Investidor corre para o Tesouro para escapar da inflação e ganhar com juro


Com salto de 72% no número de participantes, o Tesouro Direto ultrapassou a Bolsa em 2015 e segue como uma das principais apostas de 2016

Por Natália Cacioli

SÃO PAULO - Em tempos de inflação alta, os brasileiros têm buscado alternativas para proteger o patrimônio. Em 2015, o Tesouro Direto foi a menina dos olhos de muitos investidores, que aliaram a segurança da renda fixa à boa rentabilidade dos títulos públicos. Como a elevação dos preços não dá sinal de trégua, a taxa básica de juros (Selic) deve permanecer elevada em 2016 e os rendimentos dos títulos, consequentemente, vão continuar atrativos.

O número de investidores ativos no Tesouro Direto deu um salto de 72% entre outubro de 2015 e o mesmo mês do ano passado, enquanto o estoque total alcançou R$ 22,9 bilhões, um aumento de 57,7%. A quantidade de participantes ultrapassou, inclusive, o número de investidores da Bolsa, com 587,3 mil pessoas. Foi a primeira que isso aconteceu desde a criação do produto, em 2002.

Planejamento. O advogado Guilherme Lippi perdeu dinheiro na primeira compra do Tesouro porque não escolheu o título adequado para os seus planos Foto: O advogado Guilherme Lippi perdeu dinheiro na primeira compra do Tesouro porque não escolheu o título adequado para os seus planos (Werther Santana/Estadão)
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“Vai ser difícil encontrar outro investimento que bata o juro de 14%. Não é impossível, mas em outros ativos, como Bolsa e câmbio, há o fator risco”, diz o diretor da Easynvest Amerson Magalhães.  A rentabilidade chama a atenção principalmente se comparada à da caderneta de poupança, que vai perder para a inflação pela primeira vez em treze anos.

Segundo cálculos da consultoria Economatica, o ganho anual da poupança está em 7,95%, ante uma inflação de 10,48%. O cenário para 2016 também não é animador: economistas consultados pelo Banco Central estimam o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,86%, acima do teto da meta do governo, de 6,5%. 

Mas apesar do crescimento exuberante nesse ano, a quantidade de investidores nos títulos públicos ainda perde com folga para a poupança, que tem 137 milhões de clientes. Desses, 70% investem até R$ 500. Por isso mesmo, o governo ainda vê potencial de expansão. “Há muito espaço a ser conquistado”, diz Débora Araújo, analista de Finanças e Controle do Tesouro, acrescentando que o investimento mínimo é de apenas R$ 30.

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Para ajudar nessa popularização, o Tesouro simplificou o nome dos títulos e deu maior liquidez ao produto, que agora pode ser vendido a qualquer momento. Segundo Débora, o governo prepara novas ações para o início de 2016, como um simulador que compara os títulos com outros produtos financeiros. 

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Com as mudanças recentes nas regras da Previdência Social, ficou ainda mais importante começar a se planejar ainda na juventude. Os planos de previdência privada são os mais comuns, mas veja também como usar o Tesouro Direto e carteiras diversificadas como complementos de renda no futuro.

Estratégias. Para escolher qual título comprar, não existe fórmula mágica. A resposta depende dos objetivos do investidor. Mas diante das incertezas política e econômica, especialistas indicam títulos com prazo mais curto. “Está muito difícil fazer prognóstico para 2016”, diz Alexandre Fernandes, diretor de crédito da Rio Bravo. 

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O risco do Tesouro Direto é mínimo, porque é soberano, ou seja, o investidor só deixa de receber se o País der calote, o que é muito improvável. No entanto, há o chamado risco de mercado: se o cliente resgata o valor da aplicação antes do vencimento, o título será vendido de acordo com a taxa do dia, e isso pode levar a uma perda. Logo, o ideal é segurar até o final do prazo. 

