Japão vai do dinamismo ao desalento


Por Martin. Fackler

ArtigoComo muitos membros da classe média do Japão, Masato Y. desfrutava duas décadas atrás de um nível de afluência que era motivo de inveja do mundo. Masato, um pequeno empresário, comprou um apartamento de US$ 500 mil, passava férias no Havaí e guiava uma Mercedes último modelo.Mas esse padrão de vida foi se deteriorando lentamente com a economia em geral do país. Primeiro, ele foi obrigado a diminuir as viagens ao exterior e depois a eliminá-las. Mais tarde, trocou a Mercedes por um modelo doméstico mais barato. No ano passado, vendeu o apartamento - por um terço do que pagou e por menos do que ainda devia da hipoteca contraída há 17 anos."O Japão costumava ser exuberante e otimista, mas agora todos precisam viver de maneira obscura e discreta", disse Masato, 49 anos, que pediu que seu nome completo não fosse usado porque ainda não conseguiu pagar os US$ 110 mil que deve da hipoteca.Poucos países na história recente tiveram uma inversão tão chocante da fortuna econômica como o Japão. A história de sucesso original asiática, o Japão criou uma das grandes bolhas especulativas dos mercados acionário e imobiliário de todos os tempos nos anos 80 para se tornar o primeiro país asiático a desafiar o longo domínio do Ocidente.Mas as bolhas estouraram no fim dos anos 80 e início dos 90, e o Japão mergulhou num lento e inesgotável declínio que nem os enormes déficits orçamentários nem uma avalanche de dinheiro fácil conseguiram reverter. Por quase uma geração, a essa altura, o país é presa de um crescimento baixo e de uma espiral descendente corrosiva dos preços, conhecida como deflação, no processo de encolhimento de um Godzilla para pouco mais que um fator secundário na economia global.Agora que Estados Unidos e outros países do Ocidente batalham para se recuperar das próprias bolhas financeira e imobiliária, um número crescente de economistas aponta para o Japão como uma visão sombria do futuro. Enquanto o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, prepara uma nova rodada de medidas não convencionais para estimular a economia, crescem os temores de que os Estados Unidos e muitas economias ocidentais possam enfrentar um período prolongado de crescimento lento ou mesmo, no pior caso, deflação, algo não visto numa base sustentada fora do Japão desde a Grande Depressão.Muitos economistas continuam confiantes de que os Estados Unidos conseguirão evitar a estagnação do Japão, em grande parte pela maior reatividade do sistema político americano e a maior tolerância dos americanos à destruição criativa do capitalismo. Os líderes japoneses no início negaram a gravidade dos problemas de seu país e depois gastaram pesadamente em projetos de obras públicas para criar mão de obra que só adiaram as dolorosas, mas necessárias, mudanças estruturais, segundo economistas."Não somos o Japão", disse Robert E. Hall, um professor de economia da Universidade Stanford. "Na América, a aposta ainda é que, de algum modo, encontraremos maneiras de fazer as pessoas gastarem e investirem de novo." Mas à medida que cresce a pressão pela redução dos gastos federais e dos déficits orçamentários, outros economistas agora fazem advertências sobre uma "japonização" - ou uma queda na mesma armadilha deflacionária de implosão da demanda que ocorre quando os consumidores se recusam a consumir, as corporações se esquivam de investir e os bancos se sentam no dinheiro. A coisa vira um círculo vicioso que se autoalimenta: à medida que os preços caem e os empregos desaparecem, os consumidores apertam ainda mais os cordões de suas bolsas e as companhias cortam gastos e retardam planos de expansão."Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Irlanda estão passando o que o Japão passou há cerca de uma década", disse Richard Koo, economista-chefe da Nomura Securities, que recentemente escreveu um livro sobre as lições do Japão para o mundo. "Milhões de indivíduos e companhia veem seus balanços descendo por água abaixo, por isso estão usando seu dinheiro para saldar dívidas em vez de tomar emprestado e gastar." Do mesmo modo como a inflação marcou uma geração de americanos, a deflação deixou uma impressão profunda nos japoneses, suscitando atritos entre gerações e uma cultura de pessimismo, fatalismo e baixas expectativas. Embora o Japão permaneça de muitas maneiras uma sociedade próspera, o país enfrenta uma situação cada vez mais sombria, particularmente fora da vibração econômica relativa de Tóquio, e sua situação oferece um vislumbre possível do futuro dos EUA e da Europa se as previsões mais tétricas se confirmarem. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK É JORNALISTA

