edifícios de luxo na capital paulista, nos anos 60 e 70.

Apartamentos espaçosos, a maior parte construída na região nobre dos Jardins, surgiram para substituir casas luxuosas que não ofereciam mais a segurança que as famílias procuravam. "Nossa ideia era fazer 15 residências, e não um prédio de apartamentos", diz Lindenberg, que foi homenageado ontem na edição 2011 do Prêmio Master Imobiliário.

Embora a empresa tenha ficado conhecida por seus condomínios de alto padrão, atualmente a LDI - que tem o fundador como presidente do Conselho - se adapta às necessidades de mercado e à ascensão da classe C pensando em projetos que agreguem serviços, comodidade de transporte e segurança aos moradores.

Entre as tendências apontadas pelo empresário de 87 anos estão projetos que agreguem residências, escritórios e comércio. "A tendência é agregar, evitar deslocamentos. Temos um empreendimento nesse estilo em Ribeirão Preto, que será entregue em maio de 2013", explica o empresário. "O shopping sempre traz possibilidades de desenvolvimento imobiliário em seu entorno", ressalta.

Confira os principais trechos da entrevista de Lindenberg ao Estado:

O sr. ficou conhecido por definir o que é luxo no mercado imobiliário de São Paulo. Como surgiu a ideia dos edifícios de alto padrão?

Foi uma necessidade. Comecei nos anos 1950, construindo casas, com um escritório individual de engenharia. Nos anos 60, a sociedade passou por um momento de evolução: as famílias já vinham diminuindo, com um menor número de filhos do que antes, e as pessoas começaram a migrar das residências para os prédios de apartamentos já em razão da segurança. Como tinham suas casas particulares, trouxemos o conceito de apartamentos personalizados, para facilitar essa transição. A ideia era evitar uma padronização excessiva.

O mercado hoje é completamente diferente? Está focado na classe 'emergente'?

Acho ótima a elevação do padrão de vida da população. É um ganho em cascata, que afeta todas as classes sociais. Quem antes morava na favela, agora pode ter um apartamento. Quem morava em um apartamento de dois quartos pode ir para um de três - e assim por diante. Até cerca de dez anos atrás, nosso mercado estava mais focado nos apartamentos de luxo. Hoje, já trabalhamos em projetos que atendem às classes B e C, fazemos muita obra no interior. ABC Paulista, Osasco, Piracicaba, Campinas e Ribeirão Preto são mercados que cresceram muito. No interior, há espaço hoje para a construção de apartamento de bom nível, em razão da renda do agronegócio.

A Lindenberg tem investido muito em escritórios. É um mercado interessante, por conta da alta do valor do metro quadrado?

Se continuar o crescimento do País, as empresas que virão para cá precisarão de espaço para seu progresso, é uma necessidade. Essa evolução não se dá só no mercado de escritórios. Também apostamos nos shoppings de médio porte, com cerca de 50 a 100 lojas. Já fizemos um, no Largo 13, em Santo Amaro (região Sul de São Paulo), e temos outros planejados. Com esse tamanho, é possível ter mais de um empreendimento em um só município de médio porte. O shopping center sempre traz possibilidades de desenvolvimento imobiliário em seu entorno. Agora mesmo estamos desenvolvendo um condomínio ao redor de um shopping, em São Caetano.

Há construtoras com uma atuação mais nacional. No seu caso, a ideia é investir no Estado de São Paulo?

Já construímos o Hotel Tropical, em Manaus, o Hotel Santarém, no Pará. Fizemos outras obras na Bahia e em Minas Gerais. Mas realmente o forte da nossa atividade é o Estado de São Paulo.

A comunicação da Lindenberg ainda tem um caráter personalizado, com códigos do mercado de luxo. Dá para manter essa personalização hoje?

Sim. Acho que trazemos ainda essa herança de manter um relacionamento pessoal com os nossos compradores, ainda que hoje façamos prédios de 200, 300 apartamentos, e não mais de 15 unidades. Queremos dar um tom personalizado à venda e ao pós-venda. Por isso, nossa revista traz o valor de venda atualizado dos apartamentos, para que o dono esteja sempre informado da valorização.

Em termos de tendências, além dos shoppings e escritórios, o que mais está surgindo no Brasil?