A primeira experiência do advogado Guilherme Lippi, de 29 anos, não foi das melhores. Em 2013, ele comprou títulos indexados à inflação com vencimento em 2035. “Comprei por impulso, sem pesquisar nada. Precisei vender antes do prazo e perdi dinheiro”, conta.

Segundo dados do Tesouro, 59,7% dos títulos vendidos são indexados à inflação e 53,8% deles têm prazo entre um e cinco anos. Na corretora Rico, que viu o número de clientes do Tesouro Direto aumentar 84% em 2015, os títulos que protegem da alta dos preços também são os mais procurados. O analista Roberto Indech, no entanto, atenta para os objetivos do investidor: “Se é um investimento de curto prazo, de até dois anos, indicamos o Tesouro Selic. Para médio prazo, o Tesouro IPCA é interessante, pois paga a inflação no período mais uma taxa prefixada”, explica.

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O Tesouro Selic é considerado o título mais conservador, pois é reajustado diariamente pela Selic. Por outro lado, os títulos prefixados e os indexados à inflação (Tesouro IPCA) costumam render mais, mas podem perder valor se a taxa de juros subir e o dinheiro for resgatado antes do vencimento. 

O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni, de 27 anos, começou a comprar títulos no segundo semestre de 2015 por indicação de colegas do trabalho. Ele optou pelo mais conservador. “Pretendo comprar um carro logo, então escolhi o Tesouro Selic, que me paga a taxa de juros e não corro o risco de perder dinheiro se fizer o resgate antes do vencimento”.

Indicação. O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni investe no Tesouro há apenas 4 meses Foto: O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni investe no Tesouro há apenas 4 meses (Sérgio Castro/Estadão)
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Letras de crédito e CDB também atraentes. O Tesouro Direto tem a vantagem do baixo custo, uma vez que não é preciso pagar taxas de administração ou performance, comuns na indústria de fundos. Por outro lado, há incidência de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos, o que não ocorre na poupança e em outros produtos da renda fixa. As alíquotas vão de 22,5%, para aplicações de até 180 dias, a 15%, para prazos superiores a 720 dias.

Outras opções interessantes são a LCI e a LCA – títulos privados lastreados por empréstimos imobiliários e agrícolas, respectivamente. Além da isenção de IR, as letras de crédito são garantidas em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), assim como a poupança. É preciso ficar atento, no entanto, à liquidez: diferentemente do Tesouro Direto, as letras geralmente só podem ser resgatadas na data do vencimento.

“Para investidor de curto prazo, até um ano, recomendamos LCI e LCA, que variam de acordo com a taxa de juros e são garantidos pelo FGC”, diz Roberto Indech, analista da corretora Rico.

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Uma segunda alternativa dentro da renda fixa são os Certificados de Depósito Bancário (CDB), uma espécie de empréstimo que o investidor faz ao banco em troca de rentabilidade diária. O retorno no tipo mais comum de CDB, que é o pós-fixado, é atrelado ao CDI, uma taxa de referência muito próxima à Selic. Instituições de pequeno e médio portes pagam mais. Os investimentos também são protegidos pelo FGC e a liquidez varia de banco para banco, mas quanto mais tempo o dinheiro fica investido, maior é o retorno. Não há taxa de administração, mas os ganhos são tributados.

SÃO PAULO - Em tempos de inflação alta, os brasileiros têm buscado alternativas para proteger o patrimônio. Em 2015, o Tesouro Direto foi a menina dos olhos de muitos investidores, que aliaram a segurança da renda fixa à boa rentabilidade dos títulos públicos. Como a elevação dos preços não dá sinal de trégua, a taxa básica de juros (Selic) deve permanecer elevada em 2016 e os rendimentos dos títulos, consequentemente, vão continuar atrativos.

O número de investidores ativos no Tesouro Direto deu um salto de 72% entre outubro de 2015 e o mesmo mês do ano passado, enquanto o estoque total alcançou R$ 22,9 bilhões, um aumento de 57,7%. A quantidade de participantes ultrapassou, inclusive, o número de investidores da Bolsa, com 587,3 mil pessoas. Foi a primeira que isso aconteceu desde a criação do produto, em 2002.

