A queda da inflação nos Estados Unidos significa um alívio para o Federal Reserve (Fed) e que o BC norte-americano poderá ficar mais tempo sem alterar os juros, atualmente em 2% ao ano, disse o economista-chefe para EUA do Barclays em Nova York, Dean Maki. "O declínio nos preços de energia é um alívio para o Fed porque a preocupação do Fed era de que, se a inflação continuasse a correr nos níveis dos últimos meses, as expectativas de inflação iriam eventualmente subir. Os dados recentes de inflação deixam o Fed mais confortável para não mexer nos juros no curto prazo", comentou. Os preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos EUA caíram 0,9% em agosto ante julho, em base sazonalmente ajustada, no maior declínio mensal desde outubro de 2006 e a expectativa do mercado era de queda de 0,4%, depois da alta de 1,2% em julho. O núcleo do PPI, que exclui alimentos e energia, subiu 0,2% em agosto ante julho, em linha com a expectativa dos economistas. Em julho, o núcleo havia subido 0,7%. Diante da expectativa de que a economia comece a mostrar alguma recuperação em 2009, Maki acredita ser possível o Fed começar a subir os juros em março, menos por causa da inflação e mais para "normalizar" a taxa. O economista disse que o cenário atual não é de recessão nos EUA. "Acredito que a economia irá manter um crescimento de 2% na segunda metade do ano e que alguma reação em crescimento no ano que vem", disse Maki. Ele espera que o PIB norte-americano cresça 2,5% em 2009. Para o economista, houve muito exagero nas análises de que o país estaria em recessão e de que ela poderia ser inclusive pior que a Grande Depressão de 1929. "Certamente não vimos algo parecido com isso ainda. Nem mesmo vimos uma contração sustentada do PIB. Tivemos uma leve queda -0,2% no quarto trimestre do ano passado. Acho que muitos dos medos se provaram ser demasiados. Não quer dizer que não haja fraqueza na economia. O mercado de trabalho tem estado fraco, mas a economia como um todo não lembra recessões anteriores", analisou. Dólar - Após seis anos de declínio, o dólar começa a se fortalecer e esse movimento deve se acentuar na medida em que aumentam os receios de uma desaceleração forte ou mesmo recessão global e cresce a confiança de que a situação nos Estados Unidos pode não ser tão catastrófica como alguns imaginavam, avaliou Maki. "O dólar deve ficar mais firme nos próximos meses com os ajustes na Zona do Euro e Reino Unido", disse. Segundo Maki, a fragilidade das economias nessas regiões deverá levar o banco central inglês (BoE na sigla em inglês) e o europeu (BCE) a cortar os juros no ano que vem. A retração de países desenvolvidos também deve levar ao enfraquecimento das exportações norte-americanas, enquanto a melhora nos EUA pode impulsionar a demanda doméstica. "A balança comercial fez toda a diferença na economia dos Estados Unidos até agora. Mas isso tende a enfraquecer no segundo semestre e ao longo de 2009, com retração internacional e aumento das importações com crescimento da demanda interna", explicou. Maki disse ainda que o maior desafio econômico do próximo presidente dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama ou o republicano John McCain, será a questão dos preços de energia. "O desemprego também é uma questão política a ser enfrentada pelo novo presidente", observou o economista. Pesquisa feita pelo site CNNmoney.com e divulgada hoje mostra que os preços altos da gasolina são a maior preocupação dos eleitores. O levantamento mostra que 35% tem essa como a maior preocupação/ 28% estão preocupados em encontrar bom emprego, 18% com impostos altos e 18% com o valores de hipotecas e imóveis.
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