Pesquisa aplicada no dia a dia (FGV-EESP)

Opinião|Pacto Fiscal III: Lula, Dilma e a oportunidade perdida


Os governos do PT ampliaram o pacto fiscal ao invés de equilibrar as contas públicas

Por Economia & Negócios

Leonardo Weller

Lula lançou uma nova versão do pacto fiscal, socialmente mais ampla do que as anteriores. Seu governo expandiu programas de transferência de renda, aumentou a máquina pública, gastou com subsídios e permitiu que o Banco Central sob o comando de Meirelles praticasse juros altos.

O crescimento gerado pelo boom das commodities aumentou a receita tributária e criou a ilusão de que o estado podia expandir os gastos indefinidamente, distribuindo uma vasta gama de sinecuras a todas as classes social. Mas o Brasil continuava (e continua) na armadilha dos juros altos. Apesar do dinamismo econômico, o Estado tinha que tomar emprestado para pagar dívida cara, a qual seguiu aumentando. As contas fatalmente piorariam assim que o crescimento se arrefecesse e a receita tributária parasse de crescer. É justamente aí que estamos há cerca de três anos.

continua após a publicidade

Perdemos uma grande oportunidade de resolver, ou ao de menos mitigar, o problema fiscal durante a bonança. Se o governo Lula tivesse limitado os gastos, o aumento da receita teria permitido um superávit com o qual seria possível abater dívida. O Banco Central teria espaço para reduzir os juros mais rapidamente, o que ajudaria o governo a manter as contas no azul.

Se tudo desse certo, eventualmente o estado seria capaz de gastar mais no que deveria ser sua prioridade: serviços públicos e infraestrutura ao invés de juros. Ainda de acordo com essa alternativa perdida, o governo poderia um dia reduzir a carga tributária. Menos impostos sobre a produção melhoraria a saúde financeira das empresas e contribuiria para um crescimento econômico sustentável.

Nós teríamos nos afastado do terrível vão entre países pobres e ricos em que nos metemos: pagaríamos menos impostos, mais condizente com economias em desenvolvimento que crescem rápido, e teríamos acesso a serviços públicos melhores, mais similares aos dos países ricos.

continua após a publicidade

Ao ampliar o pacto fiscal, o governo Lula escolheu manter o Brasil no vão entre os mundos pobre e rico. O governo Dilma foi ainda mais radical nessa escolha, embora não contasse mais com o crescimento econômico dos anos anteriores. Os resultados são notórios: o superávit primário transformou-se em déficit, a dívida pública cresceu bem mais do que o PIB e a inflação saiu do controle.

Dilma implicitamente admitiu o fracasso ao indicar o fiscalista Joaquim Levy para a Fazenda. Mas a sociedade e o Congresso não reconsideraram coisa alguma. A culpa da atual bancarrota não é só dos policymakers que comandam o Executivo; é também nossa, da sociedade, e dos parlamentares que elegemos para fazer leis e aprovar o Orçamento.

Há décadas empresários demandam subsídios, isenções e superfaturamentos, e a classe média utiliza os melhores serviços públicos sem custo direto algum. Os mais pobres se inseriram recentemente no pacto fiscal, recorrendo a um vasto leque de programas sociais, muito dos quais sobrepostos.

continua após a publicidade

Dentre todos os benefícios estatais, as transferências de renda às classes baixas são os mais baratos e legítimos. O Bolsa Família custa menos de 3% do Orçamento Federal. Estima-se que o BNDES gastou três vezes mais ao emprestar a juros abaixo da inflação durante o governo Dilma. Enquanto os beneficiários do Bolsa Família indiscutivelmente vivem melhor, a chamada "Bolsa Empresário" não rendeu frutos: as empresas investiram menos e a economia não cresceu.

Mas o dinheiro jogado no ralo com empresários não é nada perto do abismo no qual a Previdência Social vai nos empurrar num futuro próximo, como se verá no próximo artigo, o último desta série.

*Professor da EESP-FGV e doutor em história econômica pela LSE

Leonardo Weller

Lula lançou uma nova versão do pacto fiscal, socialmente mais ampla do que as anteriores. Seu governo expandiu programas de transferência de renda, aumentou a máquina pública, gastou com subsídios e permitiu que o Banco Central sob o comando de Meirelles praticasse juros altos.

O crescimento gerado pelo boom das commodities aumentou a receita tributária e criou a ilusão de que o estado podia expandir os gastos indefinidamente, distribuindo uma vasta gama de sinecuras a todas as classes social. Mas o Brasil continuava (e continua) na armadilha dos juros altos. Apesar do dinamismo econômico, o Estado tinha que tomar emprestado para pagar dívida cara, a qual seguiu aumentando. As contas fatalmente piorariam assim que o crescimento se arrefecesse e a receita tributária parasse de crescer. É justamente aí que estamos há cerca de três anos.

