A cotação do dólar atingiu o maior valor em quase dez anos, refletindo principalmente a bateria de notícias negativas em relação à economia brasileira. A moeda americana subiu 1,97%, fechando o dia cotada a R$ 2,7470, cifra mais alta em quase dez anos. No mercado futuro, a cotação para o mês de março subiu 1,7%, fechando em R$ 2,7595.
“A forma como se deu a renúncia estressa o mercado. A expectativa era de que eles ficassem até o fim do mês, porque eles tinham de prestar contas, mas agora já foi anunciado”, disse um profissional de uma corretora, que preferiu não se identificar. O conselho da estatal se reúne amanhã para eleger a nova diretoria.
Às notícias ruins para a Petrobrás somaram-se os receios com outras áreas da economia. O aumento dos preços da energia e a possibilidade de racionamento continuaram no radar, assim como a falta de água no Sudeste. No limite, esses fatores podem abrir espaço para um rebaixamento da nota de crédito do País nos próximos meses, temem alguns analistas.
Chamou a atenção o fato de o avanço do dólar ter ocorrido apesar de os dados do fluxo cambial, divulgados pelo BC, terem sido positivos. Na semana de 26 a 30 de janeiro, entrou no País o equivalente a US$ 3,241 bilhões líquidos, sendo US$ 2,424 bilhões pelo financeiro e US$ 817 milhões pelo comercial.
“Desde a fala do (ministro da Fazenda, Joaquim) Levy, na última sexta-feira, o mercado não teve mais motivos para baixa do dólar”, disse Ovídio Pinho Soares, operador da Icap. Naquele dia, Levy afirmou não ter a intenção de manter o câmbio “artificialmente valorizado”.
Desde então, os investidores vêm mostrando certo receio de operar no sentido de queda do dólar, já que os comentários do ministro podem indicar a intenção do governo de, no fim de março, dar fim aos leilões diários de swap. Essas operações, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro, vêm segurando as cotações desde agosto de 2013, quando o programa foi lançado.