O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aliados da presidente Dilma Rousseff, no Planalto e no Congresso, têm reclamado do fato de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defende obsessivamente a necessidade de se fazer um ajuste fiscal para melhorar as contas do governo. Dizem se tratar de um "samba de uma nota só".
O fim do ano se aproxima e o cenário econômico para 2016 se agravou, com a perspectiva de mais um ano de forte recessão. A pressão por resultados sobre Levy só aumenta.
No vai e vem de torpedear Levy desde maio, Lula cobrou de Dilma em encontro recente ações para sair do marasmo recessivo e demonstrar capacidade de reação em meio à crise. Um ministro palaciano disse que é preciso apresentar alguma perspectiva de futuro para a economia. Os auxiliares da presidente querem, entre outras medidas, liberação de crédito para população, como antecipou o Broadcast em reportagem há duas semanas.
Levy é visto como um obstáculo às medidas. No Legislativo, a percepção entre petistas, mesmo os simpáticos a Levy, é que ele está mais para fiscalista das contas públicas do que formulador de política econômica ou até mesmo promotor das ações propostas pelo governo. "A agenda é só impeachment e ajuste, ajuste e impeachment, é difícil", resumiu um importante quadro do PT.
Um dos parlamentares mais próximos ao ministro, o senador e economista Romero Jucá (PMDB-RR) já lhe propôs que apresente um plano econômico até o fim do mandato de Dilma ou mesmo início da próxima gestão. Já admite que o ano de 2015 - que parece funcionar à base de "Lexotan" - foi perdido e prega, desde o início do ano, ações para reanimar a economia.
Como estratégia para saírem do foco da Operação Lava Jato, Jucá e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), até lançaram em agosto um pacote em que Levy poderia se apoiar, a Agenda Brasil. Mas, apesar de se empolgar no início, o ministro não colou na agenda - e a própria agenda de Renan não decolou.
Levy tem reforçado o discurso do "crescimento já, já" com ajuste fiscal, mas o seu esforço até agora não tem se revertido em apoio. Com a mesma insistência que o ministro pede pressa para o ajuste, os seus colegas de Esplanada reclamam por medidas para tirar a economia do atoleiro.
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