Planejamento. O advogado Guilherme Lippi perdeu dinheiro na primeira compra do Tesouro porque não escolheu o título adequado para os seus planos Foto: O advogado Guilherme Lippi perdeu dinheiro na primeira compra do Tesouro porque não escolheu o título adequado para os seus planos (Werther Santana/Estadão)

“Vai ser difícil encontrar outro investimento que bata o juro de 14%. Não é impossível, mas em outros ativos, como Bolsa e câmbio, há o fator risco”, diz o diretor da Easynvest Amerson Magalhães.  A rentabilidade chama a atenção principalmente se comparada à da caderneta de poupança, que vai perder para a inflação pela primeira vez em treze anos.

Segundo cálculos da consultoria Economatica, o ganho anual da poupança está em 7,95%, ante uma inflação de 10,48%. O cenário para 2016 também não é animador: economistas consultados pelo Banco Central estimam o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,86%, acima do teto da meta do governo, de 6,5%. 

Mas apesar do crescimento exuberante nesse ano, a quantidade de investidores nos títulos públicos ainda perde com folga para a poupança, que tem 137 milhões de clientes. Desses, 70% investem até R$ 500. Por isso mesmo, o governo ainda vê potencial de expansão. “Há muito espaço a ser conquistado”, diz Débora Araújo, analista de Finanças e Controle do Tesouro, acrescentando que o investimento mínimo é de apenas R$ 30.

Para ajudar nessa popularização, o Tesouro simplificou o nome dos títulos e deu maior liquidez ao produto, que agora pode ser vendido a qualquer momento. Segundo Débora, o governo prepara novas ações para o início de 2016, como um simulador que compara os títulos com outros produtos financeiros. 

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Com as mudanças recentes nas regras da Previdência Social, ficou ainda mais importante começar a se planejar ainda na juventude. Os planos de previdência privada são os mais comuns, mas veja também como usar o Tesouro Direto e carteiras diversificadas como complementos de renda no futuro.

Estratégias. Para escolher qual título comprar, não existe fórmula mágica. A resposta depende dos objetivos do investidor. Mas diante das incertezas política e econômica, especialistas indicam títulos com prazo mais curto. “Está muito difícil fazer prognóstico para 2016”, diz Alexandre Fernandes, diretor de crédito da Rio Bravo. 

O risco do Tesouro Direto é mínimo, porque é soberano, ou seja, o investidor só deixa de receber se o País der calote, o que é muito improvável. No entanto, há o chamado risco de mercado: se o cliente resgata o valor da aplicação antes do vencimento, o título será vendido de acordo com a taxa do dia, e isso pode levar a uma perda. Logo, o ideal é segurar até o final do prazo. 

A primeira experiência do advogado Guilherme Lippi, de 29 anos, não foi das melhores. Em 2013, ele comprou títulos indexados à inflação com vencimento em 2035. “Comprei por impulso, sem pesquisar nada. Precisei vender antes do prazo e perdi dinheiro”, conta.

Segundo dados do Tesouro, 59,7% dos títulos vendidos são indexados à inflação e 53,8% deles têm prazo entre um e cinco anos. Na corretora Rico, que viu o número de clientes do Tesouro Direto aumentar 84% em 2015, os títulos que protegem da alta dos preços também são os mais procurados. O analista Roberto Indech, no entanto, atenta para os objetivos do investidor: “Se é um investimento de curto prazo, de até dois anos, indicamos o Tesouro Selic. Para médio prazo, o Tesouro IPCA é interessante, pois paga a inflação no período mais uma taxa prefixada”, explica.

O Tesouro Selic é considerado o título mais conservador, pois é reajustado diariamente pela Selic. Por outro lado, os títulos prefixados e os indexados à inflação (Tesouro IPCA) costumam render mais, mas podem perder valor se a taxa de juros subir e o dinheiro for resgatado antes do vencimento. 

