A inflação oculta também castiga os brasileiros


A renda real parece afetada mesmo que os preços contratados não tenham subido, seja com o chocolate que muda de tamanho ou a internet que cai no horário de pico

Por Pedro Fernando Nery

A internet que não tem reajuste, mas passa a cair no horário de pico. A escola que diminui o número de professores por aluno, enchendo as turmas. O plano de saúde que não joga o aumento de custos para a mensalidade, mas aumenta o porcentual de coparticipação dos atendimentos. As mudanças podem não se refletir na inflação oficial, mas a qualidade do consumo das famílias piora nesses exemplos. Na prática, a renda real parece afetada mesmo que os preços contratados não tenham subido: é a inflação oculta.

As empresas repassam a elevação de custos para os seus consumidores só até o ponto em que isso não seja prejudicial aos seus próprios lucros. Se a avaliação for de que o repasse reduzirá a demanda, as firmas se adaptarão de outras formas. Uma possibilidade é o ajuste na qualidade, uma consequência menos visível da inflação alta para as famílias. 

Salas de aulas mais cheias também é um sintoma da inflação oculta Foto: PEDRO AMATUZZI/SIGMAPRESS
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Nos produtos é até mais fácil perceber, por exemplo, no chocolate que manteve o preço mas diminuiu de tamanho (isto é, preço por grama maior). Mas, no caso dos serviços, a inflação oculta é menos tangível.

Esse tipo de ajuste pode ser mais comum no momento em que a inflação “normal” está mais alta e persistente, e os consumidores, portanto, já estão mais resistentes a aceitar novas elevações de preços. Um desafio é que nós não sabemos ainda como mensurar o problema.

A inflação brasileira em 2021 foi a maior desde 2015. Ela decorreu de fatores domésticos, como a crise hídrica e energética e as incertezas no fiscal e na política – que desvalorizaram o real. Mas foi impactada também por fenômenos externos: a variação mundial nos preços das commodities (como o petróleo), a asfixia nas cadeias produtivas globais – efeito da covid-19.

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Se a inflação parecia em queda neste ano – com a melhora das chuvas, o possível fim da pandemia e a alta dos juros –, a guerra na Ucrânia volta a trazer preocupação. A Rússia, é sabido, é um importante exportador de energia, de fertilizantes e de trigo. Já a Ucrânia exporta muito trigo e milho, o que adicionalmente pode bagunçar os mercados internacionais.

Se a inflação global voltar a subir, também vai pressionar o custo de vida por aqui. O leitor pode ficar atento à piora na qualidade daquilo que tem comprado e contratado. 

* doutor em economia

A internet que não tem reajuste, mas passa a cair no horário de pico. A escola que diminui o número de professores por aluno, enchendo as turmas. O plano de saúde que não joga o aumento de custos para a mensalidade, mas aumenta o porcentual de coparticipação dos atendimentos. As mudanças podem não se refletir na inflação oficial, mas a qualidade do consumo das famílias piora nesses exemplos. Na prática, a renda real parece afetada mesmo que os preços contratados não tenham subido: é a inflação oculta.

As empresas repassam a elevação de custos para os seus consumidores só até o ponto em que isso não seja prejudicial aos seus próprios lucros. Se a avaliação for de que o repasse reduzirá a demanda, as firmas se adaptarão de outras formas. Uma possibilidade é o ajuste na qualidade, uma consequência menos visível da inflação alta para as famílias. 

Salas de aulas mais cheias também é um sintoma da inflação oculta Foto: PEDRO AMATUZZI/SIGMAPRESS

Nos produtos é até mais fácil perceber, por exemplo, no chocolate que manteve o preço mas diminuiu de tamanho (isto é, preço por grama maior). Mas, no caso dos serviços, a inflação oculta é menos tangível.

Esse tipo de ajuste pode ser mais comum no momento em que a inflação “normal” está mais alta e persistente, e os consumidores, portanto, já estão mais resistentes a aceitar novas elevações de preços. Um desafio é que nós não sabemos ainda como mensurar o problema.

A inflação brasileira em 2021 foi a maior desde 2015. Ela decorreu de fatores domésticos, como a crise hídrica e energética e as incertezas no fiscal e na política – que desvalorizaram o real. Mas foi impactada também por fenômenos externos: a variação mundial nos preços das commodities (como o petróleo), a asfixia nas cadeias produtivas globais – efeito da covid-19.

Se a inflação parecia em queda neste ano – com a melhora das chuvas, o possível fim da pandemia e a alta dos juros –, a guerra na Ucrânia volta a trazer preocupação. A Rússia, é sabido, é um importante exportador de energia, de fertilizantes e de trigo. Já a Ucrânia exporta muito trigo e milho, o que adicionalmente pode bagunçar os mercados internacionais.

