Apesar dos ataques da China contra o dólar, grande parte dos bancos centrais admitiu ontem que ainda é cedo para falar em uma nova moeda que seria usada como referência no comércio internacional, em substituição à moeda americana. O debate sobre o futuro das moedas ocorreu durante a assembleia anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que reuniu representantes dos bancos centrais de todo o mundo. Para Jaime Caruana, diretor do BIS, qualquer tentativa de se estabelecer uma nova referência ainda levará "muito tempo e exigirá muito debate". Uma das possibilidades seria permitir que governos usassem um novo instrumento do Fundo Monetário Internacional (FMI) como referência, o Direito Especial de Saque. Mas o próprio BC brasileiro admite que isso pode ser difícil. CETICISMO O governador do banco central dos Emirados Árabes Unidos, Nasser al-Suweidi, era um dos céticos em relação à possibilidade de abandonar o dólar. "Isso seria difícil", alertou. Durante o fim de semana, o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, se reuniu com as autoridades monetárias da China e Índia, estabelecendo um compromisso para iniciar trabalhos de substituição do dólar nas transações comerciais. Mas o presidente do banco central chinês, Zhu Xiaochuan, garantiu que não tinha a intenção de promover uma mudança repentina em suas reservas, de quase US$ 2 trilhões. Na sexta-feira, China e Rússia haviam alertado que o mundo não poderia continuar dependente do dólar. Jassem al-Mannai, chefe do Fundo Monetário Árabe, acredita que esses ataques, unidos ao déficit americano, poderiam enfraquecer o dólar. Mas essa desvalorização não seria de interesse nem mesmo dos mercados emergentes que tentam estabelecer um comércio em moeda local. O presidente do banco central da Malásia, Zeti Akhtar Aziz, também deixou claro que não há ainda como pensar em substituir o dólar. Para ele, a Ásia não tem ainda mercados financeiros prontos para adotar moedas locais ou outro padrão. "O dólar ainda tem um papel central", disse.
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