O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni, de 27 anos, começou a comprar títulos no segundo semestre de 2015 por indicação de colegas do trabalho. Ele optou pelo mais conservador. “Pretendo comprar um carro logo, então escolhi o Tesouro Selic, que me paga a taxa de juros e não corro o risco de perder dinheiro se fizer o resgate antes do vencimento”.

Indicação. O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni investe no Tesouro há apenas 4 meses Foto: O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni investe no Tesouro há apenas 4 meses (Sérgio Castro/Estadão)

Letras de crédito e CDB também atraentes. O Tesouro Direto tem a vantagem do baixo custo, uma vez que não é preciso pagar taxas de administração ou performance, comuns na indústria de fundos. Por outro lado, há incidência de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos, o que não ocorre na poupança e em outros produtos da renda fixa. As alíquotas vão de 22,5%, para aplicações de até 180 dias, a 15%, para prazos superiores a 720 dias.

Outras opções interessantes são a LCI e a LCA – títulos privados lastreados por empréstimos imobiliários e agrícolas, respectivamente. Além da isenção de IR, as letras de crédito são garantidas em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), assim como a poupança. É preciso ficar atento, no entanto, à liquidez: diferentemente do Tesouro Direto, as letras geralmente só podem ser resgatadas na data do vencimento.

“Para investidor de curto prazo, até um ano, recomendamos LCI e LCA, que variam de acordo com a taxa de juros e são garantidos pelo FGC”, diz Roberto Indech, analista da corretora Rico.

Uma segunda alternativa dentro da renda fixa são os Certificados de Depósito Bancário (CDB), uma espécie de empréstimo que o investidor faz ao banco em troca de rentabilidade diária. O retorno no tipo mais comum de CDB, que é o pós-fixado, é atrelado ao CDI, uma taxa de referência muito próxima à Selic. Instituições de pequeno e médio portes pagam mais. Os investimentos também são protegidos pelo FGC e a liquidez varia de banco para banco, mas quanto mais tempo o dinheiro fica investido, maior é o retorno. Não há taxa de administração, mas os ganhos são tributados.

SÃO PAULO - Em tempos de inflação alta, os brasileiros têm buscado alternativas para proteger o patrimônio. Em 2015, o Tesouro Direto foi a menina dos olhos de muitos investidores, que aliaram a segurança da renda fixa à boa rentabilidade dos títulos públicos. Como a elevação dos preços não dá sinal de trégua, a taxa básica de juros (Selic) deve permanecer elevada em 2016 e os rendimentos dos títulos, consequentemente, vão continuar atrativos.

O número de investidores ativos no Tesouro Direto deu um salto de 72% entre outubro de 2015 e o mesmo mês do ano passado, enquanto o estoque total alcançou R$ 22,9 bilhões, um aumento de 57,7%. A quantidade de participantes ultrapassou, inclusive, o número de investidores da Bolsa, com 587,3 mil pessoas. Foi a primeira que isso aconteceu desde a criação do produto, em 2002.

Planejamento. O advogado Guilherme Lippi perdeu dinheiro na primeira compra do Tesouro porque não escolheu o título adequado para os seus planos Foto: O advogado Guilherme Lippi perdeu dinheiro na primeira compra do Tesouro porque não escolheu o título adequado para os seus planos (Werther Santana/Estadão)

“Vai ser difícil encontrar outro investimento que bata o juro de 14%. Não é impossível, mas em outros ativos, como Bolsa e câmbio, há o fator risco”, diz o diretor da Easynvest Amerson Magalhães.  A rentabilidade chama a atenção principalmente se comparada à da caderneta de poupança, que vai perder para a inflação pela primeira vez em treze anos.

Segundo cálculos da consultoria Economatica, o ganho anual da poupança está em 7,95%, ante uma inflação de 10,48%. O cenário para 2016 também não é animador: economistas consultados pelo Banco Central estimam o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,86%, acima do teto da meta do governo, de 6,5%. 