Se a inflação global voltar a subir, também vai pressionar o custo de vida por aqui. O leitor pode ficar atento à piora na qualidade daquilo que tem comprado e contratado. 

* doutor em economia

A internet que não tem reajuste, mas passa a cair no horário de pico. A escola que diminui o número de professores por aluno, enchendo as turmas. O plano de saúde que não joga o aumento de custos para a mensalidade, mas aumenta o porcentual de coparticipação dos atendimentos. As mudanças podem não se refletir na inflação oficial, mas a qualidade do consumo das famílias piora nesses exemplos. Na prática, a renda real parece afetada mesmo que os preços contratados não tenham subido: é a inflação oculta.

As empresas repassam a elevação de custos para os seus consumidores só até o ponto em que isso não seja prejudicial aos seus próprios lucros. Se a avaliação for de que o repasse reduzirá a demanda, as firmas se adaptarão de outras formas. Uma possibilidade é o ajuste na qualidade, uma consequência menos visível da inflação alta para as famílias. 

Salas de aulas mais cheias também é um sintoma da inflação oculta Foto: PEDRO AMATUZZI/SIGMAPRESS

Nos produtos é até mais fácil perceber, por exemplo, no chocolate que manteve o preço mas diminuiu de tamanho (isto é, preço por grama maior). Mas, no caso dos serviços, a inflação oculta é menos tangível.

Esse tipo de ajuste pode ser mais comum no momento em que a inflação “normal” está mais alta e persistente, e os consumidores, portanto, já estão mais resistentes a aceitar novas elevações de preços. Um desafio é que nós não sabemos ainda como mensurar o problema.

A inflação brasileira em 2021 foi a maior desde 2015. Ela decorreu de fatores domésticos, como a crise hídrica e energética e as incertezas no fiscal e na política – que desvalorizaram o real. Mas foi impactada também por fenômenos externos: a variação mundial nos preços das commodities (como o petróleo), a asfixia nas cadeias produtivas globais – efeito da covid-19.

Se a inflação parecia em queda neste ano – com a melhora das chuvas, o possível fim da pandemia e a alta dos juros –, a guerra na Ucrânia volta a trazer preocupação. A Rússia, é sabido, é um importante exportador de energia, de fertilizantes e de trigo. Já a Ucrânia exporta muito trigo e milho, o que adicionalmente pode bagunçar os mercados internacionais.

Se a inflação global voltar a subir, também vai pressionar o custo de vida por aqui. O leitor pode ficar atento à piora na qualidade daquilo que tem comprado e contratado. 

* doutor em economia

A internet que não tem reajuste, mas passa a cair no horário de pico. A escola que diminui o número de professores por aluno, enchendo as turmas. O plano de saúde que não joga o aumento de custos para a mensalidade, mas aumenta o porcentual de coparticipação dos atendimentos. As mudanças podem não se refletir na inflação oficial, mas a qualidade do consumo das famílias piora nesses exemplos. Na prática, a renda real parece afetada mesmo que os preços contratados não tenham subido: é a inflação oculta.

As empresas repassam a elevação de custos para os seus consumidores só até o ponto em que isso não seja prejudicial aos seus próprios lucros. Se a avaliação for de que o repasse reduzirá a demanda, as firmas se adaptarão de outras formas. Uma possibilidade é o ajuste na qualidade, uma consequência menos visível da inflação alta para as famílias. 

Salas de aulas mais cheias também é um sintoma da inflação oculta Foto: PEDRO AMATUZZI/SIGMAPRESS

Nos produtos é até mais fácil perceber, por exemplo, no chocolate que manteve o preço mas diminuiu de tamanho (isto é, preço por grama maior). Mas, no caso dos serviços, a inflação oculta é menos tangível.

Esse tipo de ajuste pode ser mais comum no momento em que a inflação “normal” está mais alta e persistente, e os consumidores, portanto, já estão mais resistentes a aceitar novas elevações de preços. Um desafio é que nós não sabemos ainda como mensurar o problema.

A inflação brasileira em 2021 foi a maior desde 2015. Ela decorreu de fatores domésticos, como a crise hídrica e energética e as incertezas no fiscal e na política – que desvalorizaram o real. Mas foi impactada também por fenômenos externos: a variação mundial nos preços das commodities (como o petróleo), a asfixia nas cadeias produtivas globais – efeito da covid-19.

Se a inflação parecia em queda neste ano – com a melhora das chuvas, o possível fim da pandemia e a alta dos juros –, a guerra na Ucrânia volta a trazer preocupação. A Rússia, é sabido, é um importante exportador de energia, de fertilizantes e de trigo. Já a Ucrânia exporta muito trigo e milho, o que adicionalmente pode bagunçar os mercados internacionais.

Se a inflação global voltar a subir, também vai pressionar o custo de vida por aqui. O leitor pode ficar atento à piora na qualidade daquilo que tem comprado e contratado. 

* doutor em economia

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