Perdemos uma grande oportunidade de resolver, ou ao de menos mitigar, o problema fiscal durante a bonança. Se o governo Lula tivesse limitado os gastos, o aumento da receita teria permitido um superávit com o qual seria possível abater dívida. O Banco Central teria espaço para reduzir os juros mais rapidamente, o que ajudaria o governo a manter as contas no azul.

Se tudo desse certo, eventualmente o estado seria capaz de gastar mais no que deveria ser sua prioridade: serviços públicos e infraestrutura ao invés de juros. Ainda de acordo com essa alternativa perdida, o governo poderia um dia reduzir a carga tributária. Menos impostos sobre a produção melhoraria a saúde financeira das empresas e contribuiria para um crescimento econômico sustentável.

Nós teríamos nos afastado do terrível vão entre países pobres e ricos em que nos metemos: pagaríamos menos impostos, mais condizente com economias em desenvolvimento que crescem rápido, e teríamos acesso a serviços públicos melhores, mais similares aos dos países ricos.

Ao ampliar o pacto fiscal, o governo Lula escolheu manter o Brasil no vão entre os mundos pobre e rico. O governo Dilma foi ainda mais radical nessa escolha, embora não contasse mais com o crescimento econômico dos anos anteriores. Os resultados são notórios: o superávit primário transformou-se em déficit, a dívida pública cresceu bem mais do que o PIB e a inflação saiu do controle.

Dilma implicitamente admitiu o fracasso ao indicar o fiscalista Joaquim Levy para a Fazenda. Mas a sociedade e o Congresso não reconsideraram coisa alguma. A culpa da atual bancarrota não é só dos policymakers que comandam o Executivo; é também nossa, da sociedade, e dos parlamentares que elegemos para fazer leis e aprovar o Orçamento.

Há décadas empresários demandam subsídios, isenções e superfaturamentos, e a classe média utiliza os melhores serviços públicos sem custo direto algum. Os mais pobres se inseriram recentemente no pacto fiscal, recorrendo a um vasto leque de programas sociais, muito dos quais sobrepostos.

Dentre todos os benefícios estatais, as transferências de renda às classes baixas são os mais baratos e legítimos. O Bolsa Família custa menos de 3% do Orçamento Federal. Estima-se que o BNDES gastou três vezes mais ao emprestar a juros abaixo da inflação durante o governo Dilma. Enquanto os beneficiários do Bolsa Família indiscutivelmente vivem melhor, a chamada "Bolsa Empresário" não rendeu frutos: as empresas investiram menos e a economia não cresceu.

Mas o dinheiro jogado no ralo com empresários não é nada perto do abismo no qual a Previdência Social vai nos empurrar num futuro próximo, como se verá no próximo artigo, o último desta série.

*Professor da EESP-FGV e doutor em história econômica pela LSE

Leonardo Weller

Lula lançou uma nova versão do pacto fiscal, socialmente mais ampla do que as anteriores. Seu governo expandiu programas de transferência de renda, aumentou a máquina pública, gastou com subsídios e permitiu que o Banco Central sob o comando de Meirelles praticasse juros altos.

O crescimento gerado pelo boom das commodities aumentou a receita tributária e criou a ilusão de que o estado podia expandir os gastos indefinidamente, distribuindo uma vasta gama de sinecuras a todas as classes social. Mas o Brasil continuava (e continua) na armadilha dos juros altos. Apesar do dinamismo econômico, o Estado tinha que tomar emprestado para pagar dívida cara, a qual seguiu aumentando. As contas fatalmente piorariam assim que o crescimento se arrefecesse e a receita tributária parasse de crescer. É justamente aí que estamos há cerca de três anos.

Perdemos uma grande oportunidade de resolver, ou ao de menos mitigar, o problema fiscal durante a bonança. Se o governo Lula tivesse limitado os gastos, o aumento da receita teria permitido um superávit com o qual seria possível abater dívida. O Banco Central teria espaço para reduzir os juros mais rapidamente, o que ajudaria o governo a manter as contas no azul.

Se tudo desse certo, eventualmente o estado seria capaz de gastar mais no que deveria ser sua prioridade: serviços públicos e infraestrutura ao invés de juros. Ainda de acordo com essa alternativa perdida, o governo poderia um dia reduzir a carga tributária. Menos impostos sobre a produção melhoraria a saúde financeira das empresas e contribuiria para um crescimento econômico sustentável.

Nós teríamos nos afastado do terrível vão entre países pobres e ricos em que nos metemos: pagaríamos menos impostos, mais condizente com economias em desenvolvimento que crescem rápido, e teríamos acesso a serviços públicos melhores, mais similares aos dos países ricos.

Ao ampliar o pacto fiscal, o governo Lula escolheu manter o Brasil no vão entre os mundos pobre e rico. O governo Dilma foi ainda mais radical nessa escolha, embora não contasse mais com o crescimento econômico dos anos anteriores. Os resultados são notórios: o superávit primário transformou-se em déficit, a dívida pública cresceu bem mais do que o PIB e a inflação saiu do controle.