ArtigoComo muitos membros da classe média do Japão, Masato Y. desfrutava duas décadas atrás de um nível de afluência que era motivo de inveja do mundo. Masato, um pequeno empresário, comprou um apartamento de US$ 500 mil, passava férias no Havaí e guiava uma Mercedes último modelo.Mas esse padrão de vida foi se deteriorando lentamente com a economia em geral do país. Primeiro, ele foi obrigado a diminuir as viagens ao exterior e depois a eliminá-las. Mais tarde, trocou a Mercedes por um modelo doméstico mais barato. No ano passado, vendeu o apartamento - por um terço do que pagou e por menos do que ainda devia da hipoteca contraída há 17 anos."O Japão costumava ser exuberante e otimista, mas agora todos precisam viver de maneira obscura e discreta", disse Masato, 49 anos, que pediu que seu nome completo não fosse usado porque ainda não conseguiu pagar os US$ 110 mil que deve da hipoteca.Poucos países na história recente tiveram uma inversão tão chocante da fortuna econômica como o Japão. A história de sucesso original asiática, o Japão criou uma das grandes bolhas especulativas dos mercados acionário e imobiliário de todos os tempos nos anos 80 para se tornar o primeiro país asiático a desafiar o longo domínio do Ocidente.Mas as bolhas estouraram no fim dos anos 80 e início dos 90, e o Japão mergulhou num lento e inesgotável declínio que nem os enormes déficits orçamentários nem uma avalanche de dinheiro fácil conseguiram reverter. Por quase uma geração, a essa altura, o país é presa de um crescimento baixo e de uma espiral descendente corrosiva dos preços, conhecida como deflação, no processo de encolhimento de um Godzilla para pouco mais que um fator secundário na economia global.Agora que Estados Unidos e outros países do Ocidente batalham para se recuperar das próprias bolhas financeira e imobiliária, um número crescente de economistas aponta para o Japão como uma visão sombria do futuro. Enquanto o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, prepara uma nova rodada de medidas não convencionais para estimular a economia, crescem os temores de que os Estados Unidos e muitas economias ocidentais possam enfrentar um período prolongado de crescimento lento ou mesmo, no pior caso, deflação, algo não visto numa base sustentada fora do Japão desde a Grande Depressão.Muitos economistas continuam confiantes de que os Estados Unidos conseguirão evitar a estagnação do Japão, em grande parte pela maior reatividade do sistema político americano e a maior tolerância dos americanos à destruição criativa do capitalismo. Os líderes japoneses no início negaram a gravidade dos problemas de seu país e depois gastaram pesadamente em projetos de obras públicas para criar mão de obra que só adiaram as dolorosas, mas necessárias, mudanças estruturais, segundo economistas."Não somos o Japão", disse Robert E. Hall, um professor de economia da Universidade Stanford. "Na América, a aposta ainda é que, de algum modo, encontraremos maneiras de fazer as pessoas gastarem e investirem de novo." Mas à medida que cresce a pressão pela redução dos gastos federais e dos déficits orçamentários, outros economistas agora fazem advertências sobre uma "japonização" - ou uma queda na mesma armadilha deflacionária de implosão da demanda que ocorre quando os consumidores se recusam a consumir, as corporações se esquivam de investir e os bancos se sentam no dinheiro. A coisa vira um círculo vicioso que se autoalimenta: à medida que os preços caem e os empregos desaparecem, os consumidores apertam ainda mais os cordões de suas bolsas e as companhias cortam gastos e retardam planos de expansão."Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Irlanda estão passando o que o Japão passou há cerca de uma década", disse Richard Koo, economista-chefe da Nomura Securities, que recentemente escreveu um livro sobre as lições do Japão para o mundo. "Milhões de indivíduos e companhia veem seus balanços descendo por água abaixo, por isso estão usando seu dinheiro para saldar dívidas em vez de tomar emprestado e gastar." Do mesmo modo como a inflação marcou uma geração de americanos, a deflação deixou uma impressão profunda nos japoneses, suscitando atritos entre gerações e uma cultura de pessimismo, fatalismo e baixas expectativas. Embora o Japão permaneça de muitas maneiras uma sociedade próspera, o país enfrenta uma situação cada vez mais sombria, particularmente fora da vibração econômica relativa de Tóquio, e sua situação oferece um vislumbre possível do futuro dos EUA e da Europa se as previsões mais tétricas se confirmarem. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK É JORNALISTA

