(Atualização às 12h)
A Vale reportou um prejuízo líquido de R$ 6,663 bilhões no terceiro trimestre deste ano, praticamente o dobro dos R$ 3,381 bilhões visto um ano antes, principalmente em função do menor preço das commodities e do efeito não caixa da desvalorização da moeda brasileira na dívida atrelada ao dólar da mineradora. A perda reverte lucro de R$ 5,144 bilhões registrados no trimestre imediatamente anterior.
Com esse desempenho, a mineradora brasileira apresenta de janeiro a setembro um prejuízo líquido de R$ 11,058 bilhões, ante lucro de R$ 5,715 bilhões visto no mesmo intervalo de 2014.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 6,816 bilhões, queda de 1% em relação ao visto um ano antes e estável na comparação ao segundo trimestre de 2015.
A receita operacional líquida chegou em R$ 23,35 bilhões, alta de 117% em relação ao observado no mesmo período do ano passado e expansão de 109% na relação trimestral. Como a Vale possui grande parte de suas receitas em dólar, a variação cambial no período beneficiou a companhia nesse aspecto, além das maiores vendas. Com isso, essa linha, em reais, ajudou a compensar a queda dos preços das commodities no período.
A Vale também divulga seu desempenho financeiro em dólar e é nessa moeda que os números são avaliados pelo mercado. Analistas esperavam um prejuízo de US$ 3,68 bilhões para o terceiro trimestre, o que não se confirmou, uma vez que o prejuízo reportado pela mineradora ficou em US$ 2,11 bilhões.
Ainda assim, a perda registrada é 47,3% superior à vista no mesmo período do ano passado e reverte o lucro observado no segundo trimestre de 2015.
O Ebitda ajustado somou US$ 1,875 bilhão, queda de 37,6% na relação anual e de 15,3% na trimestral. A receita operacional líquida foi de US$ 6,505 bilhões no período, retração de 28,2% ante o mesmo trimestre de 2014 e de 6,6% ante o observado nos três meses imediatamente anteriores.
Em conferência com analistas, o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, afirmou que a companhia considerou muito sólido o resultado no período do ponto de vista operacional. Ele destacou o recorde de produção de minério de ferro de julho a setembro. "Estamos em um caminho muito bom em ferrosos", disse, apontando a redução do custo caixa de produção do minério até o porto em US$ 3,10 no terceiro trimestre, chegando a US$ 12,7 por tonelada.
O recado inicial do presidente da mineradora incluiu ainda a expectativa de crescimento de produção de níquel e cobre no quarto trimestre, com fim de paradas e ramp-up (aumento de produção) de Salobo. Ele destacou ainda a confiança nas perspectivas de longo prazos para o negócio de fertilizantes. "Continuamos focados manutenção da disciplina de capital e preservação do balanço enquanto completamos o ciclo de investimentos ", disse.
Endividamento. A alavancagem da Vale medida pela razão dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu 3,6 vezes no terceiro trimestre deste ano, ante um indicador de 3,3 vezes no trimestre imediatamente anterior e de 1,6 vez no mesmo período do ano passado.
A dívida líquida da mineradora brasileira ficou em US$ 24,213 bilhões no intervalo de julho a setembro, crescimento de 15% na relação anual. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, por outro lado, a dívida líquida recuou 8,6%.
A dívida bruta, ainda considerando o terceiro trimestre do ano, ficou em US$ 28,675 bilhões, recuo de 2,3% na relação anual e queda de 3,7% na trimestral. Segundo informou a Vale, o prazo médio da dívida permaneceu praticamente estável em 8,3 anos.
Em setembro a Vale emitiu debêntures de infraestrutura no valor de R$ 1,350 bilhão.