Mas quero tratar de dois pontos que me chamaram atenção.
Qual a nova etiqueta, uma vez que o trabalho invadiu a casa das pessoas?
Forçadamente, fomos para casa e tivemos que continuar a trabalhar (para aqueles com sorte de não terem perdido o emprego) em casa, com filhos demandando atenção (crianças demoram muitos anos para terem autonomia de se cuidarem e estudarem sem ajuda ou supervisão), doentes ou idosos e a casa para funcionar de um novo jeito.
Tivemos, com tudo isso, que tolerar interrupções, barulhos, instabilidade da internet.
Como avaliar os entregáveis? Como falar sobre erros ou "distrações?"
A empresa pode demandar que a câmera fique aberta? Aprendemos a nos comportar no ambiente organizacional, com etiqueta clara, separando melhor pessoal de profissional. E agora? Para além da pandemia, qual a nova etiqueta para home office?
Acredito que tentar manter o controle não vai funcionar. Talvez as pessoas terão que abrir, não apenas suas casas, mas seu trabalho de forma mais ampla para que seja mais visível.
A confiança e competência serão muito importantes para essa forma de trabalho. Novamente, a maioria pode buscar inspiração nas novas formas de gestão e trabalho de empresas com plataforma de tecnologia. A cultura de erro e busca aos culpados não funciona mais, pois destrói a confiança e inibe o desenvolvimento de competência.
As novas perguntas talvez sejam: Quais erros são aceitáveis nessa situação? O que se aprende aqui? O que buscar de diferente?
O feedback não é mais a mesma coisa
Ficou mais difícil criticar os entregáveis agora que se conhece melhor a vida das pessoas. Alguns líderes estão com mais dificuldade de dar um feedback mais duro sobre o trabalho por estarem dentro das casas das pessoas (virtualmente) e vendo o que se passa. Essa nova calibração entre ter empatia e ainda assim precisar de entregas confiáveis está pesando.
Os mais novos estão perdendo a convivência com os mais seniores e assim deixam de aprender através dessa convivência. Essa transmissão informal de conhecimento e experiência, de cultura da empresa não está disponível. O que fazer?
Fico me perguntando se não seria um bom momento de aplicar Mary Kondo no trabalho. Deixar ir processos que para essa nova configuração não funcionam. Manter o que é essencial, abrindo espaço para que novas práticas emerjam.
Para isso precisamos estar confortáveis - por pouco tempo - com a confusão e experimentação.
Estamos com as tarefas certas? Esses são os processos que de fato nos levarão adiante?