Os condomínios de casas vão continuar a ser tendência, porque resolvem a preocupação dos moradores, que é a segurança. E isso é uma solução que atinge todas as classes, desde o mais rico até a classe D. Os condomínios passam hoje por uma diversificação muito acentuada. E um projeto pode levar ao outro. O mercado imobiliário é muito dinâmico e sensível às transformações econômicas e sociais. Os bairros integrados são uma tendência nos Estados Unidos. As pessoas querem evitar os deslocamentos entre as áreas comerciais e residenciais, economizando tempo no trânsito e beneficiando o meio ambiente. Em Ribeirão Preto, temos um empreendimento que une residências, escritórios e, embaixo, um pequeno shopping center, tudo integrado no mesmo projeto. (O empreendimento está em construção, e a previsão da LDI é que a entrega seja feita em março de 2013).

Com os terrenos cada vez mais escassos nos Jardins e em outros bairros em que a Lindenberg se notabilizou, para onde deverá crescer o mercado imobiliário de São Paulo?

A construção de edifícios em bairros mais tradicionais, como Jardins, Pinheiros, Itaim e Vila Mariana, é coisa mais do passado. Os terrenos atualmente são difíceis de achar, além de muito caros. A tendência é que a expansão ocorra em bairros mais periféricos, nas cidades-satélites e também no interior. Um dos fatores que definirão quais serão os principais eixos de crescimento é o transporte. A possibilidade de locomoção é o que domina as escolhas do consumidor.

Hoje, ainda há espaço para apartamentos de luxo? Está mais fácil ou difícil fazer apartamentos realmente personalizados?

Acho que está mais fácil, por conta da abertura da economia e de uma variedade de produtos que podem ser importados para a criação de um apartamento realmente diferenciado. Há mais elementos que ajudam a fugir dessa uniformização.

Primeiro engenheiro em uma família de médicos, o empresário Adolpho Lindenberg - da construtora fundada há 50 anos que leva o mesmo nome, e hoje faz parte do grupo LDI - ajudou a definir o conceito de edifícios de luxo na capital paulista, nos anos 60 e 70.

Apartamentos espaçosos, a maior parte construída na região nobre dos Jardins, surgiram para substituir casas luxuosas que não ofereciam mais a segurança que as famílias procuravam. "Nossa ideia era fazer 15 residências, e não um prédio de apartamentos", diz Lindenberg, que foi homenageado ontem na edição 2011 do Prêmio Master Imobiliário.

Embora a empresa tenha ficado conhecida por seus condomínios de alto padrão, atualmente a LDI - que tem o fundador como presidente do Conselho - se adapta às necessidades de mercado e à ascensão da classe C pensando em projetos que agreguem serviços, comodidade de transporte e segurança aos moradores.

Entre as tendências apontadas pelo empresário de 87 anos estão projetos que agreguem residências, escritórios e comércio. "A tendência é agregar, evitar deslocamentos. Temos um empreendimento nesse estilo em Ribeirão Preto, que será entregue em maio de 2013", explica o empresário. "O shopping sempre traz possibilidades de desenvolvimento imobiliário em seu entorno", ressalta.

Confira os principais trechos da entrevista de Lindenberg ao Estado:

O sr. ficou conhecido por definir o que é luxo no mercado imobiliário de São Paulo. Como surgiu a ideia dos edifícios de alto padrão?

Foi uma necessidade. Comecei nos anos 1950, construindo casas, com um escritório individual de engenharia. Nos anos 60, a sociedade passou por um momento de evolução: as famílias já vinham diminuindo, com um menor número de filhos do que antes, e as pessoas começaram a migrar das residências para os prédios de apartamentos já em razão da segurança. Como tinham suas casas particulares, trouxemos o conceito de apartamentos personalizados, para facilitar essa transição. A ideia era evitar uma padronização excessiva.

O mercado hoje é completamente diferente? Está focado na classe 'emergente'?

Acho ótima a elevação do padrão de vida da população. É um ganho em cascata, que afeta todas as classes sociais. Quem antes morava na favela, agora pode ter um apartamento. Quem morava em um apartamento de dois quartos pode ir para um de três - e assim por diante. Até cerca de dez anos atrás, nosso mercado estava mais focado nos apartamentos de luxo. Hoje, já trabalhamos em projetos que atendem às classes B e C, fazemos muita obra no interior. ABC Paulista, Osasco, Piracicaba, Campinas e Ribeirão Preto são mercados que cresceram muito. No interior, há espaço hoje para a construção de apartamento de bom nível, em razão da renda do agronegócio.

A Lindenberg tem investido muito em escritórios. É um mercado interessante, por conta da alta do valor do metro quadrado?

Se continuar o crescimento do País, as empresas que virão para cá precisarão de espaço para seu progresso, é uma necessidade. Essa evolução não se dá só no mercado de escritórios. Também apostamos nos shoppings de médio porte, com cerca de 50 a 100 lojas. Já fizemos um, no Largo 13, em Santo Amaro (região Sul de São Paulo), e temos outros planejados. Com esse tamanho, é possível ter mais de um empreendimento em um só município de médio porte. O shopping center sempre traz possibilidades de desenvolvimento imobiliário em seu entorno. Agora mesmo estamos desenvolvendo um condomínio ao redor de um shopping, em São Caetano.

Há construtoras com uma atuação mais nacional. No seu caso, a ideia é investir no Estado de São Paulo?

Já construímos o Hotel Tropical, em Manaus, o Hotel Santarém, no Pará. Fizemos outras obras na Bahia e em Minas Gerais. Mas realmente o forte da nossa atividade é o Estado de São Paulo.

A comunicação da Lindenberg ainda tem um caráter personalizado, com códigos do mercado de luxo. Dá para manter essa personalização hoje?

Sim. Acho que trazemos ainda essa herança de manter um relacionamento pessoal com os nossos compradores, ainda que hoje façamos prédios de 200, 300 apartamentos, e não mais de 15 unidades. Queremos dar um tom personalizado à venda e ao pós-venda. Por isso, nossa revista traz o valor de venda atualizado dos apartamentos, para que o dono esteja sempre informado da valorização.

Em termos de tendências, além dos shoppings e escritórios, o que mais está surgindo no Brasil?

Os condomínios de casas vão continuar a ser tendência, porque resolvem a preocupação dos moradores, que é a segurança. E isso é uma solução que atinge todas as classes, desde o mais rico até a classe D. Os condomínios passam hoje por uma diversificação muito acentuada. E um projeto pode levar ao outro. O mercado imobiliário é muito dinâmico e sensível às transformações econômicas e sociais. Os bairros integrados são uma tendência nos Estados Unidos. As pessoas querem evitar os deslocamentos entre as áreas comerciais e residenciais, economizando tempo no trânsito e beneficiando o meio ambiente. Em Ribeirão Preto, temos um empreendimento que une residências, escritórios e, embaixo, um pequeno shopping center, tudo integrado no mesmo projeto. (O empreendimento está em construção, e a previsão da LDI é que a entrega seja feita em março de 2013).

Com os terrenos cada vez mais escassos nos Jardins e em outros bairros em que a Lindenberg se notabilizou, para onde deverá crescer o mercado imobiliário de São Paulo?

A construção de edifícios em bairros mais tradicionais, como Jardins, Pinheiros, Itaim e Vila Mariana, é coisa mais do passado. Os terrenos atualmente são difíceis de achar, além de muito caros. A tendência é que a expansão ocorra em bairros mais periféricos, nas cidades-satélites e também no interior. Um dos fatores que definirão quais serão os principais eixos de crescimento é o transporte. A possibilidade de locomoção é o que domina as escolhas do consumidor.

Hoje, ainda há espaço para apartamentos de luxo? Está mais fácil ou difícil fazer apartamentos realmente personalizados?

Acho que está mais fácil, por conta da abertura da economia e de uma variedade de produtos que podem ser importados para a criação de um apartamento realmente diferenciado. Há mais elementos que ajudam a fugir dessa uniformização.

Primeiro engenheiro em uma família de médicos, o empresário Adolpho Lindenberg - da construtora fundada há 50 anos que leva o mesmo nome, e hoje faz parte do grupo LDI - ajudou a definir o conceito de edifícios de luxo na capital paulista, nos anos 60 e 70.

Apartamentos espaçosos, a maior parte construída na região nobre dos Jardins, surgiram para substituir casas luxuosas que não ofereciam mais a segurança que as famílias procuravam. "Nossa ideia era fazer 15 residências, e não um prédio de apartamentos", diz Lindenberg, que foi homenageado ontem na edição 2011 do Prêmio Master Imobiliário.

Embora a empresa tenha ficado conhecida por seus condomínios de alto padrão, atualmente a LDI - que tem o fundador como presidente do Conselho - se adapta às necessidades de mercado e à ascensão da classe C pensando em projetos que agreguem serviços, comodidade de transporte e segurança aos moradores.

Entre as tendências apontadas pelo empresário de 87 anos estão projetos que agreguem residências, escritórios e comércio. "A tendência é agregar, evitar deslocamentos. Temos um empreendimento nesse estilo em Ribeirão Preto, que será entregue em maio de 2013", explica o empresário. "O shopping sempre traz possibilidades de desenvolvimento imobiliário em seu entorno", ressalta.

Confira os principais trechos da entrevista de Lindenberg ao Estado:

O sr. ficou conhecido por definir o que é luxo no mercado imobiliário de São Paulo. Como surgiu a ideia dos edifícios de alto padrão?

Foi uma necessidade. Comecei nos anos 1950, construindo casas, com um escritório individual de engenharia. Nos anos 60, a sociedade passou por um momento de evolução: as famílias já vinham diminuindo, com um menor número de filhos do que antes, e as pessoas começaram a migrar das residências para os prédios de apartamentos já em razão da segurança. Como tinham suas casas particulares, trouxemos o conceito de apartamentos personalizados, para facilitar essa transição. A ideia era evitar uma padronização excessiva.

O mercado hoje é completamente diferente? Está focado na classe 'emergente'?

Acho ótima a elevação do padrão de vida da população. É um ganho em cascata, que afeta todas as classes sociais. Quem antes morava na favela, agora pode ter um apartamento. Quem morava em um apartamento de dois quartos pode ir para um de três - e assim por diante. Até cerca de dez anos atrás, nosso mercado estava mais focado nos apartamentos de luxo. Hoje, já trabalhamos em projetos que atendem às classes B e C, fazemos muita obra no interior. ABC Paulista, Osasco, Piracicaba, Campinas e Ribeirão Preto são mercados que cresceram muito. No interior, há espaço hoje para a construção de apartamento de bom nível, em razão da renda do agronegócio.

A Lindenberg tem investido muito em escritórios. É um mercado interessante, por conta da alta do valor do metro quadrado?

Se continuar o crescimento do País, as empresas que virão para cá precisarão de espaço para seu progresso, é uma necessidade. Essa evolução não se dá só no mercado de escritórios. Também apostamos nos shoppings de médio porte, com cerca de 50 a 100 lojas. Já fizemos um, no Largo 13, em Santo Amaro (região Sul de São Paulo), e temos outros planejados. Com esse tamanho, é possível ter mais de um empreendimento em um só município de médio porte. O shopping center sempre traz possibilidades de desenvolvimento imobiliário em seu entorno. Agora mesmo estamos desenvolvendo um condomínio ao redor de um shopping, em São Caetano.

Há construtoras com uma atuação mais nacional. No seu caso, a ideia é investir no Estado de São Paulo?

Já construímos o Hotel Tropical, em Manaus, o Hotel Santarém, no Pará. Fizemos outras obras na Bahia e em Minas Gerais. Mas realmente o forte da nossa atividade é o Estado de São Paulo.

A comunicação da Lindenberg ainda tem um caráter personalizado, com códigos do mercado de luxo. Dá para manter essa personalização hoje?

Sim. Acho que trazemos ainda essa herança de manter um relacionamento pessoal com os nossos compradores, ainda que hoje façamos prédios de 200, 300 apartamentos, e não mais de 15 unidades. Queremos dar um tom personalizado à venda e ao pós-venda. Por isso, nossa revista traz o valor de venda atualizado dos apartamentos, para que o dono esteja sempre informado da valorização.

Em termos de tendências, além dos shoppings e escritórios, o que mais está surgindo no Brasil?

Os condomínios de casas vão continuar a ser tendência, porque resolvem a preocupação dos moradores, que é a segurança. E isso é uma solução que atinge todas as classes, desde o mais rico até a classe D. Os condomínios passam hoje por uma diversificação muito acentuada. E um projeto pode levar ao outro. O mercado imobiliário é muito dinâmico e sensível às transformações econômicas e sociais. Os bairros integrados são uma tendência nos Estados Unidos. As pessoas querem evitar os deslocamentos entre as áreas comerciais e residenciais, economizando tempo no trânsito e beneficiando o meio ambiente. Em Ribeirão Preto, temos um empreendimento que une residências, escritórios e, embaixo, um pequeno shopping center, tudo integrado no mesmo projeto. (O empreendimento está em construção, e a previsão da LDI é que a entrega seja feita em março de 2013).

Com os terrenos cada vez mais escassos nos Jardins e em outros bairros em que a Lindenberg se notabilizou, para onde deverá crescer o mercado imobiliário de São Paulo?

A construção de edifícios em bairros mais tradicionais, como Jardins, Pinheiros, Itaim e Vila Mariana, é coisa mais do passado. Os terrenos atualmente são difíceis de achar, além de muito caros. A tendência é que a expansão ocorra em bairros mais periféricos, nas cidades-satélites e também no interior. Um dos fatores que definirão quais serão os principais eixos de crescimento é o transporte. A possibilidade de locomoção é o que domina as escolhas do consumidor.

Hoje, ainda há espaço para apartamentos de luxo? Está mais fácil ou difícil fazer apartamentos realmente personalizados?

Acho que está mais fácil, por conta da abertura da economia e de uma variedade de produtos que podem ser importados para a criação de um apartamento realmente diferenciado. Há mais elementos que ajudam a fugir dessa uniformização.

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