Economista e sócio da MB Associados

Opinião|O consumo seguirá bem fraco entre os mais pobres


A vida continuará bem difícil para os trabalhadores, especialmente os das classes C, D e E

Por José Roberto Mendonça de Barros

No artigo do dia 20 de março, afirmei que os efeitos positivos do atual choque de commodities serão menores do que aqueles verificados no início do século. De 2007 a 2010, o crescimento acumulado do PIB foi de 19,8%; entre 2019 e 2022, o total deverá atingir apenas 1,7%, considerando nossa projeção de PIB estagnado para este ano. Mesmo levando em conta a projeção mais otimista do Banco Central, de 1% de crescimento, o acumulado no período será medíocre.

Por que essa grande diferença nos dois momentos? A resposta é que outras condições são mais adversas nos dias de hoje. Como os mais atentos devem se lembrar, uma política expansionista de gastos (com o apoio de quase todos os economistas) foi posta em prática como forma de compensar a queda na atividade resultante da crise internacional de 2008. 

Nós assistimos à inflação sair de 4,3%, em 2019, para mais de 10% no ano passado. Foto: Wilton Junior/Estadão - 21/10/2021
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Além disso, hoje assistimos a uma forte aceleração da inflação. Entre 2007 e 2010, os preços subiram em torno de 5% ao ano, sem grandes flutuações. Agora, assistimos à inflação sair de 4,3%, em 2019, para mais de 10% no ano passado.

Em consequência deste movimento e do baixo crescimento, o rendimento real do trabalho, segundo o IBGE, caiu a bagatela de 8,2% nos doze meses até fevereiro último. Pior do que isso, há uma aceleração do empobrecimento na margem, pois que a queda sobe para 8,8% quando consideramos apenas os últimos três meses em relação a igual período do ano passado. 

Como o endividamento das famílias está em nível recorde, não é surpresa que a inadimplência na pessoa física tenha subido acentuadamente nos últimos meses. 

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A questão fica mais complicada porque a guerra acentuou a alta nos preços internacionais, parte dela só agora chegando ao mercado doméstico. O último movimento da Petrobras custou o emprego de seu presidente.

E essas dificuldades estão longe de acabar. Revisamos nossa projeção para inflação deste ano para 7,8%, devido à relevância dos custos de energia e da alimentação e à manutenção do índice de difusão em patamares bastante elevados, acima de 70%. 

Em particular, chamo atenção para o fato de que o alimento que sofreu o maior choque de preços no mercado internacional foi o trigo, dada a importância de Rússia e Ucrânia no fornecimento global. Como os nossos moinhos trabalham com estoques de dois a três meses, o repasse dos novos custos para as massas e o pão mal está começando. 

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A vida seguirá bem difícil para os trabalhadores, especialmente aqueles das classes C, D e E.

*ECONOMISTA E SÓCICIO DA MB ASSOCIADOS

No artigo do dia 20 de março, afirmei que os efeitos positivos do atual choque de commodities serão menores do que aqueles verificados no início do século. De 2007 a 2010, o crescimento acumulado do PIB foi de 19,8%; entre 2019 e 2022, o total deverá atingir apenas 1,7%, considerando nossa projeção de PIB estagnado para este ano. Mesmo levando em conta a projeção mais otimista do Banco Central, de 1% de crescimento, o acumulado no período será medíocre.

Por que essa grande diferença nos dois momentos? A resposta é que outras condições são mais adversas nos dias de hoje. Como os mais atentos devem se lembrar, uma política expansionista de gastos (com o apoio de quase todos os economistas) foi posta em prática como forma de compensar a queda na atividade resultante da crise internacional de 2008. 

Nós assistimos à inflação sair de 4,3%, em 2019, para mais de 10% no ano passado. Foto: Wilton Junior/Estadão - 21/10/2021

Além disso, hoje assistimos a uma forte aceleração da inflação. Entre 2007 e 2010, os preços subiram em torno de 5% ao ano, sem grandes flutuações. Agora, assistimos à inflação sair de 4,3%, em 2019, para mais de 10% no ano passado.

Em consequência deste movimento e do baixo crescimento, o rendimento real do trabalho, segundo o IBGE, caiu a bagatela de 8,2% nos doze meses até fevereiro último. Pior do que isso, há uma aceleração do empobrecimento na margem, pois que a queda sobe para 8,8% quando consideramos apenas os últimos três meses em relação a igual período do ano passado. 

Como o endividamento das famílias está em nível recorde, não é surpresa que a inadimplência na pessoa física tenha subido acentuadamente nos últimos meses. 

A questão fica mais complicada porque a guerra acentuou a alta nos preços internacionais, parte dela só agora chegando ao mercado doméstico. O último movimento da Petrobras custou o emprego de seu presidente.

E essas dificuldades estão longe de acabar. Revisamos nossa projeção para inflação deste ano para 7,8%, devido à relevância dos custos de energia e da alimentação e à manutenção do índice de difusão em patamares bastante elevados, acima de 70%. 

Em particular, chamo atenção para o fato de que o alimento que sofreu o maior choque de preços no mercado internacional foi o trigo, dada a importância de Rússia e Ucrânia no fornecimento global. Como os nossos moinhos trabalham com estoques de dois a três meses, o repasse dos novos custos para as massas e o pão mal está começando. 