Mas apesar do crescimento exuberante nesse ano, a quantidade de investidores nos títulos públicos ainda perde com folga para a poupança, que tem 137 milhões de clientes. Desses, 70% investem até R$ 500. Por isso mesmo, o governo ainda vê potencial de expansão. “Há muito espaço a ser conquistado”, diz Débora Araújo, analista de Finanças e Controle do Tesouro, acrescentando que o investimento mínimo é de apenas R$ 30.

Para ajudar nessa popularização, o Tesouro simplificou o nome dos títulos e deu maior liquidez ao produto, que agora pode ser vendido a qualquer momento. Segundo Débora, o governo prepara novas ações para o início de 2016, como um simulador que compara os títulos com outros produtos financeiros. 

Seu navegador não suporta esse video.

Com as mudanças recentes nas regras da Previdência Social, ficou ainda mais importante começar a se planejar ainda na juventude. Os planos de previdência privada são os mais comuns, mas veja também como usar o Tesouro Direto e carteiras diversificadas como complementos de renda no futuro.

Estratégias. Para escolher qual título comprar, não existe fórmula mágica. A resposta depende dos objetivos do investidor. Mas diante das incertezas política e econômica, especialistas indicam títulos com prazo mais curto. “Está muito difícil fazer prognóstico para 2016”, diz Alexandre Fernandes, diretor de crédito da Rio Bravo. 

O risco do Tesouro Direto é mínimo, porque é soberano, ou seja, o investidor só deixa de receber se o País der calote, o que é muito improvável. No entanto, há o chamado risco de mercado: se o cliente resgata o valor da aplicação antes do vencimento, o título será vendido de acordo com a taxa do dia, e isso pode levar a uma perda. Logo, o ideal é segurar até o final do prazo. 

A primeira experiência do advogado Guilherme Lippi, de 29 anos, não foi das melhores. Em 2013, ele comprou títulos indexados à inflação com vencimento em 2035. “Comprei por impulso, sem pesquisar nada. Precisei vender antes do prazo e perdi dinheiro”, conta.

Segundo dados do Tesouro, 59,7% dos títulos vendidos são indexados à inflação e 53,8% deles têm prazo entre um e cinco anos. Na corretora Rico, que viu o número de clientes do Tesouro Direto aumentar 84% em 2015, os títulos que protegem da alta dos preços também são os mais procurados. O analista Roberto Indech, no entanto, atenta para os objetivos do investidor: “Se é um investimento de curto prazo, de até dois anos, indicamos o Tesouro Selic. Para médio prazo, o Tesouro IPCA é interessante, pois paga a inflação no período mais uma taxa prefixada”, explica.

O Tesouro Selic é considerado o título mais conservador, pois é reajustado diariamente pela Selic. Por outro lado, os títulos prefixados e os indexados à inflação (Tesouro IPCA) costumam render mais, mas podem perder valor se a taxa de juros subir e o dinheiro for resgatado antes do vencimento. 

O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni, de 27 anos, começou a comprar títulos no segundo semestre de 2015 por indicação de colegas do trabalho. Ele optou pelo mais conservador. “Pretendo comprar um carro logo, então escolhi o Tesouro Selic, que me paga a taxa de juros e não corro o risco de perder dinheiro se fizer o resgate antes do vencimento”.

Indicação. O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni investe no Tesouro há apenas 4 meses Foto: O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni investe no Tesouro há apenas 4 meses (Sérgio Castro/Estadão)

Letras de crédito e CDB também atraentes. O Tesouro Direto tem a vantagem do baixo custo, uma vez que não é preciso pagar taxas de administração ou performance, comuns na indústria de fundos. Por outro lado, há incidência de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos, o que não ocorre na poupança e em outros produtos da renda fixa. As alíquotas vão de 22,5%, para aplicações de até 180 dias, a 15%, para prazos superiores a 720 dias.