ArtigoComo muitos membros da classe média do Japão, Masato Y. desfrutava duas décadas atrás de um nível de afluência que era motivo de inveja do mundo. Masato, um pequeno empresário, comprou um apartamento de US$ 500 mil, passava férias no Havaí e guiava uma Mercedes último modelo.Mas esse padrão de vida foi se deteriorando lentamente com a economia em geral do país. Primeiro, ele foi obrigado a diminuir as viagens ao exterior e depois a eliminá-las. Mais tarde, trocou a Mercedes por um modelo doméstico mais barato. No ano passado, vendeu o apartamento - por um terço do que pagou e por menos do que ainda devia da hipoteca contraída há 17 anos."O Japão costumava ser exuberante e otimista, mas agora todos precisam viver de maneira obscura e discreta", disse Masato, 49 anos, que pediu que seu nome completo não fosse usado porque ainda não conseguiu pagar os US$ 110 mil que deve da hipoteca.Poucos países na história recente tiveram uma inversão tão chocante da fortuna econômica como o Japão. A história de sucesso original asiática, o Japão criou uma das grandes bolhas especulativas dos mercados acionário e imobiliário de todos os tempos nos anos 80 para se tornar o primeiro país asiático a desafiar o longo domínio do Ocidente.Mas as bolhas estouraram no fim dos anos 80 e início dos 90, e o Japão mergulhou num lento e inesgotável declínio que nem os enormes déficits orçamentários nem uma avalanche de dinheiro fácil conseguiram reverter. Por quase uma geração, a essa altura, o país é presa de um crescimento baixo e de uma espiral descendente corrosiva dos preços, conhecida como deflação, no processo de encolhimento de um Godzilla para pouco mais que um fator secundário na economia global.Agora que Estados Unidos e outros países do Ocidente batalham para se recuperar das próprias bolhas financeira e imobiliária, um número crescente de economistas aponta para o Japão como uma visão sombria do futuro. Enquanto o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, prepara uma nova rodada de medidas não convencionais para estimular a economia, crescem os temores de que os Estados Unidos e muitas economias ocidentais possam enfrentar um período prolongado de crescimento lento ou mesmo, no pior caso, deflação, algo não visto numa base sustentada fora do Japão desde a Grande Depressão.Muitos economistas continuam confiantes de que os Estados Unidos conseguirão evitar a estagnação do Japão, em grande parte pela maior reatividade do sistema político americano e a maior tolerância dos americanos à destruição criativa do capitalismo. Os líderes japoneses no início negaram a gravidade dos problemas de seu país e depois gastaram pesadamente em projetos de obras públicas para criar mão de obra que só adiaram as dolorosas, mas necessárias, mudanças estruturais, segundo economistas."Não somos o Japão", disse Robert E. Hall, um professor de economia da Universidade Stanford. "Na América, a aposta ainda é que, de algum modo, encontraremos maneiras de fazer as pessoas gastarem e investirem de novo." Mas à medida que cresce a pressão pela redução dos gastos federais e dos déficits orçamentários, outros economistas agora fazem advertências sobre uma "japonização" - ou uma queda na mesma armadilha deflacionária de implosão da demanda que ocorre quando os consumidores se recusam a consumir, as corporações se esquivam de investir e os bancos se sentam no dinheiro. A coisa vira um círculo vicioso que se autoalimenta: à medida que os preços caem e os empregos desaparecem, os consumidores apertam ainda mais os cordões de suas bolsas e as companhias cortam gastos e retardam planos de expansão."Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Irlanda estão passando o que o Japão passou há cerca de uma década", disse Richard Koo, economista-chefe da Nomura Securities, que recentemente escreveu um livro sobre as lições do Japão para o mundo. "Milhões de indivíduos e companhia veem seus balanços descendo por água abaixo, por isso estão usando seu dinheiro para saldar dívidas em vez de tomar emprestado e gastar." Do mesmo modo como a inflação marcou uma geração de americanos, a deflação deixou uma impressão profunda nos japoneses, suscitando atritos entre gerações e uma cultura de pessimismo, fatalismo e baixas expectativas. Embora o Japão permaneça de muitas maneiras uma sociedade próspera, o país enfrenta uma situação cada vez mais sombria, particularmente fora da vibração econômica relativa de Tóquio, e sua situação oferece um vislumbre possível do futuro dos EUA e da Europa se as previsões mais tétricas se confirmarem. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK É JORNALISTA