A vida seguirá bem difícil para os trabalhadores, especialmente aqueles das classes C, D e E.

*ECONOMISTA E SÓCICIO DA MB ASSOCIADOS

No artigo do dia 20 de março, afirmei que os efeitos positivos do atual choque de commodities serão menores do que aqueles verificados no início do século. De 2007 a 2010, o crescimento acumulado do PIB foi de 19,8%; entre 2019 e 2022, o total deverá atingir apenas 1,7%, considerando nossa projeção de PIB estagnado para este ano. Mesmo levando em conta a projeção mais otimista do Banco Central, de 1% de crescimento, o acumulado no período será medíocre.

Por que essa grande diferença nos dois momentos? A resposta é que outras condições são mais adversas nos dias de hoje. Como os mais atentos devem se lembrar, uma política expansionista de gastos (com o apoio de quase todos os economistas) foi posta em prática como forma de compensar a queda na atividade resultante da crise internacional de 2008. 

Nós assistimos à inflação sair de 4,3%, em 2019, para mais de 10% no ano passado. Foto: Wilton Junior/Estadão - 21/10/2021

Além disso, hoje assistimos a uma forte aceleração da inflação. Entre 2007 e 2010, os preços subiram em torno de 5% ao ano, sem grandes flutuações. Agora, assistimos à inflação sair de 4,3%, em 2019, para mais de 10% no ano passado.

Em consequência deste movimento e do baixo crescimento, o rendimento real do trabalho, segundo o IBGE, caiu a bagatela de 8,2% nos doze meses até fevereiro último. Pior do que isso, há uma aceleração do empobrecimento na margem, pois que a queda sobe para 8,8% quando consideramos apenas os últimos três meses em relação a igual período do ano passado. 

Como o endividamento das famílias está em nível recorde, não é surpresa que a inadimplência na pessoa física tenha subido acentuadamente nos últimos meses. 

A questão fica mais complicada porque a guerra acentuou a alta nos preços internacionais, parte dela só agora chegando ao mercado doméstico. O último movimento da Petrobras custou o emprego de seu presidente.

E essas dificuldades estão longe de acabar. Revisamos nossa projeção para inflação deste ano para 7,8%, devido à relevância dos custos de energia e da alimentação e à manutenção do índice de difusão em patamares bastante elevados, acima de 70%. 

Em particular, chamo atenção para o fato de que o alimento que sofreu o maior choque de preços no mercado internacional foi o trigo, dada a importância de Rússia e Ucrânia no fornecimento global. Como os nossos moinhos trabalham com estoques de dois a três meses, o repasse dos novos custos para as massas e o pão mal está começando. 

A vida seguirá bem difícil para os trabalhadores, especialmente aqueles das classes C, D e E.

*ECONOMISTA E SÓCICIO DA MB ASSOCIADOS

No artigo do dia 20 de março, afirmei que os efeitos positivos do atual choque de commodities serão menores do que aqueles verificados no início do século. De 2007 a 2010, o crescimento acumulado do PIB foi de 19,8%; entre 2019 e 2022, o total deverá atingir apenas 1,7%, considerando nossa projeção de PIB estagnado para este ano. Mesmo levando em conta a projeção mais otimista do Banco Central, de 1% de crescimento, o acumulado no período será medíocre.

Por que essa grande diferença nos dois momentos? A resposta é que outras condições são mais adversas nos dias de hoje. Como os mais atentos devem se lembrar, uma política expansionista de gastos (com o apoio de quase todos os economistas) foi posta em prática como forma de compensar a queda na atividade resultante da crise internacional de 2008. 

Nós assistimos à inflação sair de 4,3%, em 2019, para mais de 10% no ano passado. Foto: Wilton Junior/Estadão - 21/10/2021

Além disso, hoje assistimos a uma forte aceleração da inflação. Entre 2007 e 2010, os preços subiram em torno de 5% ao ano, sem grandes flutuações. Agora, assistimos à inflação sair de 4,3%, em 2019, para mais de 10% no ano passado.

Em consequência deste movimento e do baixo crescimento, o rendimento real do trabalho, segundo o IBGE, caiu a bagatela de 8,2% nos doze meses até fevereiro último. Pior do que isso, há uma aceleração do empobrecimento na margem, pois que a queda sobe para 8,8% quando consideramos apenas os últimos três meses em relação a igual período do ano passado. 

Como o endividamento das famílias está em nível recorde, não é surpresa que a inadimplência na pessoa física tenha subido acentuadamente nos últimos meses. 

A questão fica mais complicada porque a guerra acentuou a alta nos preços internacionais, parte dela só agora chegando ao mercado doméstico. O último movimento da Petrobras custou o emprego de seu presidente.

E essas dificuldades estão longe de acabar. Revisamos nossa projeção para inflação deste ano para 7,8%, devido à relevância dos custos de energia e da alimentação e à manutenção do índice de difusão em patamares bastante elevados, acima de 70%. 

Em particular, chamo atenção para o fato de que o alimento que sofreu o maior choque de preços no mercado internacional foi o trigo, dada a importância de Rússia e Ucrânia no fornecimento global. Como os nossos moinhos trabalham com estoques de dois a três meses, o repasse dos novos custos para as massas e o pão mal está começando. 

A vida seguirá bem difícil para os trabalhadores, especialmente aqueles das classes C, D e E.

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