Outras opções interessantes são a LCI e a LCA – títulos privados lastreados por empréstimos imobiliários e agrícolas, respectivamente. Além da isenção de IR, as letras de crédito são garantidas em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), assim como a poupança. É preciso ficar atento, no entanto, à liquidez: diferentemente do Tesouro Direto, as letras geralmente só podem ser resgatadas na data do vencimento.

“Para investidor de curto prazo, até um ano, recomendamos LCI e LCA, que variam de acordo com a taxa de juros e são garantidos pelo FGC”, diz Roberto Indech, analista da corretora Rico.

Uma segunda alternativa dentro da renda fixa são os Certificados de Depósito Bancário (CDB), uma espécie de empréstimo que o investidor faz ao banco em troca de rentabilidade diária. O retorno no tipo mais comum de CDB, que é o pós-fixado, é atrelado ao CDI, uma taxa de referência muito próxima à Selic. Instituições de pequeno e médio portes pagam mais. Os investimentos também são protegidos pelo FGC e a liquidez varia de banco para banco, mas quanto mais tempo o dinheiro fica investido, maior é o retorno. Não há taxa de administração, mas os ganhos são tributados.

SÃO PAULO - Em tempos de inflação alta, os brasileiros têm buscado alternativas para proteger o patrimônio. Em 2015, o Tesouro Direto foi a menina dos olhos de muitos investidores, que aliaram a segurança da renda fixa à boa rentabilidade dos títulos públicos. Como a elevação dos preços não dá sinal de trégua, a taxa básica de juros (Selic) deve permanecer elevada em 2016 e os rendimentos dos títulos, consequentemente, vão continuar atrativos.

O número de investidores ativos no Tesouro Direto deu um salto de 72% entre outubro de 2015 e o mesmo mês do ano passado, enquanto o estoque total alcançou R$ 22,9 bilhões, um aumento de 57,7%. A quantidade de participantes ultrapassou, inclusive, o número de investidores da Bolsa, com 587,3 mil pessoas. Foi a primeira que isso aconteceu desde a criação do produto, em 2002.

Planejamento. O advogado Guilherme Lippi perdeu dinheiro na primeira compra do Tesouro porque não escolheu o título adequado para os seus planos Foto: O advogado Guilherme Lippi perdeu dinheiro na primeira compra do Tesouro porque não escolheu o título adequado para os seus planos (Werther Santana/Estadão)

“Vai ser difícil encontrar outro investimento que bata o juro de 14%. Não é impossível, mas em outros ativos, como Bolsa e câmbio, há o fator risco”, diz o diretor da Easynvest Amerson Magalhães.  A rentabilidade chama a atenção principalmente se comparada à da caderneta de poupança, que vai perder para a inflação pela primeira vez em treze anos.

Segundo cálculos da consultoria Economatica, o ganho anual da poupança está em 7,95%, ante uma inflação de 10,48%. O cenário para 2016 também não é animador: economistas consultados pelo Banco Central estimam o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,86%, acima do teto da meta do governo, de 6,5%. 

Mas apesar do crescimento exuberante nesse ano, a quantidade de investidores nos títulos públicos ainda perde com folga para a poupança, que tem 137 milhões de clientes. Desses, 70% investem até R$ 500. Por isso mesmo, o governo ainda vê potencial de expansão. “Há muito espaço a ser conquistado”, diz Débora Araújo, analista de Finanças e Controle do Tesouro, acrescentando que o investimento mínimo é de apenas R$ 30.

Para ajudar nessa popularização, o Tesouro simplificou o nome dos títulos e deu maior liquidez ao produto, que agora pode ser vendido a qualquer momento. Segundo Débora, o governo prepara novas ações para o início de 2016, como um simulador que compara os títulos com outros produtos financeiros. 

Seu navegador não suporta esse video.

Com as mudanças recentes nas regras da Previdência Social, ficou ainda mais importante começar a se planejar ainda na juventude. Os planos de previdência privada são os mais comuns, mas veja também como usar o Tesouro Direto e carteiras diversificadas como complementos de renda no futuro.