Dilma implicitamente admitiu o fracasso ao indicar o fiscalista Joaquim Levy para a Fazenda. Mas a sociedade e o Congresso não reconsideraram coisa alguma. A culpa da atual bancarrota não é só dos policymakers que comandam o Executivo; é também nossa, da sociedade, e dos parlamentares que elegemos para fazer leis e aprovar o Orçamento.

Há décadas empresários demandam subsídios, isenções e superfaturamentos, e a classe média utiliza os melhores serviços públicos sem custo direto algum. Os mais pobres se inseriram recentemente no pacto fiscal, recorrendo a um vasto leque de programas sociais, muito dos quais sobrepostos.

Dentre todos os benefícios estatais, as transferências de renda às classes baixas são os mais baratos e legítimos. O Bolsa Família custa menos de 3% do Orçamento Federal. Estima-se que o BNDES gastou três vezes mais ao emprestar a juros abaixo da inflação durante o governo Dilma. Enquanto os beneficiários do Bolsa Família indiscutivelmente vivem melhor, a chamada "Bolsa Empresário" não rendeu frutos: as empresas investiram menos e a economia não cresceu.

Mas o dinheiro jogado no ralo com empresários não é nada perto do abismo no qual a Previdência Social vai nos empurrar num futuro próximo, como se verá no próximo artigo, o último desta série.

*Professor da EESP-FGV e doutor em história econômica pela LSE

Leonardo Weller

Lula lançou uma nova versão do pacto fiscal, socialmente mais ampla do que as anteriores. Seu governo expandiu programas de transferência de renda, aumentou a máquina pública, gastou com subsídios e permitiu que o Banco Central sob o comando de Meirelles praticasse juros altos.

O crescimento gerado pelo boom das commodities aumentou a receita tributária e criou a ilusão de que o estado podia expandir os gastos indefinidamente, distribuindo uma vasta gama de sinecuras a todas as classes social. Mas o Brasil continuava (e continua) na armadilha dos juros altos. Apesar do dinamismo econômico, o Estado tinha que tomar emprestado para pagar dívida cara, a qual seguiu aumentando. As contas fatalmente piorariam assim que o crescimento se arrefecesse e a receita tributária parasse de crescer. É justamente aí que estamos há cerca de três anos.

Perdemos uma grande oportunidade de resolver, ou ao de menos mitigar, o problema fiscal durante a bonança. Se o governo Lula tivesse limitado os gastos, o aumento da receita teria permitido um superávit com o qual seria possível abater dívida. O Banco Central teria espaço para reduzir os juros mais rapidamente, o que ajudaria o governo a manter as contas no azul.

Se tudo desse certo, eventualmente o estado seria capaz de gastar mais no que deveria ser sua prioridade: serviços públicos e infraestrutura ao invés de juros. Ainda de acordo com essa alternativa perdida, o governo poderia um dia reduzir a carga tributária. Menos impostos sobre a produção melhoraria a saúde financeira das empresas e contribuiria para um crescimento econômico sustentável.

Nós teríamos nos afastado do terrível vão entre países pobres e ricos em que nos metemos: pagaríamos menos impostos, mais condizente com economias em desenvolvimento que crescem rápido, e teríamos acesso a serviços públicos melhores, mais similares aos dos países ricos.

Ao ampliar o pacto fiscal, o governo Lula escolheu manter o Brasil no vão entre os mundos pobre e rico. O governo Dilma foi ainda mais radical nessa escolha, embora não contasse mais com o crescimento econômico dos anos anteriores. Os resultados são notórios: o superávit primário transformou-se em déficit, a dívida pública cresceu bem mais do que o PIB e a inflação saiu do controle.

Dilma implicitamente admitiu o fracasso ao indicar o fiscalista Joaquim Levy para a Fazenda. Mas a sociedade e o Congresso não reconsideraram coisa alguma. A culpa da atual bancarrota não é só dos policymakers que comandam o Executivo; é também nossa, da sociedade, e dos parlamentares que elegemos para fazer leis e aprovar o Orçamento.

Há décadas empresários demandam subsídios, isenções e superfaturamentos, e a classe média utiliza os melhores serviços públicos sem custo direto algum. Os mais pobres se inseriram recentemente no pacto fiscal, recorrendo a um vasto leque de programas sociais, muito dos quais sobrepostos.

Dentre todos os benefícios estatais, as transferências de renda às classes baixas são os mais baratos e legítimos. O Bolsa Família custa menos de 3% do Orçamento Federal. Estima-se que o BNDES gastou três vezes mais ao emprestar a juros abaixo da inflação durante o governo Dilma. Enquanto os beneficiários do Bolsa Família indiscutivelmente vivem melhor, a chamada "Bolsa Empresário" não rendeu frutos: as empresas investiram menos e a economia não cresceu.

Mas o dinheiro jogado no ralo com empresários não é nada perto do abismo no qual a Previdência Social vai nos empurrar num futuro próximo, como se verá no próximo artigo, o último desta série.

*Professor da EESP-FGV e doutor em história econômica pela LSE

Opinião por Economia & Negócios

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.