ArtigoComo muitos membros da classe média do Japão, Masato Y. desfrutava duas décadas atrás de um nível de afluência que era motivo de inveja do mundo. Masato, um pequeno empresário, comprou um apartamento de US$ 500 mil, passava férias no Havaí e guiava uma Mercedes último modelo.Mas esse padrão de vida foi se deteriorando lentamente com a economia em geral do país. Primeiro, ele foi obrigado a diminuir as viagens ao exterior e depois a eliminá-las. Mais tarde, trocou a Mercedes por um modelo doméstico mais barato. No ano passado, vendeu o apartamento - por um terço do que pagou e por menos do que ainda devia da hipoteca contraída há 17 anos."O Japão costumava ser exuberante e otimista, mas agora todos precisam viver de maneira obscura e discreta", disse Masato, 49 anos, que pediu que seu nome completo não fosse usado porque ainda não conseguiu pagar os US$ 110 mil que deve da hipoteca.Poucos países na história recente tiveram uma inversão tão chocante da fortuna econômica como o Japão. A história de sucesso original asiática, o Japão criou uma das grandes bolhas especulativas dos mercados acionário e imobiliário de todos os tempos nos anos 80 para se tornar o primeiro país asiático a desafiar o longo domínio do Ocidente.Mas as bolhas estouraram no fim dos anos 80 e início dos 90, e o Japão mergulhou num lento e inesgotável declínio que nem os enormes déficits orçamentários nem uma avalanche de dinheiro fácil conseguiram reverter. Por quase uma geração, a essa altura, o país é presa de um crescimento baixo e de uma espiral descendente corrosiva dos preços, conhecida como deflação, no processo de encolhimento de um Godzilla para pouco mais que um fator secundário na economia global.Agora que Estados Unidos e outros países do Ocidente batalham para se recuperar das próprias bolhas financeira e imobiliária, um número crescente de economistas aponta para o Japão como uma visão sombria do futuro. Enquanto o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, prepara uma nova rodada de medidas não convencionais para estimular a economia, crescem os temores de que os Estados Unidos e muitas economias ocidentais possam enfrentar um período prolongado de crescimento lento ou mesmo, no pior caso, deflação, algo não visto numa base sustentada fora do Japão desde a Grande Depressão.Muitos economistas continuam confiantes de que os Estados Unidos conseguirão evitar a estagnação do Japão, em grande parte pela maior reatividade do sistema político americano e a maior tolerância dos americanos à destruição criativa do capitalismo. Os líderes japoneses no início negaram a gravidade dos problemas de seu país e depois gastaram pesadamente em projetos de obras públicas para criar mão de obra que só adiaram as dolorosas, mas necessárias, mudanças estruturais, segundo economistas."Não somos o Japão", disse Robert E. Hall, um professor de economia da Universidade Stanford. "Na América, a aposta ainda é que, de algum modo, encontraremos maneiras de fazer as pessoas gastarem e investirem de novo." Mas à medida que cresce a pressão pela redução dos gastos federais e dos déficits orçamentários, outros economistas agora fazem advertências sobre uma "japonização" - ou uma queda na mesma armadilha deflacionária de implosão da demanda que ocorre quando os consumidores se recusam a consumir, as corporações se esquivam de investir e os bancos se sentam no dinheiro. A coisa vira um círculo vicioso que se autoalimenta: à medida que os preços caem e os empregos desaparecem, os consumidores apertam ainda mais os cordões de suas bolsas e as companhias cortam gastos e retardam planos de expansão."Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Irlanda estão passando o que o Japão passou há cerca de uma década", disse Richard Koo, economista-chefe da Nomura Securities, que recentemente escreveu um livro sobre as lições do Japão para o mundo. "Milhões de indivíduos e companhia veem seus balanços descendo por água abaixo, por isso estão usando seu dinheiro para saldar dívidas em vez de tomar emprestado e gastar." Do mesmo modo como a inflação marcou uma geração de americanos, a deflação deixou uma impressão profunda nos japoneses, suscitando atritos entre gerações e uma cultura de pessimismo, fatalismo e baixas expectativas. Embora o Japão permaneça de muitas maneiras uma sociedade próspera, o país enfrenta uma situação cada vez mais sombria, particularmente fora da vibração econômica relativa de Tóquio, e sua situação oferece um vislumbre possível do futuro dos EUA e da Europa se as previsões mais tétricas se confirmarem. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK É JORNALISTA

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