Estratégias. Para escolher qual título comprar, não existe fórmula mágica. A resposta depende dos objetivos do investidor. Mas diante das incertezas política e econômica, especialistas indicam títulos com prazo mais curto. “Está muito difícil fazer prognóstico para 2016”, diz Alexandre Fernandes, diretor de crédito da Rio Bravo. 

O risco do Tesouro Direto é mínimo, porque é soberano, ou seja, o investidor só deixa de receber se o País der calote, o que é muito improvável. No entanto, há o chamado risco de mercado: se o cliente resgata o valor da aplicação antes do vencimento, o título será vendido de acordo com a taxa do dia, e isso pode levar a uma perda. Logo, o ideal é segurar até o final do prazo. 

A primeira experiência do advogado Guilherme Lippi, de 29 anos, não foi das melhores. Em 2013, ele comprou títulos indexados à inflação com vencimento em 2035. “Comprei por impulso, sem pesquisar nada. Precisei vender antes do prazo e perdi dinheiro”, conta.

Segundo dados do Tesouro, 59,7% dos títulos vendidos são indexados à inflação e 53,8% deles têm prazo entre um e cinco anos. Na corretora Rico, que viu o número de clientes do Tesouro Direto aumentar 84% em 2015, os títulos que protegem da alta dos preços também são os mais procurados. O analista Roberto Indech, no entanto, atenta para os objetivos do investidor: “Se é um investimento de curto prazo, de até dois anos, indicamos o Tesouro Selic. Para médio prazo, o Tesouro IPCA é interessante, pois paga a inflação no período mais uma taxa prefixada”, explica.

O Tesouro Selic é considerado o título mais conservador, pois é reajustado diariamente pela Selic. Por outro lado, os títulos prefixados e os indexados à inflação (Tesouro IPCA) costumam render mais, mas podem perder valor se a taxa de juros subir e o dinheiro for resgatado antes do vencimento. 

O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni, de 27 anos, começou a comprar títulos no segundo semestre de 2015 por indicação de colegas do trabalho. Ele optou pelo mais conservador. “Pretendo comprar um carro logo, então escolhi o Tesouro Selic, que me paga a taxa de juros e não corro o risco de perder dinheiro se fizer o resgate antes do vencimento”.

Indicação. O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni investe no Tesouro há apenas 4 meses Foto: O analista de sistemas André Spinalli Schiavoni investe no Tesouro há apenas 4 meses (Sérgio Castro/Estadão)

Letras de crédito e CDB também atraentes. O Tesouro Direto tem a vantagem do baixo custo, uma vez que não é preciso pagar taxas de administração ou performance, comuns na indústria de fundos. Por outro lado, há incidência de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos, o que não ocorre na poupança e em outros produtos da renda fixa. As alíquotas vão de 22,5%, para aplicações de até 180 dias, a 15%, para prazos superiores a 720 dias.

Outras opções interessantes são a LCI e a LCA – títulos privados lastreados por empréstimos imobiliários e agrícolas, respectivamente. Além da isenção de IR, as letras de crédito são garantidas em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), assim como a poupança. É preciso ficar atento, no entanto, à liquidez: diferentemente do Tesouro Direto, as letras geralmente só podem ser resgatadas na data do vencimento.

“Para investidor de curto prazo, até um ano, recomendamos LCI e LCA, que variam de acordo com a taxa de juros e são garantidos pelo FGC”, diz Roberto Indech, analista da corretora Rico.

Uma segunda alternativa dentro da renda fixa são os Certificados de Depósito Bancário (CDB), uma espécie de empréstimo que o investidor faz ao banco em troca de rentabilidade diária. O retorno no tipo mais comum de CDB, que é o pós-fixado, é atrelado ao CDI, uma taxa de referência muito próxima à Selic. Instituições de pequeno e médio portes pagam mais. Os investimentos também são protegidos pelo FGC e a liquidez varia de banco para banco, mas quanto mais tempo o dinheiro fica investido, maior é o retorno. Não há taxa de administração, mas os ganhos são tributados.

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