A Grécia puxa o trem da nova fase da crise global, que vinha em gestação há anos, mas teve seu início simbólico com a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008. A composição puxada pela Grécia tem outros vagões. E o que assusta é que mais outros podem engatar no comboio.
Esta nova etapa, uma crise 2.0, caracteriza-se, em parte, pelo regurgitamento das injeções de recursos públicos que evitaram a instalação de um depressão global, mas também em razão da redução da demanda global.
Nas condições institucionais vigentes, mesmo com suporte das economias europeias mais fortes, a saída do imbroglio aponta para um deflação forçada. Os países que fazem água terão de prometer cortar seus déficits, atualmente em de cerca de 10% do PIB, para os 3% do PIB previstos nos tratados de constituição da União Europeia, em três ou quatro anos. Mesmo que não cheguem lá, o esforço exigido produzirá uma quadra recessiva.
O "xis" da questão é que um simples retorno à austeridade fiscal não é garantia da volta do crescimento. Se o resto do mundo e, principalmente, a própria Europa, não estiver em condições de absorver importações dos países agora não solventes, a crise não apenas persistirá, mas tenderá a se alastrar.
A coisa toda está longe do fim.
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Aqui está o vídeo em que resumi esta situação embaraçosa, em gravação para a TV Estadão, nesta quinta-feira: